sábado, 22 de dezembro de 2012

O sentido do Natal


Descrição da imagem: linda paisagem no céu de Santos (SP) quando a lua reinava linda em meio ao azul imenso de uma tarde de alegrias solares. Foto: Leandra em 21/12/12. 


Queridas e queridos, 

Este ano escolhi a felicidade que o amadurecimento psicológico e a evolução espiritual me trouxeram para falar dos muitos sentidos do Natal. Hoje, após anos de auto-conhecimento, experiências valiosas, trocas de energias enriquecedoras, grandes amizades e, principalmente, muita reflexão, posso dizer que alcancei uma pequena (mas fortificante) paz em meio ao doce e trágico sentido da vida. 

Sou uma mulher. Sou única. Sou especial, justamente, por saber ver o lado tão simples e ao mesmo tempo tão profundo na natureza humana. Consigo conviver com maior tranquilidade e conforto com a pele que me veste (meu adorável corpo), e aprimorar sempre minha linda alma. Continuo sentido desconfortos, mas são tão pequenos perto de tantas alegrias, vitórias, conquistas, realizações, e felicidades; que ocupam um espaço importante nessa caminhada pelo planeta. 

Bom, toda essa filosofia para dizer que estou feliz comigo ao lado das pessoas que me amam, incluindo eu mesma. Tenho planos ao lado do meu grande amor e vou lutar muito todos os 365 dias de 2013 para realizar tudo o que estiver ao nosso alcance. 

Então, desejo a vocês um final de ano tão reflexivo e alegre como o nosso, meu e de Marcos dos Santos. Que esta data seja significativa para todos e todas, independente da religião e cultura, pois a mensagem do Sol e a Lua aos seres humanos é que nunca podemos ser maiores do que eles!!!!!

Abraços carinhosos e beijos estalados, Leandra.  

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

O que mudou no Dia Internacional da Pessoa com Deficiência

Amigas e amigos, 

Escrevi este artigo em 2002, um dos anos mais produtivos de toda a minha linda, longa e árdua carreira (que começou em 1998 ainda na faculdade) como jornalista com deficiência física trabalhando em todos os veículos impressos da área na cidade de São Paulo. 

Decidi re-publicar hoje nesta data o texto na íntegra, sem edição ou atualização, justamente para a avaliação criteriosa de todos e todas sobre as mudanças, tanto na história como na minha pessoal. 

Bom, como as emoções ainda estão à flor da pele, conversamos depois sobre as opiniões de vocês! Agora, leiam, comentem e divulguem. Muito obrigada pela  dedicação!



Descrição da imagem: cartum do Ricardo Ferraz com várias imagens de pessoas diferentes

Você sabe que 3 de Dezembro é o DIA INTERNACIONAL DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA?

Por Leandra Migotto Certeza em 02/12/2002 para o site Sentidos

Há mais ou menos uns três anos atrás eu li essas palavras em algum lugar ...

A 37ª Sessão Plenária Especial sobre Deficiência da Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas, realizada em 14 de outubro de 1992, em comemoração ao término da década, adotou o dia 3 de dezembro como Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, por meio da resolução A/RES/47/3. Com este ato, a Assembléia considera que ainda falta muito para se resolver os problemas dos deficientes, que não pode ser deixado de lado pelas Nações Unidas. A data escolhida coincide com o dia da adoção do Programa de Ação Mundial para as Pessoas com Deficiência pela Assembléia Geral da ONU, em 1982. As entidades mundiais da área esperam que com a criação do Dia Internacional todos os países passem a comemorar a data, gerando conscientização, compromisso e ações que transformem a situação dos deficientes no mundo. O sucesso da iniciativa vai depender diretamente do envolvimento da comunidade de portadores de deficiência que devem estabelecer estratégias para manter o tema em evidência.

Eu sei exatamente onde, como, e porque eu me interessei em lê-las, mas o tom de esquecimento apontado no início do texto tem um porquê. Pois ainda hoje, continuo me perguntando: quantas pessoas em nosso país também leram essas palavras? Não vale contar as praticamente 20 ou mais, (os chamados carinhosamente de "dinossauros" da inclusão social), que deram (e ainda dão) o seu sangue durante os suados anos 80 (ou até anos antes) para que hoje, o total desconhecimento sobre deficiências, ao menos diminuísse. Quantos políticos se preocupam em incluir em seus programas de governo o atendimento às necessidades das mais de 14,5% da população brasileira? Talvez uma das explicações para isso seja que estamos apenas no início de processo histórico.

Ainda somos novinhos nessa "história" de democracia. Infelizmente estamos "acostumados" com um toma lá dá cá ferrenho, e com a famosa hipocrisia da caridade aos mais necessitados. As datas acabam servindo apenas para fazer uma média, como dizem por aí. Dia da Consciência Negra, Comemoração da Abolição da Escravatura, Dia Internacional de Combate à AIDS, Ano Internacional do Voluntariado, Dia Nacional de Combate a Fome, Dia do Meio Ambiente,e tantos outros dias importantes para a humanidade. Esse é o papel de órgãos como a ONU (Organização das Nações Unidas) - o qual faz com maestria - chamar a atenção do mundo para essas datas. O que acontece é que, muitas vezes o objetivo pelo qual elas foram proclamadas, acaba se esvaindo por entre as nuvens ... ou ficam como redemoinhos, na vida de meia dúzia de pessoas, as quais muitas vezes já nascem ceifadas de qualquer reação de defesa.

Afinal, quantas vezes você já ouviu falar em ações concretas e eficazes geradas pelos inúmeros debates, seminários, conferências e outras atividades, nas quais essas datas são lembradas? Falar é fácil, o duro é por a mão na massa. Algumas ONGs, associações e/ou empresas sempre lançam um projeto "maravilhoso" que pretende "salvar o mundo". É uma forma de tapar o sol com a peneira e entrar na onda do "politicamente correto". Algumas até param no meio do caminho, quando encontram o primeiro entrave político. E outras até conseguem "armar o circo para Inglês ver", como dizem por aí, mas não se sustentam por muito tempo.

Falando dessa forma, parece até que eu estou negligenciando os movimentos e militâncias sociais extremamente fortes, que por muitas décadas vêm lutando com unhas e dentes para despertar a consciência da dignidade humana. Em hipótese alguma quero passar essa imagem. Pois, eu e muitas pessoas, têm orgulho de suas suadas conquistas. Mas, todos nós sabemos que ainda é pouco perto do que precisamos alcançar. É por isso que ainda me pergunto: quando o mundo finalmente se tornará humano, digno, tolerante, ético, democrático, equilibrado e auto-sustentável?

As pesquisas confirmam as minhas considerações que a princípio possam parecer (para algumas pessoas) um tanto pessimistas. Segundo dados da III Conferência Mundial Contra o Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Formas Correlatas de Intolerância realizada em 2000 em Durban na África do Sul, metade da população brasileira (45,5%) é composta por pessoas da raça negra. São 70 milhões de pessoas, distribuídos por todo o território, juntamente com cerca de 350 mil indígenas, 550 mil judeus e 40 mil ciganos. Todos historicamente marginalizados. O índice de desenvolvimento humano do Brasil está abaixo de países africanos como a Argélia, e muito mais abaixo de países americanos de maioria negra como Trinidad Tobago.

Não gostaria de precisar dizer isso, mas acredito que de uns tempo pra cá, falar de uma chamada minoria social (que na realidade corresponde a maioria) é a melhor forma de afastar o medo de perder essa parcela consumidora da população. Como exemplo, ainda estamos longe de começar a não produzir mais lixo em vez de apenas reciclar o que descartamos por meio de um consumo desenfreado. Reciclar infelizmente, virou desculpa para a pura intenção de conseguir mais uma fonte de renda. Você concorda comigo? Sei que existem exceções e parabenizo as empresas e/ou ONGs que realmente estão realizando projetos sociais conscientes e auto-sustentáveis.

Mas ainda existem aqueles que acabam se beneficiando do falso valor piedoso e assistencialista das famosas campanhas: "doe um agasalho" (para quem está debaixo da ponte, bem longe da sua cama quentinha) para manter a sua "boa imagem". Afinal, será que é mais fácil, e com certeza mais cômodo, dar um pão a um menino que mora nas ruas, do que ensinar a ser padeiro? Com certeza, pois o padeiro amanhã, pode conseguir abrir o seu próprio negócio e aí ... Bom, isso já é uma outra história ...

Chegará o dia que esse dia será naturalmente lembrado ?


Perto da "tão esperada" data do dia 3 de dezembro, bom seria se eu não precisasse afirmar que ela ainda é tão desconhecida. São poucos dentre os setores mais interessados no assunto, (as próprias associações), que a utilizam como um momento de reflexão sobre a exclusão social e o ostracismo que essas pessoas vivem. Não é uma visão pessimista, apenas (e já é o bastante), realista. Quem vive "prezo" à "cadeira de rodas do preconceito "sabe do que eu estou falando ... Aquele papo de que: "já avançamos muito" ... "tudo tem o seu tempo" ... "não se pode reclamar demais, afinal o mundo está mudando" ..., entre outras "pérolas" que ouvimos por aí nos calorosos discursos, sempre está na cabeça de muitos lobos em pele de carneiro. São pessoas que tem a sede gananciosa de virar o jogo e transmitir como uma verdade imutável e o pior de tudo generalizada, a imagem de "pidão" e "chorão" do portador de deficiência. É terrivelmente lamentável! Mas dizer que eles são um bando de revoltados é muito mais fácil (e acima de tudo menos oneroso) do que dialogar com eles e chegar em um acordo digno sobre direitos e deveres, balanceados na medidas das suas especificidades.

Infelizmente, atitudes como essas são "a pedra no caminho", como bem poetizou Drummond. Poucas são as pessoas que sabem, que as conquistas alcançadas a partir da década de 90 foi fruto de um longo plantio. Todo processo de evolução tem o seu tempo, mas nunca é tempo de parar. Ainda mais em relação a uma história que tem apenas sua introdução escrita. Afinal porque que as pessoas acabam dissociando os cidadãos (ãs) com alguma deficiência, das classes às quais pertencem? Por que será que dentro dos estudos sobre discriminação das mulheres, as com alguma deficiência, ainda não são mencionadas? Porque quando se fala em educação para todos (inclusive as cotas para negros) os deficientes também não são citados? Ou por que quando se discute a criação de programas de atendimento médico para a terceira idade, os chamados "cadeirantes" (por utilizarem como veículo de locomoção uma cadeira de rodas), cegos, e/ou surdos ao menos são lembrados?

Uma parcela importante da população mundial é formada por pessoas com alguma deficiência?

Existem 500 milhões de pessoas com alguma deficiência ou necessidade especial (adquirida ou não) no mundo, totalizando um décimo da raça humana? Sendo que 80% vivem em países em desenvolvimento. Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), essa população subiu de 10 para 15%. No Brasil, de acordo com dados mais recentes do Censo Demográfico do IBGE, divulgado dia 8 de maio de 2002, 24,5 milhões de brasileiros portam alguma deficiência, o que representa 14,5% da nossa população. Ainda mais, três pessoas por dia se tornam portadoras de alguma deficiência vítimas de acidente de trânsito ou de trabalho, assaltos com armas de fogo, entre outros fatores. 

Segundo informações da Plenária Setorial dos Portadores de Deficiência, realizada em novembro de 2001 e apresentada a Comissão pelos Direitos Humanos e Cidadania da Câmara Municipal de São Paulo, estima-se que está entre 85 e 114 milhões o número de mulheres e meninas submetidas à mutilação genital, o que pode levar a deficiências severas, à infertilidade e até à morte. A cada dia, pelo menos 6 mil meninas correm esse risco. Dois terços das pessoas com deficiência visual são mulheres. Pelo menos um terço de todas as deficiências poderia ter sido evitado ou curado. 300.000 crianças ainda são atingidas pela pólio a cada ano. A desnutrição causa deficiência em 1 milhão de pessoas por ano. 20 milhões de pessoas cegas poderiam ter sua visão recuperada com cirurgias de cataratas.

Em alguns países, 90% das crianças deficientes não sobreviverão além dos 20 anos de idade e 90% das crianças com deficiência mental não sobreviverão além dos 5 anos de idade. A organização Mundial de Saúde estima que 98% das pessoas deficientes em país em desenvolvimento são totalmente negligenciados. A maioria dos países não possui sistema gratuito de cuidados médicos ou de seguridade social. De acordo com a OIT - Organização Internacional do Trabalho, a taxa de desemprego entre as pessoas com deficiência é 2 ou 3 vezes mais alta do que entre as pessoas sem deficiência.

Em muitos países, pessoas com deficiência não podem votar, casar ou herdar propriedades. Às vezes, pessoas que não conseguem expressar-se oralmente ou por escrito são consideradas legalmente incapazes, embora existam outros meios de comunicação como, por exemplo, a LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais). A deficiência é particularmente mais prejudicial, para as mulheres, crianças, negros, idosos, refugiados e outros grupos, que já vivenciam a discriminação. Estas pessoas vivem uma discriminação dupla ou até mesmo múltipla. Em todas as partes do Brasil, as pessoas deficientes estão entre os mais pobres dos pobres. A elas ainda é negado o acesso aos edifícios, à informação, à independência, oportunidades, e à escolha de opções e o controle sobre a própria vida.

Então, você já se perguntou ...

Onde estão essas pessoas?

Feche os olhos e tente lembrar a última vez que você viu um cego. Foi pedindo esmola, (como é mostrado nos filmes), ou trabalhando em uma empresa? Você costuma associar a idéia de incapaz a uma pessoa que não anda com as próprias pernas? Já pensou como deve ser apenas poder ver a TV e não entender o que se está dizendo? Você ainda pensa que quem não consegue ter um raciocínio subjetivo não tem inteligência, ou que o que muito pior, não pode conviver junto com seus filhos? Você ainda terrivelmente associa a palavra "aleijado" a imagem de quem usa uma cadeira de rodas? Você costuma dizer: "Oh! Coitadinho!", quando vê um cego atravessar a rua? Você só conseguiu pensar: "Que loucura!", quando viu uma mulher grávida em uma cadeira de rodas?

Você acha que quem tem o rosto ou o corpo, fora do padrão de estética seguido pelas modelos, não tem o direito de usar uma roupa bonita e confortável? Alguma vez você preferiu evitar dirigir a palavra a um usuário de muletas, com "medo" que ele fosse sempre pedir algum favor? As pessoas de baixa estatura (pejorativamente chamadas de anões) ainda te "assustam" muito? Você acha que olhar para um rosto diferente (ou incrivelmente ainda chamado por alguns de deformado) é "contagioso"? Você só sente pena, ao ver um grupo de crianças que vivem naquela "instituição de caridade" que você ajuda no final do ano, brincando em um parque de diversões? Você ainda tem medo de contratar (se houver uma vaga, é claro!) um funcionário usuário de cadeira de rodas em sua empresa, pois não sabe qual será a reação das pessoas?

Se todas as suas respostas foram no mínimo duvidosas, não se espante e muito menos se culpe, pois você ainda faz parte de uma sociedade preconceituosa, cheia de paradigmas. Muitos estudiosos apontam como razão (que por sinal não tem nada de racional) para os mais de vinte séculos de ostracismo que essa parcela da população sofreu, os processos históricos. O mundial remonta aos primórdios da Segunda Guerra (principalmente devido a reabilitação dos soldados americanos feridos), e o brasileiro teve a Constituição de 1988 o momento de reconhecimento da cidadania dessas pessoas. Muito mais do que preconceito (não o abolindo em determinadas situações), nossa Nação viveu completamente alienada das particularidades de pessoas que simplesmente não tinham (e ainda estão lutando muito para conseguir), condições de se apresentarem ao mundo como são.

Por isso, pelo amor de Deus (ou quem ou o que você acredita), comece a mudar AGORA a maneira de você ver a vida. Enxergue-a como ela realmente é. Não tente fingir que não é com você, que a sua vizinha é que tem isso aí que chamam de deficiência. Pois, a sua pode não aparecer quando você se olha no espelho, mas um dia com certeza o seu melhor amigo a viu de perto, em um momento de fúria que você teve devido ao desentendimento com a sua esposa. E se ele foi um cara no mínimo humano, respeitou o seu jeito de ser, não se afastando de você. Faça isso, com as pessoas que a princípio parecem ser diferentes do que infelizmente estamos "acostumados" a ver no " lindo mundo da imaginação" da Xuxa. Ele só existe na nossa imaginação (que por sinal, em tempos de crise econômica, está tão distante), não faz parte do planeta Terra.

Em que mundo você vive?

Há tantas perguntas a serem feitas...

Veja só se eu estou errada: quantas pessoas, por exemplo, que tem alguma deficiência visual está trabalhando em sua empresa? Existe alguma apresentadora de TV cega? O caixa do banco o qual você tem conta é um "cadeirante"? As fraldas que você compra para os seus filhos foram produzidas por uma funcionária surda? O síndico do seu prédio é um portador de deficiência física? A recepcionista da sua vídeo locadora tem deficiência intelectual (é portadora da Síndrome de Down)? Você conhece algum cientista cego? Você já foi operado por um médico sentado em uma cadeira de rodas? Você já foi entrevistada por uma jornalista de baixa estatura? Você já precisou dos serviços de um advogado cego? Você já dançou a noite inteira naquela discoteca que você costuma ir, ao lado de uma pessoa de baixa estatura? Você já viu uma mãe "cadeirante"passear com o seu filho no parque de diversões?

Você já foi atendida por uma psicóloga paraplégica? O presidente da sua empresa usa cadeira de rodas? O jardineiro da sua casa é um portador de deficiência mental? O fisioterapeuta da clínica que você freqüenta atende com os pés? Você comprou um quadro de um artista surdo? Alguém na novela aparece do início ao fim da trama, usando uma cadeira de rodas para se locomover, e ter uma vida independente? O garçom do bar perto da sua casa tem baixa estatura? O dono da fábrica de chocolates que você mais adora não tem um dos pés? Você já viu um paraplégico dirigindo um carro?

Puxa, que bom se você já conviveu com algum cidadão ou cidadã portador de alguma deficiência. Isso é sinal que eles não são mais considerados Ets, como há 20 anos atrás. Mas, lembre-se que os vitoriosos que conseguiram chegar atingir a cidadania, (os quais você felizmente se lembrou com orgulho), depois de ultrapassar inúmeros obstáculos, ainda são minoria em nossa sociedade. E que a maioria das profissões são possíveis de serem exercidas por pessoas com alguma diferença física, auditiva, visual ou intelectual, basta saber explorar ao máximo suas potencialidades... Deixar de olhar apenas para as dificuldades e valorizar as qualidades e talentos!

Utopia ou realidade?

Ainda há muito para ser feito!

Antes de me julgar uma sonhadora, pense se o mundo proporciona a essas pessoas, condições materiais, legais, econômicas, políticas, sociais, educacionais, de viverem em pé de igualdade com as que não tem alguma deficiência aparente? O seu prédio tem elevador com os números em sistema Braille? O caixa do seu banco é mais baixo, na altura compatível para quem usa cadeira de rodas? A rua onde você mora tem as guias das calçadas rebaixadas? A empresa onde você trabalha tem elevador? O banheiro do seu clube é adaptado com barras de apoio, portas largas e vaso sanitário mais alto? O hospital público da sua cidade é acessível a todas as pessoas?

Os ônibus que levam até o seu trabalho, tem plataforma elevatória ou entrada no mesmo nível com a calçada? As linhas de metrô têm sinalização visual? As calçadas têm um piso de alto relevo? O museu que você freqüenta tem rampas de acesso? O cinema que você vai aos sábados, tem lugares em que uma pessoa em uma cadeira de rodas possa ser confortavelmente acomodada? Os bebedouros do parque de diversões que você leva os filhos para passear é mais baixo, compatível com a altura de um "cadeirante"? A pista de dança daquele bar é acessível a todos, ou quem tem dificuldades para andar ainda precisa ser carregado pelos seguranças? Os seus filhos tem colegas surdos na sala de aula? O shopping que você freqüenta, tem vagas no estacionamento localizadas perto da entrada, e com um distanciamento suficiente para um "cadeirante" conseguir sair sozinho do carro?

Inclusão social? O que é isso?

É atender aos direitos básicos da pessoa para que seus deveres com a sociedade possam ser cumpridos


Parece muito a se fazer, não é? E você deve estar pensando porquê. Então, coloque-se apenas um minuto no lugar de uma pessoa com alguma deficiência! Veja como é difícil viver em um lugar sem essas pequenas e baratas adaptações! Ou você acha oneroso prevenir do que remediar? O brasileiro é tão criativo que a maioria das adaptações feitas para as pessoas com deficiência utilizam materiais simples, ecológicos e econômicos. Ah ... você sabe que todas não atrapalham, em absolutamente nada, a vida de quem não tem deficiência, e podem ser usadas por qualquer pessoa, inclusive obesos, idosos, gestantes, mães com crianças no colo, ou pessoas que estão fazendo uso de um par de muletas porque quebro uma perna? Pense comigo: não seria muito mais confortável não termos que levantarmos o carinho do bebê para conseguirmos subir uma guia? Uma porta mais larga nas agências bancárias vai atrapalhar alguma coisa em sua vida? Subir uma rampa em vez de uma escada faz alguma diferença para que você consiga entrar no supermercado? Entrar em um elevador que "canta" os andares, também não seria mais fácil para a sua avó que tem dificuldade de enxergar? Os seus filhos beber água com mais facilidade em um bebedouro baixo?

Sabe por que todas as suas respostas (eu presumo) foram positivas? Pois, a idéia de inclusão social parte do que há de comum entre as pessoas: as potencialidades e a diversidade do ser humano. Ao invés de se dar ênfase na adaptação do indivíduo aos espaços, procura-se equiparar as oportunidades, em locais propícios ao desenvolvimento de todos, respeitando-se as características humanas das diferenças. Afinal, você é igual ou diferente do seu vizinho? Puxa, ainda bem que é diferente! Já pensou se todo mundo fosse igual? Que chatice! Que monótono! Afinal, com quem você iria trocar as mais diversas experiências? Com quem você iria aprender a tocar um instrumento ou jogar bola? Para quem você iria ensinar matemática ou marcenaria? Com quem você iria pedir emprestado uma roupa mais larguinha que servisse na sua avó fofinha? Com quem você iria aprender a apurar o olfato para sentir o perfume das flores? Com quem você iria descobrir uma nova e interessante maneira de se comunicar com as mãos? E tantas outras coisas ...

Pare cinco minutos para pensar que ...

Pode acontecer com qualquer um, inclusive com você!

O mundo é um verdadeiro quebra-cabeças. Ah ... antes de começar uma vida nova, mais consciente da importância da diversidade humana, não se esqueça de parar cinco minutos para responder também a essas perguntas: Você usa cinto de segurança quando está dirigindo ou sendo conduzido por um automóvel? Costuma beber até cair e depois mergulhar em um lago raso? Dirige em alta velocidade? Trabalha em local insalubre? Fica brincando com fogo? Você sai de uma festa meio tonto e pega o carro? Não cuida da saúde ao ponto de adquirir doenças que podem ocasionar graves problemas? Deixa objetos cortantes ao alcance de crianças? Tem uma arma dentro de casa e não tem medo de morrer qualquer dia desses? Você usa drogas e nem pensa nas conseqüências?

Sabe porque eu quis que você pensasse nessas respostas? Não foi em hipótese alguma para julgar o seu comportamento. Muito pelo contrário, o livre arbítrio é um presente de Deus. É você quem escolhe a vida que quer levar (ou ao menos que as circunstâncias proporcionam). Assim como é você que vai escolher a postura que vai assumir frente a uma pessoa com deficiência física, auditiva, visual, intelectual, e/ou múltipla. Mas, NUNCA se esqueça: você pode ser tornar uma pessoa com algum déficit aparente a qualquer momento! A morte é inerente ao ser humano no momento em que vem ao mundo. As mudanças e ciclos fazem parte da vida e o destino é imprevisível. Pensar que um dia você poderia estar no lugar de alguém pode ser a princípio aterrorizante mas não é improvável, é simplesmente real. Encare essa idéia com tranqüilidade. Viva cada momento intensamente como se fosso único, pois na verdade é. Nunca perca a sensibilidade de aprender a se lapidar com todas as experiências por mais que sejam complexas.

Daqui para frente quando você pensar em direitos e deveres, não se esqueça refletir sobre algumas questões. Você iria parar de trabalhar se estivesse em uma cadeira de rodas? Você iria deixar de ser um biólogo, médico, jardineiro, músico, ou qualquer outra profissão? Você iria deixar de comer se ficasse cego? Você iria deixar de ir ao médico se ficasse surdo? Você iria deixar de estudar se ficasse imobilizado temporariamente? Você iria deixar de se apaixonar se ficasse sem andar? É claro que os primeiros momentos de adaptação podem ser muito complexos e dolorosos, mas com certeza um dia (mais rápido do que você imagina) eles passam ... Depende da capacidade caleidoscópica de cada ser humano em encarar a vida como ela se apresenta.

Ser forte é entender a condição humana da imperfeição. Agora viver em uma sociedade preconceituosa, desumana, cruel, desatenta, antiética, desequilibrada é uma escolha sua. Está nas suas mãos a capacidade de alterar e construir os novos conceitos. Quebrar paradigmas, rever estruturas, conhecer novos espaços. Conviver com o diferente. Ser aceito e aceitar o outro como ele é. Afinal, não me venha com esse papo de que, existem pessoas mais poderosas que acabam mandando no mundo, e você fica de mãos atadas porque nada é imutável quando conseguimos fazer uso de toda a nossa capacidade humana.

Viver é ser quem somos

Você faz parte desse planeta portanto respeite-o como ele é: diverso!

Por favor, não encare todas essas palavras como um susto ou lição de moral (longe de mim, sou uma "pecadora" nata). É apenas (e já é o bastante) a constatação de um fato, o qual realmente é extremamente difícil conceber. Afinal, o ser humano tem a trágica tendência em querer ser um super-herói. A beleza e o perfeito, é um sonho de todos os humanos que são imperfeitos por natureza. Por isso, nesse Dia 3 de Dezembro, comemore o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência como um grande marco na história da humanidade, o qual em um futuro bem próximo, será mais lembrado pelas conquistas que alcançou e do que pelas guerras que travou para conseguir ser reconhecido por todos. A cidadania não se compra e nem se reverencia apenas com a comemoração de um data, se conquista a cada novo amanhecer com muita dignidade, amor e paz! Você faz parte desse planeta portanto respeite-o como ele é: diverso!

Depois de toda essa reflexão você deve estar pensando: "o que eu posso fazer para propagar o conceito de inclusão social?". Parabéns! O primeiro passo você já deu: tomar consciência dessa realidade. Agora fica muito mais fácil. Se você ainda tem uns preconceitozinhos grudados em sua alma, trate de começar a passar uma esponja de aço e removê-los para sempre! Mas vá devagar, pois mudar é um momento todo especial, que você precisa viver plenamente. Acima de tudo respeite o seu tempo, o seu repertório, as suas vivências, o que você está acostumado a ver, sentir, dizer e fazer. Lembre-se que tudo o que é aprendido de verdade agente nunca esquece. Tenha paciência e perseverança. Se proponha a experimentar uma nova forma de ver o mundo com dedicação e AMOR. Apenas seja quem você é e deixe que os outros também sejam.

Se você ainda não tem muita ou nenhuma convivência com alguma pessoa com deficiência, preste atenção. A melhor coisa a fazer quando se sentir incomodado e sem jeito, não sabendo como reagir diante do diferente, é ter uma atitude humilde e sensata o bastante para expressar o que você está sentido no momento. Lembre-se que as pessoas com alguma deficiência são iguais a todo mundo: choram, riem, ficam tristes, são alegres, podem ser agressivas, podem ser amigáveis, são simpáticas, amargas, gentins, grosseiras, legais, chatas, entre outros sentimentos. Portanto, podem ter qualquer reação ao perceberem que você nunca esteve perto de uma pessoa considerada diferente, como ela. Tudo vai depender do repertório de vida que ela também tem. Por isso, não tenha medo de ariscar. Seja sincero, verdadeiro e esteja disposto a aceitá-la como ela é. Comece sendo natural. Se aproxime dela dentro da situação a qual estão vivendo. Por exemplo, se você estiver cursando a mesma escola, inclua-a em suas atividades e pergunte se é necessário, quando e qual a melhor forma de auxiliá-la a fazer parte do ambiente em que está. O resto vai fluir como um rio seguindo o seu curso, e quando menos você esperar o preconceito desapareceu da sua alma...

Agora se você já tem um certo tempo de convívio, (e se ele é saudável), com essas pessoas, continue apoiando a sua causa. Afinal, ela ainda pode estar mais distante do que a sua em relação a uma completa inclusão na sociedade. Se possível, participe ou seja simpatizante, dos movimentos sociais e das políticas afirmativas desse setor, pois elas ainda são necessárias para alcançarmos a democracia e a cidadania. Comemore o Dia 3 de Dezembro como uma data muito importante que deve servir de marco da consciência humana! Assim quem sabe, daqui a alguns anos nós não vamos estar precisando escrever sete páginas, para apresentar essa data tão desconhecida ainda. Você não acha?

Fonte: http://saci.org.br/index.php?modulo=akemi&parametro=3622

O importante é dar o primeiro passo


Bacharel em Serviço Social, Francelene Rodrigues fala sobre a importância da participação na criação do Interconselho da Coordenadoria Regional de Saúde Leste de SP.

Entrevistadora: Leandra Migotto Certeza – jornalista*
Fotos: arquivo pessoal

Francelene Rodrigues, 39 anos, sempre morou na comunidade do bairro Itaim Paulista, na zona lesta cidade de São Paulo. Tem quatro filhas e netos. Sua deficiência física, a paraplegia, foi adquirida após uma violência doméstica do meu ex-marido, em 1998.

Atualmente, atua como líder comunitária onde vive e concluiu o curso de Bacharel em Serviço Social pela Universidade Camilo Castelo Branco do campus de Itaquera. 


Descrição da imagem: foto do rosto de Francelene

A publicação de 110 páginas do seu Trabalho de Conclusão de Curso - TCC: “A Criação do Interconselho de Saúde na Coordenadoria Regional da Zona Leste” (defendido dia 05 de dezembro de 2012) pode ser adquirido no Clube dos Autores (ver link abaixo), e serve de grande incentivo a todos os estudantes, e principalmente, aos com alguma deficiência que lutam por realizarem seus sonhos.

Francelene também palestra sobre inclusão social em organizações não-governamentais, se diverte, cuida da casa e dos filhos, e namora quando se identifica com alguém. “Não me curvo frente aos erros, nem admito sentimentos de pena. Hoje sou feliz assim como sou. Cresço com minhas experiências e sou um instrumento de inclusão!”.

Conte um pouco como foi o seu processo de inclusão educacional. Quais foram os maiores desafios e conquistas?

Amo estudar. O processo educacional foi tranqüilo, até adquirir a deficiência física. Sempre estudei em escolas públicas e conclui o magistério. Complicado foi quando decidi voltar aos estudos, pois a minha matricula no ensino médio supletivo foi recusada. Precisei adquirir outros conteúdos para prestar vestibular. Mas insisti e venci, e logo depois ingressei na faculdade, com algumas barreiras que ao decorrer do curso universitário foram superadas a cada dia. Mas muitos outros obstáculos apareceram pelo caminho até eu terminar o curso este em dezembro de 2012. Sei que eles precisam ser sempre ultrapassados.

Passou por preconceitos e discriminações?

Uma barreira inquebrantável sempre será o preconceito, que ainda existem em relação às pessoas com quaisquer tipos de deficiência no mundo, não só na faculdade. Esse sentimento, muitas vezes, vem da família; e é indiscutível que esse tema ainda seja uma barreira para muita gente. O maior preconceito foi em entender que eu mesma era preconceituosa com as pessoas e não elas comigo.

Sempre quis ser assistente social? Qual a importância dessa profissão em sua vida?

Decidi pela profissão, devido ao envolvimento dentro de minha própria comunidade na qual sou líder, e Conselheira de Saúde desde 2001. Sempre trabalhei em prol de melhorias para o bairro onde vivo. Amo a profissão que escolhi, e sei que mercado de trabalho está aberto, pela amplitude em conhecimentos, desafios e competências, que a área possui. Ser assistente social para mim é primeiramente ser cidadã, capaz de garantir direitos ao próximo e a si mesmo. Logo que cheguei à faculdade, foram feitas adaptações para garantir a acessibilidade em quase todos os espaços. Mas hoje as pessoas com deficiência podem se sentir livre para se locomoverem, pois fizeram rampas e instalaram dois elevadores. Fiquei muito feliz pelas mudanças.


Descrição da imagem: foto de Francelene segurando a capa do seu TCC

Qual a importância da participação popular nos Movimentos Sociais, nos Conselhos Gestores das Unidades Básicas de Saúde (UBS); e nos Conselhos Gestores de Supervisões Técnicas de Saúde (STS) da zona leste de SP, interligados direta ou indiretamente às decisões regionalizadas do Sistema Único de Saúde (SUS), de acordo com suas especificidades?

A importância desta participação popular atribui-se hoje ao envolvimento e articulação de forma organizada, que atualmente é representado pelos Movimentos Sociais e Conselhos de Direito como mecanismos de gestão das políticas públicas na intervenção e mediação paritária junto ao Estado e ao próprio controle social, de acordo com suas especificidades e necessidades locais, ou seja, nas UBS´s, distritais STS´s - Conselhos Gestores de Supervisões Técnicas de Saúde Regionais (norte, sul, sudeste e centro-oeste).

Esta participação vem ocorrendo com que freqüência?

Esta participação acontece de acordo com as diretrizes do SUS – Sistema Único de Saúde, mensalmente em cada instância com datas e pautas já pré-agendadas junto aos representantes por segmentos.

Quais os principais problemas enfrentados pela população em geral da zona lesta para conseguir participar ativamente das reuniões e ações dos Conselhos Gestores?

Neste caso não vejo problemas, porque a participação local acontece nas UBS´s, que geralmente estão localizadas próximas à residência das pessoas e das STS`s. E o transporte é garantido para todos os  Conselheiros e seus representantes, através de passes livres ou de carro. Suas ações são realmente discutidas da melhor maneira, e os problemas resolvidos na medida do possível em cada instância, seja local, distrital ou regional. E sempre ocorre de comum acordo com os seus representantes.

Quais foram às principais especificidades e necessidades encontradas na zona leste da cidade de São Paulo que culminaram com a criação do Interconselho na Coordenadoria Regional de Saúde Leste de SP em 2006?

O Interconselho Coordenadoria Regional de Saúde Leste de SP teve suas discussões preliminares no Conselho Gestor de Saúde de Itaquera. Durante alguns meses, esse coletivo discutiu a importância do controle social democrático nas coordenadorias, entendendo que a criação desse espaço seria necessário devido à constatação que as decisões e o poder político estariam nessa instância. Além disso, a cada mandato, o Conselho deparava-se com novas políticas e ações, naquele momento PT e PSDB, ou seja, com troca de gestões e novos comandos, aos quais teriam que se adaptar. Como forma de interação e inter-relação, o grupo resolveu criar um mecanismo por meio do qual passou a ter acesso direto e interligado à Coordenadoria Regional de Saúde Leste em suas decisões regionais. Assim nasce o Interconselho de Saúde.

Faça um breve resumo do atual diagnóstico encontrado nos Conselhos Gestores de Saúde da zona leste de SP. Quais são os principais desafios a serem vencidos?

Foi constado ausência das pessoas nas reuniões do Conselho Popular e apatia na participação; além da necessidade de ter um regimento interno efetivo e criar e/ou melhorar os canais de comunicação divulgação das informações. Por isso, verificamos que é preciso divulgar para a população e seus Conselhos, as leis e os decretos, garantir a convocação dos seus membros através de meios de comunicação; além da participação do trabalhador, gestor e usuários, tanto nas reuniões quanto nos eventos. Também é preciso acompanhar os demais Conselhos (locais e supervisão) através das atas e visitas; calendários anuais das reuniões de todos os conselhos; e a garantia do curso de capacitação para conselheiros gestores. O principal desafio no momento ainda é a capacitação desses conselheiros para que se apropriem das leis, decretos e possam disseminar um bom trabalho em cada segmento.

E as conquistas alcançadas?

As conquistas que alcançamos foram em relação à conscientização da importância desta participação popular organizada para que realmente o trabalho árduo dos conselheiros seja bem elaborado e posto em prática para melhorias de cada região.

Uma das propostas do seu Trabalho de Conclusão de Curso é servir de reflexão sobre a implantação de novas ações coletivas e decisivas num determinado grupo que respondam às necessidades de uma região, além de ser um registro histórico sobre a suma importância da participação popular no controle social. Explique como os estudantes e/ou bacharéis em Serviço Social irão utilizar os resultados apresentados em seu trabalho.

Ressalto que em nosso código de ética profissional, defendemos o aprofundamento da democracia, enquanto socialização da participação política e da riqueza socialmente produzida; além de nos posicionarmos em favor da equidade e da justiça social, que assegure universalidade de acesso aos bens e serviços relativos aos programas e políticas sociais. Com isso, espero, que os estudantes e/ou bacharéis em Serviço Social, através deste Trabalho de Conclusão de Curso possam se apropriar de novos mecanismos de gestão, e até mesmo contribuir para criar outros os quais não se limitam às regras já existentes; levando-os a pensar, discutir, mediar e ir além das questões sociais postas neste trabalho.

O meu objetivo foi mostrar que o profissional do Serviço Social também é importante neste contexto e pode contribuir muito em novas políticas e ações capazes de articular o controle democrático e o projeto ético-político do Serviço Social, que na verdade consolida a cidadania; a garantia dos direitos civis, sociais e políticos das classes trabalhadoras.

Conte um pouco sobre sua atuação nos movimentos sociais em prol dos Direitos Humanos das Pessoas com Deficiência com ênfase na área da saúde. Quando você começou?

Bom, minha atuação começou em 2001 por necessidades próprias, três anos após eu ter adquirido a deficiência física. Depois pude constatar que não existia só eu neste mundo com deficiência física, e muitas outras pessoas que eu nunca imaginava, principalmente, na região em que moro até hoje. No início a batalha foi árdua; recebi muitos “nãos” pela frente, mas nunca desisti de lutar em prol dos direitos das pessoas com deficiências. Primeiro lutei foi por mim mesma, mas devido a minha garra, o que aprendi serviu para ajudar mais de cinco mil pessoas na região onde vivo. Isso me fortalece a cada dia que me lembro de como tudo começou; minhas participações nas reuniões de pais nas escolas de minhas filhas, depois no conselho gestor da UBS Jd. Campos; e no Orçamento Participativo onde dei o pontapé inicial de toda minha trajetória.

Em quantos órgãos públicos atuou? Quais foram os cargos que ocupou?

Naquele momento fiz minha primeira reivindicação pública solicitando a aprovação da acessibilidade nas escolas do distrito do Itaim Paulista / Curuçá. Quando não vi aprovado e posto em prática esta necessidade, não parei de cobrar o gestor local. E logo depois já estava eleita como Conselheira de Saúde na UBS Jd. Campo; e depois no próprio CMPD – Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência e no CIC - Centro de Integração e Cidadania em Defesa da Cidadania e Abertura de Espaço às Pessoas com Deficiência da zona Lesta. Também atuei no CTA Sérgio Arouca em relação à prevenção das DSTs e da AIDS, abordando a sexualidade da pessoa com deficiência, e participando de uma pesquisa pelo Instituto Amankai. Fui contratada pela Secretaria de Saúde como Agente de Prevenção para orientar as pessoas com deficiências físicas, auditivos e visuais sobre o uso dos preservativos a conscientização da saúde sexual.

Logo após já estava defendendo os direitos humanos, enquanto usuária dos serviços de saúde prestados a população, em Brasília como Delegada Eleita pelo segmento de pessoa com deficiência. Assumi o título de Conselheira Gestora, representante do segmento usuário local, distrital e regional de saúde, nas UBS´s Jd.Campos/AMA, CTA Sergio Arouca, STS do Itaim / Curuçá e na Coordenadoria Regional de Saúde para a criação e atuação na região Leste do Interconselho.

Descrição da imagem: foto de perfil de Fracelene

Quais foram às principais dificuldades enfrentadas e as conquistas alcançadas?

Foram muitas as dificuldades pelas quais passei, porque a princípio, me locomovia em cadeira de rodas comum e precisava sempre de acompanhante. Mas logo tudo foi se ajeitando, e a Supervisão, a Coordenadoria e a própria Prefeitura, já fornecia o transporte quando eu ia representá-los. Logo após, comecei a estudar e já utilizava o transporte do Atende da Prefeitura de SP (que leva de porta a porta as pessoas com deficiência), depois obtive o triciclo motorizado e comecei a sair mais sozinha para todos os locais.

Bom, por dificuldades todos nós passamos todos os dias enquanto pessoas com deficiência, mas tudo tem jeito, tudo passa e se resolve; basta só ter força, garra e determinação em alcançar nossos objetivos. Isso eu tenho como lição de vida e sempre sigo à risca este meu pensamento. Sou determinada em tudo o que faço e dificilmente me arrependo do que fiz.

Sua história de vida pessoal também foi marcada por diversos obstáculos, dificuldades, desafios e até graves problemas familiares. Conte um pouco dessa história.

Bom, acabei relatando um pouco de minha história na pergunta anterior; mas tenho paraplegia há 15 anos, devido à violência doméstica. Sofri um ferimento de arma de fogo pelo meu ex-marido e hoje uso uma cadeira de rodas. Este acontecimento foi muito triste a princípio, mas foi de onde tirei forças para chegar aonde cheguei hoje, com a conclusão de meu curso em Bacharel em Serviço Social. E também acredito que devido a todas as minhas dificuldades em particular, pude conquistar vários benefícios em prol de muitas pessoas com deficiências; e a maioria delas, foi em relação à saúde, onde atuo com muito orgulho até hoje, sempre em defesa deste segmento e suas necessidades básicas, além de defender também a violência contra mulheres ao qual também fui vítima.

E em que momento você percebeu que era chegada a hora de começar a lutar também por outras pessoas com deficiência que passaram por situações iguais ou parecidas com as que você viveu? E quando você sentiu a necessidade de ampliar seu ativismo social de forma mais ampla?

Com tantas participações sociais acabei reconhecendo que poderia ir mais longe, como cursar uma faculdade, a qual, concluo com muito orgulho agora e agrego a teoria do meu aprendizado à prática com toda esta minha bagagem enquanto liderança comunitária, representante da ONG ACADF e Ex-Conselheira nos Conselhos Gestores de Saúde nas UBS´s, na STS, na CRS - Leste, no CMPD, dentre outros locais os quais atuei com muito empenho e determinação obtendo êxito em minhas defesas em prol dos usuários dos serviços prestados não só pela saúde, mas por outros também em relação ao transporte, lazer, educação, segurança e habitação. Sinto-me realizada em tudo o que faço, porque faço com propriedade do assunto e com muito orgulho de poder contribuir para melhorias em prol de tal segmento.

Como está a educação inclusiva no Brasil? O que precisa ser incentivado e o que é necessário mudar?

Em linhas gerais, no Brasil, a educação inclusiva ainda deixa muito a desejar; primeiro porque os professores da rede pública, e mesmo da particular necessitam com urgência de capacitação, oferecida pelos seus próprios órgãos competentes. Os professores precisam também ter dedicação, paciência, consciência, competência; e o mais importante: ter aptidão e envolvimento não só porque a inclusão está na moda, e sim porque é urgentemente necessária em pleno século XXI. Mas ainda há barreiras e resistência desses profissionais. Acredito que só se faz educação se educando, e ela começa em casa.

Qual a mensagem que você deixa aos leitores?

Deixo a mensagem que as pessoas devem jamais desistir de seus sonhos, pois eles podem sim se tornar realidade. Desde que cada um procure se especializar no que melhor possa desempenhar. Que procurem algo que agrade primeiro a si próprio e tome gosto por tudo o que fizer, fazendo direito e com muita garra, força, vontade e determinação no objetivo desejado. E que nada é impossível para aquele que crê no seu próprio potencial enquanto ser humano, por que na verdade somos todos iguais em nossa diversidade inata. E como bem disse Vinícius de Moraes: “Por mais longe que seja a caminhada, o mais importante é dar o primeiro passo”.

Descrição da imagem: Francelene andando pelas ruas com sua cadeira motorizada.

Conheça mais sobre Fracelene: http://www.facebook.com/francelene.rodrigues

Link para comprar a publicação do TCC:










Descrição da imagem: capa do TCC de Frencelene


*Leandra Migotto Certeza é jornalista e repórter voluntária da Revista Síndromes. Ela tem deficiência física (Osteogenesis Inperfecta), é assessora de imprensa voluntária da ABSW, e mantém o blog “Caleidoscópio – Uma janela para refletir sobre a diversidade da vida” - http://leandramigottocerteza.blogspot.com/


quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Semana da Acessibilidade no Centro Cultural Banco do Brasil

Semana da Acessibilidade no Centro Cultural Banco do Brasil

De 20 a 25 de novembro de 2012

Todas as atividades são gratuitas.

PROGRAMAÇÃO

Dia 20 - Terça-feira, 14h

- História em Quadrinhos Tátil:

Que tal criar uma história em quadrinhos sem utilizar a visão? Com os olhos vendados, o público é convidado a criar uma utilizando principalmente o tato. 10 lugares com retirada de senha meia hora antes.

Dia 21 - Quarta-feira, 14h

- Visita Sensorial à exposição “Planos de Fuga”:

Propondo a utilização do tato, audição e olfato, além da visão. 10 lugares com retirada de senha meia hora antes.

Dia 22 - Quinta-feira, 14h

- Visita Sensorial ao prédio do CCBB:

Visitante é convidado a participar de um jogo com diversas possibilidades através do tato e do olfato, que o levará à uma viagem histórica, passando pelos estilos arquitetônicos do prédio e resgatando a imagem da sociedade paulistana dos anos 1920. 10 lugares com retirada de senha meia hora antes.

Dia 23 - Sexta-feira, 14h

- Contação de história em Libras - Capela dos Aflitos:

No Cemitério dos Aflitos no bairro da Liberdade, foram enterrados muitos sentenciados à forca. Quando a sentença do soldado Chaguinhas ia ser cumprida, a corda arrebentou uma, duas, três, quatro vezes! Diz a lenda urbana que o local onde ficava o cemitério é, até hoje, mal assombrado, 20 lugares com retirada de senha meia hora antes.

Dia 24, sábado, 9h30 às 12h

- Práticas e Reflexões com Educadores: Acessibilidade e Inclusão

Neste encontro, as convidadas Carolina Fomin e Thais Frota abordam as dificuldades enfrentadas no dia a dia pelas pessoas com deficiência em espaços urbanos, edificações e mobiliários. No final, o público é convidado a fazer uma visita pelo espaço do CCBB para vivenciar na prática as barreiras mais comuns, 70 lugares com retirada de senha uma hora antes.

13h30 - 14h30

- Oficina "Ritmo Sensorial: música para surdos":

Um coletivo de jovens que realiza baladas para surdos mostra ao público ouvinte e não-ouvinte, de maneira teórica e prática, como os surdos vivenciam a música através do tato, das vibrações das músicas e do olfato. Com Leonardo Castilho, educador do MAM e Edinho Santos, educador do Museu Afro Brasil e Museu do Futebol, ambos fazem parte do coletivo Vibração e do grupo Corpo Sinalizante, 20 lugares com retirada de senha uma hora antes.

15h - 17h

- Mesa redonda: Pessoas com deficiência em Instituições Culturais:

Neste encontro contamos com a participação de Daina Leyton, Coordenadora do Educativo e Acessibilidade do Museu de Arte Moderna de São Paulo; Cláudio da Costa Rubiño; Coordenador de Acessibilidade do Museu Afro Brasil; Amanda Tojal; Coordenadora do Programa Educativo Públicos Especiais (PEPE) da Pinacoteca do Estado de São Paulo e Ialê Pereira Cardoso Brandão; Coordenadora do Núcleo de Ação Educativa do Museu do Futebol e Amaury Costa Brito; Assistente do Núcleo de Ação Educativa do Museu do Futebol.

Os convidados abordam a atuação de pessoas com deficiência nos respectivos espaços culturais, 40 lugares com retirada de senha uma hora antes.

17h30 - 18h15

- Oficina: Interação com Surdocegos:

Por diversas vivências, a oficina aborda formas de interação com surdocegos, trás informações sobre esta deficiência e dicas de como lidar com o surdocego, com o intuito de promover sua inclusão em espaços sociais. Com Elizabeth Aparecida Figueira, pós-graduada em Tradução e Interpretação em Libras, graduada em Pedagogia com Habilitação em Deficientes pela PUC/SP, e formação em Surdocegueira e Guia-interpretação de surdocegos e em Audiodescrição, 20 lugares com retirada de senha uma hora antes.

Dia 25, domingo 15h

- Visita Sensorial ao prédio do CCBB

SERVIÇO

Semana da Acessibilidade: Autonomia para Todos
Data: de 20 a 25 de novembro
Onde: CCBB – SP
Endereço: Rua Álvares Penteado, 112 - Centro - SP
Informações: (11) 3113-3651 / 3113-3652.
Fonte: Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência - SP

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Curso Acessibilidade e Cultura no SESC Vila Mariana



O Centro de Pesquisa e Formação do Sesc é um espaço que pretende articular produção,

formação e difusão de conhecimentos, por meio de cursos, palestras, encontros, estudos,

pesquisas e publicações nas áreas de Educação, Cultura e Artes. Em atividade desde

agosto de 2012, esse ambiente busca favorecer as trocas de saberes, bem como o

compartilhamento de ideias e experiências.


De 27 de novembro a 01 de dezembro de 2012, o Centro de Pesquisa e Formação recebe

convidados para ministrar o curso Acessibilidade e Cultura.


No curso, os palestrantes apresentarão temas atuais como a relação das pessoas com

deficiência em espaços culturais diversos, como museus, salas de espetáculos etc, e

recursos como a audiodescrição, tradução de libras para atividades culturais e tecnologia


Acessibilidade e Cultura

Apresentação de temas atuais sobre as relações sociais, as pessoas com deficiência e a
cultura. Curso composto pelos seguintes tópicos:

27/11 - Acessibilidade, Cultura e Inclusão - Enfoque sobre conceitos fundamentais
sobre a acessibilidade, pensando o fazer cultural enquanto traço constitutivo do
Homem e as pessoas com deficiência como consumidoras e produtoras de cultura,
por meio da interação social vista como elemento estimulador da criatividade e da
ampliação do olhar.

Com Marta Gil (Socióloga e consultora na área da Deficiência. Colaboradora do SENAI-
SP e do Planeta Educação. Coordenadora Executiva do Amankay Instituto de Estudos e
Pesquisas Fellow da Ashoka Empreendedores Sociais).

Convidados: Lílian Vânia de Abreu Silva Olah e Naiane Coroline Silva Olah (Tradutoras
e intérpretes do português para LIBRAS) e Mark Van Loo (Diretor artístico da
Bombelêla Dance Company).

28/11 - Museus e cultura para Pessoas com Deficiência - Os conteúdos teóricos
abordam o histórico do desenvolvimento da acessibilidade cultural no Brasil e a
comunicação sensorial como estratégia de acessibilidade para públicos diversos.

Com Viviane Sarraf (Licenciatura em Educação Artística pela FAAP. Especialista em
Museologia pelo Curso de Especialização em Museologia do MAE-USP. Mestre no
Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da USP. Doutoranda no
Programa de Comunicação e Semiótica da PUC-SP. Recebeu prêmios e títulos nacionais
e internacionais por sua atuação profissional e acadêmica. Organizou o Encontro
Regional de Acessibilidade em Museus, em parceria com a Fundação Dorina Nowill
para Cegos e com o MAM São Paulo, projeto pioneiro no Brasil. Tem experiência
na área de Museologia e Cultura, com ênfase em acessibilidade para pessoas com
deficiência e públicos não usuais.

29/11 - Audiodescrição e o acesso à programação cultural - A audiodescrição é um
recurso de acessibilidade comunicacional que amplia o entendimento das pessoas
com deficiência visual em diversos tipos de eventos e produtos audiovisuais por meio
de informação sonora. A palestra abordará a utilização do recurso em suas várias
possibilidades, como: peças de teatro, óperas, filmes, espetáculos de dança e outros,
e demonstra como tem colaborado para a formação de públicos que apreciam as
apresentações pela magia das palavras.

Com Lívia Maria Villela de Mello Motta (Professora e doutora em Linguística Aplicada
e Estudos da Linguagem pela PUC-SP, com parte de seu doutoramento feito na
Universidade de Birmingham-ING. Trabalha como audiodescritora e professora de
cursos de audiodescrição , implementando o recurso em peças de teatro, filmes,
óperas, espetáculos de dança, eventos sociais, religiosos e acadêmicos. Foi consultora
do MEC/UNESCO e criadora do site/blog: Ver com palavras. Organizou junto com Paulo
Romeu Filho o primeiro livro brasileiro sobre o tema: Audiodescrição: transformando
imagens em palavras.)

30/11 - O guia digital "Acessibilidade Cultural”- Iniciativa do Instituto Mara Gabrilli, o
guia acessibilidadecultural.com.br disponibiliza informações sobre os equipamentos
culturais da cidade de São Paulo para ampliar o acesso e inclusão de pessoas com
deficiência aos espaços, linguagens artísticas e práticas culturais. Nessa palestra serão
apresentadas as bases e critérios da pesquisa, que avaliou mais de 300 equipamentos
culturais da cidade de São Paulo da perspectiva da acessibilidade. Serão apresentados
depoimentos de pessoas com deficiência que usam o guia para sua avaliação.

Com Camila Benvenuto (Psicóloga e especialista em gestão de ambientes inclusivos.
Experiência internacional como acompanhante terapêutica em residência inclusiva
para pessoas com deficiência em Richmond Hill / Canadá. Atuou como coordenadora
de projetos de inclusão na Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência e
Mobilidade Reduzia - SP. Atualmente coordena o Instituto Mara Gabrilli.) e
convidados.

Haverá tradução português-libras-português.

27 a 30/11. Terça a sexta, das 14h às 18h.
01/12. Sábado, visita a Virada Inclusiva - horário e atividades definidas no curso.
04/12.Terça, das 14h às 16h.
20 vagas.

R$ 30,00 (usuário inscrito no Sesc e dependentes, +60 anos, professores da rede

pública de ensino e estudantes com comprovante)

R$ 15,00 (trabalhador no comércio de bens, serviços e turismo matriculado no SESC)


Inscrições pelo Portal Sesc no endereço www.sescsp.org.br/

centrodepesquisaeformação, ou pessoalmente nas Unidades do SESC do Estado de

Endereço: Rua Pelotas, 141, 5º andar da Torre A.

Horário: Terça a sexta, das 13h30 às 21h30. Sábados e feriados, das 9h30 às 18h.

E-mail: centrodepesquisaeformacao@sescsp.org.br


Agenda CPF: www.sescsp.org.br/centrodepesquisaeformacao

Curta! : www.facebook.com/CentrodePesquisaeFormacao

Metrô: Ana Rosa 750m/Paraíso 1000m

PREFIRA O TRANSPORTE PÚBLICO
www.sescsp.org.br/transportepublico