quarta-feira, 21 de março de 2012

Todos os dias são de luta

Fonte: http://inclusaoja.com.br/2012/03/21/todos-os-dias-sao-de-luta/


Por Claudia Grabois
Hoje é o Dia Internacional da Síndrome de Down e o Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial – em foco a diversidade e as diferenças, em questão o respeito e a legitimação, a necessidade de exercer a cidadania em um estado democrático de direito, com leis, políticas públicas e programas eficazes para o combate ao preconceito e à discriminação e para a efetivação dos direitos positivados, com equiparação e em igualdade. O acesso e a permanência na educação são partes integrantes desse conjunto de ações
No que tange as pessoas com deficiência, os avanços na educação inclusiva são frutos de uma longa caminhada, na qual foram protagonistas as pessoas com deficiência e seus familiares, com a participação ativa de defensores dos direitos humanos, especialmente do direito à educação – fundamental para o exercícios dos demais direitos.
O que se percebe atualmente nas escolas é que não existe boa receptividade para retrocessos nas políticas públicas de inclusão, ou para políticos que levantam bandeiras de restrição de direitos (os quais, certamente, são sempre bem recebidos, porém, com a merecida desconfiança). Ou seja, o espaço para “politicagens” está restrito e lida-se com isso, na maioria das vezes, conhecendo conjuntura e contextos. É certo também que cabe a cada um(a) decidir o seu caminho e que conveniências não são descartadas, mas em tempos de redes sociais, as informações e intenções são mais óbvias.
Podemos pensar nos motivos que podem levar pessoas públicas a se articularem para defender restrições de direitos e o modelo de saúde/assistencialista que se contrapõe ao modelo social, este sim de combate à miséria. Mas compreender por que fazem pressão para segmentar políticas públicas de educação, elegendo deficiências para o pertencimento, ainda é um desafio, pois foi da demanda pela garantia da dignidade inerente a todos os seres humanos que surgiu o sujeito de direitos. E educação é direito inalienável.
Foi pela obrigação de fazer do poder público que os avanços aconteceram; da dupla matrícula no âmbito do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) – que garante recursos para que o estudante esteja na escola comum e receba o atendimento educacional especializado - ao Programa BPC na Escola , a motivação está nos preceitos constitucionais duramente conquistados pela sociedade.
As matrículas de estudantes com síndrome de down em classes comuns, felizmente, crescem e são incentivadas – inclusive por instituições especializadas. Lamentavelmente, tal incentivo não acontece na mesma intensidade para pessoas das mesmas idades com paralisia cerebral, transtorno global do desenvolvimento ou deficiência múltipla. Posso concluir que existe uma triste “seleção natural” que me assusta. Considerando que a maioria das pessoas com deficiência é pobre, poderia dizer que tais práticas podem vir a promover, a médio prazo, um apartheid entre as deficiências. Ou seja, as pessoas com deficiência consideradas “leves e moderadas” – e as mais abastadas – exerceriam os seus direitos, sendo que as consideradas “graves” – principalmente as mais pobres – continuariam nas instituições (e a viver na linha da pobreza). Idéias que, inclusive, foram bem difundidas durante o ano de 2011, com o uso dos termos mencionados.
Em geral, as pessoas lutam de forma mais intensa pelos seus e acaba sendo fácil esquecer que são milhões de pessoas com deficiência, com especifidades que se unem a tantas outras características. Por isso, é preciso lembrar que os caminhos se cruzam e até se entrelaçam. As pessoas – não importa se com síndrome de down ou paralisia cerebral – têm os mesmos direitos e, no que diz respeito à Educação, todas as crianças e adolescentes devem igualmente frequentar os bancos das escolas. Não podemos permitir, por exemplo, que nos vendam a ideia de que é legítimo haver equipes multidisciplinares para avaliar e encaminhar para classe comum ou para escola especial (principalmente por uma questão de humanidade, que, inclusive, precede as leis). Porque exclusão mata e é desumano. Recursos para atender todas as especificidades, sim, são bem-vindos, necessários e de direito. Para além das Pessoas com síndrome de down existe, sim, vida. Todos e todas são seres humanos.
As Pessoas são diferentes, mesmo. E, além disso, toda pessoa é um mundo e um mar de complexidade. Pessoas com e sem deficiência, tanto faz. Somos igualmente gente. Recentemente, ouvi de um pessoa com paralisia cerebral que se pudesse mudar alguma coisa em sua vida não mudaria a sua condição. E, assistindo a um programa de televisão, novamente ouvi uma fala semelhante.
Acho que precisamos nos conscientizar de que compomos a mesma humanidade, que, de fato, é e sempre foi diversa. Podemos encarar o mundo ou considerando as diferenças como parte integrante e formadora de contextos ou como algo que precisa de cura para se homogeneizar. Nesse segundo entendimento, as diferenças precisariam de “preparo” para frequentar as salas de aula para que a pessoa pareça igual àquele considerado “normal” (?). Aprender igual, falar igual, parecer igual talvez seja a busca de alguém que jamais existirá de fato, pois as pessoas são o que são, independentemente de tentativas para torna-lás o que queremos que sejam. A relação “Eu e Tu” proposta pelo filósofo, escritor e pedagogo austríaco Martin Buber estará ameaçada ao tentarmos fazer com que o outro atenda expectativas e pague por nossos mais escondidos preconceitos.
Dia Internacional da Síndrome de Down é, sim, um dia de luta pela garantia e efetivação dos direitos: direitos humanos; direitos das pessoas com síndrome de down e com outras tantas características; direitos de todos e de todas; direitos constitucionais; direitos de iguais na diferença.
Em tempo: as instituições filantrópicas especializadas, com seus saberes e conteúdos acumulados, são fundamentais para a construção da escola inclusiva, a escola de todos(as) e de cada um(a).
TODOS OS DIAS SÃO DE LUTA.
Abraços Inclusivos.

Dia Internacional da Síndrome de Down


Leiam o ótimo artigo do meu amigo Jorge Márcio:

http://infoativodefnet.blogspot.com.br/2012/03/nao-somos-anormais-somos-apenas-cida.html

Mais uma vez no mês de março tomamos a Síndrome de Down para reflexão e comemoração. Em 21 de março deste ano ela também estará na ONU. Mais uma conquista, uma maior visibilização e mais reconhecimento desta diferença de ser e estar com uma deficiência.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Serviço Nacional de Aprendizagem do Coperativismo

Fonte: http://www.sescoopsp.org.br/default.php?p=noticias.php&id=4650


Quatro workshops discutem inclusão de pessoas com deficiência
01/03/2012









Descrição da imagem: duas pessoas sem deficiência e uma com deficiência física (sentada em sua cadeira de rodas) realizando atividades durante o workshop).  

O workshop Inclusão de Pessoas com Deficiência no Mercado de Trabalho foi realizado em Piracicaba, Marília, Ribeirão Preto e São Paulo e teve como objetivo apresentar às cooperativas dicas de como proceder no caso de contratação de pessoas com deficiência em cumprimento à legislação.

“Esse é um tema novo para nós”. Foi assim que o Gerente da Promoção Social Mário César Ralise abriu o workshop realizado na sede do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo no Estado de São Paulo (Sescoop/SP), em São Paulo. O último workshop aconteceu dia 23 de fevereiro, fechando um ciclo de palestras realizadas também nas Regionais Oeste, Nordeste e Centro Paulista nos meses de janeiro e fevereiro. “Estamos trabalhando para cumprir a legislação e fazer nossa parte na inclusão de pessoas com deficiência na realidade cooperativista”, destacou César.

O objetivo dos workshops foi ajudar as cooperativas na contratação e inclusão de pessoas com deficiência e orientar sobre as possíveis dificuldades durante a recepção e convivência com o novo funcionário. “O foco foi na orientação comportamental, com vistas a quebrar tabus e oferecer mais segurança no trato adequado das pessoas com deficiência”, explicou Luciana Santos, analista de Projetos Sociais do Sescoop/SP, que esteve presente nos quatro workshops.

O trabalho contou com a parceria do Centro de Integração Empresa – Escola (CIEE), responsável pela realização da palestra “Inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho. Convivendo com as diferenças”. Em São Paulo, a palestra foi ministrada pela assistente de projetos sociais e coordenadora do Programa CIEE de Pessoas com Deficiência, Fátima Fernandes.
  

Descrição da imagem: pessoas sem deficiência sentadas em uma sala assistindo às atividades. Foto das pessoas de costas.  

“Todos nós temos limitações. Ninguém é igual a ninguém. Os deficientes podem realizar quaisquer atividades se forem dadas as condições necessárias para isso”, destacou Fátima. “Tudo o que é novo assusta. Nosso papel então é dar dicas de como as empresas podem lidar com o deficiente no dia a dia”. Ser natural, evitar a superproteção e oferecer ajuda, mas não forçá-la, são algumas das dicas ensinadas na palestra.

 No Brasil, segundo os dados de censo demográfico do ano de 2000 divulgados pelo IBGE, mais de 24 milhões pessoas possuem algum tipo de deficiência (visual, auditiva, motora, física ou intelectual), ou seja, cerca de 15% da população brasileira. Atualmente, o CIEE encaminha para entrevistas em empresas entre 400 e 500 pessoas com deficiência por mês.
Ao longo dos quatro workshops, mais de 20 cooperativas puderam acompanhar as discussões.Na última ação, do dia 23, os participantes assistiram ainda a palestra do Auditor Fiscal da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do Estado de São Paulo (SRTE), José Carlos do Carmo, que discorreu, principalmente, sobre questões relacionadas à Lei nº 8.213, de 24/07/1991. Segundo a lei, todas as empresas privadas com mais de 100 empregados devem ter Pessoas com Deficiência em seu quadro de funcionários (2% a 5%), inclusive as cooperativas.

“O que percebemos é certa restrição por parte das empresas. Elas têm uma lei para cumprir, querem que o deficiente tenha experiência, mas não estão dispostas a dar essa experiência”, lamentou Fátima durante o evento. “Mas isso tem mudado e a contratação de pessoas com deficiência virou um nicho de mercado. Antes, os deficientes precisavam das empresas; hoje, as empresas é que precisam deles. É uma inversão de papéis”.

“As cotas são plenamente justificáveis, e a legislação é uma discriminação positiva”, afirmou José Carlos. “Ela é uma ferramenta fundamental reconhecida pelas pessoas que trabalham com inclusão social. Ela não é uma lei de punição. As empresas não são obrigadas a ficar com os trabalhadores se eles não corresponderem com suas expectativas”, esclareceu.
De acordo com o auditor fiscal, o direito a trabalho é fundamental para as pessoas com deficiência. “É importante que a sociedade dê a esse grupo a condição de consumidores. Só assim eles mudarão essa situação de discriminação e exercer plenamente a cidadania”, conclui José Carlos.

domingo, 11 de março de 2012

Grande absurdo!

Universidade de Curitiba barra TCC voltado à inclusão de pessoas com deficiência


Nesse mês uma aluna do último ano de Administração me procurou para conversar sobre o seu trabalho de conclusão de curso. Ela teve a ideia de desenvolver o projeto de um bar completamente preparado para receber pessoas com deficiência e que use desse preparo como diferencial para atrair a clientela. O projeto foi barrado e impedido de continuar, pelos seguintes motivos:

• O empreendimento não teria mercado. Pessoas com deficiência não frequentam casas noturnas, bares e afins.

• As pessoas com deficiência não dispõem de recursos financeiros para usufruir desse serviço.
• As pessoas sem deficiência se sentiriam desconfortáveis em um estabelecimento voltado para deficientes.
Alguém mais, além de mim e dessa aluna, discorda completamente disso?
O bar iria contar com rampas de acesso, cardápios em braile, um profissional com domínio de Libras, banheiros adaptados e as mesas seriam dispostas visando a boa circulação de cadeira de rodas. Era nesse conjunto de medidas que a aluna estava apostando para apresentar um negócio inovador, requisito pontuado pela orientação.
Além disso, a aluna trabalharia com a norma NBR-9050, da ABNT, que estabelece critérios e parâmetros técnicos a serem observados quando do projeto, construção, instalação e adaptação de edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos às condições de acessibilidade.
É espantoso ver que uma postura como essa está dentro de uma universidade, sendo transmitida para futuros administradores. Dizer que deficiente não sai. Afirmar que um projeto que visa inclusão é uma perda de tempo. Reafirmar preconceitos.
Que tal olhar o projeto como algo sim inovador, que visa atender uma clientela ainda não contemplada? Se a pessoa com deficiência não freqüenta estabelecimentos noturnos, por se sentir mal acolhida, podemos propor um espaço que mude esse conceito, não podemos?
Eu debati recentemente aqui no blog o aumento do número de pessoas com deficiência no Brasil, tendo duas referências principais: o IBGE e o DPVAT. De acordo com o Censo do IBGE 2010, o Brasil tem hoje cerca de 45 milhões de pessoas que apresentam algum tipo de deficiência. Em 2000 esse grupo chegava 24,5 milhões.
Casos de invalidez permanente, entre pessoas vítimas de acidentes de trânsito se multiplicaram por quase cinco entre 2005 e 2010, passando de 31 mil para 152 mil por ano. E esse número não parou de aumentar. Até setembro de 2011, já eram 166 mil casos, segundo o DPVAT, seguro obrigatório pago por proprietários de automóveis. Os dados revelam que a maioria dos acidentados (mais de 70% dos casos em 2011) usava moto e está em plena idade economicamente ativa, entre 18 e 44 anos.
O dado mais pontual que eu encontrei em relação ao poder econômico de pessoas com deficiência veio da Reatech, a segunda maior feira de acessibilidade e reabilitação do mundo, que acontece anualmente em São Paulo.
A expectativa de movimentação de recursos na última edição foi de R$ 550 milhões em negócios, só durante a Feira. Ainda de acordo com a Reatech, o setor de produtos e serviços para reabilitação movimenta cerca de R$ 1,5 bilhão no País, ao ano, sendo R$ 200 milhões só com vendas de cadeiras de rodas e R$ 800 milhões em automóveis e adaptações veiculares.
Público para o empreendimento existe sim e dinheiro também. Temos bares em diferentes bairros, para diferentes classes, com diferentes preços. E tem bolso para tudo também.
Desenvolver um bar que fosse modelo em adaptação e atendimento à pessoa com deficiência tem a ver com cumprimento de normas técnicas, com sustentabilidade (uma vez que ele contempla o pilar social e o pilar cultural), apresenta oportunidades legais de marketing e comunicação com o público e agregaria valor ao bairro e à cidade. É um ótimo exercício e poderia perfeitamente ser aceito.
Mas não, ao invés disso, o profissional que tem como função fomentar ideias para o futuro foi conservador e tolheu uma proposta diferente, vinda de uma estudante com vontade de quebrar um paradigma, de arriscar.
Você, empreendedor, o que achou dessa proposta?
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Fonte:

sexta-feira, 9 de março de 2012

Luto pelo fim do culto à literatura na TV

"Um livro é um inacabado universo de imagens e pensamentos e linguagem, um espaço de sonhos não realizados e um manifesto desejo de forma. Um livro é uma passagem de tempo, um espaço expansível, uma sequência de elemento cuja discreta identidade é absorvida pela realidade de uma experiência sem fronteiras, um conjunto estático de unidades cujas diferenças irremediáveis voltam o observador para seus espaços interiores em um ato contraditório de envolvimento e transcendência". 

Johanna Drucker - pesquisadora e artista plástica norte americana


Infelizmente, a TV Cultura acabou com o maravilhoso programa Entrelinhas sobre literatura!!! Que grande vergonha nacional!!!! 


quinta-feira, 8 de março de 2012

É proibido



Descrição da imagem: por do sol lindo, dourado e brilhante em meio a coqueiros e árvores frondosas no SESC Bertioga em dezembro de 2011


É proibido chorar sem aprender,
Levantar-se um dia sem saber o que fazer
Ter medo de suas lembranças.

É proibido não rir dos problemas
Não lutar pelo que se quer,
Abandonar tudo por medo,

Não transformar sonhos em realidade.
É proibido não demonstrar amor
Fazer com que alguém pague por tuas dúvidas e mau-humor.
É proibido deixar os amigos

Não tentar compreender o que viveram juntos
Chamá-los somente quando necessita deles.
É proibido não ser você mesmo diante das pessoas,
Fingir que elas não te importam,

Ser gentil só para que se lembrem de você,
Esquecer aqueles que gostam de você.
É proibido não fazer as coisas por si mesmo,
Não crer em Deus e fazer seu destino,

Ter medo da vida e de seus compromissos,
Não viver cada dia como se fosse um último suspiro.
É proibido sentir saudades de alguém sem se alegrar,

Esquecer seus olhos, seu sorriso, só porque seus caminhos se
desencontraram,
Esquecer seu passado e pagá-lo com seu presente.
É proibido não tentar compreender as pessoas,
Pensar que as vidas deles valem mais que a sua,

Não saber que cada um tem seu caminho e sua sorte.
É proibido não criar sua história,
Deixar de dar graças a Deus por sua vida,

Não ter um momento para quem necessita de você,
Não compreender que o que a vida te dá, também te tira.
É proibido não buscar a felicidade,

Não viver sua vida com uma atitude positiva,
Não pensar que podemos ser melhores,
Não sentir que sem você este mundo não seria igual.



Por Pablo Neruda - poeta

Dia Internacional da Mulher

Dentro de mim


cólica
cama
Dentro de mim
perfume forte
telefone estridente
Dentro de mim
cheiro de azedo 
grito abafado
Dentro de mim
vento frio 
corte profundo
Dentro de mim
zumbido no ouvido
comida engasgada
Dentro de mim
palavra cortada
barulho no quarto
Dentro de mim
choro calado
corpo suado
Dentro de mim
garrafa vazia
agulha de costura
Dentro de mim
boca seca
cheiro de abacate
Dentro de mim


Leandra Migotto Certeza em 2001