segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

3 DE DEZEMBRO - DIA INTERNACIONAL DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA


3 DE DEZEMBRO - DIA INTERNACIONAL DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA

A diversidade faz parte da vida
A finitude faz parte da vida
As várias formas de existir fazerem parte da vida
As dificuldades de caminhar, enxergar, ouvir e sentir também fazem parte da vida…

Com o avanço da idade, todos os seres humanos precisam ser respeitados em seus novos movimentos pelo mundo…
Caminhar com andadores… Ouvir com aparelhos… Enxergar com descrições nas telas… Sentir ao lado de companhias acolhedoras…
Ah! E sem falar que a qualquer milésimo de segundo, um acidente pode acontecer e a vida girar 360 graus!
É por isso que a acessibilidade e o respeito às potencialidades de cada ser, em cada fase da vida, são essenciais à sobrevivência com qualidade e segurança!
Nascer com uma possibilidade de desenvolver alguma condição de deficiência também faz parte da loteria da vida!
Então, não encare as pessoas com deficiência como seres extraterrestres!

Não tenha piedade! Não tenha nojo! Não tenha repugnância! Não discrimine! Não as afaste de seu convívio! Não proíba que entre em qualquer lugar por tornar o local hostil e impossível de estar (como por exemplo, deixar de ter uma rampa como opção ao lado de uma escada).

Identidade é ser quem somos! Ser surdo não é uma condenação! Ser surdo não é opção! Ser surdo é condição de ser humano com língua e cultura própria. E também pode ser condição de conviver em sociedade sem escutar com os ouvidos tradicionais, mas por meio de leitura labial, ou da alta tecnologia e seus aparelhos.
Identidade é ser quem somos! Ser cego não é viver na escuridão!

Ser cego não é ficar isolado! Ser cego é condição de ser humano com várias possibilidades de ler o mundo pelos pontos do Braille, ou ouvindo tantas opções de tecnologia em micros e celulares.

Identidade é ser quem somos! Ter uma deficiência física não deve impedir ninguém de ser dono de qualquer empresa! Ter uma deficiência física não deve impedir ninguém de exercer qualquer profissão dentro de suas qualidades e formas de lidar com o corpo.

Ter uma deficiência física não deve impedir de se locomover pelo país, seja com uma cadeira de rodas, um andador, muletas ou qualquer outra tecnologia. Ter uma deficiência física não deve impedir ninguém de casar! Ter uma deficiência física não deve impedir ninguém de ter relações sexuais! Ter uma deficiência física não deve impedir ninguém de ter filhos, gerados ou adotados.
Identidade é ser quem somos! Ter uma deficiência intelectual não deve ser condição de exclusão! Ter uma deficiência intelectual não deve ser condição de ser mal tratado, xingado, estuprado, violentado.

Ter uma deficiência intelectual não deve ser impedimento para se trabalhar em empresas junto com quem ainda não tem uma deficiência, seja qual for (afinal, absolutamente ninguém está livre de acidentes que tragam à condição de deficiência ao seu convívio diário). Ter uma deficiência intelectual não deve ser impedimento para brincar nos parques ao lado de crianças sem deficiência!

Mas neste Dia Internacional das Pessoas com Deficiência ainda é preciso alertar o mundo que a gigantesca maioria das pessoas - que têm suas identidades diferentes do suposto padrão que a sociedade insiste em impor como único - devem ser respeitadas em absolutamente todos os seus direitos. Para isso, as leis precisam sair do papel para a prática! Aí, você me pergunta: como fazer isso?
Eu te respondo!!

Não pare um segundo em vagas de estacionamento reservadas para pessoas com deficiência! Construa rampas em todos os locais, como opção às escadas. Não impeça seus filhos de conviver com crianças com deficiência nas escolas! Afinal, lembre-se que no fim da vida ter uma condição de deficiência ou limitação e dificuldades faz parte da condição humana. Portanto, conviver com as várias formas de se estar no Planeta é enriquecedor e único para a nossa evolução desde pequeno!

Não pense que reserva de vagas em empresas para profissionais com deficiência é ação de caridade e por isso, essas pessoas precisam viver apartadas dos departamentos em que você trabalha.

Não reclame quando assistir a programação na TV ou outras plataformas onde a intérprete de Língua Brasileira de Sinais aparece no canto das telas. Lembre-se que se o filme estivesse sem legenda e você não soubesse mandarim também iria ficar completamente excluído.

Não dê esmolas aos cegos nas ruas… Ou empurrem eles para atravessar sem pedir permissão e saber como ajudar de forma correta se só for preciso. Não dê risada ou olhe com desprezo para pessoas com alturas diferenciadas. Não grite e mal trate pessoas com autismo ou outra deficiência intelectual.

Nossa!! São tantas formas anticapacitistas que você ainda precisa aprender para um dia não passar por situações de preconceito também…. Eu poderia ficar descrevendo muitas aqui…Mas como você é uma pessoa comprometida com uma sociedade melhor que respeita a diversidade: acompanhe os perfis de várias pessoas com deficiência na internet! Tá tudo lá, bem explicadinho! Só cabe a você fazer a lição de casa no exato momento que terminar de ler esse texto!

Afinal, o 3 de dezembro é uma data para se ter orgulho sim! Mas somente se quem ainda não tem deficiência, colocar a mão na massa e agir todo dia para que a cada ano, não seja mais preciso apontar as atitudes anticapacitistas, mas sim apenas para comemorar as conquistas e vitórias de uma sociedade que convive junto de forma respeitosa e inclusiva com a diversidade humana!!



“Sou uma mulher com deficiência física, branca, nascida em 1977 em uma família e cidade com recursos para conseguir ter acesso, tanto à tratamentos médicos, como à educação e trabalho. E mesmo assim, fui discriminada e impedida de realizar muitos sonhos devido ao capacitismo. Somente há três anos existem grupos de pessoas negras e indígenas com deficiência que relatam as situações milhares de vezes pior do capacitismo entre essa população, e que nunca foram sequer ouvidas na áurea época dos movimentos sociais de luta pelos direitos nos anos 80.


Eu como ativista pelos direitos das pessoas com deficiência, desde 1998, sendo jornalista nos primeiros e inovadores periódicos sobre essa população, pude acompanhar a lenta evolução não apenas das informações, mas principalmente, das ações para a aplicação de uma das melhores legislações do mundo em relação aos direitos das pessoas com deficiência.


Hoje percebo que mesmo com a gigantesca importância da tecnologia para amplificar as vozes dos bravos ativistas com deficiência, que lutaram desde os anos 60, ainda existe um número gigantesco de instituições (localizadas principalmente nas pequenas cidades e nas mais distantes e periféricas) que funciona como depósito de seres humanos com deficiência que são violentados. Também é constante os retrocessos legislativos, tanto no mercado de trabalho como na educação.


Além disso, ainda vivemos uma época em que o protagonismo e o lugar de fala das pessoas com deficiência necessita ser sempre defendido com unhas e dentes para que a imagem de caridade e assistencialismo não seja explorada por aproveitadores, tanto na esfera pública como na privada. Avanços foram conquistados? Obviamente que sim! Mas só espero que não seja preciso mais 50 anos para lembrarmos o 3 de dezembro como uma data de lutas, mas sim de vitórias”.     


Texto de autoria de Leandra Caleidoscopica, escritora, poeta e jornalista. Ativista social desde 1998. Criadora da Coletiva Girassol - Protagonismo das Escritoras com Deficiência https://www.instagram.com/coletivagirassol/
NÃO COPIE CADA PALAVRA SEM CITAR A AUTORIA! RESPEITE O PENSAMENTO E A CRIAÇÃO DA AUTORA!
#descricaodaimagem: Então com 22 anos, Leandra trabalhou em uma de suas primeiras reportagens como jornalista em uma denuncia sobre a total falta de acessibilidade física nos meios de transportes públicos (ônibus) na cidade de SP. A foto mostra Leandra de costas tentando subir nos degraus da escada do ônibus. Ela está com uma das mãos levantadas colocando a muleta em cima de um degrau e a outra mão no chão. O ônibus na cor branca está com a porta da entrada aberta e estacionado. O tamanho do ônibus e principalmente dos degraus evidenciam a dificuldade gritante de uma pessoa com deficiência como Leandra (que tem 96 centímetros) em usar o veiculo de transporte. Leandra veste uma blusa vermelha, uma calça preta e tem a pele branca, os olhos e cabelos castanhos (Foto: Arquivo pessoal)