sexta-feira, 31 de maio de 2013

Festival Todos Talentos – Alimento para o coração

Texto e fotos: Leandra Migotto Certeza*

Sentir a respiração. Ouvir o coração. Escutar. Entrar em contato com o ser que habita nosso corpo. Viver o momento presente. Sair da forma aparente. Ser gente. Conhecer no outro o si mesmo. A vida sem a arte não existe, e a arte sem a vida não acontece.

Música, dança, som, voz, movimento, olhar, abraço, palhaço, corpo, força, coragem, sonho, espetáculo, cores e aromas. Alimentos para o sangue conseguir sem bombeado pelo coração. Seiva da alma. Amor incondicional, justamente por ser perfeito em sua total incompletude e imperfeição. Abraço apertado, beijo molhado, olhar trocado, silêncio compartilhado.


Toque delicado. Sonho realizado. Experiência vivenciada junto. Carinhos trocados em olhares e palavras. Oração. Prece. Perdão. Comunhão. União. Aventura. Risadas. Histórias. Passado e presente livres.

Tempo? Circulação! Coragem, compaixão. Delicadeza e força. Ser e estar no espaço tendo um lugar no mundo, e sendo parte dele. Potencialidades, formas diferentes e únicas. Vozes para ‘escutar’; falas para ‘cantar’; olhares para ‘tocar’; e sons para iluminar caminhos.


Braços, pernas, pés, tons de vozes, mentes, inteligências, sensibilidades, energias diferentes e iguais em sua humanidade e espiritualidade. Formas e maneiras de fazer e estar no Planeta Terra. Pedaços de um quebra-cabeças que se encaixa só quando se unem com o mesmo propósito: ser e estar: exatamente como vieram e com a missão que irão cumprir.


Uma vez por ano a Casa do Todos comemora os talentos que compõe a comunidade. O valor da autoria de cada talento expressa as diferenças como qualidades em cada ser humano. Todos Talentos é um encontro para compartilhar habilidades onde o criador e a criatura inventam uma ordem sagrada. O encontro revela diferentes ‘fazeres artísticos’ como: danças, músicas, teatro, canto, instalações, comidas e artes tantas. Afinal, o par não é o que separa no dois, mas o que inclui no Todos.

O resultado dessa união, em setembro de 2012, você vai conhecer agora...


A cada número uma surpresa... 

Antes do começo: beijos e abraços espalhados, cumprimentos, Pai Nosso, Luz.  Bolinhas de sabão... Mais comprimentos. Pessoas chegando... O alimento do corpo nos aguardando enfeitados.
E outras pessoas chegando...  Conversas... E mais conversas...


Pétalas de rosas no chão. Balões coloridos no ar. Miudezas. Ideias. Gostosuras doces. Imagens de momentos na Casa do Todos Campo. Livros. Palavras. Ensinamentos e sabedorias compartilhadas. Produções de arte para comprar e vender. Lãs, tecidos, pinturas, mandálas. Em cada detalhe, um carinho. Em cada carinho, uma esperança.




Mais pessoas chegando... Flauta ensaiando. O Festival vai começar... Círculos coloridos com convites para aproveitar o momento presente como um presente.



A história da Casa do Todos é parte de cada talento compartilhado. Dezenove anos de experiências vividas juntas. Aprender a receber também é uma dádiva. Dar e receber. Agradecimentos e mais agradecimentos. Nossa inspiração? Teorias do movimento autêntico. O encontro de olhos fechados. Que coragem... 




Primeiro número: Vamos dançar? Bênçãos para todos e todas. Luz. Energia. Vitalidade. Circulação. Sentir o corpo. Saber da alma. Ouvir o coração. Espalhar o que se sente e o que se vê. Calma. Leveza. Detalhe e imensidão. A dança, a valsa. A música interna e externa. Olhos fechados. 


Segundo número: Depois, confiar no outro e descobrir quem se é confiando em si mesmo. Arte marcial. Luta? Conhecimento dos limites, superando medos. Espera. Paciência. Cair e levantar. Levantar e cair. Ir e vir. Ser e não ser. Sentir e não sentir.




Cair e levantar novamente. É a vida. Cheia de altos e baixos. Cheia de tropeços e recomeços. Plena de significado. Saber esperar a sua vez de dar confiança ao próximo e ser recebido por ele. Saber ouvir. Saber agir. Cumprimentos. Bênçãos. Energia. E mais energia. Força. Leveza. Coragem. Fechar os olhos e ouvir o que vem de dentro para mostrar o que está na relação com o outro lá fora. 

   
Terceiro número: Palhaços! Alegrias! E mais diversão! Ritmo. Batera. Teclado. E mais ritmo. Fantasias... Inconsciente mágico. Cores. Tecidos. Fantasias. E alegrias! Ritmo. Expressões. Caras e bocas. Olhares. Espanto. Parceria. 


É possível passar horas e até dias, sentindo que todos nós ainda temos um palhaço dentro da gente. É possível escolher entre ouvir ou não o palhaço, que muitas vezes está adormecido. Deixar simplesmente fluir a fantasia de ser quem proporciona alegrias. Brincar. Diversão. E mais alegrias.  


Quarto número: Instrumentos que dançam. Guitarra e violão. Imaginação. Soltar e se soltar no vento. Tocar o instrumento sendo tocando por ele. Ser o instrumento. Fazer parte da música. Ser a dança.


Estar no momento presente. Criar. E recriar. O que o artista pensou pode ser modificado para expressar o que cada um é. O clássico se une a livre expressão do sentir. Grande artista que domina a guitarra interna da imaginação. 


Quinto número: Talento em andamento. O sonho de falar e ser italiana. A fantasia de ser outra pessoa a quem se admira. Identidade na fase entre a despedida da infância e a chegada a vida adulta. A necessidade de realizar um sonho de representar quem se deseja ser. A possibilidade de deixar florir uma paixão pela arte da palavra cantada, dublada, tocada, representada.  

Sexto número: o mar e o amor. Imensidão e imersão no mundo interno de cada um. Azul que acolhe e aceita. O tempo de cada ser é único e profundo. Em especial para aqueles que têm o seu próprio tempo inconsciente. Ninguém deixa de participar do jeito que está aqui na Terra.

O mundo é de todos e feito por todos. Não existem outros mundos particulares que não são acessíveis pelos seres que habitam o Planeta. O que é preciso é saber ouvir e ver cada expressão de estar ao lado do semelhante. Paciência. Calma. Tranquilidade.

E depois o sonho. Claro! O sonho novamente. Estar no mar das fantasias possíveis. Cantar. Dublar. Falar outro idioma. Sentir e se expressar com a intensidade de um grande ator. Poder ser outra pessoa sendo você mesma.

Sétimo número: o tango, a dança. Leveza e força. A dança com o corpo se transforma em a dança com a alma. É o tango que leva a bailarina. Entrega total. Movimentos precisos. E ao mesmo tempo, soltos. Caminhos abertos. Energias. Interpretação livre. Novas formas de sentir emoções.

Sedução de si mesmo, puramente pelo movimento que a dança traz. Concentração. Habilidade. Rapidez. E o mais importante: sentimento. Sim, é possível dançar de olhos fechados e corações abertos. É possível ir além do racional, e explorar o emocional.











Oitavo número: rock livre. Todos e todas dançam e brincam de dançar. Mexer o corpo para se lembrar de conectar o espírito com a máquina que nos sustenta. Idades cronológicas; diferem das internas. Aparências não são essências. É possível enxergar além do que vemos. Sentir além do que o corpo mostra. Cada um pode e consegue dançar e ser feliz exatamente como se apresenta no mundo: especial por ser único e cheio de potencialidades a serem exploradas.  














Nono número: Linha do tempo, espaço, amplitude, caminhos. Ir e vir seguindo os seus passos, rumo ao horizonte de possibilidades imaginárias. Alegria da interpretação determinada de um palhaço. Pode ser o mar infinito das incertezas. Pode ser a linha dos limites a serem conhecidos e ultrapassados quando necessários.

O importante é sempre levantar os braços e seguir em frente: rumo ao desconhecido, cheio de possibilidades. Juntos e de mãos dadas, é melhor seguir. Dar a volta e começar de novo. Sempre. Caminhar sobre a linha da vida. Ser levado por ela fazendo parte dela. 


Décimo número: memórias. Passado, presente e futuro juntos, aqui e agora. Histórias que se contam em imagens, sons, músicas, palavras, textos, sabedorias, abraços, doces, pães, corações, cores, colagens, desenhos, pinturas, ternuras, vidas que se cruzam e compartilham a vida, cheia de luz. Sim, é possível! É possível, viver em harmonia em meio ao amor de todos para todos.


Sim. É possível! O ser humano tem a infinita capacidade de ser solidário, amável, carinhoso, acolhedor. O ser humano consegue transformar, criar, experimentar, dar e receber afeto, compartilhar, compreender, ouvir e escutar, ver e enxergar, caminhar junto, amar. Dezenove anos de uma casa que abriga a diversidade humana em sua plenitude e completude justamente por ser diferente, única e especial.  Afinal, o amor é sua própria recompensa. 

Décimo primeiro número: Tatatum, o coração da Casa do Todos. Um lugar sagrado. Bater no mesmo ritmo do coração de cada um. Estar no momento presente com um instrumento na mão para seguir o som do seu coração. Juntos em uma roda cheia de cores e sons diferentes. O homem mais velho da casa faz a abertura e o fechamento do Tatatum entregando um troféu a quem ele deseja.














E depois, um chamamento para as histórias das vidas passadas que se unem as novas. 

“Hoje estamos assistindo aqui, um encontro de alma e de corações. Existe uma mensagem que diz que se a vida nos impõem limites; nossos anjos oferecem os contornos. E são esses contornos que procuramos na Casa do Todos”, disse o pai da Mirella.

Ele também contou a história dos dois potes que transportavam água: um cheio e outro pela metade. O que nasceu trincado, regava o solo para o nascimento de flores, e por isso, não era inútil. Tinha uma função muito importante, exatamente como era.          


Décimo segundo número: O balé das flores. Leveza, alegria, e mais alegria! Que felicidade dançar com a alma! Sem medos e amarras. Só a imensidão da música embalando os corpos soltos no ar. O ser interior é completamente belo! Sem máscaras. Transborda a emoção do encontro da mais pura beleza. Dançar simplesmente por dançar. Como é bom... Gentileza, carinho.












E depois a lambada! Eba! Dançar é maravilhoso! Soltar o corpo e a imaginação. Convidar o público presente para cair na dança livre! Completamente livre! O que vale é sentir a emoção do momento, do embalo, do ritmo, sem receios. Os pares se formam, e cada pessoa dança como é: com o coração aberto.  


Décimo terceiro número: Batera! Rock rol! É pura adrenalina! Sim, é possível aprender um instrumento que se ama. Sim, é possível tocar com tanta garra e dedicação.  Superar dificuldades, melhorar, aprimorar o talento para a música e o ritmo, tocando com o coração. Não importa a idade, a bateria mora dentro do peito. E até quem nunca tocou um instrumento consegue exprimir o ritmo do coração em baterias e tambores. 


Décimo quarto número: Monstros, dragões e bruxas. Fantasias mil. É possível soltar todos! A imaginação vai longe e os sentimentos acompanham. Inconsciente e consciente. É possível uni-los no tempo presente. Teatro e interpretação. Ação. É a vida pulsando!













Décimo quinto número: Mais um tango. Confiar no outro. Confiar em si mesmo. Acreditar que é possível dançar quando o corpo permite estar no espaço e tempo presentes. A cada passo seguido, um sonho realizado. A força do tango é a batida da emoção. Leveza no carinho com o parceiro. Destreza com as mãos e os pés. Subir aos céus na imensa alegria de dançar. Sim, também é possível!


Décimo sexto número: Selêlê e Iolanda. “Eu sou igual a você seja onde for”, diz a canção. Jovem que enxerga com todos os sentidos e cantora junta-se a outra artista para embalar o final do Todos Talentos 2012.


E Mirella lembra que...

O dia mais belo é hoje
A coisa mais fácil é errar
O maior obstáculo é o medo
O maior erro é o abandono
A raiz de todos os males é o egoísmo
A distração mais bela é o trabalho
A pior derrota é o desânimo
O melhor professor são as crianças
A primeira necessidade é comunicar-se

Agradecimentos a todas e todos, presentes em corpo e alma. E aos que estiveram também em pensamento e espírito. Viva Festival Todos Talentos 2013 que chega!!!


A casa

A Casa do Todos é uma rede de serviços em ação dirigida à comunidade. Esses serviços são cuidados terapêuticos oferecidos às pessoas que os solicitam em toda e qualquer situação de vida. São profissionais das áreas de saúde e educação que cuidam do desenvolvimento integral do ser humano. O propósito do trabalho é servir e multiplicar, no espaço na humanidade, a atitude participativa.

“O Todos é cada pessoa que pertence e constitui o comunitário. Cuidar deste lugar de pertencimento de cada um é ter um olhar especial em nosso dia a dia. Em grupo, criamos um espaço de Graça facilitador da manifestação de cada pessoa. O amor é sua própria recompensa”, Mirela D´Angelo Viviani, terapeuta.

“Nosso caminho de trabalho se baseia em receber o pedido de quem nos procura e acompanhar seu fluxo criativo de cura. As pessoas que nos procuram são de todas as idades e situação de vida, independente da característica de desenvolvimento pessoal. O trabalho está fundamentado em reconhecer as possibilidades da pessoa em fazer visível a autoria de sua vida. Assim, não existem limites para realizar o fazer no pedido de cada um e a Casa, com essa atitude, expande seus quintais oferecendo muitas e diferentes atividades. O foco da nossa atenção é observar, acompanhar a vida presente no momento individual e coletivo humano”, todos da Casa do Todos.

E estão todos e todas convidados e convidadas para o próximo encontro!





*Leandra Migotto Certeza é jornalista desde 1998, e editora da Revista Síndromes. Ela tem deficiência física (Osteogenesis Inperfecta), é assessora de imprensa voluntária da ABSW, consultora em inclusão, e mantém o blog “Caleidoscópio – Uma janela para refletir sobre a diversidade da vida” - http://leandramigottocerteza.blogspot.com/. Conheçam os modelos de palestras, oficinas, cursos e treinamentos sobre Diversidade, realizados em empresas, escolas, ONGs, centros culturais e grupos de pessoas no site: https://sites.google.com/site/leandramigotto/. 

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Comissão da Verdade

A Comissão Nacional da Verdade foi criada pela Lei 12528/2011 e instituída em 16 de maio de 2012. A CNV tem por finalidade apurar graves violações de Direitos Humanos ocorridas entre 18 de setembro de 1946 e 5 de outubro de 1988. Conheça abaixo a lei que criou a Comissão da Verdade e outros documentos-base sobre o colegiado.

A Comissão Nacional da Verdade foi criada pela lei 12528/2011 e instituída em 16  de maio de 2012. Nos sete primeiros meses de funcionamento, a Comissão dedicou-se a definir os marcos legais do seu trabalho, a organizar a pesquisa das graves violações de direitos humanos ocorridas no período de 1946-1988, a definir e ampliar sua equipe de trabalho, a estabelecer comunicação constante com a sociedade e parcerias com órgãos governamentais e com a sociedade civil organizada.

Em julho de 2012, a CNV recebeu em Brasília diversas organizações da sociedade civil para receber sugestões sobre o trabalho, informações e documentos. Várias das intervenções do público foram aceitas pela Comissão que manteve durante todo o ano contato direto com o público, seja, ao vivo, percorrendo o país de norte a sul em 15 audiências públicas e em outros eventos públicos dos quais participou, seja pelo uso das redes sociais (Twitter,Facebook e Youtube) na sua comunicação, ou ainda por meio de parcerias firmadas com comissões congêneres e outras organizações.
Um exemplo de parceria é este site em que você navega agora. Ele é fruto do trabalho conjunto entre a Comissão da Verdade e o Ministério da Educação.
Em setembro, a CNV definiu seu principal marco legal: por meio da resolução nº 2, estabeleceu, definitivamente, que as graves violações de Direitos Humanos examinadas pela comissão são aquelas praticadas por agentes públicos. Um dos pilares para a decisão é a lei 9140/95, uma das que estabelecem as bases para o surgimento da Comissão Nacional da Verdade.
Também em setembro, após recomendação da CNV, atendendo solicitação da família Herzog, a Justiça de São Paulo determinou a mudança do registro de óbito de Vladimir Herzog para que a causa da morte do jornalista, em 1975, fosse alterada de asfixia mecânica para morte em decorrência "de lesões e maus-tratos sofridos em dependência do II Exército – SP (Doi-Codi)".
Segundo a decisão, transitada em julgado em dezembro, a CNV "conta com respaldo legal para exercer diversos poderes administrativos e praticar atos compatíveis com suas atribuições legais, dentre as quais recomendações de 'adoção de medidas destinadas à efetiva reconciliação nacional, promovendo a reconstrução da história', à luz do julgado na Ação Declaratória, que passou pelo crivo da Segunda Instância, com o reconhecimento da não comprovação do imputado suicídio, fato alegado com base em laudo pericial que se revelou incorreto, impõe-se a ordenação da retificação pretendida no assento de óbito de Vladimir Herzog". A sentença abriu caminho para que várias famílias reivindiquem o mesmo direito.
Em dezembro, a CNV anunciou a divisão de sua pesquisa em 13 grupos de trabalho temáticos, que estão se debruçando sobre os mais diversos temas relacionados à repressão sistematicamente praticada pelo Estado ditatorial-militar, como a Guerrilha do Araguaia, a participação brasileira na Operação Condor, o papel das Igrejas e da Justiça nesse período de nossa História, etc.
Ao longo do ano, a CNV obteve recursos físicos, financeiros e de pessoal para executar sua missão. Partindo de um staff com sete membros e 14 assessores, hoje a CNV conta com uma equipe de 50 pessoas, entre membros e colaboradores, para alcançar seu objetivo: entregar à sociedade brasileira, em maio de 2014, um relatório circunstanciado sobre as graves violações de direitos humanos ocorridas no Brasil entre 1946 e 1988, contendo recomendações ao Estado brasileiro para que este nefasto período de nossa história não mais se repita.
Em janeiro deste ano, a Comissão Nacional da Verdade ganhou um reforço de peso, por meio da assinatura do acordo de cooperação técnica com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) , que visa prestar suporte à estruturação da Comissão nos três principais eixos de trabalho da CNV: pesquisa, articulação com a sociedade e comunicação.
Balanço de um ano de atividades:


CNV apresenta balanço de um ano ao país

000 membros balano
Além do balanço, a Comissão Nacional da Verdade apresentou o resultado parcial de pesquisas conduzidas pela assessora da CNV Heloísa Starling, professora da UFMG e coordenadora do Projeto República que apontam que a Marinha sonegou informações sobre mortos e desaparecidos ao governo Itamar Franco

A Comissão Nacional da Verdade apresentou hoje em Brasília o balanço de seu primeiro ano de atividades. A CNV realizou 15 audiências públicas em nove unidades da federação e percorreu todas as cinco regiões do país. Nesse período, a Comissão colheu 268 depoimentos (de vítimas, testemunhas e agentes da repressão da ditadura civil-militar de 64-85), sendo 207 de vítimas e testemunhas de graves violações de direitos humanos. Desses depoimentos, 59 foram reservados e 148 nas audiências públicas. Foram colhidos 37 depoimentos de pessoas diretamente ligadas ou envolvidas com o aparato de repressão.
Leia aqui a íntegra do balanço de um ano de atividades da CNV.
O balanço também traz sete páginas com informes sobre o andamento da pesquisa de seus 13 grupos de trabalho. Um resumo do conteúdo do balanço foi apresentado pelo ex-coordenador da CNV, Paulo Sérgio Pinheiro, responsável pela atividade de hoje (leia a íntegra da apresentação de Pinheiro aqui). O evento foi transmitido ao vivo pela TV NBR e pela CNV.
Além do balanço, a CNV apresentou no evento de hoje o resultado parcial de pesquisas conduzidas pela equipe da professora Heloísa Starling, assessora da Comissão e coordenadora do Projeto República, da UFMG.
A pesquisa aponta que a Marinha brasileira ocultou deliberadamente informações e documentações do Estado brasileiro, durante o governo Itamar Franco, em 1993. Na ocasião, o ministro da Justiça, Maurício Correa, requisitou aos comandantes militares informações requisitadas pelo Congresso e familiares de mortos e desaparecidos sobre a  repressão.
Na ocasião, a Marinha informou não dispor de informações sobre vários casos de mortos e desaparecidos e citou até reportagens de jornais em vez de fontes próprias. Entretanto, a pesquisadora e sua equipe obtiveram documentos do Centro de Informações da Marinha (Cenimar), de dezembro de 1972, que indicam que a força tinha informações mais precisas sobre o destino de pelo menos 11 vítimas, entre elas o deputado federal Rubens Paiva, apontado como morto nos registros da Marinha daquele ano.
Após as duas apresentações, os membros da CNV responderam perguntas dos jornalistas e de representantes da sociedade civil presentes. Durante o evento, o deputado federal Chico Alencar informou que vai informar a Comissão de Constituição e Justiça sobre a possível supressão de documentos ao governo Itamar Franco pela Marinha.
Os vídeos da transmissão da TV NBR serão postados nas próximas horas no youtube da TVNBR.
Comissão Nacional da Verdade - Assessoria de Comunicação

Mais informações à imprensa: Lívia Mota e Marcelo Oliveira

Acompanhe a CNV nas redes sociais: FacebookTwitter e Youtube.

Pessoas desaparecidas

Projeto de Lei de Iniciativa Popular


O Projeto de Lei de Iniciativa Popular pela Pessoa Desaparecida nasce da dor de milhares de mães, pais e familiares cansados do descaso e falta de políticas sérias sobre o assunto no Brasil:

è Não existem dados seguros sobre estatísticas de pessoas desaparecidas no Brasil.

è O Cadastro Nacional de Pessoas Desaparecidas (CNPD) é falho e desatualizado.

è O CNPD era um reivindicação da Rede Nacional de Identificação e  Localização de Crianças e Adolescentes Desaparecidos (RedeSap), que está em atividade desde 2002, mas só foi instituída formalmente em agosto de 2011, por portaria da Secretaria de Direitos Humanos.

è Não há integração de dados sobre pessoas desaparecidas entre os Estados do Brasil.

è Nem todos os Estados tem sites com informações sobre pessoas desaparecidas (site do Governo ou Secretarias de Seguranças Públicas).

è Não existem delegacias especializadas em todos os Estados do país; e as que existem não cumprem com a competência que a demanda requer; apenas fazem o boletim de ocorrência mas não investigam o desaparecimento.

è Não existe estrutura para atendimento psicológico ou apoio aos familiares dos desaparecidos.

è Não existe divulgação em massa na mídia partindo de órgãos oficiais, e sim da sociedade civil quando se mobiliza (TV, internet, rádio ou jornais). 

Sandra Moreno, mãe de Ana Paula Moreno Germano, na sua busca incansável por respostas em todos os âmbitos (Municipal, Estadual e Federal) e esferas de Poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário), espera que a partir deste Projeto de Lei o Brasil passe a tratar e olhar com seriedade o assunto; que há anos só traz dor e sofrimento às famílias.

Mas, Sandra Moreno não é uma exceção e não é única nessa luta! Via de regra e boa parte de familiares de pessoas desaparecidas no Brasil passam pelo mesmo drama.

O que esperar deste Projeto de Lei de Iniciativa Popular pela Pessoa Desaparecida?!

Esperamos que a apresentação de uma proposta de iniciativa popular, sensibilize não só a sociedade civil, mas as esferas públicas de poderes constituídos (municipal, estadual e federal).

Para que mais uma lei?! Porquê não usar o que já existe, e a partir daí cobrarmos dos nossos Poderes, aplicação da lei?

Por mais difícil que se possa acreditar, não temos leis que determinem a uniformidade quanto às questões do desaparecimento de uma pessoa. Cada Estado (quanto tem), administra precariamente a questão “Pessoas desaparecidas”, por um único e justo motivo; o desaparecimento de uma pessoa não é crime, e para tanto, não existem delegacias especializadas para o tratamento correto. A mesma delegacia que se registra um boletim de ocorrência para roubo, furto, assassinato, também é a mesma que se registra o desaparecimento de uma pessoa; temos resultados apenas do registro e muitas vezes a falta de continuidade no processo de investigação de um desaparecimento. O assunto cai no esquecimento!

Assine e ajude-nos a mudar!

Somente através da luta pelos nossos direitos e buscas por respostas legítimas que podemos mudar conceitos nesse país.

Somente através da união de forças e na busca por soluções de problemas, podemos realmente lutar e buscar resultados efetivos.

Você tem 2 formas de nos ajudar a mudar a triste realidade das famílias de pessoas desaparecidas no Brasil; o assunto é sério e não pode cair no esquecimento!

1. Assinatura eletrônica – Clique aqui, preencha seus dados corretamente e ajude-nos na mudança!

Por favor, preencha todos os dados corretamente. Caso contrário, sua assinatura eletrônica será invalidada!

2. Assinatura em papel - Se você quiser imprimir, colher a assinaturas no seu bairro, escola (somente maiores de 16 anos podem assinar!), faculdade, associação, igreja, comunidade, imprima aqui.

Precisamos forçar e tornar nítido estes problemas para a sociedade civil!

Fonte: 

http://www.abaixoassinadobrasil.com.br/index.php/projeto-de-lei/assine-aqui-e-ajude-nos-a-mudar

Aqui, você lê o texto-base do que pleiteamos no Projeto de Lei de Iniciativa Popular pela Pessoa Desaparecida no Brasil.

http://abaixoassinadobrasil.com.br/index.php/projeto-de-lei/texto-base-do-projeto-de-lei