sexta-feira, 24 de julho de 2009

O Saci de Duas Pernas


Descrição da imagem: desenho do Saci Pererê com um topete marom e um gorro vermelho, seu cachimbo típico; saltitando bem alto, no meio da mata, com um sorriso largo e suas duas pernas! Acima está escrito em vermelho o nome do livro: "O Saci de Duas Pernas" e o do autor: Djair Galvão.
Livro de literatura infantil Saci de Duas Pernas dá lição sobre preconceito para as crianças.

Fonte: Revista Sentidos em 23/07/2009

Comentário SACI: Matéria do dia 17/07/09.

Um saci nasce com uma estranha condição: duas pernas! Mas o que poderia ser uma vantagem acaba se tornando um verdadeiro fardo para ele. Os outros sacis e os animais da floresta riem às suas custas e, em muitas situações, o saci de duas pernas acaba sendo excluído. Os coleguinhas de sala, por exemplo, sentem raiva porque ele é o único que consegue pular amarelinha.

Essa foi a forma, divertida e didática, que o escritor Djair Galvão Freire encontrou de apresentar para as crianças questões como o preconceito e as diferenças entre pessoas. De sua experiência como professor em escolas públicas, nasceu o livro O Saci de Duas Pernas, prestes a ter sua segunda edição lançada pela editora Anita Garibaldi.
Jornalista, natural do Rio Grande do Norte e radicado na capital paulista desde o inicio da década de 1990, Freire atuou em rádios e jornais de Natal e do interior potiguar. Em São Paulo foi colaborador da Agen (Agência Ecumênica de Notícias), do Movimento Nacional dos Direitos Humanos, do Grupo Tortura Nunca Mais e dirigiu o Jornal Página 1. É professor titular de História da rede municipal de ensino de São Paulo. Participou do projeto Educom. Rádio, da Prefeitura de São Paulo, e foi Coordenador de Projetos Educacionais do Centro Educacional Unificado (CEU) Vila Curuçá. Na entrevista a seguir o escritor fala sobre a sua obra e a importância de se discutir o preconceito entre as crianças desde a infância.
Por que é importante lidar com a diversidade desde a infância?

É fundamental porque é o único caminho para a construção de uma sociedade que tenha como base o respeito e o crescimento sadios. A família é o núcleo onde o assunto deveria ser insistentemente tratado, pois temos parentes com caras, jeitos, gestos e características diversas. Sempre que os pais são cuidadosos, lidam bem com a diversidade, a chance de uma criança crescer reproduzindo preconceitos é muito pequena, eu diria praticamente nula. Mesmo que ela encontre terreno fértil em outros locais. Claro que cabe à escola fomentar essa cultura de paz, de convivência e de respeito, pois é nela que os futuros adultos passarão pelo processo de formação complementar. E a escola é o ambiente onde a diversidade familiar é ampliada para a diversidade social.
Como você trabalhava, na prática, a questão do preconceito com seus alunos?

Sempre trabalhei como prática pessoal ao longo da vida e não poderia ser diferente na sala de aula. Foi um elemento da minha formação que levei à sala, em geral buscando razões históricas, pesquisas, redação, leitura, cinema, música. E, também, noticiário que abordava essas questões, mesmo que de forma velada.
Como eles correspondiam?

A reação deles partia da reprodução dos preconceitos que estão na mídia, nos grupos de convivência social ou familiar, mas acabavam evoluindo quando eu pedia para que a gente se colocasse no lugar de quem sofre preconceito. Ainda mais com a diversidade nas salas, diferenças socioeconômicas etc, muita gente que achava engraçado no início das discussões sempre acabava se envergonhando de reproduzir o que repetia. Nem sempre isso dava um resultado prático, pois a criança volta para casa e para seus núcleos de convivência e é pressionada a reproduzir comportamentos preconceituosos.
Até que ponto o preconceito interfere na formação e na aprendizagem de uma criança?

Interfere muito, de forma negativa, faz a criança se sentir menor, incapaz, sem condições de ir à frente, e pode também despertar comportamentos agressivos. Isso é ruim para a formação, pois a vida é feita de elementos diversos, a sociedade idem. A aprendizagem é afetada diretamente porque a preocupação de quem sofre preconceito é sempre buscar meios de fugir daquela situação, de mudar, de se "adaptar", ver-se forçado a buscar modelos que não são os reais, e até alterar comportamentos, roupas, estilo, modos de ser e de se apresentar. Isso quando não gera o conflito absurdo de levar a criança a abandonar a escola, no caso das vítimas do chamado "bulliyng" - a intimidação na escola.
O que precisa ser feito para diminuir ou mesmo acabar com preconceito entre as crianças nas escolas?

Precisamos entender que este é um processo longo, que exige persistência e atenção de pais, especialistas, professores, diretores, amigos, da sociedade como um todo. Quanto mais o assunto for abordado, e de maneira transparente, honesta e firme, menos haverá terreno para que ele prolifere no ambiente escolar. Entendo que toda escola deve ter uma política interna, uma pedagogia, definida nesse sentido. Não tolerar preconceitos, não achar que isso é "normal", como achávamos décadas atrás quando crianças eram agredidas por suas diferenças e isso era visto como "brigas de adolescentes". O estado, a escola, a família, as diversas instâncias sociais devem tomar o combate ao preconceito como medida número um. Isso não pode ser visto meramente como atividades que chamamos de "projetos". São atitudes, ações e discussões que eliminem todos os focos de reprodução do preconceito. Para isso, cinema, teatro, literatura, contos, brincadeiras, debates etc são elementos poderosos para a superação desse estágio.

Como os pais podem colaborar nessa questão?

Primeiramente, não sendo preconceituosos ou revendo suas práticas nesse sentido. A escola precisa provocar esse debate com os pais, mesmo que num primeiro momento se viva algum clima de aparente constrangimento. Isso deve ser feito pelo bem dos estudantes, da sociedade, de todos nós. Em casa, claro, a família é responsável por ampliar esse debate, se seu compromisso for em não ver o filho envolvido em situações embaraçosas, como o preconceito provoca. Ver TV e discutir com os filhos os conteúdos ajuda muito, provocar o debate e, principalmente, provar com atitudes. Esse é o segredo que todo mundo conhece, mas nem todos aplicam no cotidiano.
É possível incluir, de fato, crianças com deficiência na escola regular?

Não só é possível como é necessário. Não só porque está na lei, mas porque essa convivência provou que acrescenta muito aos dois lados. Crianças que convivem com amiguinhos que se comunicam por meio da Língua de Sinais aprendem um novo código, podem ser estimulados a buscar no outro o que este tem de melhor. Este é, fundamentalmente, o que tento fixar na escolha do Saci de Duas Pernas como personagem do meu livro.
Como avalia hoje a inclusão escolar?

A inclusão escolar não pode continuar sendo refém de um modismo, como aconteceu durante algum tempo. Em todo lugar que se chegava, no princípio, alguém repetia que ali se "trabalhava com inclusão", fosse escola, empresa, igreja, ONG, etc. Depois, todos os governos passaram a incluir a palavra nos seus programas e ações, embora a prática não fosse ainda tão clara assim. Outro dia eu debatia com professores e lembrei o seguinte: se dependesse da quantidade de programas, entidades, governos e empresas que dizem "incluir" as pessoas, certamente o Brasil não teria mais ninguém "excluído", tantos são os programas e "discursos" de inclusão que temos.

Ironias à parte, vejo que hoje a inclusão escolar tornou-se uma prática mais concreta, feita com bases mais sólidas e com grande número de pessoas realmente comprometidas, sérias. Ainda é pouco, pois o caminho é longo para que conseguirmos superar esse atraso de décadas. Basta lembrar que nossa sociedade tem em mente a inclusão como uma espécie de "purgação", de diminuir dramas de consciência. Ou seja, de ter "dó" dos que estão sendo vitimizados pelo preconceito ou que são excluídos socialmente, quando a mudança nem sempre passa pelo apoio financeiro ou social, e sim pela postura da sociedade, do cidadão, da cidadã, do administrador, do professor, do diretor da escola, do gerente.
Como você espera que o livro O Saci de Duas Pernas repercuta entre as crianças?

Espero que elas se divirtam com a figura do Saci e, ao mesmo tempo, vejam nela o amigo, o colega, o vizinho, o irmãozinho ou aquele outro que gosta de respeito, tanto quanto elas gostam. Que aprendem a se colocar no lugar dos outros, enquanto se deliciam com a história cheia de personagens do nosso folclore. E que também provoquem os pais, os outros amigos e amigas que insistirem nessa bobagem de reprodução dos preconceitos, mostrem o quanto isso prejudica. A lição é melhorar cada vez mais a geração do futuro.
Quando foi o lançamento da primeira edição?

Lancei numa escola pública da Capital, EMEF Professor Carlos Pasquale, em dezembro de 2008. Na ocasião, fui convidado a levar esse debate a diversas cidades. Em janeiro de 2009, viajei a convite da Fundação José Augusto, do governo do Estado do Rio Grande do Norte, onde lancei o livro em sete cidades - começando por Natal. Em vários desses municípios, realizei debates em diversas instituições, inclusive em escolas. Aqui em São Paulo, debati o tema com professores de escolas públicas de Itaquaquecetuba, na região do Alto Tietê, entre abril e maio passados, e também estive em cidades da região de Presidente Prudente, em abril, dentre as quais Paraguaçu Paulista, Adamantina, Presidente Bernardes, Iepê e Prudente. O Brasil é muito grande e a carência por discussões desse porte são ainda maiores, principalmente nas pequenas e médias cidades brasileiras, onde nem todo escritor pode ou quer ir. Minhas primeiras experiências nesses locais me indicaram que estou no caminho certo, e quero ampliar esse trabalho com o apoio de educadores, prefeituras, governos estaduais e da nova editora.
O que a segunda edição trará de novo em termos de conteúdo?

A segunda edição é, na verdade, a ampliação da primeira, que foi uma produção independente que lancei por um selo editorial aqui de São Paulo. Agora, neste segundo semestre, sairá a segunda edição pela editora Anita Garibaldi. Nossa meta é atingir mais e mais cidades de São Paulo e de outros estados do país.

O Livro
O livro O Saci de Duas Pernas usa figuras conhecidas dos mitos e lendas para refletir sobre a necessidade do respeito sem limites às diferenças. O personagem central da fábula nasce com "necessidades especiais" e sofre muito até ser aceito no mundo em que vive. A história é cheia de criaturas que são "normais" exatamente porque são "diferentes". Compreender isso é essencial para aceitarmos os que não são iguais a nós na forma, no conteúdo e no jeito de ser.
Saiba mais sobre o livro O Saci de Duas Pernas no blog www.sacideduaspernas.blogspot.com




Educação é para TODOS

FBASD: Mobilização em apoio a Resolução Nº13 de 2009 e pedido de imediata homologação ao Ministério da Educação.

Fonte: Agência Inclusive em 23/07/2009

Abaixo-assinado de cidadãos brasileiros, entidades em defesa das pessoas com deficiência, organizações sociais e educacionais.

Exmo Sr Fernando Haddad Ministro da Educação,

Nós, abaixo-assinados, cidadãos brasileiros, entidades em defesa das pessoas com deficiência, organizações sociais e educacionais, solicitamos ao Ministério da Educação a imediata homologação da Resolução No. 13 do Conselho Nacional de Educação, um avanço inequívoco em direção a uma sociedade justa, inclusiva e com cidadania para todos.

Acreditamos que a educação inclusiva é base para a autonomia e para a vida independente e consideramos que o direito todo aluno de estudar na classe comum da escola regular é um direito dele; constitui obrigação da família, da sociedade e do Estado. A proposta de manter a educação segregada para crianças, adolescentes e jovens implica em abrir mão de um direito constitucional, dispondo de um direito que, por natureza, é definido como indisponível.
Falar em educação não implica tratar apenas do hoje, mas também do amanhã e do futuro de pessoas com deficiência que um dia deixarão de ser alunos e que devem ter o direito de viver em sociedade e fazer suas próprias escolhas. Devem também ter direito de acesso aos apoios quando necessário, à saúde, à cultura, ao trabalho, ao lazer, ao envelhecimento com dignidade e ao pleno exercício da cidadania.
Lutamos e exigimos que na escola comum as pessoas com deficiência sejam atendidas em suas especificidades . Mas não vamos consentir que, sob o pretexto das “dificuldades do convívio e de apoios, da falta de capacitação e da dificuldade de aprendizado” e até mesmo de possíveis falhas – considerando que esta é uma mudança de paradigma para a escola e a sociedade – que os retrocessos aconteçam, com a tentativa de manter a política de segregação.
Entendemos a importância do Atendimento Educacional Especializado, fortalecido pelo Decreto nº 6.571, de 17 de setembro de 2008, que acontece necessariamente no contraturno atendendo às especificidades dos alunos com deficiência, assim como o Parecer nº 13/2009, que fortalece ainda mais o AEE e a Educação Inclusiva, direito indisponível e inquestionável garantido pela Constituição Federal nos art. 205, 206 e 208 e pelo art. 24 da Convenção Sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, ratificada pelo Brasil través do Decreto legislativo 186/2008, com status de emenda constitucional.
É importante considerar que, assim como a sociedade, a escola deve servir a todos (as) e levar em conta que a educação é essencial na vida de qualquer pessoa, bem como a convivência e o rompimento das barreiras do preconceito que os alunos com deficiência enfrentam. Quanto menor o convívio, mais as pessoas com deficiência serão consideradas como “especiais”, que pertencem a um mundo à parte. Agindo desta forma, mais dificuldades deixaremos como legado para seu futuro, quando não mais estaremos presentes.
Acreditamos que é justamente para evitar discriminar e segregar que a nossa Lei Maior garante esse direito que se traduz em dever para a família, sociedade e Estado, assim como a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, que vigora no território nacional com valor de Emenda Constitucional garante a inclusão plena para pessoas com deficiência desde o seu nascimento.
Defendemos a inclusão total e incondicional de todas as pessoas em todos os contextos sociais e o direito de serem beneficiárias dos bens públicos e privados. Defendemos o processo de transformação da sociedade para atender a singularidade humana e a pluralidade cultural, o que implica em rupturas e mudanças políticas, econômicas e sociais.
Defendemos a cultura da diversidade em oposição a cultura do preconceito, com base nos direitos humanos fundamentais de igualdade, participação, solidariedade e liberdade.
Defendemos a cultura da diversidade na educação não como busca do melhor modelo educativo individual ou de adaptações curriculares, mas da construção de sistemas educacionais inclusivos que assegurem o acesso e a permanência de todos como resultado da qualidade social da educação.
Defendemos a educação como um direito de todos e dever do Estado, seja esse o provedor dos serviços educacionais ou o fiscalizador dos serviços prestados por entidades privadas.
Defendemos a gestão democrática e controle social em todas as instâncias dos sistemas de ensino e nas unidades escolares.
Defendemos que a educação escolar é o instrumento fundamental de desenvolvimento individual, social, cultural, político e econômico do país para garantir o exercício da cidadania.
A SEESP/MEC cumpre com a sua obrigação ao entender, compreender e definir o Atendimento Educacional Especializado de acordo com a Constituição Federal de 1988 e a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, em benefício dos 25 milhões de brasileiros com deficiência e suas famílias.
Agencia Inclusive
Amankay Instituto de Estudos e Pesquisas – SP
AMAS- Associação Amigos dos Autistas de Sorocaba
APARU – Associação dos Paraplégicos de Uberlândia – MG
Associação Aprendendo Down – BA
Associação Brasileira de Osteogenesis Imperfecta
Associação Brasileira de Síndrome Pós-Poliomielite – Rio de Janeiro
AFAD 21 -Associação de Familares e Amigos dos Down
AFAD-Novo Hamburgo
AFAD-Rio Grande do Sul
AFAD- Maranhão
Associação Carpe Diem – SP
Associação de Sindrome de Down RN
Associação Espaço 21-Campinas
Associação Gaúcha de Pais e Amigos dos Surdocegos e Multideficientes
Associação Inclusiva Existir-Fortaleza
Associação Reviver Down-Curitiba
Associação UP Down-Santos
Associação Ser Down-Salvador
Associação de Síndrome de Down de Mato Grossso
Associação de Síndrome de Down do Maranhão
Associação Síndrome de Down de Piracicaba – SP
Associação Feirense de Síndrome de Down-Feira de Santana
Associação de Síndrome de Down-FADA
Associação de Pais e Amigos de Pessoas com Síndrome de Down – APSDOWN – Londrina-PR
Associação DF -DF
Associação Pró Inclusão de Porto Alegre-RS
Associação Família Down-BH
Associação de Síndrome de Down de Alagoas
Associação Conquista Down-Vitória
Associação de Síndrome de Down de Vitória da Conquista-Bahia
Associação de Sindrome de Down de Santa Catarina-SC
CAMPE- Centro de Apoio Às Mães de Portadores de Eficiência – Fortaleza
CCD – Centro de Convivência da Pessoa com Deficiência de Petrolina – PE
Centro de Estudos Multi Disciplinar Pró Inclusão/ Centro Universitário Belas Artes SP
Comissão direitos Humanos e Assistencia Social OAB/RJ
Construindo o Caminho
CVI Araci Nallin – São Paulo – SP
CVI – Brasil
CVI Campinas – SP
CVI – Maringá – PR
Forum Permanente de Educação Inclusiva-SP
GEPAIS – Grupo de Estudos, Pesquisas e Ações em Inclusão Social da Faculdade Católica de Uberlândia – MG
Grupo Educação e Autismo
Grupo Happy Down
Humanitas DH-Cidadania-RJ
Instituto Meta Social
Instituto Futuro Educação-SP
Rede Inclusiva
Grupo RJ Down – RJ
Grupo Síndrome de Down
Grupo Universo Down – CE
ONG Grupo 25 – SP
Movimento Nacional de Vida Independente
FORINPE- UERJ
Núcleo Pró Acesso da Faculdade de Arquitetura da UFRJ
Projeto Roma Brasil
Rede SACI
Projeto Rio Down