A poucos passos do sonho
o esqueleto não ousa
aproximar-se do espelho
em que sonha:
sólida amação de carne
revestida de ossos frios.
Em seu interior, medula
afortunada, uma a uma
se recolhem as velhas sombras.
Quem o sonha ou quem
o vive? Quem o ampara
em sua levitação de asa,
corpo inútil em pleno vôo?
Fruto maduro sem polpa,
carne de outros ossos,
um esqueleto caminha
dentro do sonho em que é núvem,
poeira perdida no ar da manhã que surge.
Carlos Felipe Moisés - 1998 - Lição de Casa & Poemas anteriores - Nankin Editorial.
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