sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Dia do desrespeito

Hoje foi assim: descaso na hora de marcar exames e consultas no Hospital das Clínicas em SP, desrespeito na hora de desbloquear o cartão no Banco Bradesco e mal-trato na hora de comprar uma toalha nas Lojas Pernambucanas. Além de ser carregada em minha cadeira de rodas no SESC Pinheiros para chegar até a piscina e conseguir nadar. 

UFA!! Haja paciência e ânimo para passar por isso tudo e ainda ter forças para denunciar a discriminação. E o pior de tudo é que amanhã será outro dia e tudo irá se repetir só mudando o nome dos locais por onde eu vou tentar viver a minha cidadania com autonomia e independência em uma cidade ainda extremamente excludente. 

Na hora de marcar o exame em um dos maiores hospitais da Amárica Latina, o funcionário público não me atendeu ao lado do balcão altíssimo simplesmente porque não quis. Eu fui obrigada a gritar para ser ouvida e nem ver direito a cara do cara. Fico pensando: se em um hospital não tem adaptações para atender com dignidade as pessoas mais baixas ou que usam uma cadeira de rodas onde terá!

Já na agência bancária, a situação é bem pior porque nos últimos 3 meses é a quarta vez em que sou mal atendida, ou na verdade não sou atendida, porque preciso de ajuda para conseguir apertar o botão da máquina para digitar a minha senha, sendo que existe um balcão baixo preparado para o atendimento preferencial de pessoas com deficiência, idosos, e grávidas, conforme determina da lei. Fico pensando: porque será que o local está sempre desativado e nunca tem um funcionário disponível para atender, e muito menos equipamentos instalados, se a placa deixa bem claro que eu devo ser bem atendida somente neste local onde serei vista e ouvida. 

Agora o mais humilhante foi na loja de departamento em que como consumidora tive que lutar para pagar uma toalha que havia comprado. A atendente simplesmente afirmou que não iria abrir o caixa preferencial somente para me atender! Mesmo com a placa enorme sinalizando que eu deveria ser bem atendida no balcão baixo para conseguir digitar a senha, ela insistiu - de forma bem mal educada e grossa - que eu deveria usar o outro caixa bem mais alto, coisa que só foi possível com a ajuda do meu marido, que também foi mal tratado porque por ser mais alto do que eu, a mesma atendente grossa insistiu que ele teria o dever de usar o outro caixa e não o preferencial. Detalhe: o meu marido também é uma pessoa com deficiência física, portanto, tem o total direito de usar o caixa preferencial, e a atendente tem o dever de ligar o computador e ativar o caixa da loja na hora. 

Bom pessoal, é isso! Juro que tem dias que dá vontade de não sair da cama porque tô cansada de matar um leão por hora ou uma manada de elefantes a cada segundo. Enche o saco não ser vista e nem respeitada, se a cor do meu dinheiro é exatamente igual a de todas as pessoas que pagam seus impostos! 

Mas como eu sou bem mais forte do que todas as pessoas que já me maltrataram desde que nasci, vou continuar lutando pelos meus direitos, denunciando, e conscientizando para que todas as pessoas evoluam de um mundo tão mesquinho e nojento para uma sociedade humana, inclusiva, justa e igualitária! Seguimos em frente que atrás vem gente! Gente idiota e muita gente boa e forte que nem eu!

E para quem não sabe, em pleno século 21 já passamos do paradigma da segregação e da integração para a completa inclusão! Eu NUNCA vou deixar de fazer absolutamente nada que eu queira porque o local e as pessoas de uma sociedade ainda excludente tem a prepotência de achar que eu não posso ou não devo existir e exercer os meus direitos! Como diz aquele técnico de futebol: vocês vão ter que me engolir!!!!! E à seco!!!!!!!!!!!