sábado, 24 de outubro de 2009

Comentários carinhosos...

Vejam como meus amigos e amigas queridos, familiares amados, e novos admiradores e admiradas já foram tocados pelas minhas palavras...
Estou envaidecida com tanto carinho e admiração! Sintam-se todos e todas agradecidos, do fundo do meu coração! Amo muito vocês!
Continuem me presenteando com seus importantes e sinceros comentários! E para quem ainda não leu o meu 'depoimento-crônica', aí vai o link: http://leandramigottocerteza.blogspot.com/2009_10_19_archive.html
José Olímpio
Cara Leandra. Já sei que você vai bem, graças à fluidez desse seu novo texto. Gostei muito e, ao mesmo tempo, me "assustei", pois sinto que ele retrata mais uma daquelas constatações ferozes com que nós, pessoas com deficiência, temos de trabalhar internamente.No seu caso, isso é o que dá quando fala mais alto o tamanho da sua alma feminina, maternal. Se eu estiver errado, por favor me perdoe e corrija. Mas, me atrevo a ser solidário na sua ânsia de se tornar mãe. Justo porque seu espírito já superou - em muito! - os seus 96cm!... Ótimo texto, parabéns, beijo!

Josilene Augusto Lobo

Olá! Quero parabenizar pela escrita clara, objetiva e contudente. Raramente leio algo escrito por pessoas com deficiências com tanto sentimento. Nessas poucas linhas a sua alma se revelou consciente, porém a força e desejo de viver ultrapassa a limitação fisica. Você faz o uso do pensamento , esse sim é livre!Um grande abraço.
Josilene.

Katia Fonseca

Oi Lê! Belíssimo depoimento.Sinto suas dores e frustação.Cresço com seu aprendizado.E alegro-me com seu crescimento.Mãe somos todas nós, mulheres, que nos acalentamos mutuamente, a nós, aos homens e aos benditos frutos que sempre nascerão de nossas lutas e esperanças.Viu?, você me inspirou!
Grande beijo.

Cássia Gonçalves

Lê, parabéns! Cada vez mais te admiro pela coragem, pela sua luta e pelas belas palavras aqui escritas. Siga em frente, çpois vc jée uma vencedora. Beijos, Cássia

Monika Mendonça

Leandra,
Escreva, escreva e escreva, ficou lindíssimo, sensibilidade a flor da pele, assim como você é uma flor linda leve e solta, pena eu estar sem carro e não poder dar muitas caronas a você, mas a amizade continua…Você é simplismente sensacional! bjus Monika.

Ícaro Vital Brazil

Queridissima Leandra, não nos conhecemos, a vida nos distanciou não só pela minha geração, que já está indo, como também pelo dia dia de cada um, que tornam familiares distantes e desconhecidos. Sou seu tio bisavo, irmão de sua bisa Alvarina, atualmente o mais velho dos filhos homens de Vital Brazil, no momento conto com 82 anos, um ano mais velho do que da sua avó Glaucia. Parabéns, não fosse você Certeza, por escrever com o coração na ponta da caneta, traduzindo segurança, certeza, firmeza, fé e esperança em tudo que passou e espera. Engravidar de si mesma e se tornar bem maior do que o cotidiano de tantas, pois dobra em vc. todas as virtudes femininas. Beijos.

Vera, filha de Ruy e Alda

Querida Leandra, obrigada pelo seu lindo texto! Quando estou com tua avó Glaucia e tia avó, Maria, em Lambari, onde anualmente temos nos encontrado em julho, elas me dão notícias tuas. Mas é muito bom saber diretamente de vc. Saber como vc está, como lida ética e generosamente com os acontecimentos da vida! Obrigada por tua sensibilidade! bjs da sua prima.

Suzana Aldé

Leandra querida, há muito que desejo lhe escrever, desde que postou aqui um e-mail solidário e tão afetuoso ao problema do primo Ivan. Sou sua prima, filha da Isis, irmã da Luciana (que está à frente dos cuidados ao Ivan) e desde sempre ouvi falar de você, por sua tia Maria, muito amiga de minha mãe.Já tinha acessado o seu blog, lido sua entrevista com a Soninha, visto você em uma entrevista na TV, enfim, já me sentia tocada pela sua trajetória e talento...só que esse seu último texto me embasbacou, e não dá mais para silenciar e adiar as minhas palavras.

Que texto comovente, prima, que cabe a cada um de nós, quando diz que crescer é lidar com frustrações o tempo todo, e re-ligar o ser da realidade da própria imperfeição encontrando um significado novo: é estar grávido de VIDA!

Estar no caminho do meio, onde se reconhece a impossibilidade, para então sim, poder fazer jorrar a seiva e alimentar o afeto.Se soubesse quantos anos de análise se fazem necessários para se chegar a isso!E você consegue articular esse seu percurso de maneira tão poética e ao mesmo tempo tão dolorosa, e linda porque verdadeira. Obrigada por suas palavras e por me fazer partecipar. Um beijo com carinho.

Renata de Cássia Tavares

Muito lindo o seu texto e mais do que tudo, muito profundo. Realmente temos que perceber o que somos e como somos e aceitar as diferenças, daquilo que podemos ou não fazer. Descobrir no final que cada dia é um dia e que mesmo assim a vida vale a pena ser vivida, não importando as limitações que aparençam na nossa frente, porque no final, todo mundo tem alguma limitação, seja ela física, emocional ou financeira. O mais sagrado de tudo não é se dar conta da nossa limitação, mas sim, a maneira de como lidamos com ela.
Beijos, Rê

Rosa Esteves Migotto

Lê muito bom mesmo, imagino que é com essa força que vc tem que batalhar sempre o importante é falar, articular, ser politica. Politica no sentido, não baixo, simplista, mas isso que vc faz é ser POLITICA. Mas não esqueça nunca de continuar a escrever e e ler muito, vc sabe que esse é o seu caminho - A PALAVRA. Bjs, Rosa.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Seminário Internacional Comunicação & Exclusão


Descrição da imagem: logo do seminário com hexágnos juntos, em forma de colméia, de cor roxa em fundo verde claro (lado direito), e com o título do evento escrito do lado esquerdo.
Seminário Internacional Comunicação & Exclusão - Pessoas com Deficiência: Invisibilidade e Emergência

Data: 27/10/2009 - 18:00 - 29/10/2009 - 17:00
Local: Sesc Vila Mariana
Endereço: Rua Pelotas, 141
Cidade: São Paulo
Estado: SP

Tel.: (11) 5080-3000 (11) 5080-3000 / Fax: 5579-4201
Email:
mailto:comunicacaoeexclusao@vilamariana.sescsp.org.br
Home-page:
http://www.sescsp.org.br/

O Seminário Internacional Comunicação & Exclusão fornecerá um panorama da produção, circulação, acesso e acessibilidade da comunicação e da informação, tendo como foco as pessoas com deficiência. O que falam, como são vistas, como falam? Cada vez mais, os meios de comunicação ampliam seu alcance e diversificam suas formas de veicular a informação. Porém, nesse contexto, as pessoas com deficiência e suas famílias ainda encontram muitas dificuldades, tanto no que diz respeito à acessibilidade quanto à qualidade do conteúdo veiculado.

O evento discutirá, dentre outras questões, a formação dos profissionais da área de Comunicação, o papel da mídia e das artes, a importância das tecnologias assistivas e a responsabilidade do Estado e dos governos em torná-las acessíveis por meio de políticas públicas. Apresentará, ainda, iniciativas do Terceiro Setor, trazendo experiências positivas concretas que colaboram para que as pessoas com deficiência tenham acesso a informações de seu interesse, um direito humano fundamental.

Contando com a presença de representantes dos meios de comunicação, da academia e das pessoas com deficiência, o Seminário objetiva inserir a problemática das diferentes deficiências em um debate mais amplo em torno da democratização da informação e dos meios de comunicação, um processo que, no presente contexto, é fundamental para a emancipação dos vários grupos minoritários que formam a sociedade brasileira. Objetiva-se, assim, contribuir para que os meios de comunicação em geral veiculem um conteúdo acessível, de forma não preconceituosa, e que promovam o respeito pela diversidade humana.

CONTEÚDO DAS MESAS

1) Acesso à sociedade da informação: direitos de comunicação das pessoas com deficiência
Historicamente, o movimento da pessoas com pessoas com deficiência tem tido uma relação de amor e ódio com a mídia. Se, de um lado, a mídia refletia e, muitas vezes, ainda reflete uma imagem preconceituosa das pessoas deficientes, de outro, os meios de comunicação foram peça fundamental na luta pela conquista da cidadania desse segmento social.

2) Mídia e deficiência: preconceitos, estereótipos e o papel da mídia como facilitadora do processo de inclusão das pessoas com deficiência
Discute as diversas formas por meio das quais a mídia contribui para o reforço de preconceitos e estigmas em relação às pessoas com deficiência, bem como o seu papel no processo de inclusão social, seja alertando o Poder Público para o cumprimento das leis, seja transmitindo valores que promovam a diversidade humana.

3) Mídia e deficiência: a formação profissional e o discurso jornalístico sobre as deficiências
Aborda a importância de os futuros profissionais de comunicação refletirem, durante o processo de formação acadêmica, sobre assuntos relacionados às pessoas com deficiência e outros grupos minoritários e/ou excluídos, para que se tornem profissionais melhor preparados, detentores de um discurso coerente e não preconceituoso.

4) Arte e cultura e as pessoas com deficiência
Reflete sobre alternativas facilitadoras para o acesso das pessoas com deficiência às diversas formas e manifestações artísticas e, também, sobre como a arte pode colaborar para o processo de afirmação social desse segmento da população.

5) Comunicação para e sobre pessoas com deficiência, seus grupos e suas organizações
Relata experiências de projetos e iniciativas na área de comunicação, cujo foco é a transmissão de notícias e informações sobre e para as pessoas com deficiência e suas famílias, com o objetivo de contribuir para a afirmação social dessas pessoas, a construção da cidadania e a promoção dos direitos humanos.

6) Direito à informação e às tecnologias assistivas: a pessoa com deficiência como produtora e receptora de informações na perspectiva do modelo social da deficiência
Discute as técnicas e tecnologias facilitadoras do acesso às pessoas com deficiência aos recursos disponíveis na sociedade, sobretudo, à informação, tendo como foco a perspectiva do modelo social da deficiência.

7) Políticas públicas em comunicação para pessoas com deficiência
Debate as dificuldades para a efetivação de legislação e iniciativas do poder público que promovam o acesso das pessoas com deficiência à informação e aos meios de comunicação, com destaque para a questão da audiodescrição, do livro acessível, da acessibilidade na internet etc.

8) Pessoas com deficiência e as redes de comunicação
Relatos de experiências em torno dos avanços e das dificuldades na constituição de uma rede de comunicação sobre e para as pessoas com deficiência, objetivando disseminar a informação, promover os direitos humanos e dar visibilidade às pessoas com deficiência.

9) O direito à informação e à comunicação de grupos minoritários na sociedade brasileira
Analisa e discute o atual movimento pela democratização da comunicação e pelo direito à informação no Brasil e no mundo.

PÚBLICO-ALVO

Profissionais e estudantes de Comunicação, educadores, organizações de pessoas com deficiência e interessados em geral.

PARTICIPANTES INTERNACIONAIS

Julia Hoffmann – Mestre em Direito Internacional e Europeu e em Ciências da Comunicação. Leciona e atua como orientadora no Departamento de Ciências da Comunicação na Universidade de Amsterdã (Holanda)

Jose Luis Aguirre – Diretor do Servicio de Capacitación en Radio y Televisión para El Desarrollo (Secrad), da Universidad Católica Boliviana “San Pablo” - La Paz (Bolívia)

PARTICIPANTES NACIONAIS

Marcos Peres – Jornalista da Sport TV

Veet Vivarta – Diretor-editor da Agência de Notícias dos Direitos da Infância (Andi). Trabalha com pesquisa sobre adolescentes com deficiência

Carlos Chaparro – Professor Doutor da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo

Claudia Werneck – Jornalista e Diretora da Oscip “Escola de Gente – Comunicação em Inclusão”

Amanda Tojal – Museóloga e educadora. Coordenadora do Programa Educativo Públicos Especiais da Pinacoteca do Estado de São Paulo

Lara Pozzobon – Produtora do Programa Assim Vivemos, da TV Brasil

Rodrigo Hubner Mendes – Fundador do Instituto Rodrigo Mendes

Cláudia Cotes – Presidente da Oscip “Vez da Voz”

Lucio Carvalho – Colaborador da Agência Inclusive

Manoel José Passos Negraes – Integrante da equipe do Minuto da Inclusão

Marco Antonio Ferreira Pellegrini – Coordenador de Projetos da Secretaria de Estado dos Direitos das Pessoas com Deficiência

Ana Rita de Paula – Doutora em Psicologia Clínica e consultora sobre inclusão do Ministério da Saúde, da organização social Sorri Brasil e da Unesco

Eduardo Castro – Gerente de Jornalismo da TV Brasil

Fábio Adiron – Comunicador e ativista pelos direitos das pessoas com deficiência

Ana Maria Barbosa – Coordenadora da Rede Saci

Carmen Leite Ribeiro Bueno – Coordenadora da Rede Entre Amigos

Regina Maria Melo Atalla – Presidente da Rede Latino-Americana de Organizações Não-Governamentais de Pessoas com Deficiência e Suas Famílias (Riadis)

Carlos Josaphat – Frei e Professor Emérito da Universidade de Friburgo (Suíça). Estudioso da ética na mídia.

INSCRIÇÕES
A partir de 14/10/2009
Vagas limitadas
Pelo portal do Sesc: http://www.sescsp.org.br/
Nas unidades do Sesc-SP

TAXA DE INSCRIÇÃO
R$ 40,00 (inteira)
R$ 20,00 (usuário inscrito, +60 anos, estudante e professor da rede pública de ensino)
R$ 10,00 (trabalhador no comércio de bens e serviços matriculados no Sesc)

LOCAL
Ginásio Ludus (7° andar da Torre B)

REALIZAÇÃO:
Serviço Social do Comércio – Sesc-SP
Instituto MID para a Participação Social das Pessoas com Deficiência

APOIO:
Secretaria de Estado dos Direitos das Pessoas com Deficiência.

COLABORAÇÃO:
Coordenadoria Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência (Corde)
Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida
Centro de Vida Independente Araci Nallin

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Grávida de mim mesma.



Por Leandra Migotto Certeza*

Estou grávida de mim mesma. A concepção aconteceu tão rápido que eu nem me dei conta que o óvulo foi fecundado há mais de 14 anos, depois de muitas tentativas imaturas. A gestação é dolorida e pesada, e está só começando...

Descrição da imagem: foto, em close, das minhas pernas fechadas e com as mãos cruzadas sobre os joelhos, bem no meio do local por onde nascem os bebês. Estou de bermudas jeans super curtas; e sentada em minha cadeira de rodas.

O embrião se contorce a cada nova descoberta. A respiração fica mais lenta ou acelera a cada novo choro convulsivo ou abafado. O medo e a insegurança dão lugar a novas descobertas.

Conhecer a si mesmo no mesmo ritmo que se sente é complicado, mas parece o jeito mais sólido e intenso de se transformar e evoluir. Eu não posso engravidar, mas tenho o direito de ser mãe tendo uma deficiência física! Eu não posso dançar flamengo e tango, mas tenho o direito de me arrepiar quando vejo os corpos se unirem com a alma, a cada passo dos bailarinos.


Queria estar no lugar de quem tem um corpo diferente do meu. Tenho o direito de desejar ser outra pessoa, e como é bom! Não preciso bancar a conformada, aceitar a roupa de heroína (que me colocaram) ou me afundar no poço da depressão. Escolhi o caminho do meio.


Eu não posso fazer amor com tanta volúpia, e em posições que sempre sonhei; mas posso ter orgasmos estupendos! Eu não posso sentir meu corpo mudar, ao abrigar um novo ser em meu ventre, mas posso amar - incondicionalmente - as crianças que habitam e habitarão o meu coração.


Crescer é isso... Lidar com frustrações o tempo todo. Saber que a resiliência é o nome bonito que deram para a capacidade de amar. Eu não posso amamentar um bebê quentinho em meus braços, mas tenho muita seiva escorrendo, pelos fios da minha alma, para alimentar espíritos sedentos.


Eu tenho 96 cm, e o tamanho de quem eu queira ser, a cada novo amanhecer. Eu tenho o direito de me revoltar, quebrar vidraças internas, gritar bem alto e depois adormecer no colo do meu amado.


Fui poupada de tantas dores que a ferida só aumentou. A culpa não existe. É um sentimento idiota que o ser humano inventou para se auto-punir, por temer se olhar no espelho.


Religião é re-ligar, e não desligar o ser da realidade da sua imperfeição. Mas o melhor mesmo é encontrar um significado novo, a cada dia, para o que podemos ou não conseguimos.


O processo de crescimento é lento, mas tem raízes, tronco, caules, folhas, flores e frutos. Muitos frutos! Não é infértil. É grávido de vida. O meu auto-conhecimento se intensificou com a pancada da impossibilidade de não engravidar nunca.


O meu conhecimento sobre a vida; se multiplica cada vez que eu aprendo a me adaptar às potencialidades; e me dou o direito de vomitar o que sei que posso transformar, mesmo que ainda seja indigesto.


*Leandra Migotto Certeza, jornalista, ativista em Direitos Humanos das Pessoas com Deficiência, e autora do Blog Caleidoscópio.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

DJ que toca com os pés

O DJ que toca com os pés, conversa com o Skol Beats

Nascido sem braços, artista francês aprendeu a discotecar com os pés e se tornou personagem de documentário premiado.

Por Flavinha Campos

Vítima de má formação fetal causada pela substância talidomida, encontrada em certos medicamentos e tomada equivocadamente por sua mãe durante a gravidez, Pascal Kleiman é um exemplo de vida. Nascido sem braços em 1968 na França, ele aprendeu a fazer todos os tipos de coisas com os pés desde muito cedo. Seu avô foi quem o ensinou a escrever e mostrou ao jovem Pascal que ele poderia superar todas as dificuldades usando os pés.

Pascal vive na Espanha há 26 anos, e embarcou na onda do acid house já em 1989, quando ainda vivia na França. Foi quando trancou a faculdade de direito e se profissionalizou como DJ e produtor musical, fazendo parte do grupo de artistas que realizaram as primeiras raves francesas. Ganhou destaque na cena não só por tocar com os pés, mas pela capacidade de mixar diferentes estilos com um groove singular.

Seus sets aglutinam harmoniosamente diversos estilos, como ambient, dub, house, progressive, psychedelic e techno. Ao longo da carreira, colecionou residências em clubs como o Attica (Madrid, em 1992) e o NOD (Valência, 1993). Além de ter tocado ao lado de grandes nomes, como Laurent Garnier e Maurice Fulton, em grandes clubs e festivais, a exemplo do Sónar, Rex, Pacha e Space.

Nos últimos anos, Pascal vem se dedicando não só às apresentações como DJ, mas também a uma escola que abriu para DJs e VJs em Valência. Hoje, é casado e tem dois filhos que nasceram com braços, mas também estão aprendendo a usar os pés para discotecar.

Pascal Kleiman, em pessoa, é a prova de que é possível realizar sonhos, desde que se tenha força de vontade e dedicação, em primeiro lugar. Toda essa coragem e persistência rendeu o papel de protagonista do doucumentário Héroes, no hacen falta alas para volar ("Heróis, não é preciso asas para voar", em tradução livre), que faturou o prêmio Goya de melhor curta-metragem deste ano. O filme ganhou mais de 30 prêmios internacionais, aumentando ainda mais a popularidade do DJ, que se tornou a sensação do último verão europeu.

Conheça melhor este herói da música eletrônica em entrevista exclusiva ao Portal Skol Beats:
Como foi crescer com esta deficiência física? Conte mais sobre sua infância.
Eu nasci sem braços, então tive que aprender a usar os pés para fazer as coisas desde muito cedo. Houve momentos de dificuldades, claro, mas tive amigos e família que me ajudaram muito. Eu me considero muito sortudo por ter essas pessoas da família me dando força durante a infância.
Além de discotecar, que outras coisas você faz com os pés?
Faço tudo que posso! As mesmas coisas que as outras pessoas fazem com as mãos, eu faço com os pés. Gosto de cozinhar, e geralmente passo o tempo com os meus filhos jogando videogame. Adoro o Nintendo Wii. (risos)

Como e quando como você começou a discotecar com os pés? Conte mais sobre o início de carreira como DJ.
Comecei a tocar em 1989. Para mim, a maior dificuldade no início era mixar na batida e encontrar lugares para tocar. Por sorte, as pessoas a minha volta me ajudaram muito. Como na maioria das coisas, prática e paciência levam à perfeição. Para mim, agora tudo isso é muito mental, usar as mãos ou os pés dá na mesma. É tudo feito através da mente e dos ouvidos. Você só tem que tocar. No começo da minha carreira, recebi uma reação surpreendentemente positiva do público. Foi isso que me encorajou a continuar tocando. A energia da pista era incrível. Fiquei viciado na vibe!

Você gosta de tocar um pouco de tudo em seus sets, né? Atualmente, o que exatamente você anda tocando?
Ultimamente ando me amarrando no techno de Deroit, em faixas de produtores como Carl Craig. Mas ainda gosto de tocar minhas faixas de trance e house que mantêm as pessoas no groove na pista até altas horas.

Como são seus sets? Você faz algum pedido especial aos organizadores?
Quando toco, preciso sentar no mesmo nível do equipamento, mixer e pick-ups. Isso permite que eu consiga controlar mais facilmente o mixer, ajustando os efeitos, equalizador e as batidas, deixando tudo em sincronia. Também faço questão que o meu VJ, Kyle Lyons, viaje comigo. Acho que é muito importante a fusão de som e imagem para criar uma experiência mais completa que um set comum de DJ. Assim, faço com que meus sets sejam cheios de energia. Quero que as pessoas se levantem e dancem, aproveitem a música e vão para casa com uma sensação de terem se divertido muito.

E como são seus shows com Kyle Lyons, seu VJ?
Eu conheci Kyle em 1999 quando ele estava estudando em Valência. Ele foi à minha loja de discos comprar alguns vinís. Na época nós dois discotecávamos, mas, com o tempo, ele começou a se dedicar mais ao campo visual. Logo decidimos fazer uma apresentação audiovisual que proporcionou muito mais apresentações para nosso duo não só na região de Valência, mas em toda a Europa. Logo começamos a viajar para outros países como Israel e Rússia. Sempre mantemos nossos sets em sincronia, e planejamos as performances com antecedência, assim estamos sempre na mesma pegada nos shows. O Kyle também usa câmeras em suas apresentações visuais, desse jeito as pessoas podem me ver mixando ao vivo.

Conte mais sobre o documentário Héroes, no hacen falta alas para volar.
Esse documentário foi uma experiência muito pessoal para mim. Me enxergar sob a perspectiva de outra pessoa e falar de minha vida abertamente foi uma coisa nova. Fiquei muito surpreso ao receber o prêmio Goya por minha participação no documentário.

Você é considerado um herói para muitos, um exemplo de força e coragem.
Por favor, mande uma mensagem para o público brasileiro.Tudo é possível! Sigam seus sonhos e não desistam.