sexta-feira, 27 de maio de 2016

A cultura do estupro e a naturalização da barbárie





Filhos saudáveis do patriarcado: a cultura do estupro e a naturalização da barbárie
Em 1935, um jornal mexicano noticiou que um homem bêbado jogou a namorada numa cama e a apunhalou cerca de vinte vezes. Quando questionado pela polícia sobre o crime, o assassino respondeu que apenas foram umas “facadinhas de nada”. Sensibilizada pelo ocorrido, Frida Kahlo desenhou a cena do crime: o assassino com um punhal ensanguentado na mão e ao seu lado, o corpo nu da mulher marcado pelas facadas; o rastro de sangue está presente na roupa do homem, na vítima, na cama, no chão e alastra até mesmo a moldura da tela. O homem aparenta uma postura brutal no rosto e imobilizada no corpo. A pintora disse a uma amiga que pintou o assassinato com aquela aparência porque no México assassinar é algo bastante satisfatório e natural.
Por: Paulinha Cervelin Grassi*, no Marcha Mundial das Mulheres
Fico pensando nessa menina perseguida, ridicularizada, ofendida, hostilizada, violentada por 30 homens no Rio de Janeiro… Será que ela não esperava que algum deles não fosse “consciente” para evitar essa crueldade? Não, não nos enganamos. O patriarcado, ao naturalizar da violência contra nós mulheres, cria muito bem seus filhos… Esses 30 homens não são doentes, são filhos saudáveis do patriarcado.
Como já alertou Frida, a violência naturalizada é satisfatória pra quem comete. Os vídeos, as imagens (com sangue escorrendo) que circularam na internet, traduzem essa satisfação masculina ao tomar nosso corpo como uma propriedade, como um objeto.
Aos homens surpresos com essa notícia, parem para pensar na sua construção, nas suas atitudes em consumir pornografia, em compartilhar fotos e vídeos de mulheres nuas/seminuas em grupos de Whatsapp, nas piadas machistas sobre nossos corpos, em achar divertido pegar “novinhas”. Percebam a cultura de estupro presente em suas vidas. Se defrontem com tal fato e parem para pensar quando acusam as mulheres feministas de radicais, exageradas.
A propósito, sobre a conjuntura nacional, a medida que retrocedemos nos direitos e na leitura de sociedade, abrimos cada vez mais espaços para a naturalização das barbáries.
#machismomata
Paulinha Cervelin Grassi é militante da Marcha Mundial das Mulheres no Rio Grande do Sul e artesã na Marias Lavrandeiras.
Fonte: http://www.geledes.org.br/filhos-saudaveis-do-patriarcado-cultura-do-estupro-e-naturalizacao-da-barbarie/

quinta-feira, 26 de maio de 2016

“Duas em cada três pessoas com deficiência sofrem rejeição no trabalho”


Em entrevista ao blog Vencer Limites, a diretora de comunicação corporativa e responsabilidade social da Novartis, Yara Baxter, aborda as dificuldades para a conquista da inclusão de fato no Brasil e destaca as ações da empresa para garantir que funcionários com deficiência sejam totalmente integrados.

O desafio da inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho está muito além das exigências da Lei de Cotas (8.213/1991 – art. 93), que completa 25 anos no próximo dia 24 de julho. Mesmo com muitas campanhas de conscientização e com os conteúdos abrangentes e aprofundados sobre o assunto disponíveis atualmente, ainda existem muitas barreiras contra a diversidade, que dificultam a plena compreensão das diferenças como algo benéfico para empresas e empregados.
Felizmente, cada vez mais, grandes corporações têm apostado na contratação de pessoas com deficiência e investido em ações para a desmistificação e o combate ao preconceito. Para saber mais, o blog Vencer Limites conversou com Yara Baxter, diretora de comunicação corporativa e responsabilidade social da Novartis. Segundo a executiva, o Brasil tem uma diversidade cultural, étnica e de gêneros que estimula a diversidade, e que precisa ser explorada.
Yara Baxter é diretora de comunicação corporativa e responsabilidade social da Novartis. Imagem: Divulgação
Yara Baxter é diretora de comunicação corporativa e responsabilidade social da Novartis. Imagem: Divulgação
Vencer Limites – Qual a sua avaliação sobre a inclusão de pessoas com deficiência no Brasil, de forma geral, em todos os setores (educação, trabalho, saúde, lazer, etc)?
Yara Baxter – Segundo pesquisa recente pela consultoria Santo Caos, 44,7% das pessoas com deficiência realizam atividades ocupacionais, mas apenas 1,8% têm registro no Ministério do Trabalho. Além disso, duas em cada três pessoas com deficiência ainda sofrem com a rejeição dos companheiros de trabalho.
A partir dessa fotografia, conseguimos identificar que há um caminho muito grande que deve ser trilhado no que tange à inclusão genuína de pessoas com deficiência no Brasil. Há muita desinformação sobre o assunto e ainda há preconceitos. Acredito que todos os representantes da sociedade civil e organizada devam atuar de forma ativa para que consigamos atingir um patamar de igualdade, não apenas para as pessoas com deficiência, mas para um ambiente inclusivo e diverso que atenda a necessidade de todos.
Atuo na Novartis há mais de 20 anos, e desde a fundação da empresa, o tema de diversidade e inclusão tem grande relevância. Desde 2008, a Novartis Brasil formalizou esse compromisso e criou o Comitê de Diversidade e Inclusão no Brasil. Hoje, o comitê conta com mais de 30 colaboradores que realizam reuniões regulares e atuam, entre outras atividades, para identificar quais são os reais problemas do dia a dia de pessoas com deficiência na empresa. Além disso, temos o cuidado de garantir a presença de um representante de RH para que cada assunto abordado seja devidamente endereçado e tenha uma resolução oficial.
Outro ponto fundamental é a participação de colaboradores de todas as hierarquias da empresa, inclusive da alta liderança, que fortalece e reforça o nosso comprometimento genuíno em proporcionar um bom e agradável ambiente de trabalho para todos. Na Novartis, nós consideramos diversidade e inclusão numa perspectiva de 360 graus, não limitado aos convencionais atributos como: etnia, gênero, religião, orientação sexual, idade, nacionalidade, a deficiência física e intelectual, mas também a governança de todas estas frentes. Cada um de nós é diferente e precisamos respeitar essas diferenças e com isso, aprendemos. Diversidade e inclusão geram inovação. Aprendemos diariamente com eles e essa troca de experiências é fundamental e enriquecedor para todos.
2. Quais as principais dificuldades para incluir de fato essa população, para que exerçam a cidadania real?
Yara Baxter – Primeiramente, deve haver uma conscientização da população com relação às pessoas com deficiência, desmistificando preconceitos e trazendo informações de qualidade sobre o tema. A partir do momento que você vence esse preconceito e enxerga o outro como igual, conseguiremos exercer a real cidadania.
Contratar um funcionário com deficiência pode ser relativamente simples. Entretanto, para gerar a real inclusão dessa pessoa no ambiente de trabalho, e proporcionar desenvolvimento profissional e pessoal de qualidade, é uma tarefa que exige um esforço diário, mas ao mesmo tempo muito gratificante.
Temos um exemplo na Novartis de uma ação que realizamos em 2013, em Cambé (PR), onde está a fábrica da divisão Sandoz que produz genéricos. Com o objetivo de promover a inclusão na região e trazer pessoas com deficiência para trabalhar na fábrica, a equipe local criou o Projeto Incluir, que realizou um curso de diagnóstico e capacitação.
Na primeira etapa, foi feito um levantamento e 36 entrevistas foram realizadas com um grupo integrado por pessoas com deficiências visual, auditiva, intelectual e física. Os resultados mostraram que a maioria poderia trabalhar, mas não conseguia cumprir as necessidades da empresa ou não tinha instrução suficiente para atender ao processo de recrutamento. Os resultados também mostraram as áreas na quais essas pessoas querem ampliar o conhecimento, como o aprendizado de uma língua estrangeira, especialmente inglês, e melhorar a capacidade de lidar com o computador, com foco em tecnologia da informação.
A partir desses resultados, começamos a segunda fase do processo, que foi encontrar parcerias para nos apoiar em fornecer a capacitação. Fizemos a parceria com o SENAI. Eles forneceram o curso e a Sandoz Brasil cedeu a estrutura da fábrica e transporte gratuito para os participantes.
Como resultado da iniciativa, a fábrica da Sandoz em Cambé realizou a formatura de 14 alunos que finalizaram 160 horas de curso com um evento especial. Nós compartilhamos a iniciativa e currículos dos alunos com empresas da região, com uma carta assinada e enviada pelo RH e, recentemente, um dos estudantes do projeto foi contratada para o departamento de embalagem em Cambé.
Por meio desse exemplo de iniciativa inclusiva, podemos concluir que, para conseguirmos a cidadania real é necessário que diversas empresas, entidades, organizações não governamentais e órgãos oficiais participem ativamente dessas ações e trabalhem de forma integrada.
Vencer Limites – Qual a força do voluntariado na conquista da inclusão?
Yara Baxter – O fato de ser voluntário abre um precedente essencial nessa ação. Pra atuarmos de forma voluntária, precisamos acreditar naquilo que estamos fazendo. Quando isso acontece, as pessoas veem que é uma ação genuína e resolvem participar de forma ativa também gerando engajamento.
Vencer Limites – Por favor, explique mais sobre as ações que celebraram o ‘Dia da Parceria com a Comunidade’, principalmente aquelas voltadas às pessoas com deficiência.
Yara Baxter – Foram ações no ambiente digital com o objetivo de prover informações sobre saúde, qualidade de vida, cidadania e gerar engajamento por meio das redes sociais corretas. As ações voltadas às pessoas com deficiência contaram com posts diários sobre diversidade e inclusão e um depoimento online.
O vídeo sobre a ‘Carona solidária’ estimula um pequeno gesto de conceder uma carona de guarda-chuva ao cadeirante. Também foi compartilhado nessa semana o aplicativo ‘Hand Talk’, um tradutor para Libras (Língua Brasileira de Sinais) que auxilia na inclusão de pessoas com deficiência auditiva. Colocamos também o app ‘Cidadera’, que ajuda a avisar a prefeitura sobre locais de baixa acessibilidade.
Além disso, tivemos o vídeo com o colaborador Paulo Policastri, que tem Síndrome de Down e trabalha há 10 anos na empresa. Paulinho gravou um depoimento e contou como atua no mercado de trabalho, como é o seu dia a dia e ainda comentou sobre sua especialidade na cozinha. Ele retratou principalmente a importância da inclusão na sociedade.
Trabalhamos a inclusão em suas diferentes perspectivas, compartilhando informações por meio de gifs produzidos que trazem mitos e verdades sobre cada condição e desmistificando doenças que são marginalizadas, como hanseníase, epilepsia e esclerose múltipla. Todas essas ações estão disponíveis na comunidade ‘Embaixadores do Voluntariado’.
Vencer Limites – Quais exemplos positivos de outros países o Brasil deve observar para garantir a inclusão? E quais exemplos positivos o Brasil tem para mostrar?
Yara Baxter – Países como Noruega, Austrália, Suíça, Holanda e Canadá são referências na área de diversidade e inclusão, pois possuem uma base educacional sólida e condições socioeconômicas que propiciam um ambiente mais igualitário. Não precisamos citar ações complexas. Iniciativas simples fazem a diferença, como por exemplo, os ônibus em alguns países na Europa já são produzidos de acordo com a altura das calçadas para facilitar as entradas dos passageiros e cadeirantes, as estações de metrô possuem rampas de acesso e facilitam a circulação. Muitas vezes, esses pequenos detalhes que fazem a diferença na vida de um cadeirante colocam o Brasil em uma posição de desvantagem.
Apesar disso, no Brasil, temos uma diversidade cultural, étnica e de raças e gêneros formidável que contribui para troca de experiências e que propiciam um ambiente diverso de uma forma inovadora e que tem muito potencial para ser melhor explorada.
Fonte: http://brasil.estadao.com.br/blogs/vencer-limites/yarabaxter-novartis/

quarta-feira, 18 de maio de 2016

Realidade sobre qualidade na empregabilidade de profissionais com deficiência


Relato sincero de um profissional (qualificado) com deficiência

Trabalhei em uma multinacional por pouco mais de três anos, inclusive fazendo parte de um grupo que tratava de assuntos relacionados à diversidade nesta empresa e, percebo que salvo engano, há mais a questão de preenchimento de cotas com cargos de produção/operacional do que contratação de deficientes por empresas em cargos realmente importantes. Sei que eles existem, mas honestamente, como deficiente e profissional, me incomodo com a forma como isso ainda é encarado na mídia de forma glamorosa e como, de fato, é na realidade.
Atualmente estou desempregado e já enviei currículos para pelo menos umas 60 empresas e os contatos que recebo são de vagas para ganhar R$ 1000,00, R$ 1.300,00 e até (pasmem) R$ 670,00!!!
Tenho 45 anos de idade, sou deficiente há 25 anos, mas não necessito de adaptações ao ambiente de trabalho, tenho um filho pequeno e, além de ser analista de comunicação corporativa, também fui professor em uma conhecida faculdade, professor de publicidade em escola do ensino médio, especialidade na área de metalurgia – onde mais novo, atuei como ferramenteiro, ajustador mecânico e ainda fiz cursos de metrologia, pneumática, hidráulica, desenho técnico, CorelDraw, photoshop e Illustrator. Mais recentemente, fiz um curso intensivo de inglês para ter mais oportunidades no mercado, mas confesso, está bem complicado, e pouco tem a ver com a crise que o país atravessa!
Tenho cadastro na Catho, na iSocial, no Manager, Indeed e tantos outros sites e empresas que buscam o tal PCD, PNE, PPD e outras nomenclaturas que dão a pessoas como eu.
Certa vez, na empresa que trabalhei, convidamos um Coordenador de Diversidade de uma grande empresa para uma palestra e, nesta reunião, ele me disse que eu era o deficiente que toda empresa gostaria de ter, pois tinha formação, conteúdo e principalmente, não precisariam de investimentos estruturais para a minha contratação.
Concordo com ele, mas me decepciono com a realidade a partir do momento que envio um e-mail solicitando uma recolocação para 87 pessoas ligadas a empresas que apoiam a causa PCD/Lei de Cotas (tenho um mailling dessas pessoas, pois participava como membro da empresa em que atuava) e, destes 87  e-mails, apenas 1 pessoa me respondeu!!! Ou seja, as empresas querem incluir os deficientes ou apenas participam de workshops e feiras por questões de responsabilidade social para que conste no relatório anual da companhia e, com isso, valorize suas ações?
Em relação aos PCD’s contratados, as empresas os incluem também nos processos de capacitação e plano de carreira? Dão, de fato, oportunidades em nível de igualdade com os demais colaboradores ou pura e simplesmente cumprem as “cotas”? Quantos deficientes existem em cargos de liderança nas grandes empresas? Quantos anos um indivíduo necessita para ser promovido (ou visto) pelos seus gestores? Tenho a impressão de que essas vagas de cotas não são bem vistas por alguns dos empregados das empresas, pois passam a ideia de que temos algumas vantagens em relação aos demais, o que não é verdade, pois em alguns casos, o serviço executado é tão irrelevante que sequer somos vistos pelos gestores e analistas de outras áreas.
Falta envolvimento da direção que, por vezes, tem que “engolir” a Lei de Cotas para não prejudicar o orçamento com as multas que o governo aplica e isso causa um enorme constrangimento a quem ocupa a vaga.
Enfim, fica aqui meu desabafo e, quem sabe, esse texto sirva para a reflexão dos gestores das empresas e pessoas relacionadas ao universo das contratações de PCD’s.

Fonte: http://blog.isocial.com.br/relato-sincero-de-um-profissional-qualificado-com-deficiencia/

Santo Caos



Apesar da lei de cotas estar prestes a completar 25 anos de existência, a inclusão de pessoas com deficiência ainda é um desafio para a maioria das empresas. Além da inclusão, o engajamento entre PCDs e empresas também é uma dificuldade, e com o objetivo de entender esse cenário a Santo Caos realizou o primeiro estudo qualitativo sobre pessoas com deficiência no mercado de trabalho.

Fonte: http://www.santocaos.com.br/#!pcdsa/jfymz

Estudo sobre Empregabilidade de Profissionais com Deficiência

segunda-feira, 16 de maio de 2016

Continuidade da existência da Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência IMEDIATAMENTE!!!



logo do conade - ilustracao de duas figuras, uma verde e outra aul, dando os bracos em cima.
Nota das Entidades da Sociedade Civil que compõem o CONADE em defesa dos direitos da pessoa com deficiência.


As entidades da sociedade civil, abaixo assinadas, que compõem o Conselho Nacional dos Direitos das Pessoas com Deficiência – CONADE, considerando que o atual momento do Pais exige que as instituições e sujeitos se posicionem no sentido de contribuir com a democracia e, especialmente, na garantia de conquistas para que não ocorram retrocessos sociais.

E considerando os avanços produzidos na área da pessoa com deficiência no contexto brasileiro nos últimos anos, onde as ações do governo federal são de substancial relevância para continuidade desse avanço.

E considerando que um dos fatores que julgamos de grande importância é a existência de ações da Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência (SNPD) e do Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência (Conade), como instâncias legítimas da expressão e garantia de direitos da pessoa com deficiência.


E ainda considerando que a Medida Provisória nº 726, de 12 de maio de 2016 editada pelo Exmo. Sr. Presidente da República em exercício Michel Temer, não previu na estrutura do novo Ministério Da Justiça e Cidadania a continuidade da existência da Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência.

Nesta perspectiva, as entidades subscritoras manifestam sua preocupação com a extinção do órgão, e reivindicam que a nova estrutura mantenha o espaço legitimamente conquistado, garantindo o protagonismo dos direitos da pessoa com deficiência, não se perdendo recursos humanos ou financeiros, para que possa levar adiante a sua importante missão de efetivação dos direitos assegurados na legislação nacional de promoção e proteção desses direitos, especialmente, aqueles garantidos na Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência da ONU, que foi ratificada no Brasil com equivalência constitucional, por meio do Decreto Legislativo no 186, de 9 de julho de 2008, conforme o procedimento do § 3º do art. 5º da Constituição. E promulgada pelo poder executivo, através do Decreto Nº 6949 de 25 de agosto de 2009 e no Estatuto da Pessoa com Deficiência, Lei Brasileira de Inclusão, Lei n.13.146, de 6 de julho de 2015.



As pessoas com deficiência representam mais de 45 milhões de homens e mulheres que ao longo da história foram marginalizadas, e tiveram seus direitos cerceados. É fundamental que o governo brasileiro continue com políticas voltadas a esse segmento como foi com o Plano Viver Sem Limite, e tenha a acessibilidade na centralidade de suas ações para garantir a igualdade de oportunidades como um princípio de suas atitudes e práticas.


Subscrevem a Nota:


OAB
AMPID
Federação Brasileira das Associações Síndrome de Down
FENAPESTALOZZI
ONCB
ABRA
FENEIS
APABB
ONEDEF
CONFEA
ABRC
FARBRA
CBDV
FENAPAES
MORHAN
Representação dos Conselhos Municipais dos Direitos das Pessoas com Deficiência do Brasil
Brasília, 16 de maio de 2016.

Adeus ao gesso


Fonte: http://m.canaltech.com.br/noticia/saude/adeus-gesso-estudante-cria-acessorio-que-acelera-cura-de-ossos-quebrados-19966/

Se você já teve "a sorte" de quebrar um braço ou perna, com certeza deve ter passado pela experiência de ter o membro engessado por alguns dias ou semanas para que tudo voltasse ao normal. Há quem goste de colocar o gesso para deixar outras pessoas rabiscarem, mas muita gente acha a sensação bastante incômoda. Mas e se em vez de gesso você usasse um acessório feito a partir de uma impressora 3D?
Esse é o conceito do Cortex, um periférico de plástico que substitui o gesso tradicional por uma cobertura braçal toda vazada que, além de ser mais leve e livre de odores, dispensa todo aquele processo de engessar o braço e ainda permite que o usuário fique com o membro reto, sem precisar dobrá-lo. O projeto foi anunciado em junho do ano passado por Jake Evill, estudante da Victoria University of Wellington, na Nova Zelândia. O molde é impresso em terceira dimensão a partir de um raio X do osso quebrado do paciente.
O Cortex ainda não tem previsão para chegar ao mercado porque ainda está em fase conceito. No entanto, um novo protótipo baseado na mesma ideia promete dispensar de vez o uso do gesso e de quebra agilizar o processo de cura do osso danificado. Trata-se do Osteoid, um exoesqueleto semelhante ao Cortex e equipado com um dispositivo de ultra-som que acelera a cicatrização. As informações são do site The Verge.
Desenvolvido pelo estudante turco Deniz Karasahin, o Osteoid foi o projeto vencedor do Prêmio A'Design 2014, competição voltada para novas ideias na área da impressão 3D. Karasahin e sua equipe contam que o acessório é feito sob medida para cada usuário, é resistente a água e pode ser projetado em várias cores diferentes. "O objetivo é melhorar a experiência de todos quando o assunto é curar membros quebrados ou fraturados, concentrando-se no conforto do paciente e no tempo necessário para o corpo curar-se", dizem.
The Osteoid


O sistema de aceleração de cura do exoesqueleto é basicamente um sistema de baixa intensidade de pulsos de ultra-som (LIPUS, na sigla em inglês). De acordo com os criadores, dois conectores são plugados em uma das aberturas do acessório para ficar em contato direto com a pele na área lesada. Feito isso, o usuário com um osso quebrado precisa utilizar a braçadeira durante 20 minutos diários para acelerar o processo de cura, que chega a ser reduzido em 38%, para fraturas mais graves, e em até 80%, para as mais leves.
Para saber como está a recuperação do membro danificado, basta olhar para o gerador de pulsos. Segundo Karasahin, no centro do dispositivo existe um mecanismo de luzes que orienta o usuário sobre o estado do osso fraturado e do tempo de sessão dos pulsos de ultra-som. Por exemplo, se o paciente atingiu o tempo de 20 minutos de utilização do gadget, luzes começam a piscar e mudar de cor, indicando que chegou a hora de encerrar a sessão.
Karasahin afirma que o Osteoid levou quatro meses para ficar pronto. O próximo passo é a criação de um sistema de bloqueio que projete melhor o membro quebrado e acelere ainda mais o processo de cicatrização.

The Osteoid

segunda-feira, 9 de maio de 2016

Dia das Mães



Herança eterna

Por Leandra Migotto Certeza. 

Mãe é aquela pessoa que nos acompanha sempre: dentro ou fora do corpo. Dela ou de nós. Só quem tem sabe o tamanho da dor ao perdê-la. E quem nunca soube quem ela é ou foi, sente a profundidade do seu vazio. Existem seres humanos que abusam e até matam seus filhos. Será que elas tiveram mães? Provavelmente não, mesmo que tenham saído do ventre de uma mulher, pois só quem concebeu seus filhos no coração é mãe.

A minha escolheu ser 24hs a pessoa que vive dentro de mim desde que apareci no planeta. Não apenas porque ela é a responsável pelo meu nascimento, mas porque a minha vida faz parte da dela. Inconsciente ou não. Escuto a voz da minha mãe sempre. Todos os dias. Ela me vigia ao mesmo tempo em que me ensina a voar sozinha. Quando penso em ligar para ela, o telefone toca. Digo que é ‘magia’ porque ela lê meus pensamentos. Brigamos a cada amanhecer, por isso, cada vez nos gostamos mais. Aprendemos uma com a outra o desafio gostoso e trágico que é viver.

Quando eu era um bebê extremamente frágil aos olhos do mundo, só ela sabia, lá no fundo do seu coração, que eu era mais forte do que todos. Acreditou somente em meus olhos, brilhando por ser e estar. Como humana, acredito que minha mãe tenha tido medo, angústia, tristeza, receio, insegurança, dúvidas, desesperos, e muita dor. Mas como o amor incondicional de uma mãe para com seu filho sempre é mais forte, ela prosseguiu sem hesitar em trocar de lugar comigo se fosse preciso. Os cuidados físicos foram mais intensos nos primeiros anos, e só aumentaram quando eu resolvi prestar vestibular, atravessar uma rua, viajar para outro país, trabalhar, transar, me casar, entre tantas ‘loucuras’ que fiz. Imagino como deve ter sido difícil somente estar ao meu lado pronta para me segurar em seus braços, e não andar por mim.

Foi com ela que aprendi o único e verdadeiro significado de estarmos aqui: amarmos uns aos outros, mas sempre pedir nada em troca; nem mesmo um lugar no céu. Amor de mãe não se explica com teorias, práticas ou ideologias. Apenas se sente. Eu respiro sua herança. Sou feita de honestidade, lealdade, tranqüilidade, bondade, dedicação, carinho, ternura, generosidade, paciência, sabedoria e humildade que herdei dela! Também aprendi a gostar sempre de ajudar as pessoas, simplesmente, porque somos iguais na diferença.

Diferença essa, que nunca afastou minha mãe da minha imagem nas ruas ou dentro das casas. Ela sempre me viu por inteira em metade de um corpo. Sempre foi as minhas ‘pernas’ e ‘braços’ em todos os momentos e lugares (e ainda é sempre que preciso, antes de que eu peça). Sempre estava na primeira fila para me aplaudir com o maior orgulho do mundo, mesmo que só eu conseguisse ver a sua alegria em um sorriso tímido, mas em alguns momentos um pouco mais solto.

Minha mãe é aquela que passa para os alimentos o gosto de prepará-los com muito carinho às 5hs da manhã desde que nasci. É aquela ‘fada madrinha’ que deixa a casa brilhando com tanta garra ao trabalhar em múltiplas jornadas. É aquela mulher que consegue agradar à família sem ser vista ou referenciada. Por isso, a dor de vê-la sofrer muito me dilacera e paralisa. Mas quando penso que agora a luz se apagou, ouço seus passos fortes e rápidos pela casa antes de me despertar. O café já está pronto e nenhum detalhe foi esquecido. À noite faz o jantar com a mesma disposição que ficou o dia inteiro de pé para nos sustentar. Lava e passa roupa na hora em que estamos dormindo; e não se esquece de comprar o que cada um mais gosta quando vai ao supermercado. Cuida demais de nós sim. E por isso, muitas vezes, se esquece de se cuidar. Por isso, entramos em desacordo quando discutimos sobre a vida. Aprendemos uma com a outra, mas minha mãe me ensina muito mais porque veio primeiro e deixou o terreno preparado para mim.

Cristina é uma mulher de opinião forte, idéias muito criativas, grande agilidade, rapidez, perseverança, força de vontade, e determinação. Quando criança era um ‘moleque’ que empinava pipa, jogava bola e subia no telhado. Sempre fez travessuras. Gosta de animais, de música, artes e livros. Mas o que mais curte é esporte. Adora ver os jogos na TV, corre, caminha e anda de bicicleta. Nunca me deixa fora de algum passeio. O mais recente foi a viagem de trem para Paranapiacaba (interior de São Paulo). Minha mãe fez a loucura de me empurrar (junto com meu tio) na cadeira de rodas pelas ladeiras íngremes e cheias de buracos da cidade histórica completamente inacessível para pessoas com deficiência física. Confesso que nem acreditei quando vi as ruas de paralelepípedo. Meu marido disse que só ela mesma para nos levar ali...

Ultrapassamos inúmeras barreiras e limites, fora e dentro de nós! Foi inesquecível. Planejamos cada minuto com tanto carinho, sonhamos com cada momento, mas só na hora é que sentimos o poder do amor. Marcos (seu genro) ficou de boca aberta, e disse ao deitar na cama naquela noite que também é seu filho de coração. Eu sou mais do que filha. A amizade nos une para sempre como a melhor herança que alguém pode receber de uma mãe!  

Mãe, eu te amo e serei sempre grata a você!

PS: Escrevi este texto em 2010. Hoje estou casada há 2 anos e vivo com o meu marido. Mas minha mãe continua cuidando de mim 24hs dos 365 dias do ano, e também do genro-filho que ganhou. É ela quem prepara pratos gostosos e leva para nós, lava a minha roupa mais delicada, faz compras no supermercado, telefona todos os dias para saber como estamos e nos dá broncas. Também ainda continua me dando carona e ajudando em tudo o que preciso. 

Agora, o mais importante é que ela continua presente muito mais em ações, conselhos, conversas, e exemplos do que em recursos materiais. Como dizem, mãe e mãe, com 5 ou 40 anos de idade, menina solteira ou adulta e casada. Sempre posso contar com o amor incondicional dela e estou com ela dentro de mim porque sou o que ela me transformou: uma mulher melhor!