terça-feira, 26 de dezembro de 2017

DESTRUIR RETROCESSOS DE 2017 PARA CONSTRUIR 2018 SOLIDÁRIO E INCLUSIVO !


Desejo que tenhamos muita força e coragem para enfrentarmos um Ano NOVO repleto de gigantescos desafios!
Que todos os fenomenais retrocessos de 2017 sejam destruídos e transformados em reflexões para uma temporada de SOLIDARIEDADE, UNIÃO, RESPEITO, INCLUSÃO, E DIVERSIDADE!!





ESTES SÃO OS MEUS DESEJOS PARA 2018.... 

VIVEREI 365 DIAS ACREDITANDO E ENVIANDO ENERGIAS POSITIVAS AO UNIVERSO PARA CONSEGUIR REALIZAR TODOS! E VOCÊS?



Descrição da imagem: vários símbolos de pessoas diferentes, brancas, negras, com deficiência, mulheres, homens, indígenas entre outras e uma frase escrita: "Tenho o direito de ser igual quando a diferença me inferioriza. Tenho direito de ser diferente quando a igualdade me descaracteriza" - Boaventura de Souza Santos.E abaixo da imagem está escrito: "O meu mundo é aberto a diversidade humana. Eu apoio essa ideia!" 



Descrição da imagem: lindas borboletas bem coloridas pousadas em uma flor laranja. 




Descrição da imagem: perfil de mulher negra com turbante colorido em um fundo lilás com desenhos africanos.  



Descrição da imagem: foto em preto e branco da escritora Conceição Evaristo com o microfone nas mãos onde está escrito: "A nossa escrevivência não pode ser lida como história para ninar os da casa grande e sim para comodá-los em seus sonhos injustos". 


Descrição da imagem: desenho de bonequinhos coloridos bem diferentes, um com cabelo castanho e óculos, outro ruivo, uma menina loira com cegueira e bengala, e menino negro sentado em uma cadeira de rodas. A frase escrita é: "Como as aves, as pessoas são diferentes em seus voos, mas iguais no direito de voar".  




Descrição da imagem: desenho de várias pessoas diferentes, uma negra sentada na cadeira de rodas com o computador no colo, uma loira de muletas, um rapaz com cegueira e seu cão-guia, uma mulher atleta com duas próteses nas pernas, um rapaz com surdez falando em Língua Brasileira de Sinais, e uma mulher sentada na cadeira de rodas falando por meio se sinais nas mãos com uma criança sem deficiência. A frase que está escrito em um fundo vermelho é: "Capacitismo Não!" 



Descrição da imagem: desenho de uma rampa e uma pessoa com deficiência física descendo com a cadeira de rodas. O texto escrito é: "Rampa de acesso não decoração. Se o seu estabelecimento não tem ele não é para todos".

Descrição da imagem: imagem do símbolo da justiça carregando uma placa com a seguinte frase: "A impunidade é a mãe da corrupção!". 




Descrição da imagem: foto em preto e branco da escritora Carolina Maria de Jesus onde está escrito a frase dela: "Escrevo a miséria e a vida infausta dos favelados. Eu era revoltada, não acreditava em ninguém. Odiava os políticos e os patrões, porque o seu sonho era escrever e o podre não pode ter ideal nobre. Eu sabia que ia angariar inimigos, porque ninguém está habituado a esse tipo de literatura. Sejao que Deus quiser. Eu escrevi a realidade". 



Descrição da imagem: foto colorida da Maria da Penha, ativista pelos Direitos Humanos das Mulheres. Ela está sentada em sua cadeira de rodas e segura uma faixa colorida onde está escrito: "Homem de verdade não bate em mulher". 




Descrição da imagem: desenho de 5 bonequinhos representando a diversidade crianças. Uma é negra e está com um vestido rosa, outro é um menino com camiseta amarela e sentado em uma cadeira de rodas, outra tem cegueira, usa um vestido vermelho e uma bengala, um garotinho sem deficiência ao lado e no canto direito uma velinha sorrindo. A baixo da imagem está escrito: "A educação é um direito de todos".  



Descrição da imagem: ilustração colorida onde várias mãos também coloridas estão carimbadas em fundo branco e abaixo está os símbolos das principais deficiências: visual, auditiva, física, intelectual, além do símbolo de uma mulher grávida, um idoso, uma pessoa com muletas.   














domingo, 24 de dezembro de 2017

O verdadeiro espírito do NATAL é a SOLIDARIEDADE INCLUSIVA!!

Vídeos promocionais levam mensagens inclusivas!


Neste vídeo promocional de uma marca de alimentos, a mensagem de solidariedade aparece em uma menina com Síndrome de Down que aprende a correr com a ajuda de uma amigo muito especial, um ex-corredor mais velho negro que vive sozinho em uma casa perto de onde ela mora. O amigo a incentiva a continuar treinando muito, empresta o seu cachorro para ela continuar treinando todos os dias. E no final ela vence a corrida do bairro e chama o amigo para passar a noite de natal na casa dela com toda a sua família.  


Já neste vídeo promocional de uma marca de roupas, uma menina tenta falar com a vizinha nova da rua e não consegue porque ela não responde. Então, a menina percebe que ela não escuta e começa a aprender a falar em Língua Brasileira de Sinais. E quando a encontra na noite de natal se aproxima dela tocando no ombro e falando em LIBRAS - "Oi! Meu nome é Rita. Feliz Natal Você quer brincar?" 

FELIZ NATAL E ANO NOVO SEM PRECONCEITOS


Descrição da imagem: vários bonequinhos coloridos com fundo também coloridos, enfileirados um ao lado do outro.

FELIZ NATAL DA DIVERSIDADE HUMANA!
QUE 2018 SEJA UM ANO NOVO SEM PRECONCEITOS, DISCRIMINAÇÕES, CAPACITISMO (preconceitos contra pessoas com deficiência), RACISMO, MACHISMO, HOMOFOBIA E TODAS AS FORMAS DE INTOLERÂNCIA RELIGIOSA!

Descrição da imagem: desenho do Papai Noel em um fundo azul com estrela onde está escrito: Natal da Diversidade. E na foto abaixo eu estou ao lado do Papai Noel com Síndrome de Down em uma festa da ABSW. 


Descrição das imagens: a primeira imagem tem duas mulheres vestidas com gorrinho de Natal vermelho olhando uma para outra com paixão. E a segunda imagem tem dois homens também se olhando com rostinho colado e enrolados em luzinhas de Natal. 


Descrição das imagens: são três Papai Noel diferentes, um sentado na cadeira de rodas, outro com bengala usada por pessoas com cegueira e óculos escuros, e o último usando as mãos para falar em LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais. 



Descrição das imagens: na primeira é uma moça oriental vestida com roupas de natal, a segunda é um Papai Noel negro de óculos, e na terceira é uma família de pessoas negras com roupas em estilo africano bem coloridas em volta de uma mesa de Natal com frutas, velas e instrumentos musicais.    

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Leandra Migotto Certreza entrevista com exclusividade João Simões - ator da peça Colegas





Pessoal, é com grande alegria e satisfação, que compartilho com vocês uma ótima entrevista que realizei com exclusividade!

Assisti a peça "Colegas no teatro" e tive a maravilhosa oportunidade de estar ao lado dos três atores e atrizes. Foi uma experiência incrível e muito enriquecedora!!


Vejam como João Simões, terceiro entrevistado, já atuou em várias peças e diz que é isso o que ele gosta na vida: ser ator!

quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

Leandra Migotto Certeza entrevistada por estudantes da ECA USP








Foi com grande alegria que recebi estudantes da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo em minha casa para ser entrevistada em dezembro de 2017. 

Conversamos sobre o histórico de ostracismo, preconceitos, estigmas e discriminações que as pessoas com deficiência passaram e ainda vivem. Falamos também sobre o novo termo utilizado hoje: o CAPACITISMO.

Em sociedades capacitistas, a ausência de qualquer deficiência é vista como o 'normal', e pessoas com alguma deficiência são entendidas como 'exceções'; a deficiência é vista como algo a ser superado ou corrigido, se possível por intervenção médica.

Um exemplo de postura capacitista é dirigir-se ao acompanhante de uma pessoa com deficiência em vez de dirigir-se diretamente à própria pessoa.

Também conversamos sobre o a imagem de esteriótipo e discriminação - velada e/ou explícita - de que as pessoas com deficiência são - na maioria das vezes - rotuladas de heróis ou coitadinhos! 

Assistam a entrevista, comentem e compartilhem! E depois leiam o texto que escrevi sobre o tema:  

Leandra MIgotto Certeza entrevista com exclusividade Giulia Merigo - atr...





OUÇAM ESTE VÍDEO COM FONES DE OUVIDO!! 

Pessoal, é com grande alegria e satisfação, que compartilho com vocês uma ótima entrevista que realizei com exclusividade!


Assisti a peça "Colegas no teatro" e tive a maravilhosa oportunidade de estar ao lado dos três atores e atrizes. Foi uma experiência incrível e muito enriquecedora!!



A atriz Giulia Merigo foi a segunda entrevistada. Ela nos contou que faz teatro há mais tempo e participa de duas companhias. Assistam! Comentem! E compartilhem!

quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Leandra Migotto Certeza entrevista com exclusividade Ian Pereira - ator ...





Pessoal, é com grande alegria e satisfação, que compartilho com vocês uma ótima entrevista que realizei com exclusividade!


Assisti a peça "Colegas no teatro" e tive a maravilhosa oportunidade de estar ao lado dos três atores e atrizes. Foi uma experiência incrível e muito enriquecedora!!



Vejam como Ian, primeiro entrevistado, fala da importância do teatro em sua vida. Comentem! 




E compartilhem! Amanhã publico a próxima entrevista com a atriz Giulia Merigo.

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

O Brasil lidera o ranking mundial de homicídios de travestis e transexuais.

O que é um nome? O nome é aquilo que de fato nós somos. Leandra é o nome que o Brasil conheceu em 2017, um nome que representa o corpo no qual ela se reconhece.


E é por isso que diversas mulheres e homens no Brasil batalharam para ter seus nomes respeitados. Pessoas que um dia acordaram, se olharam no espelho e perceberam que são mais do que aquilo que foi colocado biologicamente, também são o conjunto psicológico, cultural e querem ter a estética que se reconhecem.

Para além de decretos judiciários, a população trans luta para ser tratada e reconhecida como ser humano e o primeiro passo é o nome.

O Brasil lidera o ranking mundial de homicídios de travestis e transexuais. Tudo o que conseguimos e chamamos de avanço foi o direito à existência: um decreto que autoriza o uso do nome e o acesso por uma portaria do SUS ao processo de transexualização. E quando pensamos que conseguiríamos mais avanços, nosso país foi tomado por uma onda conservadora que anda dominando os territórios que ocupamos. As mídias livres se posicionaram e tomaram conta das redes sociais, como o Facebook. E na semana passada, ela foi colocada à margem, no território em que a sereia nasceu. Foi negado o direito básico de sua existência. O mundo chama Leandra e o preconceito cala esse nome.

[…] Hoje mudo meu discurso sobre nunca ter sido desrespeitada, violada, atacada e censurada. O “destaque”, adquirido através do meu trabalho em conjunto com grupos de luta incríveis e revolucionários, me trouxe carinho, admiração e respeito, mas tem efeitos colaterais. Pela primeira vez, pude senti-los de forma drástica:

No último dia 17 de novembro de 2017 tive meu perfil no Facebook atacado por grupos de ódio organizados em massa. O alvo foi uma foto com o amigo, também deficiente, Marco Gaverio (doutorando em ciências sociais UFSCar).Em suma, os ataques eram direcionados ao fato de termos nossos corpos bem longe do que o “padrão” podrão impõe.

Em um país onde as pessoas com deficiência não são ouvidas da maneira que deveriam e travestis sequer tem oportunidade de fala, incomoda ver um ser “estranho”, ”bizarro”, ocupando lugar de fala e mérito. Dói muito ver “O TRAVECO ALEIJADO” tornando-se referência e conquistando, no grito, dignidade e um espaço já deveriam ser garantidos a nós, taxados como “minorias”, mas que o conservadorismo de mente fechada, cega e ignorante nos rouba.

Agora vem a cereja do bolo: minutos depois dos ataques, meu perfil da plataforma do Facebook caiu. O próprio site de relacionamentos, devido às varias denúncias, me enviou um “lindo” comunicado: “Parece que você está usando um nome no Facebook que viola as nossas políticas.”. Eu explico: denunciaram meu perfil por uso de nome falso e agora o Facebook não me permite usar meu nome social sem antes comprová-lo enviando meus documentos que, devido a “ágil justiça” (sentiram minha ironia?) para pessoas Trans no Brasil, não são retificados. Sem pensar nessa questão, sem me dar opções de justificar meu nome social, o site derruba meu perfil e, sem uma análise criteriosa, resolve alterar para o gênero masculino, me levando a desativar meu próprio perfil devido ao constrangimento.

Agora, o grande questionamento: Quem culpar? As pessoas frágeis, mesquinhas e desinformadas que denunciaram minha conta na tentativa fútil de me calar, ou a uma plataforma com mais de 1,2 bilhão de usuários que não está preparada pra lidar com esse tipo de situação e assegurar o direito pelo uso nome social às pessoas Transexuais? A campanha do orgulho serve de que? “Celebrate Pride” do que? Pra quem?


Um recado: NADA VAI ME CALAR! Perdi uma batalha hoje, mas não perdi a guerra. Só saio do campo se todxs os meus deixarem de resistir, e sabe quando isso vai acontecer se depender de mim? 
Nunca.



Introdução : Karina Pierroti
Revisão : Melissa de Assis 
Fonte original: 


http://midianinja.org/leandrinhaduart/doi-muito-ver-o-traveco-aleijado-tornando-se-referencia/
Data da publicação: 19 de novembro de 2017. 




_________________________________________________________________




Eu, Leandra Migotto Certeza, conheci a minha querida xará em um lindo evento organizado pelo SESC Pompéia em junho de 2017! Leiam um trecho da reportagem que fiz sobre o nosso encontro:
Durante o "Boteco da Diversidade" muitas pessoas fizeram perguntas e ouviram suas histórias contadas com um bom humor incrível, Leandrinha fez questão de dizer: 
“Ainda somos superprotegidos de uma forma ridícula, vetados de conhecer nosso próprio corpo! Nosso papel é mostrar justamente o contrário! Meu corpo faz sexo e precisa de sexo, eu preciso conhecer meu corpo como qualquer outra pessoa dita ‘normal’. Por isso digo a sociedade que eu desejo, eu gozo, faço gozar, eu chupo e quero ser chupada, eu dou e eu como, sem que isso seja considerada a oitava praga do Egito. Sou um corpo igual aos demais, com algumas limitações e só isso”.
Leandrinha também nos contou em entrevista exclusiva, que desde quando resolveu criar a página e escrever textos eróticos, reflexões, postar vídeos e levantar debates, bate muito na tecla das pessoas se conhecerem como são. 
“Eu sei que escrevo para ‘corpos fora dos padrões’, pessoas com deficiência, e mulheres fragilizadas com seu corpo com a estima no chão, ambos inseguros por não agradar o resto do mundo. Durante minhas apresentações artísticas começo falando da minha sexualidade e fazendo reflexões sobre corpo, empoderamento e aceitação em cima do que eu já vivi. E no final, o melhor que acontece é a identificação das pessoas com minha história e um novo ângulo de como ver todas essas adversidade que a vida põe em nossos caminhos”, concluiu. 
E para aproveitar a reportagem inteira vá neste site: 

quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Não vou fingir que a simulação da deficiência funciona

















Crédito da foto: dominikgolenia / Foter / CC BY-ND


Fonte de publicação: http://www.inclusive.org.br/arquivos/30635


Texto escrito por Emily Ladau*.

As atividades destinadas a simular a experiência da deficiência são muitas vezes louvadas como experiências emocionantes, poderosas e que servem para abrir os olhos das pessoas. Com apenas algumas horas em uma cadeira de rodas, usando tampões de ouvido, ou vestindo uma venda nos olhos, as pessoas supostamente ganham uma compreensão mais profunda do que é a vida de quem tem uma deficiência. Eu, por exemplo, não concordo com isso.
O objetivo por trás de aumentar a sensibilidade e a conscientização é respeitável, mas há muito tempo me pergunto se a simulação de deficiências realmente consegue fazer isso.
Como um jogo de faz-de-conta pode conscientizar alguém sobre uma deficiência que carrego por toda minha vida? Claro, sei que existem várias pessoas e organizações que tentam fazer o melhor ao usar atividades de simulação para criar mudanças positivas. Mas, no final do dia, o vislumbre temporário da deficiência que esses exercícios fornecem é apenas isso – temporário. É simplesmente impossível mergulhar totalmente no ser de outra pessoa.
É aqui que reside o problema da simulação de deficiência. Pode tornar uma pessoa mais consciente das experiências do outro, mas não mergulha profundamente até a raiz da discriminação contra pessoas com identidades minoritárias. Em vez disso, é mais provável evocar empatia ou piedade do que a verdadeira aceitação. Várias vezes ouvi reações que apontam isso. Por exemplo, conversando com uma amável amiga minha que teve que circular em cadeira de rodas por Washington para um projeto da escola, ela me disse: “Eu não sei como você faz . Quando eu tentei entrar no trem, desisti e saí da cadeira para reguê-la sobre o vão entre o trem e a plataforma. É tão difícil usar uma cadeira de rodas!”.
Supondo que a maioria das pessoas que participam de atividades de simulação tenham reações semelhantes (o que mais encontrei), por que isso não causa mudanças realmente visíveis ao acabar com as barreiras de estigma e acessibilidade que enfrento todos os dias? Vinte e três anos após a aprovação do American with Disabilities Act (lei americana dos direitos das pessoas com deficiência), a comunidade de pessoas com deifiência física ainda enfrenta a falta de acessibilidade em tantos lugares. Claramente, a mensagem de viagem que se espera da simulação de deficiência não está funcionando.
Alguns podem argumentar que isso ocorre porque muitas atividades de conscientização da deficiência simplesmente não estão sendo feitas da maneira correta, ou que não há muitas pessoas envolvidas nelas. Bem, para mim elas simplesmente não funcionam. A simulação não é a maneira ideal de transformar a visão da sociedade sobre a deficiência.
Considere o fato de que, para muitos, a deficiência é uma identidade e uma cultura, assim como a raça, a religião, a etnia, o gênero, a orientação sexual, etc. Agora, imagine se as escolas e as organizações começassem a realizar eventos de consciência negra em todos os lugares, durante os quais pessoas brancas pintassem a cara de preto  e passeassem nas ruas por algumas horas para entender as experiências dos negros. Penso que é um eufemismo dizer que isso despertaria forte indignação por diversos motivos.
Em primeiro lugar, o termo “consciência” faz com que os grupos minoritários pareçam um problema. Em segundo lugar, uma breve atividade nunca pode substituir uma vida de experiências. Se ser negro e ser deficiente são identidades, por que os eventos de conscientização da deficiência são considerados únicos aceitáveis, enquanto os eventos de conscientização para outras identidades seriam, sem dúvida, considerados ofensivos? Para mim, ter minha identidade como pessoa com deficiência física reduzida a uma experiência de simulação isolada é o oposto da aceitação .
Se essa lógica não o convenceu de que a simulação de deficiência não é eficaz, reflita sobre a situação em sentido inverso: minha deficiência enfraquece severamente as articulações e os músculos nas pernas, então a única maneira de experimentar a caminhada é vestindo pesados aparelhos de perna feitos de metal e plástico. O perambular estranho que faço ocasionalmente em minha cozinha durante a fisioterapia, de maneira alguma, me dá uma verdadeira compreensão sobre o que é, para uma pessoa sem deficiência, andar, subir escadas ou transpor os obstáculos do dia a dia.
Da mesma forma, uma pessoa sem deficiência que usa uma cadeira de rodas para se locomover desajeitadamente, de modo algum terá uma compreensão genuína do que é ser uma pessoa com deficiência rolando em duas rodas e sendo impedida de prosseguir por um meio-fio alto todos os dias. Em cada caso, a simulação não é natural ou precisa. Tanto eu como a pessoa sem deficiência estaríamos usando nada mais do que dispositivos externos feitos de metal e plástico para fazer algo que normalmente não fazemos, e isso não se traduz na compreensão de experiências internas profundas de alguém que não somos.
Além disso, seria tolo se, ao falar com alguém que andasse, eu dissesse: “Eu não sei como você faz isso. Andar é tão difícil. Claro que é difícil para mim. Mas para uma pessoa sem deficiência é instintivo. E usar uma cadeira de rodas é difícil para uma pessoa sem deficiência. Para mim, que sempre me locomovi desta forma, é inato. Fora isso, ser deficiente não é só um desafio por causa das minhas circunstâncias físicas, um esteriótipo que uma simulação normalmente leva os participantes a acreditar; É difícil também por causa de barreiras ambientais, sociais e de atitudes.
Então, você pode estar “consciente” de mim o quanto quiser. Você pode tentar rolar um quilômetro na minha cadeira de rodas. Você pode analisar e discutir e dissecar a experiência de um milhão de ângulos diferentes. Mas precisamos parar de confundir a empatia com aceitação. Devemos abraçar as diferenças como um fato da existência humana sem primeiro precisar imitá-las, pois esses tipos de atividades não contribuem efetivamente para avanços de longo prazo no movimento dos direitos das pessoas com deficiência.
*Emily Ladau escreve regularmente para The Mobility Resource, onde este texto foi publicado originalmente em 2014.

quinta-feira, 5 de outubro de 2017

Colheita


Colheita

Por Leandra Migotto Certeza*

Escrevo aqui após ler este forte poema de Vinícius Blauth Chaim, sobrinho da minha também tia e amiga. Não o conheço, mas convivi por mais de 35 anos com a mesma pessoa que o inspirou a deixar esta marca na areia da vida...

Areia

Olhando direto para fogueira
Contemplando o momento
Em que eu serei nada mais do que poeira
Um dia onde não mais verei a cachoeira
Um dia onde o fim não estará próximo porém estará aqui
Melhor eu ficar quieto quando estiver perto de desaparecer
Não quero fazer ninguém sofrer

Os meus últimos momentos
Segurei aquela mão fria
Aquela mão que me amava
Aquela pessoa que chorava
Aquela pessoa que trocava sorrisos
Aquela pessoa em que chamava uma irmã
Aquela pessoa…

Piso em um chão agora
Porém, não sou, nem estou igual.

Acordei
Olhando pra cima me curei
Olhando para baixo chorei
Para todos os lados vi pessoas
Com luz, com escuro, pessoas boas

Pra baixo, vi mágoas
Vi minha família
Vi meus amigos favoritos
Eu, em um lugar com tudo
Mas também com um vão agudo

Agora estarei no mar
Estou em todo lugar
Minhas cinzas materiais
Meus sentimentos especiais

Eu penso
Um mundo crível
Um mundo de onde não verei mais
As cores do arco-íris
Os sorrisos dos meus amigos
O abraço da minha família
O sol forte e lindo
O ar macio e frio

Agora estarei no mar
Estou a perfumar
Estou aqui
Estou ali,
Não estou olhando pra fogueira

E estou
No Mar
Eu estou
Na Chuva
Eu estou
No fogo
Da fogueira
Eu estou

Na Areia

Para mim o que fica é o colheita.
Colheita de sorrisos fartos e doces de uma moça ‘diferente’ que eu conheci aos 6 anos.
De cabelos louros e pele clara, iluminou um lado da minha vida que eu não conhecia.
Foi com a convivência divertida ao lado dela que eu aprendi a amar incondicionalmente a Natureza em toda a sua grandeza e PLENITUDE.
E FINITUDE

Foi brincando de boneca-gente (empurrando seus braços duros feito robô - eu dizia), que descobri a alegria em rir da própria casca que habitamos.
Quando menina, não lembro de tê-la visto triste uma única vez…
E como me deixava feliz quando abria um sorriso e me abraçava apertado olhando para dentro da minha caixa também ‘diferente’.
Eu me sentia segura e acolhida ao seu lado...

Quando comecei a questionar tudo e não entender muita coisa, foi ela quem me mostrou caminhos tão ‘diferentes’ e possíveis, bem longe do que ‘as pessoas da sala de jantar’ (que bem fala Marisa Monte), teimava em jogar na minha cara.
Traduzia letras de música de rock e me falava que eles não eram tudo, apenas uma parte (e na maioria das vezes um pouco duvidosa…. rsrsrs).
Falava sério - olhando nos olhos - que a Xuxa não era exemplo de NADA.
Demorei um pouco para entender que o caminho da auto-aceitação não passava pela imagem distorcida de supostos modelos sociais que inocentemente acreditamos ser os melhores e únicos.

Depois veio a fase mais cheia de ensinamentos (palavra que acredito ela não gostaria que eu falasse, mas para mim foi).
Aprendi a fazer papel reciclado sendo levada - com muito carinho no colo por ela - em uma oficina em que me senti tão incluída…
Aprendi que é preciso não produzir aquilo que o homem não tem a capacidade de descartar sem agredir a natureza.
Aprendi a não adquirir materiais e embalagens sem nenhuma utilidade.
Aprendi a separar os resíduos da forma correta para a coleta seletiva.
Aprendi a comer os alimentos (principalmente as frutas) por inteiro! Mesmo que a casca de pêssego fosse horrível! rsrsrsrs

Nossos adoráveis e quentes papos sobre política (em todos os sentidos, incluindo a responsabilidade de cada uma na sociedade) me fizeram ser quem sou hoje.

Tenho na memória o dia em que vi seus olhos se encherem de água quando uma linda árvore ardia em chamas bem na nossa frente!
Pra mim ela também parecia sentir a dor daquele pedaço de natureza se esvaindo…
Por mais que ela fosse a pessoa por quem eu mais entendi o significado de FIM, parecia que no fundo ela acreditasse que a natureza era ETERNA.

Sempre divertida e estabanada… Comia com tanta vontade que a gente até ficava sem fome… rsrsrs.
Andava rápido. Falava alto. Olhava nos olhos.
Aceitava a vida… Mas no fundo, pra mim, tinha uma tristeza misteriosa…

Foi com ela que aprendi que o AMOR não se compra nunca! Nem com chantagem emocional, egoísmo ou prepotência.
E que para ser feliz lá no fundo, primeiro é preciso saber nos respeitarmos.
Mesmo que machuquemos profundamente quem amamos muito um dia…
Não era perfeita. E nem sonhava em um dia ser…

Quando ela adoeceu dei um soco muito forte no travesseiro e BERREI!!
Tão jovem… Com a vida inteira pela frente… Puta merda! Ela não!
Mas logo meu coração acalmou e chorei muito junto com uma mistura esquisita de sorrisos…
Chegou a hora dela, caramba. Assim, como vai chegar a minha!
Foi esta a MAIOR lição que aprendi com a breve mais INTENSA passagem dela por aqui.
Tudo PASSA! TUDO mesmo!!

Ainda bem que tive a GRANDE felicidade de ter tido a oportunidade de conviver com ela e aprendido tanta coisa boa sobre a vida que é tão efêmera...

Não sei quantos anos eu vou ficar por aqui. Mas enquanto durar, guardarei com muito carinho e amor, a doce lembrança da uma grande amiga-tia e saberei colher os frutos que ela plantou em mim…

Patrícia Blautch, te agradeço por ter estado ao meu lado…   
    

PS: escrevi este texto no dia do aniversário da Pat (5 de outubro) porque ela pra mim sempre será lembrada VIVA!!!      



*Leandra Migotto Certeza tem Osteogenesis Imperfecta, é
comunicadora pela Universidade Anhembi Morumbi, jornalista desde 1998 com ampla e premiada experiência em inclusão. Trabalha como consultora e palestrante em empresas, ONGs, escolas e universidades. É estudante de Jornalismo Literário - Narrativas Biográficas e de Escrita Criativa. Escreve poemas desde os 9 anos.
Lançaráo selo Caleidoscópio de biografias sobre pessoas com deficiência, e começará pela Coleção Janelas contando a sua trajetória profissional. Assina a coluna “Bate papo” no portal Sem Barreiras, mantêm 2 blogs e participa do Coletivo Mulheres pela Inclusão.