abolição da escravatura
Sem escravidão e vencendo o racismo
13 de Maio, dia da abolição da escravatura no Brasil, negros bem sucedidos relembram o preconceito
Por Dayana Souza (redacao@eshoje.com.br).
"Ô neguinho!". Assim era chamado o atual Delegado Chefe da Polícia Civil do Espírito Santo, Joel Lyrio Junior, durante sua adolescência e até mesmo quando iniciou sua vida profissional. Negro e de origem pobre, em sua adolescência Lyrio Júnior não foi poupado dos pejorativos raciais. Neste 13 de maio, data em que se comemora a abolição da escravatura, ainda resta da era em que negros eram tratados como mercadoria o preconceito e a exclusão.
"Fui vencendo as barreiras e tenho muito orgulho da minha raça. Nós ajudamos a construir esse país. É um povo fundamental, essa é a nossa origem. O Brasil tem uma divida histórica com o negro. Mas com ética e força de vontade, você consegue. Somos seres humanos como qualquer outro. Hoje, sou aceito por ter criado uma carreira. Mas ainda tem gente que olha com preconceito. Basta virar para que as pessoas falem nas costas", lamenta o delegado estadual.
Apesar de dizer que nunca se sentiu diretamente agredido por conta de sua cor, o deputado estadual professor Roberto Carlos, diz que historicamente foi negado ao negro o direito de "ascender socialmente". "Eu nunca sofri nenhum tipo de preconceito diretamente, mas o fato de ter estado em uma universidade em que a maioria era de brancos, eu quase não tinha amigos. Um racismo velado".
Por conta desta dissimulação que o secretário de Inclusão Social Antônio Carlos Moraes, diz que o racimo não está diminuindo, ao contrário do que aparenta. "O que acontece é o aumento do nível de tolerância na convivência do branco em relação ao negro. Ou seja, um pai branco joga bola e bebe cerveja com um amigo negro, mas não gostaria de ver sua filha casada com um negro", explica.
Moraes afirma que no Estado o homem e a mulher negra são a maioria esmagadora de população excluída. "Não só de pobre, mas também de presos, doente sem assistência e mortos por assassinatos". No Espírito Santo, os negros representam 57% da população.
Quanto à inclusão social do negro, o secretário de Inclusão Social diz que não há muitas iniciativas no Estado. "As iniciativas tem sido dos movimentos sociais e populares. Em algumas o Estado acompanha e dá suporte, mas esbarra muito na burocracia. Setores que lidam com a questão pública ainda não se acostumaram com a realidade da inclusão social como fator de desenvolvimento e civilidade".
"Fui vencendo as barreiras e tenho muito orgulho da minha raça. Nós ajudamos a construir esse país. É um povo fundamental, essa é a nossa origem. O Brasil tem uma divida histórica com o negro. Mas com ética e força de vontade, você consegue. Somos seres humanos como qualquer outro. Hoje, sou aceito por ter criado uma carreira. Mas ainda tem gente que olha com preconceito. Basta virar para que as pessoas falem nas costas", lamenta o delegado estadual.
Apesar de dizer que nunca se sentiu diretamente agredido por conta de sua cor, o deputado estadual professor Roberto Carlos, diz que historicamente foi negado ao negro o direito de "ascender socialmente". "Eu nunca sofri nenhum tipo de preconceito diretamente, mas o fato de ter estado em uma universidade em que a maioria era de brancos, eu quase não tinha amigos. Um racismo velado".
Por conta desta dissimulação que o secretário de Inclusão Social Antônio Carlos Moraes, diz que o racimo não está diminuindo, ao contrário do que aparenta. "O que acontece é o aumento do nível de tolerância na convivência do branco em relação ao negro. Ou seja, um pai branco joga bola e bebe cerveja com um amigo negro, mas não gostaria de ver sua filha casada com um negro", explica.
Moraes afirma que no Estado o homem e a mulher negra são a maioria esmagadora de população excluída. "Não só de pobre, mas também de presos, doente sem assistência e mortos por assassinatos". No Espírito Santo, os negros representam 57% da população.
Quanto à inclusão social do negro, o secretário de Inclusão Social diz que não há muitas iniciativas no Estado. "As iniciativas tem sido dos movimentos sociais e populares. Em algumas o Estado acompanha e dá suporte, mas esbarra muito na burocracia. Setores que lidam com a questão pública ainda não se acostumaram com a realidade da inclusão social como fator de desenvolvimento e civilidade".
Ele quer ser o primeiro negro no Pleno do TJES
Membro do judiciário capixaba, o juiz William Silva precisou enfrentar muitas dificuldades para chegar a este cargo. Ele conta que, por falta de condições financeiras, tinha que ir andando até a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) para cursar Direito. E ainda precisava trabalhar como office boy e engraxate para se formar.
O magistrado revela também que desde a universidade, era preciso enfrentar problemas por causa do racismo. "Uma vez na faculdade eu quase agredi fisicamente um colega de sala por causa de racismo. Outra vez foi em Santa Teresa, quando já formado. Eu estava do lado do fórum depois do meu horário de trabalho conversando com um colega e um homem chegou e perguntou pelo juiz. Quando meu colega disse que era eu, o homem falou: 'esse negão aí?'. Para ele eu não poderia ser juiz pela minha cor", lembra.
O juiz vem tentando uma vaga de desembargador no Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES). E diz que, apesar de não se sentir mais diretamente alvo de racismo, só com hipocrisia para afirmar que o preconceito não existe mais. "Há hipócritas que tendem a dizer que essas atitudes não existem mais, mas todos sabem que essa não é a verdade. Hoje eu não sinto mais essa exclusão por estar onde estou, por estar em destaque, por ser autor de livros. Mas, indiretamente, ainda me sinto atingido".
Apesar do episódio em Santa Tereza, ele não acredita que hoje, em sua vida profissional, haja impedimento pelo fato de ser negro. "Estou tentando ser desembargador e quando for promovido, serei o primeiro negro do Estado neste cargo. Acredito que ainda não aconteceu pelo tribunal acreditar que ainda não é minha hora. Mas o Tribunal conhece o meu valor. Minha cor não influencia no meu trabalho".
O magistrado revela também que desde a universidade, era preciso enfrentar problemas por causa do racismo. "Uma vez na faculdade eu quase agredi fisicamente um colega de sala por causa de racismo. Outra vez foi em Santa Teresa, quando já formado. Eu estava do lado do fórum depois do meu horário de trabalho conversando com um colega e um homem chegou e perguntou pelo juiz. Quando meu colega disse que era eu, o homem falou: 'esse negão aí?'. Para ele eu não poderia ser juiz pela minha cor", lembra.
O juiz vem tentando uma vaga de desembargador no Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES). E diz que, apesar de não se sentir mais diretamente alvo de racismo, só com hipocrisia para afirmar que o preconceito não existe mais. "Há hipócritas que tendem a dizer que essas atitudes não existem mais, mas todos sabem que essa não é a verdade. Hoje eu não sinto mais essa exclusão por estar onde estou, por estar em destaque, por ser autor de livros. Mas, indiretamente, ainda me sinto atingido".
Apesar do episódio em Santa Tereza, ele não acredita que hoje, em sua vida profissional, haja impedimento pelo fato de ser negro. "Estou tentando ser desembargador e quando for promovido, serei o primeiro negro do Estado neste cargo. Acredito que ainda não aconteceu pelo tribunal acreditar que ainda não é minha hora. Mas o Tribunal conhece o meu valor. Minha cor não influencia no meu trabalho".