sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Democracia, sempre


Queridas e queridos leitores e leitoras, é com muita saudade e alegria que compartilho com vocês esta obra prima do meu grande amigo do peito. 

Guardo comigo, no fundo do coração, cada mensagem que trocamos, palavras que compartilhamos, sentimentos, ideias e ideais que vivemos juntos tão intensamente ao tocarmos um ao outro com nossos textos. 

Eu tive a grande honra e satisfação de conviver com ele nos anos 2000 em diante, quando fomos companheiros de trabalho, como colunistas, em um site e uma revista muito especial e importante em nossas vidas. 

E nos anos seguintes, foi ele quem me incentivou a estudar e me tornar escritora, realizando um sonho antigo e tão necessário a minha sobrevivência hoje. 

Espero que vocês também sejam tocados pela sabedoria, clareza e carinho desse homem tão único e necessário a ser sempre lembrado! 







Democracia, sempre

Por José Olímpio Cavallin*

Eleger governantes e representantes políticos sempre me pareceu um direito mais do que comprometedor. Convencidos por mil estratégias, votamos mais em figuras do que em idéias; mais em perfis pessoais do que em programas de atuação política. E isso nos compromete com o destino que é dado à história do País...

O pensador francês Montesquieu, lá pelo século XVIII, escreveu que a República deve ser construída mais sobre as instituições do que sobre os homens que a compõem. Se estava certo, estamos duplamente perdidos, graças às fragilidades da nossa República tropical. Nossa esperança repousa nas pessoas.

Basicamente, ainda somos um povo ordeiro e trabalhador, apesar da miséria e da conseqüente criminalidade – as duas endêmicas. Nossas elites sempre estiveram cegas ao abismo cada vez mais próximo de seus muros. Os pobres ainda são, no Brasil, a mais perfeita tradução para o termo massa de manobra. Em todos os níveis da vida nacional revela-se o tremendo poder da corrupção, que transforma gente até então honesta – pobre ou não – em vampiro da sociedade.

Boa parte da classe política tem adotado uma ética particular, regida por princípios bem distantes do bem comum. “Democraticamente”, nenhum partido político tem conseguido sair ileso das tentações mais previsíveis. Ativa ou passivamente, cada vez mais parlamentares se abraçam numa obscena ciranda em causa própria.

E, agora, que nossas famosas urnas informatizadas irão processar a sorte do plantel congressista para os próximos anos, o quadro traçado pelo voto popular pode ter, ou não, significado um avanço para o país.

O que me parece muito mais significativo é que o cidadão-eleitor – consciente do seu poder – não se corrompa por interesses particularizados, não se torne cúmplice de falsas demandas coletivas, não viaje em barcas furadas por líderes carreiristas. Sintetizando: antes dos políticos, nós é que precisamos evoluir no julgamento e na proposta de uma Nação politicamente saneada.

Já tivemos todo tipo de governantes, das mais diferenciadas origens e tendências. Nenhum deles conseguiu escapar das dominações de um mundo polarizado pela economia e seus instrumentos de poder. Nenhum deles se tornou um herói do povo.

Por outro lado, em nenhuma outra época tivemos tanta clareza de informação e conscientização, tantos exemplos de como não se deve acreditar em discursos vazios de sentido e credibilidade. Ditadores e salvadores não vingam mais...

O mito de um governo realmente democrático sempre passa pelo sonho popular, mas tropeça numa misteriosa mudança de rumos. Algo que só experimente quem chega no poder e, sabe-se lá porque, quase sempre acontece.

A nós, cidadãos mais ou menos aptos a escolher nossos verdadeiros representantes no jogo democrático, cabe a tarefa intransferível do voto e o peso das escolhas nem sempre acertadas. Neste caso, bem podemos abortar mandatos mal exercidos, já que eles – os mandatos – não são mais do que procurações coletivas dadas em confiança. E confiança não se compra, conquista-se através de uma conduta única e honesta.

*José Olímpio Cavallin, paranaense, foi roteirista, diretor, cineastra, dublador, compositor, escritor, colunista, produtor multimídia. Ele tinha seqüela severa de poliomielite. Esta crônica foi escrita e publicada na edição 37 do 6° ano da Revista Sentidos em outubro de 2006. 

Mais sobre Olímpio:

https://youtu.be/iZ4R39q19AE

http://www.historiadocinemabrasileiro.com.br/jose-olimpio-andreatta-cavallin/

http://blogsentidos.blogspot.com.br/2009/03/o-sal-da-terra.html

http://www.oocities.org/py3idr/radioamador/artigos/py5ay.html

http://cineacademia.blogspot.com.br/2011/05/o-olhar-de-quem-faz-acontecer-cinema-no_28.html?view=flipcard





segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Lembrança de uma sinfonia...

Queridas e queridos, 

No ano de 2001 eu trabalhava em uma ótima editora, local em que mais consegui realizar meus sonhos profissionais e pessoais. 

Este texto foi um dos primeiros da minha coluna no site que amei escrever por mais de 2 anos. 

Foram momentos maravilhosos e ao mesmo tempo bem difíceis. 

Compartilho com vocês agora, o que a minha alma gritava (naquela época), para lembrar a mim mesma, hoje em 2016 - tempos MUITO mais difíceis - que é preciso continuar com a chama acessa em nossos corações!  



Sinfonia

Por Leandra Migotto Certeza


Acordar, sonhar. Levantar, lutar. Acalentar, gritar. Ir em frente. Caminhar, rodar. Ouvir, silenciar. Enxergar, presenciar. Discutir, sentir. Estar presente. Convencer, conquistar.


2001 foi um ano de conquistas. A teia da vida se carregou de tecer cores e formas. A diversidade é uma constante perene. A cada amanhecer brilha mais forte. As verdadeiras mudanças são internas. Regadas ao sol ou em meio a tempestades. O tempo é uma linha tênue entre os instantes.


Transformar é agir com intensidade. Saber esperar é o segredo. Respeitar é ser humilde. O ar transborda um orvalho doce e suave, mas é preciso acordar cedo. Sentir as gotas caírem sobre os ombros. Não ter medo da misturar-se em meio a folhagem seca. Perdoar.


Caminhos caminham. Seguem o curso do rio. Na selva o rei governa, e os súditos constroem. O aroma das flores é único, como o brilho de um olhar. O vento se encarregará de conduzi-las. Um dia, abrigaram-se nos galhos. Que nunca se deixaram sucumbir em meio a relva. As formigas podem corroer sua casca, quebrar seus espinhos. Mas nunca seifarão sua seiva.


Enquanto existirem campos sua grandeza será exaltada. De dentro para fora. Sem a pretensão de ser grandiosa, mas apenas únicas. Enquanto existirem seres humanos, a diversidade será uma dádiva que se suga por entre os poros do corpo. E não se aprende nas escolas, nos palanques, nos livros, nos mártires, nos poderosos, nas esquinas, nas ideologias. Apenas se sente!


Eu senti! Muito mais. Fiz parte desta sinfonia.


Andei por entre auditórios cheios de políticos podres. Ouvi egoísmos vários. Chorei em meio as “armas” de madeira quebradas. Parei em um olhar de dor, reluzente no brilho de uma negritude intocável. Gritei aos quatro cantos. Trabalhei com dignidade. Conquistei valores materiais, mas plantei pensamentos verdes. Que amadurecerão com o passar dos milésimos de segundo. Despertarão olhares. Tecerão palavras. Acalentarão almas sedentas.


Participei de seminários, palestras, eventos, circos e círculos vários. Papéis, documentos, promessas, projetos. Ideias. Assinaturas. Filas. Congestionamentos. De pessoas, de caminhos, de cadernos, de desenhos, de palavras. Palavras! Será uma bandeira que se carrega nos ombros, pesada como a consciência, ou uma roupa que se veste conforme o molde do corpo?  Fogo de palha ou chama acessa? Alarde social todos fazem. Íntegro é aquele que o vivencia com parcimônia. Sem perder a tenacidade e a voracidade diante do desconhecido. Explorar as potencialidades é construir a inclusão.


Senti o coração bater, fora do peito. Mas do que uma caixa torácica. Um arrepio sob a pele. Uma lágrima escorrendo no toque de um acorde. Uma cadeira de rodas bailando no palco. Um sorriso incansável. Longe do medo e da descrença. Da corrupção que ainda impera. Talvez nem mesmo os que acordam e dormem ao lado do oposto a sua imagem, conhecerão a sua face.


Fora ao pieguismo e a demagogia. Sim ao novo, ao desconhecido. Sem ultrapassar os limites e acomodamentos intrínsecos. Respeitando o tempo interno. Não deixando de olhar para trás. Lembrar de quando fomos crianças. Em que um pião ou uma colher de pau eram brinquedos. Suas cores, formas, odores, gostos e peculiaridades é que faziam a diferença.


Eu baixei a fronte diante do imaturo e suguei o seu brilho. Ouvi com paciência, apesar de insegurança. Estive presente nas discussões e calei, diante do futuro. Vivi o presente. Resgatei o passado. Escrevi, fotografei, gravei desenhei, planejei, inventei, caminhei… Muito mais do que dinheiro, casa, comida, roupas, estudo, condução, materiais, objetos. Conheci pessoas, seres, naturezas. Cada instante tem seu espaço temporal e emocional. Eu ainda procuro o meu a cada experiência. Encontro partes refletidas, outras espalhadas. A busca constante é que mantêm a chama acessa.


Minha alma caleidoscópica não me deixa mentir. Sou feliz. A chama da justiça arde em meu sangue. Lutarei eternamente por tudo o que acredito. Encontrarei caminhos, pessoas, situação. Só descansarei em paz quando sentir que a verdadeira sinfonia da vida atingiu a perfeição dos acordes.


Agradeço a todos que, durante o ano de 2001, prestigiaram meu tesouro: as palavras. Sejam transparentes. Saibam ouvir ou silenciar. Vivam intensamente cada momento. A felicidade existe, e as vezes está mais próximas do que imaginamos.       

Luciana Scotti

Luciana Scotti é homenageada pela Câmara Municipal



qui, 09/06/2016 - 13:54
A farmacêutica Luciana Scotti foi homenageada pela Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP) na sexta-feira, 3 de junho. Em sessão solene, a servidora recebeu a Cidadania Pessoense, honraria proposta pelo vereador João Almeida, em razão de sua dedicação à atividade científica e de seu exemplo de superação.

Luciana é natural de Alagoa Grande (PB) e foi criada na capital paulista. Aos 22 anos de idade, sofreu uma trombose cerebral, que a deixou tetraplégica e muda. Entretanto, essas limitações não a impediram de reagir e tornar-se inspiração para muitos. Com movimento apenas em um dedo das mãos, ela terminou a graduação e cursou mestrado e doutorado na Universidade de São Paulo (USP). Escreve livros e domina três idiomas. Fez pós-doutorado na USP, UFPB e UFPE, tendo retornado à UFPB, onde participa atualmente da Unidade de Abastecimento e Dispensação Farmacêutica do Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW).

Na cerimônia, a mesa foi composta pelos vereadores João Almeida e Djanilson, pela reitora da UFPB Margareth Diniz, pelo superintendente do HULW Arnaldo Medeiros, pela vice-presidente do Conselho Regional de Farmácia (CRF-PB) Renata Zaccara, além da homenageada e sua mãe Lélia Scotti.
Fonte: 
Rita Ferreira | Fotografia de Oriel Farias

FONTE: http://www.ufpb.br/content/luciana-scotti-%C3%A9-homenageada-pela-c%C3%A2mara-municipal