segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Da invisibilidade à transparência




Por Leandra Migotto Certeza

Você é um cidadão? Cumpre com seus deveres e exige os direitos? Então, gostaria de ser sempre chamado de super-herói? Ou constantemente tachado pelas pessoas de coitadinho? É bem provável que não. Pois como todo ser humano você tem capacidades e potenciais a serem desenvolvidos. Ser super ou sub estimado o coloca em constante e sufocante pressão. É cobrado a corresponder a uma imagem que não existe e conseqüentemente, ninguém conseguirá enxergar quem realmente você é.

Um ser humano pode ter mais facilidades para realizar determinadas coisas e/ou menos para outras. Pois a diversidade é inata a todos. Ninguém é perfeito! E todos estamos no mesmo barco. Então, por que rotularmos a maneira como cada um encontra para continuar vivo? O que pode parecer tão complicado para você pode ser fácil para outra pessoa e vice-versa. Depende do repertório e da experiência de cada um. Para um jogador de basquete, que usa uma cadeira de rodas desde que nasceu, vencer mais uma partida não significa ser melhor do que todos os outros. Já para quem conseguiu fazer um bolo sozinho pela primeira vez, pode ser uma grande vitória. Mas também não gostaria de ser idolatrado por isso. Elogios ou críticas não preconceituosas e bem colocadas estarão livres de julgamentos e taxações. Quando um atleta vence uma prova, não seria muito mais sensato relatarmos seu desempenho elogiando seu esforço na medida de suas capacidades, mesmo que ele tenha superado outro atleta? Isso não significa que ele é o melhor do mundo. O mesmo serve para alguém que ainda não teve acesso aos recursos necessários para exercer sua cidadania.

Apenas por estar momentaneamente em uma situação socialmente desfavorecida, não quer dizer que não tenha capacidade de realizar o que alguém em melhor situação financeira consegue. Ou que seja uma pessoa totalmente incapaz. O mesmo raciocino vale para alguém que tenha ficado surdo devido a um acidente de trabalho. Ele pode ou não desenvolver mais os seus outros sentidos, devido à falta de audição. Porém, também não é um herói por realizar melhor um determinado serviço. Poderá cometer falhas como qualquer outro. Mas também não deve ser considerado um coitadinho, incapaz de voltar ao mercado de trabalho. Outro exemplo é quando vemos um cego na rua. Não seria muito mais justo conhecê-lo primeiro, antes de comentarmos com o colega do lado que ele é um "coitado" por que não enxerga com os olhos?

Justamente por serem humanas as pessoas não deveriam ser idolatradas, ignoradas ou alvos de piedade. Independente da raça; etnia; nacionalidade; gênero; opção sexual; idade; tamanho; peso; déficit aparente como uma deficiência física, mental, auditiva, visual, múltipla (a união de duas ou mais), ou não aparente como o mau caráter. Porém, infelizmente ainda são preconceituosamente utilizadas expressões como: "vencer obstáculos é o lema dos deficientes", "a maioria dos obesos supera barreiras todos dos dias", "conquistar espaços com muita garra é o objetivo de todas as mulheres", "ele é um ser especial e super eficiente", "mesmo morando em um lugar tão precário, realiza algo fenomenal", "em uma cadeira de rodas é um super-herói", "deficientes mentais são um exemplo de vida", "pode ultrapassar limites mesmo sendo cego" e etc. Estas expressões proporcionam um distanciamento da condição humana.

O mesmo ocorre no extremo oposto, com expressões também preconceituosas como: "ajude, pois ele é um coitadinho", "carentes precisam do seu apoio", "quem é paraplégico é um incapaz", "todo negro é fraco", "a maioria dos idosos são dependentes", "é pequeno, mas merece sua ajuda", "cuide dos aleijados que não podem viver sozinhos", "apesar de ele ser pobre, conseguiu realizar tal coisa", "mesmo sem uma perna, trabalha", entre outras. Generalizar, nivelar, taxar, pré-julgar, acreditar exclusivamente no senso comum não conhecendo como realmente é o outro, só nos conduz à ignorância, ao preconceito, e à atitudes discriminatórias. Devemos estar dispostos a assumir nossa diversidade e humanidade, e não construirmos esteriótipos ou reforçarmos tabus já ultrapassados.

As pessoas com alguma deficiência - objeto de análise desta publicação - por estarem começando a serem reconhecidas como cidadãos após dois séculos de ostracismo, infelizmente, ainda são preconceituosamente consideradas superiores a todos, tratadas com piedade e assistencialismo, ou completamente negligenciadas. Creio que cada um de nós é responsável por alterar rapidamente e por completo essa visão distorcida. Pois pessoas com deficiência como qualquer outro indivíduo também rirem; choram; ficam triste, cansadas; gritam; dormem; tem um bom desempenho na escola; são promovidas no trabalho; ocupam cargos de liderança; dirigem um carro; vivem internadas em hospital; fazem bagunça; cometem crimes; tiram dúvidas sobre sexo; viajam; sofrem acidentes; cursam universidade; são analfabetas; usam roupas da moda; são antipáticas, chatas, bravas, felizes, ou revoltadas; tem direito ao esporte, lazer, saúde, moradia, alimentação, entre outras inúmeras características. Portanto, merecem respeito por suas especificidades, e devem ser tratadas iguais na medida das suas diferenças. Nem a mais ou a menos.

21 de setembro - Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência

Edição do dia 14/09/2015
14/09/2015 21h51 - Atualizado em 14/09/2015 21h52

JN mostra flagrantes do desrespeito a cidadãos com deficiência no país

Repórteres apresentam retrato dos problemas de acessibilidade no país.
Jogadores de time de futebol de deficientes enfrentam problemas no Rio.

Pelo menos em teoria, você, qualquer pessoa da sua família, um amigo, qualquer cidadão têm o direito de ir e vir, no Brasil. Tem artigo da Constituição que trata dessa liberdade, mas isso é só na teoria.
Nesta semana, os repórteres Leandro Cordeiro, Jonathan Santos e Marcos Losekann apresentam um retrato dos problemas de acessibilidade no país. O desrespeito do Brasil com as pessoas que têm alguma deficiência.
Uma pedrinha de nada no caminho de quem usa as pernas é uma montanha intransponível para quem depende de rodas.
Quem usa muleta ou cadeira de rodas sabe bem o que significa um meio fio sem rampa, ônibus que não tem elevador, ou que tem, só que estragado. Buracos que mais parecem crateras. Pedreira para todo lado.
“É de eu cair e não conseguir levantar. Quanto eu estou no chão não consigo levantar”, conta Maria de Lousa de Oliveira, dona de casa.
E quando o problema é não conseguir enxergar? Dentro de casa, Éder Fonseca até que se vira. “Porque eu sei onde eu coloco tudo. Se alguém vier aqui e mudar de lugar, por exemplo, aí já complica”, explica Éder Fonseca, massagista.
O pior é da porta para fora. O que os deficientes geralmente mais valorizam é a própria independência. Poder se virar, sem depender de ninguém. Esse seria o mundo ideal para eles. Só que no mundo real, com tantos percalços, não há determinação nem força de vontade que consigam superar as dificuldades espalhadas pelo caminho. E o jeito as vezes é contar com uma mãozinha.
A Natália tem um grande motivo para comemorar. Ela acaba de receber moderníssimos aparelhos de ouvido importados da Europa. “Me fez descobrir novos sons que eu não escutava”, diz a jogadora de vôlei.
O que a Natalia sempre teve foi uma boa visão. Na quadra do time de vôlei, inclusive jogando pela seleção brasileira, ela não vê dificuldade.
Um em cada sete habitantes da Terra não enxerga, não ouve, não se move direito ou tem problemas mentais. No Brasil, um quarto da população apresenta algum tipo de deficiência, segundo o IBGE. Gente que tem o direito de ir e vir, mas que nem sempre encontra condições para isso. É o que acontece em Brasília. Planejada, patrimônio da humanidade, mas essa cidade, construída no centro do Brasil, está longe de ser a capital da acessibilidade.
Outro exemplo é o Rio de Janeiro, a Cidade Olímpica, que vai sediar também os Jogos Paralímpicos no ano que vem. Em termos de acessibilidade, não é considerada maravilhosa. Pelo contrário, o atleta com qualquer tipo de deficiência que decidir sair do centro esportivo para dar um passeio terá muitos obstáculos para superar.
Livingston e André não enxergam nada. São jogadores de um time de futebol de deficientes visuais. Invencíveis para eles, só as ruas do Rio, onde vivem.
Situações que contrastam com o moderníssimo prédio administrativo dos Jogos Olímpicos. A começar pelas rampas, que realmente dão acesso. O Augusto é o engenheiro responsável.
Tem surdos e também cegos na equipe dele. Mais de 70 funcionários. No paraíso da acessibilidade, eles mal lembram das dificuldades.
“Eu tenho essa sensação. Eu só percebo a minha deficiência quando falta acessibilidade”, diz Augusto Fernandes, engenheiro.
O instrutor e auditor da Associação Brasileira de Normas Técnicas aceitou o desafio de andar por alguns lugares mais famosos do mundo: o Calçadão de Copacabana.
“Não tem piso uniforme, contínuo. Isso porque a gente está em Copacabana que não é um dos piores lugares por aqui”, diz Edison Passafaro, instrutor e auditor-ABNT.
Mas tem rampa, não é? “Isso aqui e nada é a mesma coisa. A mesma habilidade que eu uso para descer aqui, eu uso para descer o meio fio. Uma rampa armadilha”, afirma.
Armadilha que não poupa ninguém. Acessibilidade, cidadania, respeito. Juntar tudo isso pra permitir a convivência de todos: está aí uma missão pra quem enxerga longe, sabe ouvir críticas e sugestões e se mexe.
A prefeitura do Rio declarou que está trabalhando para tornar a cidade mais acessível, que, em breve, vai adaptar o acesso aos principais pontos turísticos do Rio para pessoas com deficiência. E instalar mais de 500 rampas na cidade.
Fonte: http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2015/09/jn-mostra-flagrantes-do-desrespeito-cidadaos-com-deficiencia-no-pais.html

http://globotv.globo.com/rede-globo/bom-dia-sao-paulo/t/edicoes/v/bdsp-mostra-o-caminho-de-pessoas-que-precisam-de-uma-cidade-acessivel/4481743/

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Atualização do meu perfil profissional

Pessoal, fiz atualizações em meu perfil profissional detalhando experiências, atividades, publicações, notas, prêmios, e demais informações. É um RAIO X bem legal da minha carreira desde 1996 até hoje. Vale a pena conferir!!! 

 http://www.linkedin.com/pub/leandra-migotto-certeza/41/121/a