quarta-feira, 1 de maio de 2013

Mercado de trabalho inclusivo


Seminário da IBC: "Projetos para Contratação e Inserção de Pessoas com Deficiência"

Fonte: Rede SACI em 07/11/2003

Empresas compartilham experiências em inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho

Leandra Migotto Certeza**

SÃO PAULO/SP - "Todos têm direito ao trabalho? Então, por que ainda é mais difícil encontrar pessoas com deficiência no mercado?", questionou a Procuradora do Ministério Público do Trabalho, Dra. Adélia Domingues, dia 23 de outubro durante a 5º edição do seminário da IBC "Projetos para Contratação e Inserção de Pessoas com Deficiência", em São Paulo.

Segundo o IBGE existem 24,5 milhões de habitantes com algum tipo de deficiência, o que corresponde a 14,5% da população brasileira. Sendo que 550 pessoas por dia ficam paraplégicas devido a acidentes de trânsito. Segundo a advogada Renata Quartim, aposentar as pessoas só gera gastos à sociedade que paga seus impostos, pois essas pessoas têm direito de continuar produzindo renda para o país. Recente pesquisa da Fundação Banco do Brasil e Getúlio Vargas, dos 26 milhões de trabalhadores formais ativos, 537 mil (2%) têm deficiência física, mental, auditiva, visual e/ou múltipla (união de duas ou mais deficiências). O que fazer diante dessa realidade? Empresários e organizações não-governamentais vêem discutindo cada vez mais o tema.

"É importante trocarmos experiências para construirmos projetos de inclusão eficazes que se tornarão desnecessários no futuro", ressaltou Dra. Adélia. Para a procuradora, caso o art. 7º da Constituição Federal (proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência) fosse respeitado, não seria necessário criar Lei 8.213/91. "Ela funciona como uma política afirmativa, portanto desaparecerá quando atingirmos resultados significativos".

A lei determina que empresas com mais de 100 empregados devem destinar 2 a 5% de seus cargos em aberto com beneficiários reabilitados da Previdência Social ou com pessoas com deficiências qualificadas na seguinte proporção: 2% nas empresas com até 200 funcionários; 3% de 200 a 500; 4% quando o número de empregados for superior a 500; e, finalmente, 5% para as empresas com mais de 1.000 trabalhadores. "As empresas não são obrigadas a abrir novas vagas para contratar, e sim preencherem seu quadro de funcionários - na medida que as disponibilizarem - preferencialmente às pessoas com deficiência devidamente qualificadas para a função", comentou Dra. Adélia. Conheça a Lei 8.213/91. (http://www.mp.sp.gov.br/)

"Eu sempre batalhei muito para exercer minha profissão. Em alguns momentos, mais do que a maioria das pessoas sem deficiência. Hoje as empresas já estão mais conscientes da inclusão. Antes havia só boa vontade, e na maioria das vezes somente de forma assistencialista. Agora os gestores investem em acessibilidade física e comunicacional para que todas as pessoas consigam exercer sua cidadania. E o trabalho é a melhor forma", afirmou a gerente de operações de vendas da IBM.com. Eliane Ranieri iniciou sua carreia profissional como telefonista em 1984, e hoje atua como ponto focal dentro do PWD - People With Disabilities (Pessoa com Deficiência) do Conselho de Diversidade da IBM Brasil. Conheça mais sobre Eliane em uma entrevista exclusiva. (http://www.setor3.com.br/senac2/calandra.nsf/0/8E36E287E910CE9203256D1800730794?OpenDocument&pub=T&proj=Setor3&sec=ENTREVISTA)

Projetos como esse estão sendo cada vez mais implantados em diversas empresas como a Companhia Paulista de Força e Luz - CPFL, Bauduco, Wheaton Brasil, Banco Santander, entre outras. "A maioria é formada por minorias. A sociedade é diversa. As empresas também devem tornar-se ambientes onde as pessoas se relacionem como elas são. Quem tem alguma deficiência não deixa de possuir potenciais. É preciso saber explorá-los, e não só enxergarmos as limitações", comentou Maria de Fátima e Silva, gerente da divisão de inclusão social da Gelre - empresa de colocação profissional. "Quem aqui está livre de sofrer um acidente de caro, ou ser vítima da violência com arma de fogo? E quem não vai envelhecer com alguma limitação? Vão parar de trabalhar por causa disso?" questionou Ana Cristina Souto, coordenadora do Observatório de Práticas de Inserção da Pessoa com Deficiência no Mundo do Trabalho da Rede SACI- e presidente de mesa no seminário.

"A diversidade é um dado da realidade, mas os indicadores sociais mostram que ela precisa ser valorizada (respeitada, promovida, pesar nas decisões) para que se transforme num fator efetivo de inclusão", ressaltou o gerente de segurança do trabalho, Luiz Miranda, da CPFL. Já para Célia Granata - coordenadora de recursos humanos - ter funcionários com deficiência na Bauducco valorizou a imagem da empresa e humanizou o ambiente de trabalho. "Somos os pioneiros a sermos certificados pela APAE/SP (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) com o selo, Parceiros pela Inclusão." "O trabalho é um direito, antes de tudo", esse é o lema da Wheaton Brasil, empresa produtora de vidros. Para Luiz Fontana - gerente de recursos humanos - as pessoas com alguma deficiência têm a capacidade de produzir como os demais funcionários, apenas precisam de uma oportunidade para mostrarem seu potencial. 

Informações: IBC - http://www.ibcbrasil.com/dp30337/ ou 

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