sexta-feira, 1 de abril de 2011

Viagem a uma montanha transparente


Queridas e queridos, 


Escrevi este 'mini-conto' no segundo ano da faculdade quando cursava uma oficina de redação com minha eterna e querida professora. Graças ao incentivo dela continuo escrevendo, mas ainda tenho MUITO o que aprender!


Espero que apreciem e comentem...


Por Leandra Migotto Certeza em 1997.

Ao olharem de longe a cidade de Leandra, só verão amontoados disformes de pedras-pomes, com violetas incrustadas por entre as fendas. Faça chuva ou faça sol, ao colocarem um espelho à frente de seus portões, verão que as violetas mudam de cor com o reflexo. 

             Mas terão de ser visitantes preparados. Com óculos de sol como 'máquinas de raio X', porque há uma névoa de palavras, as quais, desfocam a sua imagem. É o Ândrea tentando sobressair. Ele acha que dá forma a tudo o que contém. À Leandra que estava ali, antes da chegada dos “intrusos” Lamas. E que só ele restará depois que todos partirem.

            Ao olharem por entre as fendas, verão Lamas por toda parte. Como cachoeiras prateadas na noite escura, balões amarelos, mar azul, pontes levadiças... São o espírito da cidade, mesmo aqueles que chegaram há alguns minutos. São eles que levam Leandra quando emigram. Costumam fazer viagens ao espelho de uma porta ou a uma montanha transparente. Às vezes, por serem leves demais escapam por entre as frestas e evaporam como nuvens.

            Como bonequinhos de louça, existem uns que só pensam em aparecer, coloridos ou em preto e branco. E vivem recitando versos compridos, mais do que suas bocas comportam, pulando de galho em galho sem medo de se espatifarem. E outros que precisam ser sempre despertados, tamanho é o peso dos sonhos que caem sobre seus olhos.

            A verdadeira essência de Leandra é argumento para intermináveis discussões. Os Ândreas barrando a entrada e saída dos Lamas, e estes lutando por posições entre eles.

Desse jeito, parece que nenhum visitante se animará em conhecê-la. Mas, sábio será aquele - se um dia existir - que levar consigo, um espírito aventureiro e um caderninho pendurado no pescoço, em vez de cobras e lagartos. Olhar para frente com o pé atrás. E não tirar os 'óculos de raioX'. Só assim, verá....

Em uma estrela 
um brilho
Em princípio inatingível
ofuscado pelo vidro
           oprimido, impedido  
           Ilhado por sentido
           fundo, profundo
           Dentro de si mesmo