Por Silvia Sperling*
Depois de 2 de abril, o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, temos mais uma oportunidade para falarmos sobre a doença no dia 18 de junho, o Dia do Orgulho Autista. Mas por que a data alusiva ao orgulho? Orgulho de quê?
Muitos sustentam a bandeira de que é necessário promover a diversidade e que a pessoa com autismo é somente uma pessoa que compreende o mundo de uma forma distinta da maioria, e que portanto não se deve procurar a cura, pois não é uma doença e sim um modo de ser.
É claro que lutamos por um mundo mais tolerante com as formas físicas e intelectuais, e que o convívio com o diferente sempre enriquece. É verdade também quem tem autismo nos faz enxergar além do que nos habituamos e fomos criados para atentar, e nos obriga a pensar modos alternativos de viver.
Mas temos que lembrar que as características do espectro autista estão presentes em uma parcela significativa da população e abrange desde pessoas com traços leves, que não comprometem seu desenvolvimento físico e intelectual, e consequentemente a inserção escolar e no mercado de trabalho, até casos de regressão ou interrupção na evolução normal da criança, ocasionando formas de autismo moderado a severo, com prejuízos importantes na linguagem, compreensão, comportamento e autonomia.
Como o pai ou mãe de um filho com autismo moderado ou severo pode concordar com a idéia de que seu filho não é doente e portanto não necessita ser curado?
Temos que nos orgulhar sim, de nossos pesquisadores que buscam incessantemente as causas biológicas do autismo e que desta forma poderão desenvolver medicamentos e terapias eficazes na regressão dos sintomas incapacitantes desta patologia.
Temos que nos orgulhar também da crescente divulgação sobre o autismo e a desmistificação das pessoas com autismo. Da batalha por inclusão em escolas regulares com profissionais qualificados e convívio social integral.
E por fim, temos que aproveitar a data para nos orgulharmos de nossos filhos, familiares e amigos com autismo: únicos e corajosos, que desafiam nosso entendimento e cativam nossa admiração, superando as barreiras impostas pela doença, fazendo emergir quem tem autismo e imergir o autismo como síndrome.
*Silvia Sperlig é nutricionista, mãe de Otávio Sperling Canabarro, (7 anos com autismo) e escreve suas experiências no BLOG: HTTP://autismo-umavidaempoucaspalavras.blogspot.com
Descrição da imagem: Silvia e Otávio juntos contemplando uma linda paisagem.
Descrição da imagem: Silvia e Otávio juntos contemplando uma linda paisagem.
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