quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Ano Novo, Férias e Aniversário em Lambari - Minas Gerais































































Mulheres com deficiência



Fonte: http://revistaforum.com.br/digital/179/tao-linda-e-na-cadeira-de-rodas/

TÃO LINDA E NA CADEIRA DE RODAS

Tão linda e na cadeira de rodas
Cercadas por esterótipos e exploração midiática de suas vivências, as mulheres com deficiência demandam atenção para suas especificidades e criticam o silêncio dos movimentos sociais, questionando a ausência de suas pautas também no Feminismo
Por Jarid Arraes | Foto de capa: Reprodução/Facebook
Na cultura midiática brasileira, as pessoas com deficiência geralmente são retratadas em contextos estereotipados e reducionistas. O discurso típico a seu respeito costuma se limitar a dois polos: a negação da autonomia e a exploração da imagem dessas pessoas, apelando para situações que despertam sentimentos de pena ou motivação para quem não tem nenhum tipo de deficiência. São muito comuns as histórias de superação, contadas para comover a audiência a partir das dificuldades vivenciadas por quem tem deficiência. Muita gente ainda é surpreendida quando esses indivíduos demonstram que possuem liberdade de escolha e plena capacidade para viver em sociedade.
Para além dos clichês e ofensas que atingem as pessoas com deficiência, ainda se faz necessário afunilar essa discussão e buscar um maior aprofundamento nessa realidade, algo que possibilite reflexões mais complexas e abrangentes sobre deficiência. Por reconhecerem essa urgência, o grupo Inclusivass surgiu em Porto Alegre. O coletivo feminino é composto por ativistas pelos direitos das mulheres com deficiência e as integrantes atuam em diversas organizações e movimentos, articuladas pela ONG Coletivo Feminino Plural. O grupo é formado por mulheres com ou sem deficiência e tem como objetivo fortalecer as políticas públicas para as mulheres com deficiência, considerando os recortes de gênero, raça, etnia e outras formas de viver a diferença.
“Embora nós, mulheres com deficiência, sejamos vítimas das mesmas formas de violência cometidas contra as demais mulheres, sofremos pela discriminação constante baseada na deficiência e estamos em maior vulnerabilidade, o que leva a maus tratos de toda ordem”, explica Claudia Sobieski, assessora do grupo. Apesar dos dados escassos, há evidências que comprovam essa realidade: “Há vários estudos sobre isso, um deles é um estudo feito no Canadá. Foram enviados questionários para 245 mulheres com deficiência. Das que responderam, 40% relataram que elas foram vítimas de abuso e 12% disseram que foram estupradas. Contudo, menos da metade destes incidentes foram registrados. A falta de comunicação em formatos acessíveis dificulta para as mulheres com deficiência o acesso à informação sobre os serviços disponíveis, fazendo com que muitas vezes elas não denunciem ou procurem ajuda. Mulheres com deficiência cognitiva, por exemplo, são alvos por não terem sua palavra considerada e respeitada”, diz Sobieski.
Infelizmente, essa realidade de violência não é de fato compreendida ou considerada pela sociedade. Essa crítica, aliás, não diz respeito somente às camadas despolitizadas, pois lamentavelmente as pautas das mulheres com deficiência também não são abordadas em muitos contextos de luta do movimento feminista. A dificuldade de garantir representatividade efetiva não é nenhuma novidade para as mulheres que lutam pelos direitos femininos, mas é preciso dar passos além do ato de reconhecer carências e falhas.
“O objetivo do grupo Inclusivass é sensibilizar o movimento de mulheres e os Conselhos de Direitos da Mulher para que assumam a nossa agenda como parte da agenda geral das mulheres”, afirma Sobieski. “Esta é uma perspectiva nova, talvez a mais nova de todas para os movimentos de mulheres. Sabemos que desde 1990 vários segmentos se organizaram: as mulheres negras, as trabalhadoras, as jovens e, agora, as mulheres com deficiência. É preciso levar a todas as mulheres a ideia de que a acessibilidade é um tema constante, pois é ela que garantirá às mulheres com deficiência chegar a todos os lugares, efetivando assim a sua inclusão na sociedade”.
Entre as demandas específicas, se faz necessária a especificação de reivindicações, tais como o direito à saúde integral, com lugares e aparelhos adaptados, e direitos sexuais e reprodutivos, como o planejamento familiar, a gestação e a maternidade com cuidados especializados e humanizados, incluindo as mães com deficiência no acompanhamento escolar e de saúde das crianças. “A acessibilidade é a possibilidade para que todas nós façamos parte do mundo como pessoas com dignidade e direitos”, finaliza Sobieski.
Combater os estereótipos e a invisibilidade não é uma tarefa fácil. Não obstante, assim como as mulheres do Inclusivass, há feministas autônomas que dedicam seus espaços na rede para promover conscientização e levantar colocações que provocam o lugar comum de quem não possui alguma deficiência ou não convive com familiares que vivem essas diferenças. A advogada e psicoterapeuta Mila Correa D’Oliveira se destaca por sua abordagem direta e feminista. A entrevista concedida por ela pode ser lida na íntegra:
(Foto: Arquivo pessoal)
“A deficiência não está dentro dos padrões, portanto, acham que se uma pessoa, “apesar” da deficiência, se mantém bonita, é algo a ser apontado”, diz a advogada e psicoterapeuta Mila Correa D’Oliveira (Foto: Arquivo pessoal)
Fórum – Na sua descrição no Twitter, você faz um tirada com algo bastante repetido sobre mulheres cadeirantes: “Tão linda e na cadeira de rodas”.  Como é a questão do padrão de beleza para as mulheres com deficiência?
Mila Correa D’Oliveira – Quando eu falo sobre “tão linda e na cadeira de rodas”, eu estou reproduzindo, de forma irônica, a maneira ridícula como as pessoas me tratam, desde criança. Eu sou bombardeada por essa frase desde sempre, sempre com um certo tom de pena, algo como “ela não merecia estar aí” ou “a deficiência não tirou sua beleza”. Ou seja, tudo errado. Como se as pessoas consideradas bonitas não “merecessem” passar por uma deficiência, pior, como se deficiência fosse uma espécie de castigo nas quais as pessoas que elas consideram bonitas não deviam passar, porque beleza seria uma virtude. De uns tempos pra cá, eu tenho retrucado “ah, então, se eu fosse feia, podia?”, elas riem, ficam sem graça, acham que eu estou de piadinha, muitas vezes nem percebem o erro na frase.
Essa coisa do “tão linda e na cadeira de rodas” está intimamente ligada também à questão do padrão de beleza. A deficiência não está dentro dos padrões, portanto, acham que se uma pessoa, “apesar” da deficiência, se mantém bonita, é algo a ser apontado. Outro completo absurdo, porque sabemos que beleza não está apenas no que está dentro dos padrões. Comumente vemos que a beleza da pessoa com deficiência, quando retratada em comerciais ou ensaios de moda, é sempre aquela muito próxima à do padrão. A pessoa com deficiência que foge qualquer coisa disso vai ser lembrada em histórias de superação, heroísmo ou algo assim, dificilmente vai ser retratada a beleza do diferente, do destoante, que a deficiência traz.
Fórum – Você acha que é necessário buscar um recorte de gênero no ativismo por acessibilidade? 
D’Oliveira - Eu fico muito feliz e confiante no futuro quando vejo o quanto está se falando sobre gênero, sobre racismo e direitos LGBT, mas eu ainda sinto muita falta de ver a opressão sofrida pelas pessoas com deficiência. O próprio termo “capacitismo” é pouco difundido, ainda se vê perpetuando estereótipos do herói, da vítima – em relação à mulher com deficiência no Feminismo. Há que se falar mais em acessibilidade, não somente física, mas atitudinal, mostrar que é somente através da acessibilidade que se pode terminar a opressão sofrida pelas pessoas com deficiência, tirar desse ranço assistencialista que só nos separa.
A acessibilidade é muito importante, funciona como meio de inclusão, na medida em que quanto mais se convive, mais se atenta à inclusão, ao respeito aos direitos. Mas também a necessidade de se dar visibilidade às pessoas com deficiência tem que vir para que essa acessibilidade seja vista como um benefício para todos, pois uma sociedade que convive com a diversidade só tem a ganhar. A acessibilidade, sua base de desenho universal, preconiza que os ambientes devem ser feitos de maneira a receber adequadamente as pessoas independentemente da sua configuração de corpo; assim, acessibilidade não é feita somente para pessoas com deficiência, acessibilidade não é só adaptar, “dar um jeitinho”, é incluir, é perceber que os ambientes devem servir às pessoas e não o contrário.
Fórum – É possível afirmar que mulheres que possuem algum tipo de deficiência estão mais vulneráveis à violência doméstica ou outros tipos de abusos?
D’Oliveira - As estatísticas comprovam que sim, pessoas com deficiência em geral, homens e mulheres, especialmente aqueles com deficiência intelectual, sofrem mais abusos do que as outras pessoas. Os motivos comuns, como a dependência psicológica e financeira, ficam ainda mais acirrados quando tratando dessas pessoas. Muitas delas não têm acesso a educação e renda e reproduzem a ideia da sociedade opressora de que precisam da piedade, do assistencialismo do outro, dificultando ainda mais a quebra desse ciclo de violência doméstica.
Fórum – Na sua opinião, o movimento feminista aborda esse tema de forma suficiente? Falta atenção e informação ou você acompanha bons trabalhos relacionados?
D’Oliveira – Na minha opinião, não aborda. O Feminismo, por mais boa vontade que tenha, está inserido nessa sociedade excludente, que invisibiliza a pessoa com deficiência e, assim, reproduz, ainda que em menor escala, essa exclusão. As feministas negras foram as primeiras a denunciar as falhas em tratar sobre todas as mulheres e eu sinto o mesmo em relação às mulheres com deficiência. Há que se fazer um esforço para incluir nossas demandas; como se falar em direito reprodutivo das mulheres com deficiência se as pessoas ainda têm dúvidas se deficiente pode parir? Como proteger milhares de mulheres com deficiência dos abusos sexuais se há um enorme silêncio acerca da sexualidade da pessoa com deficiência? É preciso vitimizar menos as mulheres com deficiência, dar voz, fazer elas tomarem conta dos espaços. Eu entendo que é preciso também proteger, mas há de se ter cuidado para não pecar justamente nesse paternalismo, que já é tão recorrente. Não tenho embasamento teórico para dizer quais são as correntes do Feminismo, mas confesso que já me incomodei com setores que sacralizam o corpo, que retiram nossa agência, nos infantilizam.
(Foto: Arquivo pessoal)
Reunião do grupo Inclusivass, de Porto Alegre (Foto: Arquivo pessoal)
Fórum – Você percebe um tipo de misoginia relacionado especificamente às mulheres que possuem algum tipo de deficiência? 
D’Oliveira – Eu percebo, sim. Assim como a grande parte das ofensas capacitistas, a misoginia com relação às pessoas com deficiência passa desapercebida pelas demais pessoas. Eu sinto que as mais frequentes são as que diminuem o papel da mulher com deficiência como sujeito autônomo. Nos casos de reprodução, por exemplo, há relatos de mulheres com deficiência congênita que recebem sugestões do tipo “melhor não ter filhos, caso ele nasça com deficiência”, um claro caso de eugenia. Existe também a solidão da mulher com deficiência que é vista como incapaz de exercer funções dentro e fora de casa, portanto, inapta a se relacionar. É feita de maneira silenciosa, mas efetiva, essa separação. Há também o acesso à saúde e isso vale para homens e mulheres, pois uma parte da rede de saúde, seja pública ou particular, tem acessibilidade ruim. Ou seja, se para uma pessoa sem deficiência já é difícil cuidar da saúde, no nosso caso é ainda pior. Macas altas, consultórios com espaços mínimos, desinformação dos profissionais e transporte público ruim vêm afastando pessoas com deficiência dos centros de saúde e causando uma enorme perda. Existem inúmeros tipos de deficiência, cada uma com suas demandas e visões, e seria importante abrirmos cada vez mais espaços para conhecer todas elas. Só assim teremos oportunidade de diminuir a opressão.

terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Feliz Ano Novo Inclusivo

Queridos amigos e queridas amigas, 

A minha mensagem de Ano Novo é que o processo de inclusão se amplie 365 dias de 2015 com muita força! 

Minha ampla experiência como jornalista com deficiência física, desde 1998, além dos meus 38 anos de vida com a Osteogenesis Imperfecta, vivendo na megalópole São Paulo, casada, usuária de cadeira de rodas, e com recursos financeiros medianos, comprova que a realidade das pessoas com qualquer deficiência ou condição psíquica em um país como o Brasil ainda é cheia de preconceitos e discriminações na privação de exercerem seus direitos básicos de cidadania. 

Hoje, infelizmente, ainda existem MUITAS pessoas com deficiência sobrevivendo em condições precárias em instituições 'depósito', largadas a própria sorte, olhando para as paredes brancas 365 dias do ano, apenas sendo alimentadas e higienizadas. Os ladrões que administram essas instituições - em sua grande maioria ligadas à igreja - as interditam judicialmente e roubam o benefício do INSS que elas tem direito a receber. 

O meu marido viveu situações de tortura e agressões, além de constatar a utilização de alimentos vencidos sendo dados aos internos que na maioria das vezes também ficavam sujos em suas camas porque suas fraudas não eram trocadas. Hoje, essas mesmas instituições, ainda mantém pessoas com deficiência largadas sem tratamentos de fisioterapia, terapia ocupacional, e outras demais atividades que lhes garantam uma qualidade de vida melhor. Infelizmente, essa é a realidade atual de muitas instituições brasileiras, mesmo o país tendo avançado em muitos aspectos, principalmente, legais, como a ratificação da Convenção da ONU. Todas as leis brasileiras, precisam sair do papel, e serem colocadas em prática. 

Seguimos lutando fortes e esperançosos que dias melhores virão! Avante!!

Nova Relatora da ONU quer popularizar a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência

sexta-feira, dezembro 26, 2014 - http://www.inclusive.org.br/?p=27323

Por Patricia Almeida

A luta pela inclusão das pessoas com deficiência ganhou um importante reforço a nível internacional neste final de ano. Em resposta às demandas da sociedade civil, o Presidente do Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas, Baudelaire Ndong Ella, apontou a costa ricensse Catalina Devandas como nova Relatora Especial sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência. O mandato, criado em 2014 durante a 26a. sessão do Conselho, é estratégico e confere maior destaque às questões relativas a um bilhão de pessoas com deficiência, cerca de 15% da população mundial, dentro do âmbito dos direitos humanos.

Há décadas o movimento social das pessoas com deficiência tenta desvincular o assunto das áreas da saúde e assistência e incluí-lo no âmbito dos direitos humanos, de modo a ser tratado de forma transversal nas ações programáticas das políticas públicas. A ideia é que todos os programas, na área da saúde, trabalho, esporte, educação, cultura, etc, devem ser acessíveis e incluir a todos os cidadãos. A reafirmação desta noção é muito importante, uma vez que significa a transição do chamado modelo médico para o modelo social da deficiência. No modelo médico, o indivíduo com limitações era visto como objeto de assistência e caridade. Já no modelo social, ele é reconhecido como sujeito de direitos. Neste modelo, a deficiência, que antes era entendida como um problema individual da pessoa, passa a ser vista como resultante das barreiras impostas pelo meio ambiente. A responsabilidade de prever e se ajustar à diversidade e às necessidades de cada indivíduo agora é da sociedade. Com isso, cabe aos governos e à sociedade em geral construir estruturas acessíveis e promover adaptações de modo a equiparar oportunidades e incluir o indivíduo com deficiência.

Procedimentos Especiais

A questão entrou para a pauta dos grandes assuntos discutidos pelos Estados Membros da ONU. Existem no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, os chamados Procedimentos Especiais, que são acionados quando determinado assunto ou país merece uma atenção diferenciada de seus membros, e peritos independentes são chamados para preparar informes e emitir pareceres. Dentro dos Procedimentos Especiais podem ser apontados Relatores Especiais, Especialistas Independentes ou Grupos de Trabalho sobre um determinado tema ou país.

Há hoje, por exemplo, 3 brasileiros que possuem mandatos dentro dos Procedimentos Especiais. Gabriela Knaul é Relatora Especial sobre a Independência de Juízes e Advogados, Leo Heller para o Direito Humano à Água Potável e Saneamento e Paulo Sergio Pinheiro, que é o Relator Especial sobre a situação dos Direitos Humanos na Síria.

Deficiência e a ONU

A partir da adoção da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, em 2006, e sua ratificação por 151 países, entre eles o Brasil, onde entrou na legislação como norma constitucional, o tema da deficiência tem ganhado maior visibilidade. Ademais da Convenção, o Protocolo Facultativo, também aprovado por vários países, inclusive o Brasil, prevê que indivíduos ou grupos denunciem os Estados que descumprirem a Convenção. Quem analisa os pedidos é o Comitê sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, um grupo de 18 especialistas independentes, apontados pelos Estados que ratificaram a Convenção. O Comitê se reúne periodicamente em Genebra e monitora a implementação da Convenção pelos Países-Membros a partir de relatórios enviados pelos governos.

Para impulsionar o tema, em 2011 o cantor Stevie Wonder, que é cego, foi convidado para ser Mensageiro da Paz das Nações Unidas, com a tarefa de popularizar a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência. Wonder foi fundamental no processo de aprovação do Tratado de Marrakech, de 2013, que criou exceções ao direito de autor e abre a possibildade de livros acessíveis para as pessoas com deficiência visual.

Leia mais sobre o tratado:


Ainda em 2013, Lenín Voltaire Moreno Garces, ex-Vice Presidente do Equador, que é cadeirante, foi apontado como Enviado Especial do Secretário-Geral das Nações Unidas sobre Deficiência e Acessibilidade, para promover os direitos das pessoas com deficiência, especialmente no tocante à acessibilidade.

Veja entrevista com Moreno:


Objetivos do Milênio
Apesar dos grandes avanços que a Convenção e as políticas pela inclusão e acessibilidade que vêm sendo instituídas a nível nacional e local, ainda existe uma grande distância entre os compromissos assumidos pelas nações e a experiência diária dos cidadãos com deficiência, mesmo em países desenvolvidos.

A ONU reconheceu que as pessoas com deficiência não foram levadas em conta no planejamento dos Objetivos do Milênio e em 2014, a Assembleia Geral em Nova York, adotou medidas para acelerar o processo de inclusão dentro da agenda pós-2015.

Conheça as medidas:

Relatora Especial

É neste contexto que a Relatora Especial sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, Catalina Devandas, assume o mandato de 3 anos, prorrogável por mais três. O cargo é voluntário e independente.

Saiba mais sobre o mandato

Catalina foi escolhida entre 22 candidatos de todo mundo, 6 mulheres e 16 homens. Entre eles, 3 foram os finalistas, Catalina, Pamela Molina Toledo, do Chile e Lofti Ben Aallahom, da Tunisia.

Mais sobre o processo de escolha

A nova Relatora Especial trabalhou no Banco Mundial com Deficiência e Desenvolvimento Inclusivo e no Secretariado da ONU para a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, em Nova York. Desde 2008 está no Disability Rights Fund , em Genebra, como Diretora do Programa para Parcerias Estratégicas para países alatino-americanos.

Aos 39 anos, Catalina é casada e tem 3 filhas. Nasceu com espinha bífida, uma deficiência que afeta a coluna e provoca limitações físicas. Enfrentou dificuldades ao crescer com deficiência na Costa Rica, mas como sempre foi incluída na família e na escola, era tratada como uma menina qualquer e aproveitou todas as oportunidades que teve. Na faculdade estudou Direito e foi muito ativa politicamente como estudante. Depois passou a trabalhar pela garantia dos direitos das mulheres. Nunca tinha participado do movimento das pessoas com deficiência até que um dia, em 1998, um amigo a convidou para um evento sobre os direitos das pessoas com deficiência. Catalina conta que sentiu imediata identificação com as discussões e entendeu que havia encontrado seu lugar.

Sobre os direitos das pessoas com defciência na sociedade é taxativa: “Não queremos caridade”. E é este posicionamento que prentende levar adiante em seu mandato. Catalina afirma que a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, de cuja elaboração participou, é uma ferramenta magnífica que os países têm em mãos. Como Relatora Especial ela pretende ir além do trabalho básico que é visitar dois países por ano, fazer relatórios e apresentá-los ao Conselho de Direitos Humanos. Também não vai ficar restrita aos países que ratificaram a Convenção ou aqueles que são denunciados por não cumprí-la. Acha que o tratado deve ser ratificado nos países que ainda não o adotaram e precisa ser popularizado. A partir da Convenção cada governo deve buscar medidas, de acordo com suas próprias realidades, para promover os direitos delineados nela, diz. “Também quero visitar países que estejam encontrando soluções criativas e acessíveis para promover a qualidade de vida das pessoas com deficiência. Quero ir a eventos e aproveitar para conversar sobre cooperação, especialmente nos países do sul.”

Sobre o significado do Conselho de Segurança tê-la escolhido – uma mulher latino-americana, jovem e com deficiência – para ocupar este cargo, comentou, “acho que é um sinal de que as coisas estão mudando. Nas primeiras reuniões sobre deficiência só havia representantes de países ricos, muitos da área médica. Agora estamos saindo da invisibilidade e vemos maior participação política das proprias pessoas com deficiência dos países em desenvolvimento, que são as que mais precisam de avanços”. Segundo a Relatora, que teve uma irmã com deficiência intelectual, é muito importante incluir aqueles que são mais excluídos dentro do segmento da deficiência, como os que têm deficiência intelectual e psicossocial. “Todos, independente de origem social, étnica ou econômica, têm que estar incluídos e exercer os seus direitos. A discussão sobre a capacidade legal e a desinstitucionalização devem ser prioritárias.”

Regina Atalla, vice-Presidente da Riadis, Rede Latino-Americana de Organizações Não Governamentais das Pessoas com Deficiência e suas Famílias, da qual Catalina foi membro, comemorou a sua escolha. “Ela é uma mulher com deficiência latino-americana com profundo conhecimento da CDPD e grande capacidade de articulação, que reúne a sua origem como militante da sociedade civil a experiência de trabalho em diferentes organismos internacionais. Estamos animados com a sua nomeação neste novo posto da ONU, na expectativa de avanços para o cumprimento dos direitos das Pessoas com Deficiência em todo mundo e particularmente na America Latina e Caribe”.

Ouça a entrevista que Catalina Devandas concedeu à Rádio ONU

No último dia internacional da pessoa com deficiência, Catalina estreou no cargo, soltando a nota abaixo, junto com o enviado especial e o Comitê da Convenção

Mensagem sobre o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência – 03 de dezembro de 2014

03 de dezembro de 2014
DECLARAÇÃO CONJUNTA
Relatora Especial sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência
Comitê sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência
Enviado Especial do Secretário-Geral sobre Deficiência e Acessibilidade

GENEBRA (3 de dezembro de 2014) – Para marcar o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, nós – a Relatora Especial sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, o Comitê sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e o Enviado Especial do Secretário-Geral sobre Deficiência e Acessibilidade – unimos nossas vozes para:

Aplaudir a recente nomeação pelo Conselho de Direitos Humanos da primeira Relator Especial sobre os direitos das pessoas com deficiência. Com a criação deste novo mandato, o sistema das Nações Unidas continua a fortalecer os seus esforços no sentido de reconhecer, promover, implementar e monitorar os direitos das pessoas com deficiência.

Felicitar os Estados Partes e parceiros pelo progresso promissor em incluir os direitos das pessoas com deficiência em uma agenda de desenvolvimento pós-2015 que seja sustentável, inclusiva e acessível, e oferecer o nosso apoio e colaboração para garantir que as conquistas sejam mantidas e que os objetivos se traduzam em metas e indicadores significativos, onde as pessoas com deficiência sejam refletidas como detentoras de direitos humanos, e como agentes e beneficiários do desenvolvimento.
Cumprimentar pelas medidas adotadas pelos Estados Partes para garantir os direitos das pessoas com deficiência em situação de risco e emergências humanitárias, em conformidade com o artigo 11 da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (CRPD), incluindo a promoção de um enfoque baseado em direitos humanos das pessoas com deficiência no processo preparatório para a III Conferência Mundial para a Redução do Risco de Desastres, realizada em março de 2015, em Sendai, Japão foco e compromisso de vários atores, como indicado pelo Representante Especial do Secretário-Geral para a Redução do Risco de Desastres, o país anfitrião e da Fundação Nippon, para fazer a conferência totalmente acessível para pessoas com deficiência.

Incentivar representantes dos Estados Partes que participam na Conferência sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas, em Lima, Peru, para ter em conta o impacto das mudanças climáticas sobre a vida das pessoas com deficiência e para incluir referências a seus direitos e requisitos no documento final.

Enfatizar que esses processos e outros, igualmente devem ser guiados pela Convenção, que têm os direitos humanos em seu núcleo. A ratificação do tratado é um primeiro passo importante; é um compromisso pela implementação. Por isso, apresentamos um apelo a todas as partes interessadas – os Estados Partes, o Conselho de Direitos Humanos, as agências das Nações Unidas, as instituições nacionais de direitos humanos, organizações de pessoas com deficiência e sociedade civil em geral – para trabalhar para a ratificação universal da Convenção e seu Protocolo Facultativo. Com 151 partes contratantes, desde 2006, a Convenção tem obtido um número impressionante de ratificações em um curto período de tempo. Esta é uma prova clara da importância de que os estados se empenhem em preencher a lacuna de proteção, que anteriormente fazia com que as pessoas com deficiência fossem invisíveis nos esforços de direitos humanos. Esperamos chegar à ratificação universal com todos vocês.

FIM

Para mais informações sobre o Relator Especial sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu mandato, por favor consulte:
Contato: sr.disability@ohchr.org


Para mais informações sobre o Comitê sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, por favor visite:http://www.ohchr.org/EN/HRBodies/CRPD/Pages/CRPDIndex.aspx
Contato: crpd@ohchr.org

Para mais informações sobre o Enviado Especial do Secretário-Geral sobre Deficiência e Acessibilidade, por favor contate: se.disability@unog.ch
Fonte – Inclusive

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Natal da Solidariedade

Imagens das festas lindas de Natal com amigos e amigas das associações que somos voluntários! 

Eu e o meu amor Marcos dos Santos sempre estamos ao lado de pessoas que precisam de nosso carinho e solidariedade. 

Este ano apadrinhamos - junto com nossa família - 6 pessoas e doamos presentes lindos para o IPDA - Instituto de Pessoas com Deficiência do Anhaguera, e colaboramos com o almoço da Associação Brasileira de Síndrome de Williams em São Paulo. 



















quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Livros acessíveis




Coleção Adélia e sistema Braille.BR®. 
Livraria Unesp Móvel em Rio Claro - 08 a 12 de dezembro de 2014

Local: Av. 24 A, 1515 – Bela Vista – Campus da Unesp de Rio Claro
Horário: De 9hs às 19hs


Adélia Cozinheira, Adélia Esquecida e Adélia Sonhadora – texto de Lia Zatz, ilustrações de Luise Weiss, e projeto gráfico de Wanda Gomes, que enxergou no design a possibilidade de criar ferramentas que garantissem maior inclusão às pessoas com deficiência. 

Projeto desenvolvido a partir de parâmetros do Design Universal, são utilizados recursos inovadores e diferenciados que exploram também o tato e o olfato, além da visão, tornando os livros interessantes, instigantes e divertidos para todos.


  • Prêmio Fernando Pini de Excelência Gráfica– ABIGRAF/2011 
  • Prêmio Benny 2013, Prêmio Internacional de Reconhecimento - Fev/2012.
  • 10a. Bienal Brasileira de Design Gráfico/2013. Selecionada por um júri composto por 64 pessoas do Brasil e de mais 12 países.
  • Feira Internacional do Livro de Guadalajara, México/Exposição e convite para mesa de Discussão sobre o Livro Acessível - Nov/2013.
  • Bienal Brasileira de Design/2015.
Informações: 
https://www.facebook.com/ColecaoAdelia