terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Natal Solidário e Inclusivo

Lindos e emocionantes momentos maravilhosos, ao lado de crianças, jovens e adultos muito simpáticos e alegres que nos iluminaram neste Natal na comunidade do IPDA - Instituto de Pessoas com Deficiência do Anhanguera / SP. 

Eu e Marcos apadrinhamos o garoto Bruno e ficamos felizes em podemos compartilhar presentes com muito carinho!


Álbum de fotos: 

https://plus.google.com/u/0/112159460446979430045/posts




  

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Natal Solidário com nossa segunda família!




Por Leandra Migotto Certeza

Nossa! Já chegou o Natal novamente. O ano de 2013 foi tão atribulado que eu nem percebi o final... Só quando fui convidada para estar ao lado da minha segunda família, dia 14/12/13, lembrei que iria receber abraços tão gostosos para recarregar as energias para mais um novo ano. 


Fiquei feliz em poder ajudar um pouquinho com alguns presentinhos, mas com certeza, eu novamente, recebi carinho e amor em dobro! Sorrisos iluminaram aquele sábado ensolarado em que eu e meu grande amor nos sentimos parte do Universo de solidariedade humana.


Há mais de 7 anos que fazemos parte da Família ABSW! É uma associação que vive em nossos corações e sempre nos iluminam 365 dias do ano para continuarmos acreditando que somente por meio da verdadeira união, entre aqueles que fazem o bem sem pensar em receber algo em troca, é o único significado de estarmos habitando o Planeta Terra.


Ao me despedir de uma grande amiga que considero minha irmã, me emocionei, e agradeci a ela por estar ao nosso lado em um momento tão fundamental de nossas vidas. Afinal, fazer o bem é a luz que nos move. Fico feliz que ela e sua linda família também tenham ‘se contaminado’ pelo bichinho da solidariedade porque no dia seguinte ela me disse que em 2014 vai ajudar muito mais com doações de brinquedos e sorrisos. ‘Coitada’, mas sabe ela que depois que ‘caiu na rede da ABSW’ não tem mais volta (kkkk).  

Bom, mas para quem ainda não esteve lá, fica aqui um pequeno registro para deixar todos com água na boca. A EMEI – Ignácio Henrique Romero na cidade de São Paulo é palco há anos de todos os almoços beneficentes que a Associação Brasileira de Síndrome de Williams realiza, graças ao carinho e a dedicação gigantesca da diretora da escola, a Hugueti. 


No Natal o clima do almoço é sempre bem emocionante porque tem a tão aguardada entrega dos presentes pelo nosso amado Papai Noel com Síndrome de Down, o Ney, filho da Selma.



A Jô Nunes, fundadora e hoje presidente emérita da ABSW, foi uma das mais animadas. Vocês acreditam que ela teve a cara de pau de dizer que ficou na fila desde quinta-feira às 5 horas da tarde só para receber o presente primeiro? Ela sentou no chão junto com a garotada e não arredou o bumbum do pátio da escola, enquanto não levou a coroa de princesa e tirou uma foto com o Papai Noel. Divertido? Leiam a crônica até o fim porque esse ano, o almoço teve surpresas bem legais!


Como sempre a comida preparada carinhosamente e dedicadamente por 7 pessoas que passaram a noite de sexta-feira para sábado na escola, estava uma delícia! O cardápio foi carne assada (que derretia na boca), arroz com legumes, várias saladas coloridas e bem divertidas, bata corada, torradinhas, e molhos gostosos. Para sobremesa tinha salada de frutas (que de tão gostosa acabou logo e eu fiquei sem comer!!), melancia em fatias, bolo de fubá e café. As bebidas estavam tão geladas que eu tomei 2 cervejas (não contem para o meu marido), e um refri também trincando de gelado. Que refrescante...

A linda decoração das mesas, a limpeza (sempre impecável!), a recepção, a organização da escola, o bazar (de roupas muito boas!) e toda a manutenção da festa estava perfeita graças ao fundamental apoio de mais de queridos 15 voluntários! 





Com certeza as mais de 200 pessoas presentes irão guardar lembranças maravilhosas desse importante momento de encontro entre 25 famílias de crianças, jovens e adultos com Síndrome de Williams, que vieram de São José dos Campos, Jacareí, Campos de Jordão, Castanhal no Pará, Itatiba, Cubatão, Jaguariúna e da Capital de SP.



A surpresa ficou por conta da Banda DR com a nossa marrom, Alcione ‘pirata’, a estonteante cantora, Duda. Pessoal, o que foi aquilo? Eu estava almoçando conversando com o meu marido e a minha amiga, quando olhei para o lado e uma mulher linda, maravilhosa, com um vozeirão começou a cantar na minha mesa. Engoli tudo e logo corri (rodei com minha cadeira) para começar a dançar ao lado dos meninos ébanos mais lindos que eu já vi. Garotos maravilhosos, com aquela pele morena linda e ainda tocando samba? Parecia um sonho... Acordei só quando o Marcos olhou para mim com uma cara... Bom, mas as fotos eu vou guardar de lembrança do dia  em que eu estive ao lado de músicos tão simpáticos (para não dizer gostosos kkk).


Não preciso dizer que a garotada e até os familiares caíram no samba! Foi uma alegria só! A banda não parava mais de tocar e atender aos pedidos da galera que estava com formiga na bunda! Dois garotos com Síndrome de Williams tocaram junto com a banda e foram muito aplaudidos. Todos ganharam lembrancinhas delicadas da Duda e emocionaram a banda DR que remarcou outro compromisso só para estar ao lado da família ABSW naquela tarde. Quanta honra!!!

Depois que o Papai Noel querido e amado por todos, trabalhou bastante entregando os presentes (dando beijos e pousando para inúmeras fotos) para todos (inclusive os irmãos das pessoas com Síndrome de Williams), ele também ganhou uma lembrança especial; e ainda foi sorteado com mais um presente. Assim como outras famílias que compraram os convites do almoço e levaram para casa lindas bonecas, deliciosos panetones e outros prêmios.



Com certeza, foi um almoço que irá ficar na história da associação. Gilberto Frachetta, presidente do Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência esteve presente no almoço, a agradeceu pelo importante convite, comentando a importância das ONGs na luta pela aplicação efetiva dos direitos dos cidadãos com deficiência.

No final da tarde, a Jô apresentou a nova Diretoria da associação para 2014, e agradeceu a presença de todos; mas cobrou mais participação nos encontros anuais em que os familiares têm a grande oportunidade de compartilhar experiências com médicos renomados, profissionais da saúde (entre outras áreas); além de outras comunidades de pessoas com Síndrome de Williams. Afinal, juntos somos muitos!  




Eu e o Marcos voltamos para casa com a alma inundada de amor incondicional, alegrias, e esperanças, mas com uma saudade forte (que aperta nossos corações em todos os encontros com nossa segunda família): a enorme falta, da querida Jéssica Nunes Herculano (a responsável pela criação de toda essa onda de amor desde 2002), e de várias outras pessoas com Síndrome de Williams, tão amadas como ela, que infelizmente, não estão mais na Terra junto conosco. 

O que nos conforta é termos a certeza que esses ‘elfos’, ‘gnomos’, e ‘seres especiais’, justamente por serem tão humanos em sua linda imperfeição, nos guiarão sempre de onde eles estão até o dia quem que todos nós vamos nos reencontrar...   

Conheçam um pouco da história da ABSW


“Quando descobri que tinha uma filha diferente me desesperei, tinha sonhado em ter uma filha doutora, modelo e perfeita. Hoje vejo que atingi meus objetivos: minha filha é doutora em lição de vida, modelo em dignidade e perfeita em tudo. Hoje temos orgulho das conquistas que conseguimos pela ABSW. Somos uma família com  mães e pais maravilhosos que lutam com amor para que seus filhos e filhas SW tenham a sua cidadania garantida. Final feliz? Não. Por uma razão muito simples: esta história não terminou. Não terminou porque a Jéssica ainda está entre nós, todos os dias, diariamente, ensinando aquilo que sabia e aprendendo aquilo que não sabia. Sua lembrança gostosa e querida continua conosco, contando histórias ‘maluquetes’, perguntando coisas ‘imperguntáveis’, sonhando sonhos insonháveis, abrindo passagens fechadas, criando respostas impensáveis...” – depoimento de Jô Nunes, mãe da amada Jéssica, fundadoras da ABSW.  

Jô conta que no início da ABSW (quando a Jéssica ‘me achou’ em um evento sobre inclusão) eram pais e mães únicos de filhos diferentes que sozinhos tentavam compreender o universo dos filhos,  encontrando-se nos corredores dos hospitais. A vida colocou-os frente a frente, e, de repente, a única certeza era a de que não estavam mais sozinhos, passando então a trocarem suas experiências. Tinham o diagnóstico tardio, e muitas vezes errado, ocasionando o tratamento precário. Então surgiu a idéia de fundar a ABSW, primeira associação sem fins lucrativos com o objetivo de dar apoio e suporte as pessoas com SW e seus familiares no Brasil”.

“Toda mulher sonha em ser mãe, de ter seu filho nos braços ver que tem um pedaço de si no mundo com perfeição. Sonhe que ele seja uma bailarina, um jogador de futebol ou cantor de música sertaneja, mas quando descobre que tem um filho com Síndrome de Williams se pergunta o que isso? Abre-se um buraco, pois não temos nenhuma informação sobre o que é a SW e como lidar com ela. O choro do seu filho e ensurdecedor e não sabemos o que fazer.  Como procurar melhorar a alimentação, pois eles não conseguem ganhar peso, qual a medicação, qual especialidade médica pode ajudar, enfim o que fazer?  Fui atrás de informações, era tudo em inglês e espanhol. Senti o quanto é importante saber sobre pesquisas e estudos sobre a SW, e todas as formas de orientações para saber como lidar com meu filho e com a SW. E então percebi, que junto com outras famílias, tinhamos a necessidade de fundarmos a ABSW” – depoimento de Silvana Nascimento, mãe de Alan que toca vários instrumentos é um garoto maravilhoso.  

Entre as importantes participações da ABSW, destaca-se na: Aliança Brasileira de Genética e na Sociedade Brasileira de Genética Médica; Caminhada de Doenças Raras, Feira Internacional de Tecnologias em Reabilitação / Inclusão e Acessibilidade”, Rede Entre Amigos da ONG SORRI-BRASIL,  Rede SACI /USP, ISAD - Instituto Saúde Direito de Todos, e Grupo 25 de Inclusão.

A ABSW também conquistou a inclusão do CID (Classificação Internacional de Doenças) da SW – Síndrome de Williams para  o direito ao Passe Livre nos transportes públicos em SP; a Criação da “Trilha do Silêncio” no Parque do Jaraguá (primeira acessível do Estado de São Paulo para pessoas com deficiências); e tem membros eleitos ocupando cargos voluntários no CMPD – Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência da cidade de SP e no CEAPPD – Conselho Estadual da Pessoa com Deficiência de SP; além de diversas atividades com as Secretarias Municipais e Estaduais da Pessoa com Deficiência, de Saúde e de Educação.

Em 2014, segundo informações do novo Presidente da ABSW, Washington Rocha, a associação terá um calendário bem extenso: reunião com novos associados e colaboradores, com o objetivo de fazer com que haja uma maior participação na ABSW; reuniões em várias cidades e capitais do Brasil, com o objetivo de se formar Núcleos. “Estaremos criando uma comissão, através  da Diretoria Científica, para o nosso  próximo Congresso em 2015, com novos temas e palestrantes (até de outros países), para uma troca de experiência entre os médicos e os pais”.

Informações sobre a ABSW:  http://www.swbrasil.org.br

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Companhia da aviação Gol desrespeita cidadã com deficiência física!

Por Maria Dolores Fortes


Em  setembro deste ano fiz a  solicitação à GOL do desconto para acompanhante (de acordo com a Resolução Anac nº 280, de no mínimo 80% na passagem aérea do(a) acompanhante, Esse desconto deve ser concedido para compra da passagem aérea à acompanhante da pessoa com deficiência que necessita de auxilio para alimentação, toilletetc).

Em setembro, como agora, fiz a compra de minha passagem, a reserva de minha acompanhante e enviei o LAUDO MEDIF preenchido pelo meu médico do ACCAMARGO. Foi enviado o laudo pelo menos meia dúzia de vezes e em cada momento havia uma nova exigência, inclusive de outro laudo além do MEDIF. Barraram até mesmo minha passagem fazendo exigências absurdas. Sendo que minha deficiência é apenas física e tenho limitações de movimento, mas estou em excelentes condições de saúde. Já viajei inúmeras vezes inclusive em voos internacionais sem problema algum. 

Apenas enviei o laudo MEDIF, visto o direito que temos, outorgado pela ANAC. Mas, pelo que vemos, na GOL fazem questão de dificultar o acesso ao direito. Um mês, laudos indo e voltando, fiz a reclamação no site “Reclame aqui “ e no dia seguinte a questão foi resolvida e cederam o desconto.

Em outubro viajei para Aracaju, novamente e infelizmente pela Gol. Como a empresa que e contratou, comprou a passagem de minha acompanhante, não houve exigência, nem empecilho algum.

Agora, em novembro, fiz nova solicitação a GOL de passagem para acompanhante para meu retorno de Salvador-São Paulo. Fui à Salvador pela TAM, que também solicitou laudo MEDIF, mas simplificado e em menos de 24h, aprovou o desconto de acompanhante sem burocracia.

Meu médico particular e sua assistente, preencheram os laudos MEDIF e relatório médico para GOL exatamente igual ao que tinha sido feito e aprovado pelo médico do ACCAMARGO, em setembro.Fiz a reserva da acompanhante no mesmo dia de minha compra e no dia seguinte enviei os Laudos.Novamente a saga se repetiu, inúmeras exigências e bloquearam até mesmo meu embarque. 

A Gol retornou o laudo pelo mesmo equívoco ocorrido no mês de setembro, mas que havia sido aprovado Refizemos o laudo, porém, até o dia do embarque (25/11/2013, 9.35 AM) não houve retorno do Medif. Antes de ir para o aeroporto, liguei para o SAC da empresa por horas a fio, ou não completava a ligação ou caia após longa espera na linha. Fui ao aeroporto horas antes do horário previsto para embarque e não havia responsável da empresa para solucionar o problema. Mandaram ligar no SAC novamente. 

O mesmo ocorreu. Não completava a ligação pelo celular ou ligando do orelhão, atendiam e muito tempo depois, na espera, a ligação caia. Fui levada à uma sala da Gol para fazer a ligação havia acessibilidade para entrar. Fiz queixa na ANAC do aeroporto, que indicaram a procurar a gerência da GOL para solucionar o problem. Não havia gerência ou não apareceu. Perdi voo. Remarcaram para o dia seguinte indicando que aguardavam retorno do MEDIF. 

Minha reserva no hotel finalizava-se no dia 25, pois fui novamente a trabalho. Não houve nenhuma atenção e amparo da empresa aérea. Eu deveria retornar à SP dia 25/11, pois, trabalho e resido. Foram refeitos os laudos várias vezes e novas exigências apareciam, inclusive de Novo relatório medico com data atualizada e detalhado (Relatar também neste NOVO relatório medico com data atualizada-  referente a outra  doença descrita,  Saturação de oxigênio em ar ambiente, frequência respiratória, PA, Hemograma completo e Hemoglobina para que possamos analisar a possibilidade de Embarque (há um item que solicitada data da última cirurgia, no meu caso, faz quase um ano)). 

Relatei à empresa que esses relatórios eram impossíveis de adquirir, visto que resido em SPe sabemos, que mesmo aqui, não é fácil que marquemos uma consulta médica de imediato. Ainda, tanto PA, frequência cardíaca e saturação, já constavam no laudo, todas dentro dos padrões de normalidade. Mais ainda, como disse e consta nos laudos, tenho apenas deficiência física, nada mais. As intransigências da empresa seguiram e nada se resolveu até o final do dia 26/11.

 Fiz a compra de uma nova passagem aérea pela AVIANCA. Solicitei o desconto de acompanhante, que foi concedido de imediato. Solicitaram somente um simples laudo médico declarando porque a necessidade de acompanhante). Como sempre porto esses laudos, não houve problemas nenhum. Tudo se resolveu sem burocracia e com muito tranquilidade pela AVIANCA. Parabenizo essa empresa. Com relação a GOL, vou encaminhar esse relato ao MINISTÉRIO PÚBLICO, AO CONSELHO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA e acionar os órgãos de defesa do consumidor para ressarcimento dos danos físicos e morais.


Mensagem de Fim de Ano



Descrição da imagem: duas crianças de mãos dadas sorrindo juntas! A menina está sentada em sua cadeira de rodas e o menino andando com suas pernas ao seu lado. 

Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar.

Nelson Mandela


Amigas e amigos, essa é minha mensagem de fim de ano para todas e todos, de todas as religiões, etnias, condições sexuais, gêneros, posições políticas, nacionalidades, condições sociais e econômicas, idades, cores e deficiências.

Em 2014 vamos espalhar o AMOR para afastar pra bem longe todos os preconceitos! 


Em 2014 não vamos tolerar nenhuma discriminação! Vamos cativar os seres humanos que não ainda não conhecem o significado da palavra Diversidade!!!



Descrição da imagem: cartum de Ricardo Ferraz, desenhista com deficiência física que mostra dois meninas jogando futebol. Um deles pergunta para o outro: "Zeca, o que é preconceito?". O outro responde: "Não sei, deve ser doença de adulto". Um tem as duas pernas e o outro não tem.  



sábado, 7 de dezembro de 2013

Mandela para sempre hoje!!!!!!!




Em homenagem a Nelson Mandela. 


Invictus


Autor: William E Henley



"Por ser estreita a senda - eu não declino,

Nem por pesada a mão que o mundo espalma;
Eu sou dono e senhor de meu destino;
Eu sou o comandante de minha alma."

Do fundo desta noite que persiste 
A me envolver em breu - eterno e espesso,
A qualquer deus - se algum acaso existe,
Por mi’alma insubjugável agradeço.

Nas garras do destino e seus estragos,
Sob os golpes que o acaso atira e acerta,
Nunca me lamentei - e ainda trago
Minha cabeça - embora em sangue - ereta.

Além deste oceano de lamúria,
Somente o Horror das trevas se divisa; 
Porém o tempo, a consumir-se em fúria,
Não me amedronta, nem me martiriza.

Por ser estreita a senda - eu não declino,
Nem por pesada a mão que o mundo espalma;
Eu sou dono e senhor de meu destino;
Eu sou o comandante de minha alma.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Quem é perfeito?




A agência de publicidade alemã Jung Von Matt/Limmat, e as lojas WE Fashion, modissa, PKZ, Schild e Bernies em Zurich, na Suíça, lançaram uma campanha diferente para celebrar o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência.

Um designer de manequins de moda criou modelos a partir dos corpos de 4 pessoas com deficiência física, dois homens e duas mulheres. Depois os manequins foram expostos nas vitrines de lojas, causando diferentes reações. A campanha se chama – Porque, quem é perfeito? Chegue mais perto.


Presente, passado e futuro


Descrição da imagem: foto minha feita por Vera Albuquerque


Queridas e queridos leitores do blog Caleidoscópio,

Olá! Como vão? Eu confesso que estou muito emocionada com a leitura de um lindo depoimento que me tocou profundamente... 

Em meio as minhas pesquisas de trabalho, encontrei esta publicação da UNICEF sobre Crianças e Deficiência, que foi traduzida e disponibilizada no site da Prefeitura de São Paulo. E para minha grande surpresa, o primeiro texto é sobre um mulher com a mesma condição física que eu: Oteogenesis Imperfecta. 

É impressionante como muitas das palavras que ela diz toca fundo a minha alma! Parece até que somos irmãs... ou que ela me conhece há anos... É, acredito que temos mesmo muitos sentimentos em comum porque vivemos situações bem parecidas, principalmente, psicológicas. 

Bom, registro aqui mais uma inspiração para continuar trilhando o meu caminho pessoal e profissional com mais garra, determinação e coragem em 2014. Espero conseguir conquistar objetivos extremamente significativos em minha vida, que passa por transformações cruciais, positivas mas bem complexas. 

Tenho projetos importantes e fundamentais que terão início no próximo ano, e outros que espero finalizar. Não posso adiantar nada porque é surpresa!!! Enviem energias positivas!!!!

Neste momento, convido a todos a lerem sobre a história de Nancy, e continuarem acompanhando os meus passos rumo a uma vida cada vez mais autônoma, independente e feliz! 

O livro pode ser baixado no link:


Nancy Maguire é uma ativista do Reino Unido que trabalha na área da deficiência. É assistente social qualificada, mas depois de  uma viagem ao exterior decidiu dedicar-se ao trabalho em favor dos direitos de pessoas com deficiência, principalmente mulheres jovens. Trabalhou com organizações de pessoas com deficiência na Ásia e na África Meridional, e espera obter  o grau de mestrado em política e  desenvolvimento.

Assistam também ao depoimento em vídeo do lindo menino do Equador que tem Osteognesis Imperfecta e sonha em ser piloto de avião!

http://www.unicef.org/sowc2013/photos_and_videos.html#pid2331

Forte abraço, Leandra. 


quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Infantilização, discriminação e preconceito





Descrição da imagem: cartum de Ricardo Ferraz onde se vê uma mulher gritando e apontando o dedo em riste para um outra mulher e diz: "E o nome dela? Ela tem quantos anos? Como o que? Toma remédio? Será que ela consegue?". O rapaz que conduz a moça na cadeira de rodas (ambos sorrindo, 'tranquilamente') diz para a mulher que grita: "É melhor perguntar para ela?".  

Mulheres com deficiência

http://infoativodefnet.blogspot.com.br/2010/03/todo-utero-e-um-mundo.html

TODO ÚTERO É UM MUNDO ...


Imagem publicada- Foto de Prudence Mabhena, 20 anos de idade, que é uma cantora e compositora natural do Zimbábue que nasceu com uma séria deficiência física. Ela tem de enfrentar várias barreiras e o fato de que as deficiências são vistas no país como feitos de bruxaria. Por isso mesmo a jovem muitas vezes preferiria se manter escondida a aparecer em algum palco como uma verdadeira artista. O documentário Music By Prudence (Oscar de melhor Documentário/Curta - 2010) ainda revela as agruras e estigmas que as crianças com deficiência vivenciam no Zimbábue. Uma mulher negra sentada em uma cadeira de rodas que agora irá encantar o mundo, e também tem um útero musical que não pode ser silenciado.

InfoAtivo DefNet - Nº 4359 - Ano 14 - março de 2010

“ Segundo o dicionário, o útero é o lugar onde qualquer coisa é concebida ou trazida à vida. No meu entender, não existe nada exceto útero. Ao todo, há o útero da Natureza; depois há o útero materno; e finalmente há o útero em que em que se situa a nossa vida e o nosso ser a que chamamos de mundo...”. Henry Miller (A Sabedoria do Coração)

O Dia Internacional da Mulher deve ser comemorado também como o dia de algumas mulheres, que, erroneamente, alguns consideram "especiais", principalmente porque até bem pouco eram invisíveis. Falo e escrevo sobre e para mulheres com deficiência. Estas mulheres estiveram muito tempo associadas à idéia heredológica, ou seja de eugenia, herança e de doença aplicada às deficiências. 

Conheçam a "família Kallikak". Eram elas que, segundo essa lógica, transmitiam genes defeituosos ou geravam os seres considerados 'anormais', sempre como oposição do bom, do normal e do belo. Além do estigma da deficiência elas tinham de enfrentar, duplamente, os estereótipos e discriminações que estiveram colados, transculturalmente, ao gênero feminino. 

Me lembro de quando apresentava em palestras, há alguns anos atrás, o documentário da HBO - Without a Pity: a film about Abilities, o Sem Piedade, nos tempos das fitas VHS, onde uma mulher com paralisia cerebral casava-se, tinha vida sexual, frequentava (apesar dos preconceitos) uma universidade, era cuidada pelo marido,e, por fim engravidava e tinha uma filha.

Neste documentário podia se demonstrar a possibilidade dela 'cuidar' sozinha de sua filha Tereza, com todas as dificuldades. Esta cena causava o espanto e a surpresa de muitos. Algumas interrogações me faziam ter de re-explicar que a Paralisia Cerebral não é e não era uma doença transmissível. Esclarecer que a mãe não tinha um útero potencialmente defeituoso.

Ela não deixava de ser um corpo feminino pelo fato de ter sua vida motora modificada pela anóxia que sofreu ao nascer. E mais ainda dizer que a filha não teria nenhuma deficiência, apesar de seu parto ter sido a fórceps, já que as paralisias cerebrais podem se causas por traumas obstétricos. E mais ainda que o fato de uma mulher com paralisia cerebral ter uma filha isso não tornava mais especial que todas as outras mulheres sem deficiência. Era apenas uma mulher. Uma mulher uterinamente igual às outras mulheres do mundo.

Em 08 de março de 2008 prestei uma homenagem às mulheres com um texto que interrogava: o Mundo é um útero?. Neste texto afirmei a necessidade de um resgate da suavidade no feminino, aproximando mais uma vez a Gaia, a Terra do corpo " das fêmeas-mulheres-lunares-que-menstruam, aquelas tão bem homenageadas por poetisas, como Cora Coralina e Elisa Lucinda, deveríamos realizar a necessidade de uma intensa afirmação de nosso mundo-útero, de nossa Gaia em ameaça e devastação, ora gritante ora silenciosamente. Afinal todos temem transformar nossa ‘mãe-terra’ em nosso aprisionante túmulo futuro, mesmo que não reconheçam".

Hoje após tantos tremores, inundações, transbordamentos, devastações e ventos arrasadores, precisamos continuar desejando um outro mundo possível, bioéticamente, para homens, mulheres e todos os seres vivos. É urgente e vital mantermos ativo o desejo de produção de vida e de criatividade. Como nos avisou, poeticamente, Walt Whitman dizendo qu"só desdobrado das dobras de uma grande mulher está por vir e nascer um grande homem". 

E, tristemente, reconheço que ainda não vislumbramos este nascimento. E o digo pelo fato de ainda estarmos nos negando a produção de uma nova suavidade nos encontros com o feminino, com o devir-mulher. E há mulheres que, por suas singularidades e diferenças, exigem mais ainda um outro e novo olhar para o nosso futuro. Elas trazem muitos mundos novos em seus úteros.

Há mulheres que, independentemente, se estiverem em cadeiras de rodas, sejam surdas ou com bengalas brancas e/ou com diversas estaturas, dimensões ou formas dos corpos diferentes, comprovam que todo útero é um mundo. Um mundo muito mais amoroso e amável. Um mundo onde as tormentas e as violências cessam e cedem lugar para a criação, para a poesis.

 Elas vem surpreendendo o mundo que acredita somente na uniformidade, no utilitarismo e individualismo. A sua generosa vivência da maternidade e dos afetos nos dizem que o mundo é muito mais uterino e que ele, apesar de nossos descuidos, mantêm-se gerador de vidas. Porém, não são apenas úteros mas sim corpos-vida que nos ensinam a sabedoria da não-segregação e das potências geradoras de um futuro menos triste, menos isolador, mais humanista e mais inclusivo.

Todos úteros são, por sua incomensuráveis e imprevisíveis possibilidades, múltiplos devir-mundos, e devemos também homenagear as mulheres e mães com deficiência, assim todas as outras que comprovam que o Planeta Terra, como o corpo feminino contêm tudo, a ele não falta nada, pois a elas, que não são castradas, segundo o poeta W. Whitman, devemos dedicar esta exortação-poema em seu Canto ao Corpo Elétrico:

"...Não se envergonhem, mulheres ... seu privilégio é conter o resto... ser a saída para o resto,
Vocês são os portais do corpo e são os portais da alma.
A fêmea contém todas as qualidades e as temperam ... está no lugar certo...se move em perfeito equilíbrio,
Ela é todas as coisas devidamente veladas... passiva e ativa ao mesmo tempo...
ela é que gera tanto filhos quanto filhas, tanto filhas quanto filhos..." (Folhas da Relva)


VOCÊS PODEM GERAR TAMBÉM UM OUTRO MUNDO, OUTROS MUNDOS, OUTRAS SUAVIDADES...

PS.
E uma doce e suave BRISA nos levou Johnny Alf para encantar o mundo com sua saudade... e muita bossa.

(copyright jorgemarciopereiradeandrade 2010/2011 - favor indicar a autoria na multiplicação livre e através de veículos de comunicação de massa)

FONTES - DIA INTERNACIONAL DA MULHER - histórico
http://pt.wikipedia.org/wiki/Dia_Internacional_da_Mulher
http://www.ibge.gov.br/ibgeteen/datas/mulher/home.html

MUSIC BY PRUDENCE - Diretor Roger Ross Williams
http://www.musicbyprudence.com/film/

FAMÍLIA KALLIKAK - eugenia e heredologia
http://topicosemautismoeinclusao.blogspot.com/2009/05/entre-jaulas-e-exclusoes.html

WITHOUT A PITY: A FILM ABOUT ABILITIESS - documentário - Exibido na HBO-Brasil em 1997
http://www.chrisreevehomepage.com/m-withoutpity.html

LEIA TAMBÉM NO BLOG -
EUGENIA - COMO REALIZAR A CASTRAÇÃO E ESTERILIZAÇÃO DE  MULHERES E HOMENS COM DEFICIÊNCIA -
http://infoativodefnet.blogspot.com.br/2013/01/eugenia-como-realizar-castracao-e.html

MULHERES, SANGUE E VIDA, PARA ALÉM DE SUA EXCLUSÃO HISTÓRICA
http://infoativodefnet.blogspot.com.br/2012/03/mulheres-sangue-e-vida-para-alem-de-sua.html 

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Dia da Consciência Negra

RAÇA, RACISMO E IDEOLOGIA: ZUMBI ERA UM VÂNDALO, UM BLACK O QUÊ?

Imagem publicada – um menino zumbi? Uma foto colorida de meu arquivo pessoal com uma criança, com uma camiseta regata vermelha, onde se lê Salvador, Bahia, Brasil, uma cidade, um estado e um país bem pretos, com uma população infantil perdida e perambulante em busca de sentido e existência. Meninos e meninas, na maioria negros, que mendigam nossos olhares, nossa atenção, nosso respeito e nossa indignação. Meninos e meninas caídos, emagrecidos, dopados, como o da foto, em cima de pedras coloniais, por onde pisaram seus ancestrais escravizados, arrastando correntes, ou servindo aos seus donos senhores nas ladeiras como carregadores das liteiras, derivação de sua condição de mulas, ou seja, mulatos.

“Vós e nós somos raças diferentes. Existe entre ambas uma diferença maior do que aquela que separa quaisquer outras duas raças. Pouco importa se isto é verdadeiro ou falso, mas o certo e que esta diferença física é uma grande desvantagem mútua, pois penso que muitos de vós sofreis enormemente ao viver entre nós, ao passo que os nossos sofrem com a vossa presença...”.

Assim como o garoto “invisível”, esquecido e negado, para não deixar esquecer e com o desejo de não ter de repetir, pergunto-lhes, como já o fiz em 17 de novembro de 2010: de quem seria essa afirmação feita em 14 de agosto de 1862? Seria possível que fosse uma frase do eugenista Francis Galton (1822/1911)? Ou então de algum outro que pregasse à época a purificação das raças, sua higienização ou segregação para o “bem” de ambos os grupos étnicos, inclusive em nome da Ordem.

Não, a frase foi proferida por Abraham Lincoln, na Casa “Branca” para um grupo de negros, àqueles ainda sob a escravidão, e ditos motivos históricos da Guerra de Secessão. O norte abolicionista contra o sul escravocrata.

Historicamente aí nasce, ou melhor, se aprimora uma conceituação que alicerçará, por séculos, a ideia de raça. Naquele encontro presidencial estavam os que iriam receber uma ajuda governamental, aprovada pelo Congresso, para sua “instalação fora do país”. Seriam “ajudados” na sua volta a África, considerada já sua única pátria e nação verdadeiras. Então, Lincoln sublinhou que “neste vasto continente não há um único homem da vossa raça que seja considerado igual da nossa”.  E, como nossa Princesa, entra para a História como um defensor da abolição...

Escrevo este texto para nos lembrar, e em especial aos que negam a existência das consequências da ideia e da ideologia ligadas à raça, que quando se propõem uma comemoração ou celebração de um mês para a Consciência Negra, em nosso país, ao estarmos presos a velhos preconceitos ou falsas benevolências, a maioria da população deste país, apenas por ser a maioria, mesmo que tratada desde a Colônia como minoria ou marginalidade social.

Nunca gostei do que colocaram em minha certidão de nascimento: cor da pele – pardo. O que ouvia e o que sentia é que ainda  existia, pela visão de Abraham, uma diferença física que mesmo edulcorada com o “moreninho” permanecia como " a diferença". Uma diversidade não tão divertida, como os nomes que aprendia: cafuzos, mamelucos e outras “coisas”. 

Minha e nossa miscigenação era e é parecida com um processo de liquidificação genética de superfície; explico, apesar da pele mais “clara”, os processos de inclusão permaneciam, podem permanecer, na escola, na rua, nos mundos em volta, diferenciados. No fundo, no inconsciente colonizado, permanece a ideia da raça diferente.

São as sutis e negadas exclusões que permanecem subjacentes e como significantes nos processos ditos inclusivos. As construções das ideias intelectuais de raça foram, transhistoricamente, municiadas de “balas de borracha teóricas”, ou seja, continuavam repressivas, violentas, instauradoras de uma ordem, confirmadoras de um Estado de Exceção, mas sempre difundidas como uma solução para os conflitos das multidões e dos povos.

No meu universo empardecido procurei, pela voracidade do conhecer e do ler, encontrar um rebelde com quem me identificasse. Esse, que nos Anos de Chumbo, transformei em uma força constituinte e instituinte para meu próprio futuro: Zumbi (1655/20 de novembro de 1695). Um nome ligado a uma resistência ao colonialismo e à nosso histórico de dominação por Portugal. Um quilombola que os livros de história (com h minúsculo) diziam que tinha se suicidado na Serra da Barriga. Não, ele foi é traído e morto, como alguns das guerrilhas que se deram em outras matas da América Latina.

Segundo o livro de Joel Rufino dos Santos, como reparação dessa versão suicida, ao ser morto, após perder sua única fortificação e posição fixa no Quilombo dos Palmares, quando retomou a ‘guerra do mato’, demonstrou o vilipendio do seu corpo tombado por “quinze furos de bala e inumeráveis de punhal”. Tinham lhe castrado, e o seu pênis enfiado na boca, além de um olho tirado e uma mão direita decepada. Tinha se tornado uma vida nua, matável, despojável e uma ‘coisa negra’ que os vencedores do Império precisavam eliminar: um vândalo, um subversivo, um inimigo político dos bandeirantes, dos comandantes militares e dos aristocratas de Pernambuco e Alagoas.

Por isso quando leio que uma cidade brasileira impõe uma liminar para impedir a comemoração do Dia Nacional da Consciência Negra, 20 de Novembro, lá em Curitiba, me sinto, novamente, experimentando na pele esse disfarce e tática para a discriminação. A ACP (Associação Comercial do Paraná) entrou com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade, e a Justiça concedeu uma liminar, tendo como principal alegação: “...a ACP alega que o feriado (dia 20) causaria o prejuízo de 160 milhões à economia do município”.

Entretanto, como contradição a este suposto prejuízo, difundi pelas redes sociais o Relatório do DIESSE (Os Negros no Trabalho, 2013) que confirma que apesar de trabalhar mais a maioria dos trabalhadores negros, mesmo ao ter maior participação no mercado de trabalho, ainda ganham menos do que os não negros e ocupam os postos de serviços menos valorizados. 

Então, seja no Paraná ou no Amapá, continuam sendo uma maioria que alicerça a tal economia que seria prejudicada. Continuam uma ‘maioria’ em marginalização e discriminação laborativa. São os ‘zumbis’ que constroem prédios, novos aeroportos, novas estradas, novas economias, de novo denominados de mulatos e mulatas, inclusive no Global.

Para que não pensem que esta discriminação é localizada e datada na Colônia precisamos lembrar que a presença do trabalho indigno e escravo é mais atual do que nunca em nosso país. E, para nossa reflexão, um dos estados onde mais ocorre, o Mato Grosso, apenas 03 (três) de seus 141 (cento e quarenta e um) municípios, Corumbá, Ladário e Itaporã, irão comemorar o feriado do dia 20, o dia de Zumbi e da Consciência Negra. Em Campo Grande a Federação do Comércio também impediu o feriado. Entretanto, no Mapa da Escravidão, uma realidade e vergonha a ser enfrentada, este estado ocupa um grande espaço junto a outros que mantiveram mais de 43 a 200 mil trabalhadores em escravidão no séc. XX/XXI.

Então, alguns irão questionar o que há para comemorar? Não há nada para festa ou carnaval com mulatas globelezas nos encantando como sereias. Não há nenhum lamento ou banzo negreiro a ser rememorado. Não há nem mesmo nenhuma chaga gerada por velhos troncos ou torturas, ou chãos rasgados por mãos calejadas e ainda acorrentadas por novas escravidões.

Há apenas que, como a lembrança de Tiradentes, oficialmente autorizada, embora também martirizado por ser revolucionário, refazer a História, com participação ativa da população afrodescendente. Fazer, a partir das escolas, o resgate de um corpo, de uma História e de uma resistência, pela consciência e a educação, que retire os grilhões, hoje invisíveis, dos pés, mãos e cabeças dessa parte diferente e incômoda de cidadãos e cidadãs.

Este ano o 13 de Maio já passou. O dia 20 de novembro espero será menos negado e mais reconhecido, pois uma das mais comuns alegações ou justificativas, além das econômicas, para não torná-lo mais que um feriado, é a de que “não existe racismo no Brasil”. Assim se produziu, inclusive teórica e cientificamente, um embranquecimento de nossas memórias. Há quem não reconheça nem mesmo suas próprias identidades, origens ou negritudes.

Deu um ‘branco’ nas páginas obscuras de nossos movimentos eugênicos e higienistas que envolveram desde escritores infantis até grandes nomes das ciências. Estes esquecimentos já fazem parte de uma anistia que tentou esconder verdades de um tempo totalitarista e de exceção. O movimento de ocultamento de Amarildos e seus corpos reavivam essas práticas. O que a terra oculta, na nossa ‘culta’ sociedade, é para ser esquecido?  Zumbi diria que não, inclusive com armas ou pedras na mão, mesmo que decepada.

Por ter um dia me visto, reconhecido e re-existente através da história verídica de um homem livre, Zumbi, é que inventei nos tempos da Análise Institucional a “potência Zumbi”. Uma potência capaz, por sua força instituinte e desestabilizadora, de construir novos analisadores históricos, novas revoluções moleculares, novas cartografias, novas alianças e suavidades existenciais, para que possamos ir além das cotas e das ações afirmativas. Para que possamos realizar, em ato e mudança de paradigmas, minha frase premiada pela Seppir: “Abolir as novas escravidões e novos racismos, um futuro possível e urgente para o Brasil”.

Então, nem mesmo os mais radicais, os mais ‘poderosos’ ou os mais falsos abolicionistas poderão deter os novos Zumbis, novos black powers, novas singularidades, que não são mais massa, nem povo, são somente multidões indignadas e cansadas de sua exploração e escravidão neo e hipercapitalística. Martin Luther King, Malcom X e Frantz Fanon estarão juntos, de mãos e cabeças não decepadas, para nos inspirar essas potências Zumbis em nós.

Se entrega, Zumbi! Eu não me entrego não, só me entrego LIVRE, VIVO e com o belo nas mãos.

Copyright/left jorgemarciopereiradeandrade 2013/2014 (favor citar o autor e as fontes em republicações livres pela Internet e outros meios de comunicação de massa)

LEITURAS CRÍTICAS para reflexão e demolição de conceitos e preconceitos:

A IDÉIA DA RAÇA, Michael Banton, Edições 70, Lisboa, Portugal, 1977.

ZUMBI, Joel Rufino dos Santos, Editora Moderna, São Paulo, SP, 1985.

“A HORA DA EUGENIA” – Raça, gênero e nação na América Latina, Nancy Leys Stepan, Editora Fiocruz, Rio de Janeiro, RJ, 2005.

Notícias citadas no texto:

NEGROS/INCLUSÃO NO TRABALHO - Relatório do DIEESE revela que mesmo trabalhando mais sempre ganham menos /Só escolaridade não garante presença de negros no mercado de trabalho, aponta Dieesehttp://infonoticiasdefnet.blogspot.com.br/2013/11/negrosinclusao-no-trabalho-relatorio-do.html


Mapa da escravidão (Lista suja do Trabalho Escravo no Brasil)http://cienciahoje.uol.com.br/blogues/bussola/2013/11/mapa-da-escravidao



Pesquisa mostra que raça é fator predominante na escolha de parceiros conjugais http://www.ebc.com.br/2012/10/pesquisa-mostra-que-raca-e-fator-predominante-na-escolha-de-parceiros-conjugais

Para quem só lê ou para fazer pesquisas na Internet –



LEI 10.639/2003 – (Para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira”)http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.639.htm

LEIAM TAMBÉM NO BLOG:
01 NEGRO + 01 DOWN + 01 POETA = 01 Dia para não esquecer de incluirhttp://infoativodefnet.blogspot.com.br/2011/03/01-negro-01-down-01-poeta-01-dia-para.html
RACISMO, HOMOFOBIA, LOUCURA E NEGAÇÃO DAS DIFERENÇAS:as flores de Maio http://infoativodefnet.blogspot.com.br/2012/05/racismo-homofobia-loucura-e-negacao-das.html