quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

O que fazer enquanto esperamos a morte?

Por Leandra Migotto Certeza*.

Viver dói. Aterroriza. Dilacera. Machuca. Dá prazer. Traz felicidade. Amor. Ternura. Doçura. PAZ. Tudo ao mesmo tempo. Tempo? Ele não existe, mas fazemos questão de medi-lo sempre.

Enquanto esperamos a morte, o que fazer?
Matarmos? Causarmos forme? Odiarmos? Roubarmos? Sermos egoístas? Passarmos por cima de outra pessoa? Lutarmos? Explorarmos? Causarmos dor? Violentarmos? Acalentarmos?
Entregarmos? Trabalharmos? Estudarmos? Alegrarmos? Construirmos? Causarmos felicidade? Sermos solidários? Criarmos? Amarmos?

A escolha é nossa, assim como a conseqüência. Que chegará mais cedo ou mais tarde. Aqui ou para onde formos. Boa ou ruim. Compartilhada ou sozinha.
Colher o que plantamos é só o que nos resta na condição imperfeita e frágil de ser humano.

Eu sempre digo as mesmas palavras, mas sinto que, infelizmente, precisarei repeti-las muitas vezes até morrer. Somos feitos da mesma matéria, e vamos voltar de onde viemos, sem saber como e nem o motivo. Por que então, teimamos em continuar nos aniquilando todas as manhãs?

Palestinos e israelitas. Negros e brancos. Pobres e ricos. Mulheres e homens. Motoristas de carros e ciclistas. Corruptos e honestos. Padres demagogos e cidadãos com deficiência inocentes. Éticos e falsos.
Somos tão pequenos que não temos o direito de brincarmos de 'senhor do planeta'. Ninguém é melhor do que ninguém. Nada é igual. Tudo é diferente. Esta é a riqueza das espécies.

Podem me chamar de guru, profetisa, maluca, utópica, charlatã, idiota, óbvia, simples demais, escritora de auto-ajuda, ou o que for. Não ligo! Digo o que penso, e penso o que sinto.
Dói ver que não evoluirmos, e ainda atropelamos ciclistas (nas ruas da cidade de São Paulo) com nossos monstruosos ônibus que transportam - como animais - trabalhadores todos os dias.
Choca ver que organismos internacionais - criados para tentar manter a paz no mundo - são completamente ignorados, e mais de 400 crianças inocentes morreram atacadas por mísseis e bombas na Faixa de Gaza.

Indigna saber que empresários corruptos brasileiros (julgados e condenados devido a provas irrefutáveis) são postos em liberdade por supostos juízes mais corruptos ainda.
Entristece ouvir o choro de um músico brasileiro tratado a socos no aeroporto da Espanha, depois de ser assaltado pelos próprios policiais espanhóis, que lhe quebraram dois dentes.
Anestesia saber que mais um cidadão com deficiência física doente (entre centenas, que vivem há mais de 50 anos em 'depósitos de pessoas') foi novamente e completamente, negligenciado em uma instituição (na cidade de Cotia, no estado de São Paulo) - a qual se diz defensora dos 'filhos de Deus' - e morreu sozinho na cama de um hospital frio.

Agora, o que mais angustia é não ter coragem de fazer algo para gritar CHEGA dentro da alma de quem se acha superior a outro ser humano! Palavras podem ser lidas ou ignoradas, assim como ações políticas, dentro ou fora dos órgãos públicos.

Tudo o que tenho são minhas idéias e palavras. Nunca vão me calar. Nem que eu tenha que sacrificar minha vida aos poucos, por não ter coragem de ser mártir e sair de cena logo.
Covarde é correr. Corajosa é ficar e viver 32 anos acreditando no AMOR. É o que faço enquanto espero a morte.

*Leandra Migotto Certeza é Escritora, Jornalista (MTb 40546), Colunista, Consultora em Inclusão (Caleidoscópio Comunicações), e Voluntária da Associação Brasileira de Osteogenesis Imperfecta - www.aboi.org.br BLOG Caleidoscópio: http://leandramigottocerteza.blogspot.com.

FLORES

Rosas e mais rosas...



Descrição da imagem: foto close (bem de perto) de vários buquês de rosas coloridas lindas: vermelhas, laranjas, rosas pinks, e rosas claras em vários formatos, de coração e bolinhas.