quinta-feira, 31 de março de 2011

Ah, o amor...

Em artigo, Adriana Lage comenta sobre relacionamentos e sexualidade na vida das pessoas com deficiência

Por Adriana Lage

Tive um chefe aqui no banco que sempre me dizia que Deus nunca nos dá uma cruz maior do que aquela que podemos carregar. Algumas características do ser humano que mais admiro são a capacidade de adaptação e a resiliência. Acho que, quando nascemos ou adquirimos alguma deficiência, não há como escapar dessas características. Sem elas, o fardo da vida fica muito mais pesado. No nosso dia a dia, não são poucas as situações de desrespeito aos nossos direitos, preconceitos e injustiças. Muitas vezes, ficamos de mãos atadas. Queremos mudar os fatos, mas nem sempre isso depende só de nós.

Ao longo da vida, desenvolvi uma boa resistência para lidar com frustrações e perdas. Mas, quando isso acontece na esfera dos relacionamentos amorosos, ainda perco o chão. Estou parecendo protagonista daquelas músicas sertanejas, bem dor de cotovelo, altamente lacrimejantes e chorosas. De domingo pra cá, já deu pra encher o Rio Arrudas aqui de BH. E, por que não, o Pinheiros e Tietê, já que a causa delas fica em Sampa! Não acho que a função do relacionamento seja causar tristeza e dor. É claro que, eventualmente, existirão desencontros e pequenas brigas. Algumas contornáveis. Outras, não! É como me disse meu amor Alê: os pregos podem ser retirados, mas suas marcas sempre ficarão. Para mim, o grande barato de namorar é sentir prazer, não só o físico/sexual, dar boas risadas juntos, se sentir flutuando nas nuvens, sentir o coração disparado quando recebo uma ligação da pessoa que amo, dividir os momentos de alegria e tristeza, ter cumplicidade, cuidado e carinho um com o outro... Já me disseram que ando procurando um marido ao invés de namorado. Também me falaram que busco um príncipe de contos de fadas. Não acho que seja isso. Não tenho culpa se sou uma pessoa romântica! Sei que príncipes não existem, mesmo porque, várias piadinhas ressaltam que o melhor mesmo é o Lobo Mau (te ouve melhor, te cheira melhor...)!!

Acho que, hoje em dia, as pessoas andam tão atarefadas e mais individualistas que se esquecem de cultivar o amor e dar valor às pequenas coisas da vida. Nossa rotina anda tão estressante, que, muitas vezes, ficamos tão absorvidos com nossos afazeres e com o bombardeio de informações, que vamos deixando pra depois aquilo que realmente nos interessa. Quando nos damos conta, nossas gavetas já estão cheias de sonhos esquecidos e amores perdidos. O bom é que sempre podemos recomeçar e tentar mudar o curso da vida. Fácil não é, mas o risco vale à pena. Isso vale pra qualquer pessoa. O fato de possuir alguma deficiência, pouco interfere. Todos os mortais sofrem com essas coisas. E que graça teria a vida sem os desafios e surpresas do amor?!

Ainda não tive muita sorte no amor. Dessa vez, pensei que as coisas seriam melhores. Mas não sei... Tomara que dê tudo certo. Embora já tenha 33 anos, nunca fui namoradeira. Provavelmente, muito mais por falta de oportunidade do que de vontade. O Alexandre foi o terceiro homem a disparar meu coração. Ele é uma gracinha. Tem todas as qualidades que sempre busquei em um namorado. Pena que ele não entenda muito meu lado romântico de ser. Os outros dois por quem me apaixonei, só foram me dar o devido valor depois que me perderam. Esse é um fator que acho terrível no amor. Por que, normalmente, as pessoas só dão valor ao outro depois que perdem? Embora os valores tenham se transformado por completo nos últimos anos, como boa mineirinha que sou, sou mais certinha. Não gosto de estar cada dia com uma pessoa diferente, nem sair ficando por aí...

Tenho vários amigos deficientes que considero muito loucos. Um amigo cadeirante vive reclamando que não consegue arrumar namorada. As mulheres sempre se encantam por ele, mas apenas como amigo. Com isso, acaba contratando garotas de programa e vive se arriscando em locais desertos. Freqüentemente, conversamos. Ele sempre me dá dicas sobre cadeiras de rodas motorizadas, cuidadores, gandaia e informática. Pena que não dê pra conversar muito. Basta dar um pouquinho de atenção que já coloca as asinhas de fora e me chama pra brincar no MSN. A teoria dele é que, no MSN, podemos brincar e ter prazer sem nos machucarmos e magoarmos. Não gosto disso. Além de me dar uma vergonha danada, nunca faria esse tipo de coisa sem ter um vínculo maior com a pessoa.

Já, uma amiga cadeirante, vive reclamando que anda na seca. Fala que nem bêbado olha pra ela. Com isso, na falta de algo melhor, acaba se sujeitando em ser a outra. Vive sendo amante dos outros. Também vive procurando namorados na internet. Quando encontra, arruma um jeito e logo vai conhecê-los pessoalmente. Só que, infelizmente, são relacionamentos de curtíssima duração.

Conheci uma nadadora amputada que vive se relacionando com devottes. A mulher tentou me convencer de todo jeito que os devottes são a melhor alternativa para pessoas com deficiência. Falou que, no meu caso, já que sou bonita (palavras dela!), que não teria dificuldade nenhuma. Mas acho muito estranha essa história de devotte. Um dia desses estava conversando com a Vera que tem um blog sobre deficiências. Ela escreveu um artigo sobre devottes que não concordei 100%. Não conseguimos chegar num acordo. Pra mim, o tipo de preferência é diferente. Por exemplo, nunca vi alguém, que seja apaixonado por loiras, chegar pra uma mulher e perguntar qual sua marca da tintura, o número da coloração ou de qual região da Europa vieram seus ancestrais, etc. Eu não acho nada romântico alguém me perguntar se minhas pernas são finas, se uso sonda, fralda, etc. A embalagem é mero detalhe, mesmo porque, com o passar do tempo, todo mundo envelhece e o corpo se modifica.

Enfim, quem não tem talento pra escrever um modão dor de cotovelo, desabafa através do texto. Quando a sociedade passar a conhecer melhor as pessoas com deficiência, respeitando nossos direitos e anseios, com certeza teremos menos preconceito e poderemos exercer nossa sexualidade em toda sua plenitude. O bom da vida é que tudo passa. Estamos em constante aprendizado.

Leandra Migotto Certeza lança portifólio de vídeos sobre Inclusão

Leandra Migotto Certeza é Bacharel em Comunicação Social pela Universidade Anhembi Morumbi (1999); com atuação e experiência como jornalista (MTb: 40546) na área social; Terceiro Setor; Responsabilidade Social Empresarial; e ênfase em Direitos Humanos das Pessoas com Deficiência, desde 1998. 


 Atua, voluntariamente, pela ONG Conectas Direitos Humanos e na Associação Brasileira de Síndrome de Williams. Concluiu o curso de curta duração em “Formação de Conselheiros em Direitos Humanos”, promovido pela então, Secretaria Especial de Direitos Humanos, em 2006. Coordenou eventos sobre empregabilidade no Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência da cidade de São Paulo; além de participar de mais de 40 encontros em sua área de atuação.   

 Foi Co-Editora e jornalista da revista Ciranda da Inclusão sobre Educação Inclusiva (Editora Ciranda Cultural) em 2010; e Editora da Revista Sentidos sobre Inclusão de pessoas com deficiência (Áurea Editora) de 2000 à 2002. É Repórter Voluntária da REDE SACI/USP (portal sobre Deficiência), desde 2000. Adora escrever (desde os 9 anos) poemas, crônicas e, principalmente, relatos de sua vida como cidadã com deficiência. 

 Leandra foi a única representante brasileira a participar do IX Colóquio Internacional de Direitos Humanos (Conectas/2009), com o objetivo de discutir a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (ONU) no tema do colóquio: "Uma Avaliação do Sistema Global de Direitos Humanos sob a Perspectiva do Hemisfério Sul: Estratégias Comuns e Propostas de Reforma". 

 Em 2004, também foi a única brasileira a participar do IV Colóquio Internacional de Direitos Humanos (Conectas). Elaborou o relatório: "Da invisibilidade à transparência - A inclusão da Deficiência nas Metas de Desenvolvimento do Milênio da ONU", para o "Informativo Alternativo: Entre la realidad y la esperanza". Em 2010 (já como consultora contratada da Conectas) registou depoimentos em vídeo, e fez reportagens sobre a reunião estratégica "Convenção da ONU: Avanços, Desafios e Participação da Sociedade Civil. A jornalista também foi a única pesquisadora brasileira a trabalhar para a Comissão TIC (Tecnologia da Informação e das Comunicações) da Associação de Usuários de Informática e Comunicações da Argentina. 

 Também foi monitoria educacional e artística em três exposições: Êxodos / Exposição Fotográfica de Sebastião Salgado no SESC Pompéia/SP (maio a junho de 2000); Palco Em Cena / Espaço Cenográfico no SESC Vila Mariana/SP (de julho a agosto de 2000), e na 27° Bienal de São Paulo (2006). As atividades desenvolvidas como arte-educadora foram: curso preparatório, treinamento, monitoria especializada (alunos do ensino fundamental, médio e superior de escolas públicas e privadas) e elaboração de relatórios sobre o trabalho especializado para atender ao público formados por pessoas com deficiências.

Leandra recebeu o prêmio de Classificação de Excelência no Concurso de "Periodismo y Comunicación Sociedad para Todos" na Colômbia em 2003, pelo artigo sobre educação: "Ser e Estar", publicado em diversos portais.
Atualmente desenvolve o projeto de pesquisa (em equipe) "Fantasias Caleidoscópicas"; cujo objetivo é retratar a imagem (na maioria das vezes preconceituosa) que a sociedade tem em relação à sexualidade das pessoas com deficiência, e desmistificá-la, por meio da arte (exposição fotográfica) e da palavra (livros). A primeira parte do projeto foi premiada durante o "Sexto Congresso Internacional - Prazeres Dês-Organizados Corpos, Direitos e Culturas em Transformação", em Lima (2007). 

A jornalista é cronista e colunista em sites; palestra e ministra cursos em seminários e congressos em empresas, escolas e/ou universidades; além de atuar como free lancer em diversos veículos, e ter mais de 30 artigos publicados.

Link para currículo completo: 


Portifólio de vídeos em andamento:

Vídeo 1:

Leandra Migotto Certeza em "A invenção do outro e do mesmo da mídia semanal" - PUC/SP - 2008
Trabalho voluntário da jornalista com deficiência física para o Grupo de Pesquisa em Mídia Impressa do Programa de Estudos de Pós-graduação em Comunicação e Semiótica da PUC de São Paulo. Site do grupo onde se adquire o DVD hipermídia completo: http://www4.pucsp.br/​pos/​cos/​umdiasetedias/​.
OBS: vídeo ainda sem áudiodescrição, Língua Brasileira de Sinais e legenda oculta.


Vídeo 2:

Leandra Migotto Certeza na TV Escola do Ministério da Educação em 1998.
Este vídeo é um dos capítulos da série sobre Educação Inclusiva produzida em 1998 por Marta Gil. Abordando o tema da deficiência física, Leandra narra (voluntariamente) sua história de vida de forma pedagógica para os professores conhecerem a realidade das pessoas com deficiência, como ela.
LINK:
OBS: vídeo ainda sem áudiodescrição, Língua Brasileira de Sinais e legenda oculta.


Vídeo 3: 
Leandra Migotto Certeza participa, voluntariamente, do Museu da Pessoa em 2004 na inauguração do SESC Pinheiros em SP. 
LINK:
OBS: vídeo ainda sem áudiodescrição, Língua Brasileira de Sinais e legenda oculta.

Vídeo 4:
Participação Voluntária da Jornalista Leandra Migotto Certeza no programa " Em Debates" na TV Câmara Sobre a Inclusão de Profissionais com Deficiência nenhuma Mundo do Trabalho.
LINK: 
http://vimeo.com/21603760 

OBS: vídeo ainda sem áudiodescrição, Língua Brasileira de Sinais e legenda oculta.


quarta-feira, 30 de março de 2011

Lançado portal da Caleidoscópio Comunicações

Amigas e amigos do coração, 

É com grande alegria e muito orgulho que lançou o portal da consultoria que realizo desde 2000:

https://sites.google.com/site/leandramigotto/

Democrático e didático o portal disponibiliza vídeos exclusivos, artigos e conteúdos específicos sobre deficiência, inclusão, acessibilidade, legislação, educação, trabalho e cultura. Tudo voltado para desmistificar as peculiaridades de quem tem alguma deficiência e vive em uma sociedade em transformação.

Vocês estão convidados a fazer parte dessa equipe de trabalho comprometida com serviços de qualidade feitos com muita dedicação.

A opinião de todos é fundamental para o aprimoramento da consultoria.

Espero várias visitas! Abraços, Leandra

sexta-feira, 25 de março de 2011

Portifólio de áudios e entrevistas para rádios

Lanço meu portifólio de entrevistas para programas de rádio sobre inclusão:

 http://www.4shared.com/account/home.jsp?startPage=1

A opinião de todas e todos é valiosa para o meu crescimento profissional.

Portifólio de Vídeos

Lanço aqui meu primeiro vídeo do portifólio que conquistei durante mais de 10 anos com muita dedicação.
Espero que apreciem, critiquem e comentem. A opinião de todos e todas é sempre muito importante!

Vídeo 1: "A invenção do Mesmo e do Outro na mídia semanal".

Trabalho voluntário da jornalista com deficiência física para o Grupo de Pesquisa em Mídia Impressa do Programa de Estudos de Pós-graduação em Comunicação e Semiótica da PUC de São Paulo. Site do grupo onde se adquire o DVD hipermídia completo: .pucsp.br/​pos/​cos/​umdiasetedias/​

Assista o vídeo: http://www.vimeo.com/21499665

Acompanhem meu canal de vídeos:

http://www.vimeo.com/user6407792/videos

quinta-feira, 24 de março de 2011

A pessoa com deficiência e os estereótipos sociais

Aula 5 - Curso: "A Inclusão de Pessoas com Deficiência em Cenários de Diversidade"


Faculdade de Educação Inclusiva Paulista


http://www.afeip.org/moodle/mod/page/view.php?id=21


Atividade: leitura de texto em PDF:

http://www.pasoapaso.com.ve/CMS/images/stories/variospdfs/saulosilva.pdf

A pessoa com deficiência nas empresas

Os vídeos da quinta aula do curso sobre educação inclusiva também não são completamente acessíveis!
Por professor Saulo

Nesta pasta,  o aluno irá encontrar propostas de leituras relacionadas com o tema. É importante observar que esses textos são referenciais para que estudantes da área administrativa, de recursos humanos e gestores em geral possam conhecer uma nova cultura organizacional que vem se firmando a partir das novas perspectivas inclusivas.
Também serão propostos alguns vídeos para enriquecer esse estudo.
 INCLUSÃO, CONCEITOS E HISTÓRIAS

Os estereótipos sociais e as narrativas: a construção das identidades sociais da pessoa com deficiência visual

A quarta aula do curso sobre educação inclusiva solicita uma discussão sobre o texto com o título desta postagem. Porém, o arquivo em um PDF, não podendo ser lido por pessoas com cegueira.

http://www.afeip.org/moodle/mod/page/view.php?id=21

Paradigmas da relação da sociedade com as pessoas com deficiência

A terceira aula do curso: "A Inclusão da Pessoa com Deficiência em Cenários da Diversidade" está no seguinte link: http://www.afeip.org/moodle/mod/resource/view.php?id=18
É leitura do texto: "Paradigmas da relação da sociedade com as pessoas com deficiência" de Maria Salete Fábio Aranha - UNESP - Marília, publicado no link: http://www.afeip.org/moodle/mod/resource/view.php?id=18


Desta vez o texto está publicado no próprio site do curso e não em PDF. Resta saber se pessoas com cegueira consegue acessar o site com autonomia...
A mensagem que escrevi no Café do curso foi esta: 
Caros colegas e caras colegas de curso,
Devido a problemas pessoais familiares, precisei me afastar das aulas. Agradeço por compreenderem. Como o prazo para entrega da resenha se encerrou, publico aqui alguns textos sobre o tema discutido.
Agradeço por comentarem, caso sintam vontade. E informo que irei escrever o texto desta aula e publicar em meu blog. Espero que o professor considere para que eu cumpra todas as atividades do curso...
Muito obrigada. Forte abraço, Leandra

Pessoas com cegueira conseguem ler textos em formato PDF?

Aula 2 do Curso Inclusão de Pessoas com Deficiência em Cenários de Diversidade:


Atividade:

Texto para leitura:


Coexão social: um enfoque INCLUSIVO!
Inicio o meu comentário sobre o artigo "Coesão social: um enfoque conceitual"(http://www.eclac.org/publicaciones/xml/4/29354/Cap2Cohesionpr.pdf),  questionando se os alunos com cegueira conseguem ler um texto em PDF. Segundo informações de amigos meus com deficiência visual, acredito que ainda não. Então, como um curso sobre educação inclusiva pode falar de percencimento? 
Para se garantir que as pessoas com deficiência (adquiridas ou não) consigam sair da invisibilidade, passando pela transparência, e finalmente, conquistanto o direito de exercer sua cidadania é preciso que as leis saiam do papel e passem para ações práticas, a começar pelo setor acadêmico. 
Tanto a teoria como a prática precisam ser realmente inclusivas, pois ainda é notório a falta de abordagem da deficiência como uma das 'variáveis' da discriminação. Por que quando se fala em grupo sociais, esquece-se da deficiência, citando apenas a etnia, idade, gênero e credos religiosos? Também é notável a exclusão da orientação sexual, entre as mesmas variáveis.
Por isso, afirmo que é preciso um grande aprofundamento da consciência das pessoas que se dizem defensoras dos Direitos Humanos para aprenderem a falar por todos e todas e não somente pela minoria das minorias.
Para ilustrar meu pensamento, basta apenas reler o trecho do artigo em estudo:
Por último, a cidadania está vinculada ao sentido de pertencimento na confl uência entre igualdade e diferença. Nesse ponto é necessário conjugar a maior igualdade de oportunidades com políticas de reconhecimento. O pertencimento é construído não só com maior eqüidade, mas também com maior aceitação da diversidade.
Não pode haver um “nós” internalizado pela sociedade, se essa mesma sociedade invisibilizar identidades coletivas, seguir práticas institucionalizadas ou cotidianas de discriminação de grupos definidas por diferenças sociais, geográficas, de gênero, idade e etnia, ou perpetuar lacunas sociais vinculadas a diferenças de etnia, gênero, idade e credos religiosos.

Como falar de inclusão sendo excludente?

Este texto foi escrito como resposta ao exercício da primeira aula do curso: "Inclusão de pessoas com deficiência em cenários de diversidade", Associação Faculdade de Educação Inclusiva Paulista, após assistir aos vídeos sem acessibilidade.


Vídeos:

Atividade do curso:


A extinção da exclusão social de todas as pesoas só é possível por meio de ações da sociedade na construção de políticas públicas eficientes e eficazes.
Em primeiro lugar, não se trata de superar a exclusão, e sim, de acabar com ela definitivamente sem utopias, pois somente os seres humanos racionais são capazes de construir ou destruir convenção sociais.
É completamente possível e viável oportunizar todas as pessoas, não apenas para criar mercado comsumidor e a sustentabilidade do Planeta, mas principalmente, por uma questão de Direitos Humanos.
Todas as políticas públicas só existem porque a sociedade se organiza direta ou indiretamente (exercendo o direito de votar em seus goverantes e pagando seus tributos em uma democracia) por meio de ações próprias conjuntas ou coletivas (em ONGs ou pequenas associações de bairro). 
Exclusão não é um estado que uns possuem, outros não. Não há exclusão em contraposição à inclusão. Ambos fazem parte de um mesmo processo: – “o de inclusão pela exclusão” – face moderna do processo de exploração e dominação. O excluído não está à margem da sociedade, ele participa dela, e mais, a repõe e a sustenta, mas sofre muito, pois é incluído até pela humilhação e pela negação de humanidade, mesmo que partilhe de direitos sociais no plano legal. 
Este texto escrito por Bader B. Sawaia, Doutora em psicologia social da PUC-SP, na obra: “Paralisado cerebral: construção da identidade na exclusão” (Cabral Editora Universitária - 2000), livro de Suely Satow - Mestre e Doutora em psicologia social pela PUC - SP e Bacharel em Filosofia e Comunicação Social também pela PUC - SP, ilustra o que penso sobre a inclusão: 
inclusão pela humilhação se objetiva das mais variadas formas, desde a inclusão pelo “exótico” até a inclusão pela “piedade” (personagem coitadinho) e não tem uma única causa. O estigma de ser uma pessoa com deficiência se interpenetra com outras determinações sociais como classe, gênero, etnia e a capacidade de auto diferenciação dos indivíduos, configurando variadas estratégias de objetivação da reificação das diferenças". 
Portanto, não existem 'as pessoas com deficiência', 'os especiais', 'os diferentes', 'os anormais' (até porque não existe normalidade! todos somos diferentes) ou qualquer outra denominação. Existem os seres humanos que são por natureza imperfeitos e sujeitos a todas as 'fraquezas' do Planeta e/ou da sociedade (como acidentes geológicos entre outros, balas perdidas, catátrofes, acidentes de carro, atropelamentos, assaltos, ou mutanções genéticas).
Excluir, discriminar e ter um pré-conceito do que não aceitamos como parte integral de todos os seres vivos racionais, é maior prova de que estamos nos aniquilando a cada dia, pois não existem robôs ou seres extra-terrestes. A diversidade faz parte da humanidade com suas potencialidades, qualidades e deficiências.
Além disso, as doenças que causam deficiências ou mobilidades reduzidas temporárias, aliada ao número de idosos que em 2020 será de mais de 20% da população, precisam deixar de serem invisíveis a uma socidade capaz de conquistar autonomia, independência e desenvolvimento de suas potencialidades, respeitando suas especificações. 
Agora sem nenhuma dúvida, o que mais me assusta é que um curso sobre o tema tenha como tarefa vídeos sem acessibilidade total, conforme determina o artigo 9 sobre Acessibilidade da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, instituída pela ONU e retificada como emenda Constitucional pelo Brasil. Como os alunos com deficiência podem falar sobre superação da exclusão se são excluídos no prórpio curso?
Todo o conteúdo de qualquer curso, universitário ou não, precisa ter ínterprete de Língua Brasileira de Sinais, legenda oculta, áudiodescrição, além de estar hospedado em um portal completamente acessível para pessoas com cegueira ou surdez. 
Mais uma vez, o lema do movimento social das pessoas com deficiência: "Nada sobre nós, sem nós", foi completamente esquecido e desrespeitado pelo coordenador do curso de uma faculdade de educação inclusiva (lelmbre-se aqui que a Educação por si só deve ser para todos e todas, portanto, inclusiva por nateureza). 
A falta de inclusão neste curso é lamentável, pois, o protagonismo das pessoas com deficiência precisa ser cada dia mais incentivado quando se fala em inclusão. É necessário passar da teoria para a prática dentro do setor acadêmico!
Uma ótima sugestão é conhecerem o belíssimo trabalho do rapper Billy Saga, um jovem com deficiência física: http://www.facebook.com/profile.php?id=1179283570. É muito triste que o ótimo documentário sobre os rappers não pode ser visto por pessoas com cegueira, em um curso sobre educação inclusiva. 
Já o comentário que faço sobre o vídeo de empregabilidade de profissionais com deficiência é que o técnico ainda comete erros graves ao falar que as pessoas com surdez (ele não usou esta expressão correta, disse somente surdos) tem uma linguagem de sinais e que é preciso respeitar "o deficiente".
É preciso deixar bem claro que a LIBRAS é um língua oficinal no Brasil, e não uma linguagem. Além disso, chamar as pessoas como, simplesmente, 'deficientes' é inaceitável. 
Para esclarecer minha afirmação, cito um trecho do meu blog Caleidoscópio:
Deficiência é diferença humana que por suas singularidades, requer atenção às suas especificidades quanto à forma de comunicação, mobilidade, ritmos, estilos, e diversas maneiras de construir o conhecimento e os relacionamentos sociais. O termo Pessoas com Deficiência é o ÚNICO que deve ser empregado HOJE, pois tem os seguintesvalores agregados: 
Empoderamento: uso do poder pessoal para fazer escolhas, tomar decisões e assumir o controle da situação; 

Responsabilidade de contribuircom seus talentos para mudar a sociedade rumo à inclusão de todas as pessoas, com ou sem deficiência. 


E esse termo faz parte do texto daConvenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, criada pela Organização das Nações Unidas e ratificada pelo Brasil, dia 12/08/2008, junto com seu Protocolo Facultativo, assinado em 01/08/2008. Convenção é o primeiro tratado internacional com status constitucional da história do Brasil. Portanto, é uma Emenda Constitucional! Leia a Covenção:http://portal.mj.gov.br/corde.


segunda-feira, 14 de março de 2011

Notícias da minha avó Glaucia

Em 10 de março de 2011 21:23, Leandra Migotto Certeza <leandramigottocerteza@gmail.com> escreveu:
 
Queridas e queridos, 

Olá! Como vão? Tenho uma noticia que não gostaria de dar: hoje minha avó, Glaucia Esteves Migotto caiu e quebrou o ombro direito. Ela fará uma cirurgia (com anestesia geral) amanhã às 10hs no Hospital São Camilo em SP. Para quem ainda não sabe ela é neta de Vital Brazil. 

Mulher de garra e muita fé, como uma bela Vital, Glaucia é mãe de muitos filhos de sangue e de coração. Faz com muito carinho lindos gorros, casaquinhos, sapatinhos e coletes para crianças e adultos que precisam esquentar a alma. 

Sabem porque ela caiu? Estava na esteira na academia do prédio onde mora. É, minha avó-mãe-irmã é uma senhoria que goza de ótima saúde, trabalha desde adolescente, mora em seu apartamento sozinha com total independência. Ninguém da família consegue fazer essa mulher-menina diminuir o ritmo...Vai ao supermercado sozinha carregando sacolas pesadas, e também ao banco várias vezes por semana. 

Agora o que ela mais gosta de fazer é tricotar com as amigas e alunas nas aulas de artesanto da igreja, toda a semana. É ela quem continua a tecer a teia da vida som solidariedade ensinando o que significa AMOR ao próximo sem receber nada em troca!

Por isso, neste momento, é Glaucia que precisa de todas nossas energias positivas, orações e pensamentos cheios de alegria, esperança, e muito AMOR. A sua linda e unida família será sempre grata à vocês. 

Amanhã conto as novidades. O que mais esperamos é a uma recuperação integral dos movimentos, pois muito corações precisam ser aquecidos com o poder das suas mãos ao transformar a lã em AMOR. 

Beijos e abraços, 

Leandra Migotto Certeza - tataraneta de Vital Brazil    

Em 14/03/2011
 
Queridas e queridos, 

Olá! Como vão? Ufa... Em primeiro lugar, agradecemos do fundo do coração por tanto carinho! Ela leu todas as mensagens com muita alegria e emoção. 

Sabem porque ainda não tive tempo de escrever? Minha doce avó está bem melhor e serelepe! A cirurgia foi um sucesso. Agora ela tem uma placa com 11 pinos, colocados no dia 11 de 2011 rsrsrs.

A recuperação é um pouco lenta demais para o ritmo dela... Vovó está aprendendo a fazer o que pode com a mão esquerda (já come sozinha e até arruma as coisas que nós não colocamos no lugar correto rsrs), dorme e come bem, conversa bastante, lê e é claro dá todas as coordenadas para os filhos administrarem bem a loja que trabalha há anos. 

Em casa desde sábado, as visitas foram várias. Vieram todos os filhos, nossa sempre querida Tia Maria, alguns sobrinhos, os netos e hoje uma amiga da Igreja. Telefonemas então, perdemos a conta... Ela é muito querida por todos! 

Bom, quinta-feira dia 17/03 ela tem consulta médica com o ortopedista do hospital São Camilo em SP para sabermos os próximos passos. Por enquanto o braço direito está somente apoiado em uma tipóia e com um curativo no local da cirurgia. Ela precisa mantê-lo sobre o corpo quietinho, o que cansa um pouco. Mas logo, logo, acreditamos que será possível movê-lo mais. Mas a mão ela já consegue mexer perfeitamente, e até abriu potes sozinha. 

Como a saúde dela é muito boa para os seus 82 anos e 9 meses (como ela mesma fez questão de me dizer), não está tomando nenhum medicamento. Nos dois dias em que esteve no hospital tomou pouco antibiótico e anti-inflamatório. Em casa ainda não foi preciso nada para dor porque não teve. 

Bom, por hoje é só. Agora tenho que estar ao lado dela para fazer companhia e viver mais uma vez os momentos mais lindos e importantes da minha vida: aprendendo a AMAR. 

Prometo que escreve assim que conseguir para dar mais notícias.

Beijos e abraços calorosos,

 

ASSINEM!

Um monumento pelas vítimas da ditadura



Tenho 34 anos e apenas sei sobre esse capítulo terrível da história do Brasil e do mundo pelos relatos de quem viveu na pele. Não consigo nem imaginar o tamanho gigantesco da dor que permanecerá para sempre nas famílias desses gerreiros… 

Confesso que me emociono muito ao pensar nas pessoas que ficaram com deficiências e doenças causadas pelas torturas!!! 

Por isso, lutarei com as minhas armas, as palavras, até o último dia da minha vida para que a PAZ, o REPEITO, e a SOLIDARIEDADE sempre vençam os tiramos e ditadores sanguinários! Apoio integralmente todos os movimentos para que cada ser humano na Terra conheça apenas a ÚNICA e DURA VERDADE!!!!!


Por Eduardo Guimarães
No momento em que a presidenta Dilma Rousseff torna público que pretende bancar a Comissão da Verdade de forma a desmascarar os que torturaram, estupraram e assassinaram garotos e garotas idealistas que lutavam pela libertação do Brasil das garras da ditadura militar, vem à mente uma reflexão: até hoje, o Brasil não fez um único grande monumento às vítimas daquele regime.
Logo, teremos no SBT uma novela contando  as atrocidades que foram cometidas neste país contra os que pegaram em armas para defender o Brasil dos usurpadores que, por falta de votos, deram um golpe de Estado que redundou em uma ditadura de duas décadas e tanto. Essa novela deve se desenrolar paralelamente à Comissão da Verdade, que, com o apoio da presidenta, agora irá vingar.
Nesse momento de resgate da verdade, porém, as mentiras e a enganação se travestem de jornalismo e tentam vender a teoria absurda de que “os dois lados” têm que ser investigados pela Comissão da Verdade. Uma distorção tão hedionda que não resiste à menor reflexão.
Tomemos o exemplo de Dilma. Ela tinha 19 anos quando foi presa, torturada e só depois julgada. Como milhares de outros brasileiros, sentou-se no banco dos réus. Mesmo sendo inocente. E ficou encarcerada por três longos anos. Teve até sorte…
Se prevalecesse a teoria sobre ser necessário julgar “os dois lados” – o dos assassinos, torturadores e estupradores da ditadura e o da resistência àquele regime criminoso –, Dilma teria que ser julgada de novo. Os que foram exilados, os que foram torturados, os que foram presos, todos teriam que passar por tudo de novo.
Agora, alguém conhece um único torturador ou assassino integrante da ditadura que tenha sido julgado? Não, mas conhece milhares de vítimas que foram não só julgadas, mas punidas com torturas e até com a morte, muitas vezes sem jamais terem se envolvido em nada. Apenas porque os esbirros da ditadura acharam que estavam envolvidas.
Remember Wladimir Herzog, entre tantos outros.
Por todo este país, milhares carregam até hoje as marcas e seqüelas da tortura. Só seus corpos sobreviveram, porque suas almas foram assassinadas há décadas. Muitos de nós conhecem alguém que até hoje estremece quando ouve um baque ou qualquer ruído mais forte, sob lembranças redivivas daquele período de trevas.
Então, quero propor aqui que o governo federal, sob a liderança da Excelentíssima Senhora Presidenta da República,  Dilma Vana Rousseff, execute e inaugure, com toda a pompa e circunstância, um grande monumento às vítimas da ditadura militar. Tanto para as vítimas que se foram quanto para as que arrastam por este país a dor que lhes foi imposta.
Há alguns poucos monumentos escondidos por este país, mas esse tem que ser feito em Brasília, em plena Praça dos Três Poderes. Para que este país jamais esqueça.
Se houver bastante apoio a esta iniciativa, será composto um documento com essa proposta e enviado à Presidência da República com os nomes dos signatários. Só assim, finalmente este país fará uma homenagem à altura das milhares de vítimas (vivas e mortas) daquele regime hediondo que o infelicitou  por vinte longos anos.
Você apóia? 
ASSINE!
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer

terça-feira, 8 de março de 2011

8 de março

No Dia Internacional de Luta pelos Direitos das Mulheres, compartilho um relato sobre descoberta da minha sexualidade com a deficiência física:








Descrição da imagem: é a segunda foto  (em preto e branco) do ensaio Fantasias Caleidoscópicas. A roupa de renda preta sensual e transparente, completam a 'produção'. Leandra desta vez deitada sob um fundo cinza, parecendo flutuar. Virada de lado e com um olhar sedutor, tem os pés suspensos no ar, com um leve toque de 'ingenuidade'.