terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Feliz Ano Novo Inclusivo

Queridos amigos e queridas amigas, 

A minha mensagem de Ano Novo é que o processo de inclusão se amplie 365 dias de 2015 com muita força! 

Minha ampla experiência como jornalista com deficiência física, desde 1998, além dos meus 38 anos de vida com a Osteogenesis Imperfecta, vivendo na megalópole São Paulo, casada, usuária de cadeira de rodas, e com recursos financeiros medianos, comprova que a realidade das pessoas com qualquer deficiência ou condição psíquica em um país como o Brasil ainda é cheia de preconceitos e discriminações na privação de exercerem seus direitos básicos de cidadania. 

Hoje, infelizmente, ainda existem MUITAS pessoas com deficiência sobrevivendo em condições precárias em instituições 'depósito', largadas a própria sorte, olhando para as paredes brancas 365 dias do ano, apenas sendo alimentadas e higienizadas. Os ladrões que administram essas instituições - em sua grande maioria ligadas à igreja - as interditam judicialmente e roubam o benefício do INSS que elas tem direito a receber. 

O meu marido viveu situações de tortura e agressões, além de constatar a utilização de alimentos vencidos sendo dados aos internos que na maioria das vezes também ficavam sujos em suas camas porque suas fraudas não eram trocadas. Hoje, essas mesmas instituições, ainda mantém pessoas com deficiência largadas sem tratamentos de fisioterapia, terapia ocupacional, e outras demais atividades que lhes garantam uma qualidade de vida melhor. Infelizmente, essa é a realidade atual de muitas instituições brasileiras, mesmo o país tendo avançado em muitos aspectos, principalmente, legais, como a ratificação da Convenção da ONU. Todas as leis brasileiras, precisam sair do papel, e serem colocadas em prática. 

Seguimos lutando fortes e esperançosos que dias melhores virão! Avante!!

Nova Relatora da ONU quer popularizar a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência

sexta-feira, dezembro 26, 2014 - http://www.inclusive.org.br/?p=27323

Por Patricia Almeida

A luta pela inclusão das pessoas com deficiência ganhou um importante reforço a nível internacional neste final de ano. Em resposta às demandas da sociedade civil, o Presidente do Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas, Baudelaire Ndong Ella, apontou a costa ricensse Catalina Devandas como nova Relatora Especial sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência. O mandato, criado em 2014 durante a 26a. sessão do Conselho, é estratégico e confere maior destaque às questões relativas a um bilhão de pessoas com deficiência, cerca de 15% da população mundial, dentro do âmbito dos direitos humanos.

Há décadas o movimento social das pessoas com deficiência tenta desvincular o assunto das áreas da saúde e assistência e incluí-lo no âmbito dos direitos humanos, de modo a ser tratado de forma transversal nas ações programáticas das políticas públicas. A ideia é que todos os programas, na área da saúde, trabalho, esporte, educação, cultura, etc, devem ser acessíveis e incluir a todos os cidadãos. A reafirmação desta noção é muito importante, uma vez que significa a transição do chamado modelo médico para o modelo social da deficiência. No modelo médico, o indivíduo com limitações era visto como objeto de assistência e caridade. Já no modelo social, ele é reconhecido como sujeito de direitos. Neste modelo, a deficiência, que antes era entendida como um problema individual da pessoa, passa a ser vista como resultante das barreiras impostas pelo meio ambiente. A responsabilidade de prever e se ajustar à diversidade e às necessidades de cada indivíduo agora é da sociedade. Com isso, cabe aos governos e à sociedade em geral construir estruturas acessíveis e promover adaptações de modo a equiparar oportunidades e incluir o indivíduo com deficiência.

Procedimentos Especiais

A questão entrou para a pauta dos grandes assuntos discutidos pelos Estados Membros da ONU. Existem no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, os chamados Procedimentos Especiais, que são acionados quando determinado assunto ou país merece uma atenção diferenciada de seus membros, e peritos independentes são chamados para preparar informes e emitir pareceres. Dentro dos Procedimentos Especiais podem ser apontados Relatores Especiais, Especialistas Independentes ou Grupos de Trabalho sobre um determinado tema ou país.

Há hoje, por exemplo, 3 brasileiros que possuem mandatos dentro dos Procedimentos Especiais. Gabriela Knaul é Relatora Especial sobre a Independência de Juízes e Advogados, Leo Heller para o Direito Humano à Água Potável e Saneamento e Paulo Sergio Pinheiro, que é o Relator Especial sobre a situação dos Direitos Humanos na Síria.

Deficiência e a ONU

A partir da adoção da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, em 2006, e sua ratificação por 151 países, entre eles o Brasil, onde entrou na legislação como norma constitucional, o tema da deficiência tem ganhado maior visibilidade. Ademais da Convenção, o Protocolo Facultativo, também aprovado por vários países, inclusive o Brasil, prevê que indivíduos ou grupos denunciem os Estados que descumprirem a Convenção. Quem analisa os pedidos é o Comitê sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, um grupo de 18 especialistas independentes, apontados pelos Estados que ratificaram a Convenção. O Comitê se reúne periodicamente em Genebra e monitora a implementação da Convenção pelos Países-Membros a partir de relatórios enviados pelos governos.

Para impulsionar o tema, em 2011 o cantor Stevie Wonder, que é cego, foi convidado para ser Mensageiro da Paz das Nações Unidas, com a tarefa de popularizar a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência. Wonder foi fundamental no processo de aprovação do Tratado de Marrakech, de 2013, que criou exceções ao direito de autor e abre a possibildade de livros acessíveis para as pessoas com deficiência visual.

Leia mais sobre o tratado:


Ainda em 2013, Lenín Voltaire Moreno Garces, ex-Vice Presidente do Equador, que é cadeirante, foi apontado como Enviado Especial do Secretário-Geral das Nações Unidas sobre Deficiência e Acessibilidade, para promover os direitos das pessoas com deficiência, especialmente no tocante à acessibilidade.

Veja entrevista com Moreno:


Objetivos do Milênio
Apesar dos grandes avanços que a Convenção e as políticas pela inclusão e acessibilidade que vêm sendo instituídas a nível nacional e local, ainda existe uma grande distância entre os compromissos assumidos pelas nações e a experiência diária dos cidadãos com deficiência, mesmo em países desenvolvidos.

A ONU reconheceu que as pessoas com deficiência não foram levadas em conta no planejamento dos Objetivos do Milênio e em 2014, a Assembleia Geral em Nova York, adotou medidas para acelerar o processo de inclusão dentro da agenda pós-2015.

Conheça as medidas:

Relatora Especial

É neste contexto que a Relatora Especial sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, Catalina Devandas, assume o mandato de 3 anos, prorrogável por mais três. O cargo é voluntário e independente.

Saiba mais sobre o mandato

Catalina foi escolhida entre 22 candidatos de todo mundo, 6 mulheres e 16 homens. Entre eles, 3 foram os finalistas, Catalina, Pamela Molina Toledo, do Chile e Lofti Ben Aallahom, da Tunisia.

Mais sobre o processo de escolha

A nova Relatora Especial trabalhou no Banco Mundial com Deficiência e Desenvolvimento Inclusivo e no Secretariado da ONU para a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, em Nova York. Desde 2008 está no Disability Rights Fund , em Genebra, como Diretora do Programa para Parcerias Estratégicas para países alatino-americanos.

Aos 39 anos, Catalina é casada e tem 3 filhas. Nasceu com espinha bífida, uma deficiência que afeta a coluna e provoca limitações físicas. Enfrentou dificuldades ao crescer com deficiência na Costa Rica, mas como sempre foi incluída na família e na escola, era tratada como uma menina qualquer e aproveitou todas as oportunidades que teve. Na faculdade estudou Direito e foi muito ativa politicamente como estudante. Depois passou a trabalhar pela garantia dos direitos das mulheres. Nunca tinha participado do movimento das pessoas com deficiência até que um dia, em 1998, um amigo a convidou para um evento sobre os direitos das pessoas com deficiência. Catalina conta que sentiu imediata identificação com as discussões e entendeu que havia encontrado seu lugar.

Sobre os direitos das pessoas com defciência na sociedade é taxativa: “Não queremos caridade”. E é este posicionamento que prentende levar adiante em seu mandato. Catalina afirma que a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, de cuja elaboração participou, é uma ferramenta magnífica que os países têm em mãos. Como Relatora Especial ela pretende ir além do trabalho básico que é visitar dois países por ano, fazer relatórios e apresentá-los ao Conselho de Direitos Humanos. Também não vai ficar restrita aos países que ratificaram a Convenção ou aqueles que são denunciados por não cumprí-la. Acha que o tratado deve ser ratificado nos países que ainda não o adotaram e precisa ser popularizado. A partir da Convenção cada governo deve buscar medidas, de acordo com suas próprias realidades, para promover os direitos delineados nela, diz. “Também quero visitar países que estejam encontrando soluções criativas e acessíveis para promover a qualidade de vida das pessoas com deficiência. Quero ir a eventos e aproveitar para conversar sobre cooperação, especialmente nos países do sul.”

Sobre o significado do Conselho de Segurança tê-la escolhido – uma mulher latino-americana, jovem e com deficiência – para ocupar este cargo, comentou, “acho que é um sinal de que as coisas estão mudando. Nas primeiras reuniões sobre deficiência só havia representantes de países ricos, muitos da área médica. Agora estamos saindo da invisibilidade e vemos maior participação política das proprias pessoas com deficiência dos países em desenvolvimento, que são as que mais precisam de avanços”. Segundo a Relatora, que teve uma irmã com deficiência intelectual, é muito importante incluir aqueles que são mais excluídos dentro do segmento da deficiência, como os que têm deficiência intelectual e psicossocial. “Todos, independente de origem social, étnica ou econômica, têm que estar incluídos e exercer os seus direitos. A discussão sobre a capacidade legal e a desinstitucionalização devem ser prioritárias.”

Regina Atalla, vice-Presidente da Riadis, Rede Latino-Americana de Organizações Não Governamentais das Pessoas com Deficiência e suas Famílias, da qual Catalina foi membro, comemorou a sua escolha. “Ela é uma mulher com deficiência latino-americana com profundo conhecimento da CDPD e grande capacidade de articulação, que reúne a sua origem como militante da sociedade civil a experiência de trabalho em diferentes organismos internacionais. Estamos animados com a sua nomeação neste novo posto da ONU, na expectativa de avanços para o cumprimento dos direitos das Pessoas com Deficiência em todo mundo e particularmente na America Latina e Caribe”.

Ouça a entrevista que Catalina Devandas concedeu à Rádio ONU

No último dia internacional da pessoa com deficiência, Catalina estreou no cargo, soltando a nota abaixo, junto com o enviado especial e o Comitê da Convenção

Mensagem sobre o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência – 03 de dezembro de 2014

03 de dezembro de 2014
DECLARAÇÃO CONJUNTA
Relatora Especial sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência
Comitê sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência
Enviado Especial do Secretário-Geral sobre Deficiência e Acessibilidade

GENEBRA (3 de dezembro de 2014) – Para marcar o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, nós – a Relatora Especial sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, o Comitê sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e o Enviado Especial do Secretário-Geral sobre Deficiência e Acessibilidade – unimos nossas vozes para:

Aplaudir a recente nomeação pelo Conselho de Direitos Humanos da primeira Relator Especial sobre os direitos das pessoas com deficiência. Com a criação deste novo mandato, o sistema das Nações Unidas continua a fortalecer os seus esforços no sentido de reconhecer, promover, implementar e monitorar os direitos das pessoas com deficiência.

Felicitar os Estados Partes e parceiros pelo progresso promissor em incluir os direitos das pessoas com deficiência em uma agenda de desenvolvimento pós-2015 que seja sustentável, inclusiva e acessível, e oferecer o nosso apoio e colaboração para garantir que as conquistas sejam mantidas e que os objetivos se traduzam em metas e indicadores significativos, onde as pessoas com deficiência sejam refletidas como detentoras de direitos humanos, e como agentes e beneficiários do desenvolvimento.
Cumprimentar pelas medidas adotadas pelos Estados Partes para garantir os direitos das pessoas com deficiência em situação de risco e emergências humanitárias, em conformidade com o artigo 11 da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (CRPD), incluindo a promoção de um enfoque baseado em direitos humanos das pessoas com deficiência no processo preparatório para a III Conferência Mundial para a Redução do Risco de Desastres, realizada em março de 2015, em Sendai, Japão foco e compromisso de vários atores, como indicado pelo Representante Especial do Secretário-Geral para a Redução do Risco de Desastres, o país anfitrião e da Fundação Nippon, para fazer a conferência totalmente acessível para pessoas com deficiência.

Incentivar representantes dos Estados Partes que participam na Conferência sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas, em Lima, Peru, para ter em conta o impacto das mudanças climáticas sobre a vida das pessoas com deficiência e para incluir referências a seus direitos e requisitos no documento final.

Enfatizar que esses processos e outros, igualmente devem ser guiados pela Convenção, que têm os direitos humanos em seu núcleo. A ratificação do tratado é um primeiro passo importante; é um compromisso pela implementação. Por isso, apresentamos um apelo a todas as partes interessadas – os Estados Partes, o Conselho de Direitos Humanos, as agências das Nações Unidas, as instituições nacionais de direitos humanos, organizações de pessoas com deficiência e sociedade civil em geral – para trabalhar para a ratificação universal da Convenção e seu Protocolo Facultativo. Com 151 partes contratantes, desde 2006, a Convenção tem obtido um número impressionante de ratificações em um curto período de tempo. Esta é uma prova clara da importância de que os estados se empenhem em preencher a lacuna de proteção, que anteriormente fazia com que as pessoas com deficiência fossem invisíveis nos esforços de direitos humanos. Esperamos chegar à ratificação universal com todos vocês.

FIM

Para mais informações sobre o Relator Especial sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu mandato, por favor consulte:
Contato: sr.disability@ohchr.org


Para mais informações sobre o Comitê sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, por favor visite:http://www.ohchr.org/EN/HRBodies/CRPD/Pages/CRPDIndex.aspx
Contato: crpd@ohchr.org

Para mais informações sobre o Enviado Especial do Secretário-Geral sobre Deficiência e Acessibilidade, por favor contate: se.disability@unog.ch
Fonte – Inclusive

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Natal da Solidariedade

Imagens das festas lindas de Natal com amigos e amigas das associações que somos voluntários! 

Eu e o meu amor Marcos dos Santos sempre estamos ao lado de pessoas que precisam de nosso carinho e solidariedade. 

Este ano apadrinhamos - junto com nossa família - 6 pessoas e doamos presentes lindos para o IPDA - Instituto de Pessoas com Deficiência do Anhaguera, e colaboramos com o almoço da Associação Brasileira de Síndrome de Williams em São Paulo. 



















quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Livros acessíveis




Coleção Adélia e sistema Braille.BR®. 
Livraria Unesp Móvel em Rio Claro - 08 a 12 de dezembro de 2014

Local: Av. 24 A, 1515 – Bela Vista – Campus da Unesp de Rio Claro
Horário: De 9hs às 19hs


Adélia Cozinheira, Adélia Esquecida e Adélia Sonhadora – texto de Lia Zatz, ilustrações de Luise Weiss, e projeto gráfico de Wanda Gomes, que enxergou no design a possibilidade de criar ferramentas que garantissem maior inclusão às pessoas com deficiência. 

Projeto desenvolvido a partir de parâmetros do Design Universal, são utilizados recursos inovadores e diferenciados que exploram também o tato e o olfato, além da visão, tornando os livros interessantes, instigantes e divertidos para todos.


  • Prêmio Fernando Pini de Excelência Gráfica– ABIGRAF/2011 
  • Prêmio Benny 2013, Prêmio Internacional de Reconhecimento - Fev/2012.
  • 10a. Bienal Brasileira de Design Gráfico/2013. Selecionada por um júri composto por 64 pessoas do Brasil e de mais 12 países.
  • Feira Internacional do Livro de Guadalajara, México/Exposição e convite para mesa de Discussão sobre o Livro Acessível - Nov/2013.
  • Bienal Brasileira de Design/2015.
Informações: 
https://www.facebook.com/ColecaoAdelia

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

O que mudou no Dia Internacional da Pessoa com Deficiência 2014

Amigos e amigas, em 2002 eu escrevi este artigo sobre o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência. Agora em 2014, faço um desafio para vocês! Leiam ou releiam, opinem, critiquem, e aponte os avanços e retrocessos que surgiram durante esses anos. 

Eu acredito que muito ainda necessita avançar para que a Convenção da ONU saia do papel e passe para a prática, cumprindo a nossa Constituição à risca, mas algumas conquistas já podem ser lembradas para alimentar as grandes batalhas que serão preciso serem travadas em prol de uma Igualdade de Direitos Ampla e Irrestrita, 24hs por dia 365 dias por ano, e não apenas dia 3 de dezembro. Vamos à luta com coragem, garra e muita determinação!!!!

Você sabe que 3 de Dezembro é o DIA INTERNACIONAL DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA?


Há mais ou menos uns três anos atrás eu li essas palavras em algum lugar ...

A 37ª Sessão Plenária Especial sobre Deficiência da Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas, realizada em 14 de outubro de 1992, em comemoração ao término da década, adotou o dia 3 de dezembro como Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, por meio da resolução A/RES/47/3. Com este ato, a Assembléia considera que ainda falta muito para se resolver os problemas dos deficientes, que não pode ser deixado de lado pelas Nações Unidas. 

A data escolhida coincide com o dia da adoção do Programa de Ação Mundial para as Pessoas com Deficiência pela Assembléia Geral da ONU, em 1982. As entidades mundiais da área esperam que com a criação do Dia Internacional todos os países passem a comemorar a data, gerando conscientização, compromisso e ações que transformem a situação dos deficientes no mundo. O sucesso da iniciativa vai depender diretamente do envolvimento da comunidade de portadores de deficiência que devem estabelecer estratégias para manter o tema em evidência.

Eu sei exatamente onde, como, e porque eu me interessei em lê-las, mas o tom de esquecimento apontado no início do texto tem um porquê. Pois ainda hoje, continuo me perguntando: quantas pessoas em nosso país também leram essas palavras? Não vale contar as praticamente 20 ou mais, (os chamados carinhosamente de "dinossauros" da inclusão social), que deram (e ainda dão) o seu sangue durante os suados anos 80 (ou até anos antes) para que hoje, o total desconhecimento sobre deficiências, ao menos diminuísse. Quantos políticos se preocupam em incluir em seus programas de governo o atendimento às necessidades das mais de 14,5% da população brasileira? Talvez uma das explicações para isso seja que estamos apenas no início de processo histórico.

Ainda somos novinhos nessa "história" de democracia. Infelizmente estamos "acostumados" com um toma lá dá cá ferrenho, e com a famosa hipocrisia da caridade aos mais necessitados. As datas acabam servindo apenas para fazer uma média, como dizem por aí. Dia da Consciência Negra, Comemoração da Abolição da Escravatura, Dia Internacional de Combate à AIDS, Ano Internacional do Voluntariado, Dia Nacional de Combate a Fome, Dia do Meio Ambiente,e tantos outros dias importantes para a humanidade. Esse é o papel de órgãos como a ONU (Organização das Nações Unidas) - o qual faz com maestria - chamar a atenção do mundo para essas datas. O que acontece é que, muitas vezes o objetivo pelo qual elas foram proclamadas, acaba se esvaindo por entre as nuvens ... ou ficam como redemoinhos, na vida de meia dúzia de pessoas, as quais muitas vezes já nascem ceifadas de qualquer reação de defesa.

Afinal, quantas vezes você já ouviu falar em ações concretas e eficazes geradas pelos inúmeros debates, seminários, conferências e outras atividades, nas quais essas datas são lembradas? Falar é fácil, o duro é por a mão na massa. Algumas ONGs, associações e/ou empresas sempre lançam um projeto "maravilhoso" que pretende "salvar o mundo". É uma forma de tapar o sol com a peneira e entrar na onda do "politicamente correto". Algumas até param no meio do caminho, quando encontram o primeiro entrave político. E outras até conseguem "armar o circo para Inglês ver", como dizem por aí, mas não se sustentam por muito tempo.

Falando dessa forma, parece até que eu estou negligenciando os movimentos e militâncias sociais extremamente fortes, que por muitas décadas vêm lutando com unhas e dentes para despertar a consciência da dignidade humana. Em hipótese alguma quero passar essa imagem. Pois, eu e muitas pessoas, têm orgulho de suas suadas conquistas. Mas, todos nós sabemos que ainda é pouco perto do que precisamos alcançar. É por isso que ainda me pergunto: quando o mundo finalmente se tornará humano, digno, tolerante, ético, democrático, equilibrado e auto-sustentável?

As pesquisas confirmam as minhas considerações que a princípio possam parecer (para algumas pessoas) um tanto pessimistas. Segundo dados da III Conferência Mundial Contra o Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Formas Correlatas de Intolerância realizada em 2000 em Durban na África do Sul, metade da população brasileira (45,5%) é composta por pessoas da raça negra. São 70 milhões de pessoas, distribuídos por todo o território, juntamente com cerca de 350 mil indígenas, 550 mil judeus e 40 mil ciganos. Todos historicamente marginalizados. O índice de desenvolvimento humano do Brasil está abaixo de países africanos como a Argélia, e muito mais abaixo de países americanos de maioria negra como Trinidad Tobago.

Não gostaria de precisar dizer isso, mas acredito que de uns tempo pra cá, falar de uma chamada minoria social (que na realidade corresponde a maioria) é a melhor forma de afastar o medo de perder essa parcela consumidora da população. Como exemplo, ainda estamos longe de começar a não produzir mais lixo em vez de apenas reciclar o que descartamos por meio de um consumo desenfreado. Reciclar infelizmente, virou desculpa para a pura intenção de conseguir mais uma fonte de renda. Você concorda comigo? Sei que existem exceções e parabenizo as empresas e/ou ONGs que realmente estão realizando projetos sociais conscientes e auto-sustentáveis.

Mas ainda existem aqueles que acabam se beneficiando do falso valor piedoso e assistencialista das famosas campanhas: "doe um agasalho" (para quem está debaixo da ponte, bem longe da sua cama quentinha) para manter a sua "boa imagem". Afinal, será que é mais fácil, e com certeza mais cômodo, dar um pão a um menino que mora nas ruas, do que ensinar a ser padeiro? Com certeza, pois o padeiro amanhã, pode conseguir abrir o seu próprio negócio e aí ... Bom, isso já é uma outra história ...

É chegado o dia D ...

Chegará o dia que esse Dia será naturalmente lembrado


Perto da "tão esperada" data do dia 3 de dezembro, bom seria se eu não precisasse afirmar que ela ainda é tão desconhecida. São poucos dentre os setores mais interessados no assunto, (as próprias associações), que a utilizam como um momento de reflexão sobre a exclusão social e o ostracismo que essas pessoas vivem. Não é uma visão pessimista, apenas (e já é o bastante), realista. Quem vive "prezo" à "cadeira de rodas do preconceito "sabe do que eu estou falando ...

Aquele papo de que: "já avançamos muito" ... "tudo tem o seu tempo" ... "não se pode reclamar demais, afinal o mundo está mudando" ..., entre outras "pérolas" que ouvimos por aí nos calorosos discursos, sempre está na cabeça de muitos lobos em pele de carneiro. São pessoas que tem a sede gananciosa de virar o jogo e transmitir como uma verdade imutável e o pior de tudo generalizada, a imagem de "pidão" e "chorão" do portador de deficiência. É terrivelmente lamentável! Mas dizer que eles são um bando de revoltados é muito mais fácil (e acima de tudo menos oneroso) do que dialogar com eles e chegar em um acordo digno sobre direitos e deveres, balanceados na medidas das suas especificidades.

Infelizmente, atitudes como essas são "a pedra no caminho", como bem poetizou Drummond. 
Poucas são as pessoas que sabem, que as conquistas alcançadas a partir da década de 90 foi fruto de um longo plantio. Todo processo de evolução tem o seu tempo, mas nunca é tempo de parar. Ainda mais em relação a uma história que tem apenas sua introdução escrita. Afinal porque que as pessoas acabam dissociando os cidadãos (ãs) com alguma deficiência, das classes às quais pertencem? Por que será que dentro dos estudos sobre discriminação das mulheres, as com alguma deficiência, ainda não são mencionadas? Porque quando se fala em educação para todos (inclusive as cotas para negros) os deficientes também não são citados? Ou por que quando se discute a criação de programas de atendimento médico para a terceira idade, os chamados "cadeirantes" (por utilizarem como veículo de locomoção uma cadeira de rodas), cegos, e/ou surdos ao menos são lembrados?

Você sabia que ...

Uma parcela importante da população mundial é formada por pessoas com alguma deficiência?

Existem 500 milhões de pessoas com alguma deficiência ou necessidade especial (adquirida ou não) no mundo, totalizando um décimo da raça humana? Sendo que 80% vivem em países em desenvolvimento. Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), essa população subiu de 10 para 15%. No Brasil, de acordo com dados mais recentes do Censo Demográfico do IBGE, divulgado dia 8 de maio de 2002, 24,5 milhões de brasileiros portam alguma deficiência, o que representa 14,5% da nossa população.

 Ainda mais, três pessoas por dia se tornam portadoras de alguma deficiência vítimas de acidente de trânsito ou de trabalho, assaltos com armas de fogo, entre outros fatores. Segundo informações da Plenária Setorial dos Portadores de Deficiência, realizada em novembro de 2001 e apresentada a Comissão pelos Direitos Humanos e Cidadania da Câmara Municipal de São Paulo, estima-se que está entre 85 e 114 milhões o número de mulheres e meninas submetidas à mutilação genital, o que pode levar a deficiências severas, à infertilidade e até à morte. A cada dia, pelo menos 6 mil meninas correm esse risco. Dois terços das pessoas com deficiência visual são mulheres. Pelo menos um terço de todas as deficiências poderia ter sido evitado ou curado. 300.000 crianças ainda são atingidas pela pólio a cada ano. A desnutrição causa deficiência em 1 milhão de pessoas por ano. 20 milhões de pessoas cegas poderiam ter sua visão recuperada com cirurgias de cataratas.

Em alguns países, 90% das crianças deficientes não sobreviverão além dos 20 anos de idade e 90% das crianças com deficiência mental não sobreviverão além dos 5 anos de idade. A organização Mundial de Saúde estima que 98% das pessoas deficientes em país em desenvolvimento são totalmente negligenciados. A maioria dos países não possui sistema gratuito de cuidados médicos ou de seguridade social. De acordo com a OIT - Organização Internacional do Trabalho, a taxa de desemprego entre as pessoas com deficiência é 2 ou 3 vezes mais alta do que entre as pessoas sem deficiência.

Em muitos países, pessoas com deficiência não podem votar, casar ou herdar propriedades. Às vezes, pessoas que não conseguem expressar-se oralmente ou por escrito são consideradas legalmente incapazes, embora existam outros meios de comunicação como, por exemplo, a LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais). A deficiência é particularmente mais prejudicial, para as mulheres, crianças, negros, idosos, refugiados e outros grupos, que já vivenciam a discriminação. Estas pessoas vivem uma discriminação dupla ou até mesmo múltipla. Em todas as partes do Brasil, as pessoas deficientes estão entre os mais pobres dos pobres. A elas ainda é negado o acesso aos edifícios, à informação, à independência, oportunidades, e à escolha de opções e o controle sobre a própria vida.

Então, você já se perguntou ...

Onde estão essas pessoas?


Feche os olhos e tente lembrar a última vez que você viu um cego. Foi pedindo esmola, (como é mostrado nos filmes), ou trabalhando em uma empresa? Você costuma associar a idéia de incapaz a uma pessoa que não anda com as próprias pernas? Já pensou como deve ser apenas poder ver a TV e não entender o que se está dizendo? Você ainda pensa que quem não consegue ter um raciocínio subjetivo não tem inteligência, ou que o que muito pior, não pode conviver junto com seus filhos? Você ainda terrivelmente associa a palavra "aleijado" a imagem de quem usa uma cadeira de rodas? Você costuma dizer: "Oh! Coitadinho!", quando vê um cego atravessar a rua? Você só conseguiu pensar: "Que loucura!", quando viu uma mulher grávida em uma cadeira de rodas?

Você acha que quem tem o rosto ou o corpo, fora do padrão de estética seguido pelas modelos, não tem o direito de usar uma roupa bonita e confortável? Alguma vez você preferiu evitar dirigir a palavra a um usuário de muletas, com "medo" que ele fosse sempre pedir algum favor? As pessoas de baixa estatura (pejorativamente chamadas de anões) ainda te "assustam" muito? Você acha que olhar para um rosto diferente (ou incrivelmente ainda chamado por alguns de deformado) é "contagioso"? Você só sente pena, ao ver um grupo de crianças que vivem naquela "instituição de caridade" que você ajuda no final do ano, brincando em um parque de diversões? Você ainda tem medo de contratar (se houver uma vaga, é claro!) um funcionário usuário de cadeira de rodas em sua empresa, pois não sabe qual será a reação das pessoas?

Se todas as suas respostas foram no mínimo duvidosas, não se espante e muito menos se culpe, pois você ainda faz parte de uma sociedade preconceituosa, cheia de paradigmas. Muitos estudiosos apontam como razão (que por sinal não tem nada de racional) para os mais de vinte séculos de ostracismo que essa parcela da população sofreu, os processos históricos. O mundial remonta aos primórdios da Segunda Guerra (principalmente devido a reabilitação dos soldados americanos feridos), e o brasileiro teve a Constituição de 1988 o momento de reconhecimento da cidadania dessas pessoas. Muito mais do que preconceito (não o abolindo em determinadas situações), nossa Nação viveu completamente alienada das particularidades de pessoas que simplesmente não tinham (e ainda estão lutando muito para conseguir), condições de se apresentarem ao mundo como são.

Por isso, pelo amor de Deus (ou quem ou o que você acredita), comece a mudar AGORA a maneira de você ver a vida. Enxergue-a como ela realmente é. Não tente fingir que não é com você, que a sua vizinha é que tem isso aí que chamam de deficiência. Pois, a sua pode não aparecer quando você se olha no espelho, mas um dia com certeza o seu melhor amigo a viu de perto, em um momento de fúria que você teve devido ao desentendimento com a sua esposa. E se ele foi um cara no mínimo humano, respeitou o seu jeito de ser, não se afastando de você. Faça isso, com as pessoas que a princípio parecem ser diferentes do que infelizmente estamos "acostumados" a ver no " lindo mundo da imaginação" da Xuxa. Ele só existe na nossa imaginação (que por sinal, em tempos de crise econômica, está tão distante), não faz parte do planeta Terra.

Em que mundo você vive?

Há tantas perguntas a serem feitas...


Veja só se eu estou errada: quantas pessoas, por exemplo, que tem alguma deficiência visual está trabalhando em sua empresa? Existe alguma apresentadora de TV cega? O caixa do banco o qual você tem conta é um "cadeirante"? As fraldas que você compra para os seus filhos foram produzidas por uma funcionária surda? O síndico do seu prédio é um portador de deficiência física? A recepcionista da sua vídeo locadora tem deficiência intelectual (é portadora da Síndrome de Down)? Você conhece algum cientista cego? Você já foi operado por um médico sentado em uma cadeira de rodas? Você já foi entrevistada por uma jornalista de baixa estatura? Você já precisou dos serviços de um advogado cego? Você já dançou a noite inteira naquela discoteca que você costuma ir, ao lado de uma pessoa de baixa estatura? Você já viu uma mãe "cadeirante"passear com o seu filho no parque de diversões?

Você já foi atendida por uma psicóloga paraplégica? O presidente da sua empresa usa cadeira de rodas? O jardineiro da sua casa é um portador de deficiência mental? O fisioterapeuta da clínica que você freqüenta atende com os pés? Você comprou um quadro de um artista surdo? Alguém na novela aparece do início ao fim da trama, usando uma cadeira de rodas para se locomover, e ter uma vida independente? O garçom do bar perto da sua casa tem baixa estatura? O dono da fábrica de chocolates que você mais adora não tem um dos pés? Você já viu um paraplégico dirigindo um carro?

Puxa, que bom se você já conviveu com algum cidadão ou cidadã portador de alguma deficiência. Isso é sinal que eles não são mais considerados Ets, como há 20 anos atrás. Mas, lembre-se que os vitoriosos que conseguiram chegar atingir a cidadania, (os quais você felizmente se lembrou com orgulho), depois de ultrapassar inúmeros obstáculos, ainda são minoria em nossa sociedade. E que a maioria das profissões são possíveis de serem exercidas por pessoas com alguma diferença física, auditiva, visual ou intelectual, basta saber explorar ao máximo suas potencialidades... Deixar de olhar apenas para as dificuldades e valorizar as qualidades e talentos!

Utopia ou realidade?

Ainda há muito para ser feito!


Antes de me julgar uma sonhadora, pense se o mundo proporciona a essas pessoas, condições materiais, legais, econômicas, políticas, sociais, educacionais, de viverem em pé de igualdade com as que não tem alguma deficiência aparente? O seu prédio tem elevador com os números em sistema Braille? O caixa do seu banco é mais baixo, na altura compatível para quem usa cadeira de rodas? A rua onde você mora tem as guias das calçadas rebaixadas? A empresa onde você trabalha tem elevador? O banheiro do seu clube é adaptado com barras de apoio, portas largas e vaso sanitário mais alto? O hospital público da sua cidade é acessível a todas as pessoas?

Os ônibus que levam até o seu trabalho, tem plataforma elevatória ou entrada no mesmo nível com a calçada? As linhas de metrô têm sinalização visual? As calçadas têm um piso de alto relevo? O museu que você freqüenta tem rampas de acesso? O cinema que você vai aos sábados, tem lugares em que uma pessoa em uma cadeira de rodas possa ser confortavelmente acomodada? Os bebedouros do parque de diversões que você leva os filhos para passear é mais baixo, compatível com a altura de um "cadeirante"? A pista de dança daquele bar é acessível a todos, ou quem tem dificuldades para andar ainda precisa ser carregado pelos seguranças? Os seus filhos tem colegas surdos na sala de aula? O shopping que você freqüenta, tem vagas no estacionamento localizadas perto da entrada, e com um distanciamento suficiente para um "cadeirante" conseguir sair sozinho do carro?

Inclusão social? O que é isso?

É atender aos direitos básicos da pessoa para que seus deveres com a sociedade possam ser cumpridos


Parece muito a se fazer, não é? E você deve estar pensando porquê. Então, coloque-se apenas um minuto no lugar de uma pessoa com alguma deficiência! Veja como é difícil viver em um lugar sem essas pequenas e baratas adaptações! Ou você acha oneroso prevenir do que remediar? O brasileiro é tão criativo que a maioria das adaptações feitas para as pessoas com deficiência utilizam materiais simples, ecológicos e econômicos. Ah ... você sabe que todas não atrapalham, em absolutamente nada, a vida de quem não tem deficiência, e podem ser usadas por qualquer pessoa, inclusive obesos, idosos, gestantes, mães com crianças no colo, ou pessoas que estão fazendo uso de um par de muletas porque quebro uma perna?

Pense comigo: não seria muito mais confortável não termos que levantarmos o carinho do bebê para conseguirmos subir uma guia? Uma porta mais larga nas agências bancárias vai atrapalhar alguma coisa em sua vida? Subir uma rampa em vez de uma escada faz alguma diferença para que você consiga entrar no supermercado? Entrar em um elevador que "canta" os andares, também não seria mais fácil para a sua avó que tem dificuldade de enxergar? Os seus filhos beber água com mais facilidade em um bebedouro baixo?

Sabe por que todas as suas respostas (eu presumo) foram positivas? Pois, a idéia de inclusão social parte do que há de comum entre as pessoas: as potencialidades e a diversidade do ser humano. Ao invés de se dar ênfase na adaptação do indivíduo aos espaços, procura-se equiparar as oportunidades, em locais propícios ao desenvolvimento de todos, respeitando-se as características humanas das diferenças. Afinal, você é igual ou diferente do seu vizinho? Puxa, ainda bem que é diferente! Já pensou se todo mundo fosse igual? Que chatice! Que monótono! Afinal, com quem você iria trocar as mais diversas experiências? Com quem você iria aprender a tocar um instrumento ou jogar bola? Para quem você iria ensinar matemática ou marcenaria? Com quem você iria pedir emprestado uma roupa mais larguinha que servisse na sua avó fofinha? Com quem você iria aprender a apurar o olfato para sentir o perfume das flores? Com quem você iria descobrir uma nova e interessante maneira de se comunicar com as mãos? E tantas outras coisas ...

Pare cinco minutos para pensar que ...

Pode acontecer com qualquer um, inclusive com você!

O mundo é um verdadeiro quebra-cabeças. Ah ... antes de começar uma vida nova, mais consciente da importância da diversidade humana, não se esqueça de parar cinco minutos para responder também a essas perguntas: Você usa cinto de segurança quando está dirigindo ou sendo conduzido por um automóvel? Costuma beber até cair e depois mergulhar em um lago raso? Dirige em alta velocidade? Trabalha em local insalubre? Fica brincando com fogo? Você sai de uma festa meio tonto e pega o carro? Não cuida da saúde ao ponto de adquirir doenças que podem ocasionar graves problemas? Deixa objetos cortantes ao alcance de crianças? Tem uma arma dentro de casa e não tem medo de morrer qualquer dia desses? Você usa drogas e nem pensa nas conseqüências?

Sabe porque eu quis que você pensasse nessas respostas? Não foi em hipótese alguma para julgar o seu comportamento. Muito pelo contrário, o livre arbítrio é um presente de Deus. É você quem escolhe a vida que quer levar (ou ao menos que as circunstâncias proporcionam). Assim como é você que vai escolher a postura que vai assumir frente a uma pessoa com deficiência física, auditiva, visual, intelectual, e/ou múltipla.

Mas, NUNCA se esqueça: você pode ser tornar uma pessoa com algum déficit aparente a qualquer momento! A morte é inerente ao ser humano no momento em que vem ao mundo. As mudanças e ciclos fazem parte da vida e o destino é imprevisível. Pensar que um dia você poderia estar no lugar de alguém pode ser a princípio aterrorizante mas não é improvável, é simplesmente real. Encare essa idéia com tranqüilidade. Viva cada momento intensamente como se fosso único, pois na verdade é. Nunca perca a sensibilidade de aprender a se lapidar com todas as experiências por mais que sejam complexas.

Daqui para frente quando você pensar em direitos e deveres, não se esqueça refletir sobre algumas questões. Você iria parar de trabalhar se estivesse em uma cadeira de rodas? Você iria deixar de ser um biólogo, médico, jardineiro, músico, ou qualquer outra profissão? Você iria deixar de comer se ficasse cego? Você iria deixar de ir ao médico se ficasse surdo? Você iria deixar de estudar se ficasse imobilizado temporariamente? Você iria deixar de se apaixonar se ficasse sem andar? É claro que os primeiros momentos de adaptação podem ser muito complexos e dolorosos, mas com certeza um dia (mais rápido do que você imagina) eles passam ... Depende da capacidade caleidoscópica de cada ser humano em encarar a vida como ela se apresenta.

Ser forte é entender a condição humana da imperfeição. Agora viver em uma sociedade preconceituosa, desumana, cruel, desatenta, antiética, desequilibrada é uma escolha sua. Está nas suas mãos a capacidade de alterar e construir os novos conceitos. Quebrar paradigmas, rever estruturas, conhecer novos espaços. Conviver com o diferente. Ser aceito e aceitar o outro como ele é. Afinal, não me venha com esse papo de que, existem pessoas mais poderosas que acabam mandando no mundo, e você fica de mãos atadas porque nada é imutável quando conseguimos fazer uso de toda a nossa capacidade humana.

Viver é ser quem somos

Você faz parte desse planeta portanto respeite-o como ele é: diverso!


Por favor, não encare todas essas palavras como um susto ou lição de moral (longe de mim, sou uma "pecadora" nata). É apenas (e já é o bastante) a constatação de um fato, o qual realmente é extremamente difícil conceber. Afinal, o ser humano tem a trágica tendência em querer ser um super-herói. A beleza e o perfeito, é um sonho de todos os humanos que são imperfeitos por natureza. Por isso, nesse Dia 3 de Dezembro, comemore o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência como um grande marco na história da humanidade, o qual em um futuro bem próximo, será mais lembrado pelas conquistas que alcançou e do que pelas guerras que travou para conseguir ser reconhecido por todos. A cidadania não se compra e nem se reverencia apenas com a comemoração de um data, se conquista a cada novo amanhecer com muita dignidade, amor e paz! Você faz parte desse planeta portanto respeite-o como ele é: diverso!

Depois de toda essa reflexão você deve estar pensando: "o que eu posso fazer para propagar o conceito de inclusão social?". Parabéns! O primeiro passo você já deu: tomar consciência dessa realidade. Agora fica muito mais fácil. Se você ainda tem uns preconceitozinhos grudados em sua alma, trate de começar a passar uma esponja de aço e removê-los para sempre! Mas vá devagar, pois mudar é um momento todo especial, que você precisa viver plenamente. Acima de tudo respeite o seu tempo, o seu repertório, as suas vivências, o que você está acostumado a ver, sentir, dizer e fazer. Lembre-se que tudo o que é aprendido de verdade agente nunca esquece. Tenha paciência e perseverança. Se proponha a experimentar uma nova forma de ver o mundo com dedicação e AMOR. Apenas seja quem você é e deixe que os outros também sejam.

Se você ainda não tem muita ou nenhuma convivência com alguma pessoa com deficiência, preste atenção. A melhor coisa a fazer quando se sentir incomodado e sem jeito, não sabendo como reagir diante do diferente, é ter uma atitude humilde e sensata o bastante para expressar o que você está sentido no momento. Lembre-se que as pessoas com alguma deficiência são iguais a todo mundo: choram, riem, ficam tristes, são alegres, podem ser agressivas, podem ser amigáveis, são simpáticas, amargas, gentins, grosseiras, legais, chatas, entre outros sentimentos.

Portanto, podem ter qualquer reação ao perceberem que você nunca esteve perto de uma pessoa considerada diferente, como ela. Tudo vai depender do repertório de vida que ela também tem. Por isso, não tenha medo de ariscar. Seja sincero, verdadeiro e esteja disposto a aceitá-la como ela é. Comece sendo natural. Se aproxime dela dentro da situação a qual estão vivendo. Por exemplo, se você estiver cursando a mesma escola, inclua-a em suas atividades e pergunte se é necessário, quando e qual a melhor forma de auxiliá-la a fazer parte do ambiente em que está. O resto vai fluir como um rio seguindo o seu curso, e quando menos você esperar o preconceito desapareceu da sua alma...

Agora se você já tem um certo tempo de convívio, (e se ele é saudável), com essas pessoas, continue apoiando a sua causa. Afinal, ela ainda pode estar mais distante do que a sua em relação a uma completa inclusão na sociedade. Se possível, participe ou seja simpatizante, dos movimentos sociais e das políticas afirmativas desse setor, pois elas ainda são necessárias para alcançarmos a democracia e a cidadania. Comemore o Dia 3 de Dezembro como uma data muito importante que deve servir de marco da consciência humana! Assim quem sabe, daqui a alguns anos nós não vamos estar precisando escrever sete páginas, para apresentar essa data tão desconhecida ainda. Você não acha?

Fontes: http://saci.org.br/index.php?modulo=akemi&parametro=3622 

Recomendo a leitura do ótimo texto do meu amigo Jorge Márcio:

http://infoativodefnet.blogspot.com.br/2010/12/para-alem-do-preconceito-convencao.html


terça-feira, 1 de julho de 2014

Fantasias Caleidoscópicas será apresentado por Leandra no SESC SP



Foto: Vera Albuquerque


Ciclo Deficiência e Sexualidade na Contemporaneidade - Dias 15 e 19 de Julho no Centro de Pesquisa e Formação do SESC


"Eu não posso engravidar, mas tenho o direito de ser mãe tendo uma deficiência física! Eu não posso dançar flamenco e tango, mas tenho o direito de me arrepiar quando vejo os corpos se unirem com a alma, a cada passo dos bailarinos. Queria estar no lugar de quem tem um corpo diferente do meu. Tenho o direito de desejar ser outra pessoa, e como é bom! Não preciso bancar a conformada, aceitar a roupa de heroína (que me colocaram) ou me afundar no poço da depressão. Escolhi o caminho do meio.

Eu não posso fazer amor com tanta volúpia, e em posições que sempre sonhei; mas posso ter orgasmos estupendos! Eu não posso sentir meu corpo mudar, ao abrigar um novo ser em meu ventre, mas posso amar – incondicionalmente – as crianças que habitam e habitarão o meu coração. Eu não posso amamentar um bebê quentinho em meus braços, mas tenho muita seiva escorrendo, pelos fios da minha alma, para alimentar espíritos sedentos." 

Leandra Migotto Certeza - trecho da Crônica: Grávida de mim mesma. 

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Centro de Pesquisa e Formação do SESC reflete sobre Sexualidade da Pessoa com Deficiência - Dia 19/07/14 das 14hs às 16hs e 30mim. 



Debate de experiências e reflexões sobre o tema da deficiência e sexualidade, discutindo os preconceitos, as representações simbólicas, as dimensões psicossociais e as formas de afirmar a liberdade de exercer a sexualidade. 


Haverá tradução em Libras (Língua Brasileira de Sinais).

Com Fabiano Puhlmann di Girolano, psicoterapeuta especialista em Psicologia Hospitalar da Reabilitação pela USP e em Sexualidade Humana pelo Instituto H. Ellis. Mestre em Inclusão de Pessoas com Deficiências pela Universidade Salamanca, Espanha.

Com Leandra Migotto Certeza, jornalista, palestrante e consultora em Inclusão de Cidadãos com Deficiência e Diversidade, Coordenadora da Caleidoscópio Comunicações - Consultoria em Inclusão e Assessora de Imprensa Voluntária na Associação Brasileira de Síndrome de Williams.

Com Márcia Gori, bacharel em Direito pela UNORP. Escreve na revista Reação - Coluna Mulher, no site Tudo para PcD - Coluna Mulher & Sexualidade e no Blog Inclusão - Coluna Sexualidade.



LINK e Inscrições para o encontro:


LINK e informações sobre Fantasias Caleidoscópicas: