sexta-feira, 28 de novembro de 2008

José Olímpio - Cor, som e imagem se transformam em arte quando aliados ao talento e a criatividade do produtor José Olímpio.


Roteirista, escritor, tradutor, dublador, compositor e colunista do site Sentidos.

Reportagem: Claudia Gisele Pinto - Inserida em: 24/10/2003 - http://sentidos.uol.com.br/canais/materia.asp?codpag=4978&codtipo=2&subcat=54&canal=talento

O paranaense José Olímpio Cavallin, 44 anos, atualmente exerce várias funções e sempre no campo da criação. Foi assim desde o início de sua carreira, quando escrevia e produzia programas de rádio. Durante essa semana, José Olímpio começa a acompanhar as gravações de um novo trabalho.Trata-se do longa metragem O Sal da Terra, que deverá ser lançado nacionalmente.

Enquanto respondia essa entrevista à reportagem da Sentidos, José Olímpio também finalizava a produção do roteiro que escreveu para esse filme. Nessa entrevista ele fala sobre sua paixão pelas produções audiovisuais e conta como, mesmo tendo dificuldades para escrever (devido à deficiência física), persistiu e está vencendo na carreira.

Sentidos - Qual sua formação?

José Olímpio - Fugi da escola no 2º grau... (rs). Na verdade, eu tinha muitos problemas com faltas e com a burocracia. O frio de Curitiba e a insensibilidade dos regulamentos acabaram me desestimulando a tentar uma faculdade. Mas, mesmo fora da escola, passei a estudar as áreas que me interessam. Nessa fase, mergulhei no radioamadorismo, em experiências também com rádio broadcast, traduções entre outras coisas.

S- Você tem experiência tanto no campo musical, quanto no cinematográfico. Com qual você mais se identifica?

J.O.- Fazer cinema engloba e sintetiza todas as manifestações artísticas e técnicas, da literatura à engenharia. Quando me lanço num trabalho, acabo me envolvendo em muitas atividades (até porque, no Brasil, as equipes de produção são reduzidas e a gente acumula funções); mas todas me dão muito prazer.

S- Para você, atualmente no mercado brasileiro é mais fácil trabalhar com qual tipo de produção?

J.O.- O mercado audiovisual vive um momento de expansão, depois de um período muito difícil econômica e politicamente falando. Hoje, abrem-se novos segmentos e acontece um verdadeiro redescobrimento do cinema brasileiro por parte do nosso público. Além da projeção de nossos filmes no exterior. Isso é ótimo e dá abertura para a realimentação de um mercado ainda dominado pelo produto norte-americano. Mas, estamos no caminho certo...

S- O que você acha da atual safra de filmes do cinema nacional?

J.O.- Significativa e digna do potencial deste país riquíssimo em talentos, cenários e recursos. A indústria do cinema no Brasil tem um futuro brilhante, só falta (ainda!) acontecer o insubstituível aporte de recursos e incentivos.

S- Dos trabalhos que você fez qual você citaria como um dos mais importantes na sua carreira?

J.O.- A cada novo projeto, sinto que a importância do trabalho aumenta, à medida em que a experiência também cresce. Já trabalhei em mais de 15 vídeos, 5 curta-metragens e 3 longas. Recebi convites para participar de outros projetos, nas áreas de trilha sonora e roteiro.

S-Fale um pouco do projeto que você está trabalhando agora?

J.O.- Atualmente, estou envolvido na produção do longa O SAL DA Terra, de Eloi Pires Ferreira, um filme ambientado nas estradas do Paraná focalizando a espiritualidade. É um projeto ambicioso que pode representar um bom destaque para o cinema paranaense.

S-E para o futuro. O que você ainda pretende fazer?

J.O.- Cinema, muuuuuuuito cinema...! Ah, e muita música também!

S-Por que você decidiu trabalhar com produções?

J.O. -Sempre gostei demais da linguagem cinematográfica, dos filmes e de como eles recriam a caminhada do homem neste planeta; às vezes ficcionando, às vezes documentando. E, como expressão pessoal, acredito no audiovisual como linguagem interativa, universal. Então, a identificação me levou até perto das pessoas da área, comecei a participar e a criar meu espaço.

S- O fato de ter uma deficiência já interferiu em seu trabalho de alguma forma?

J.O.- Sem dúvida. Sou tetraplégico severo, com seqüela de poliomielite, isto é, alguém com inúmeras características adversas para o exercício das atividades que escolhi executar. Até uns sete ou oito anos atrás, eu tinha uma dificuldade enorme para trabalhar, pois o ato de escrever me exigia um esforço bem extenuante. Com o computador e, depois com a Internet, abriu-se uma nova dimensão de autonomia. Hoje, posso atuar em várias frentes: escrevo roteiros, música, colaboro com sites e me comunico muito melhor com as possíveis fontes de informação do mundo todo.

S- Você já pensou em desenvolver (ou já desenvolveu) algum trabalho voltado para a temática da inclusão social?

J.O.- Tenho um projeto chamado "Cidade dos Homens Perfeitos" (adivinhe só qual é o tema...? ehehe), que ainda quero realizar.

S- Você integra também a Câmara Setorial do Audiovisual da CEDEC. Que tipo de trabalho você desenvolve lá?

J.O.- Eu participo, desde 1999, da elaboração da Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Paraná; um processo muitas vezes sofrido que resultou num mecanismo legal com resultados ainda não concretizados. Quando a Lei finalmente "saiu do papel", em 2002, fui um dos escolhidos pelas entidades culturais para compor a Comissão de avaliação de projetos a serem apoiados. A Lei hoje está paralisada (e a CEDEC "hibernando"...), aguardando ajustes no mecanismo, pois é baseada no recolhimento do ICMS e, portanto, depende das novas regras da Reforma Tributária.
Descrição da imagem: foto de José Olímpio em close sorrindo muito!

Amizade


Leandra.

Pensei em responder no seu próprio bolg, mas ainda não me dou bem com aqueles cadastros blogosféricos. Coisa de escriba antiquado, ainda sem muita instrução virtual... rsrsrs

Porém, importa dizer que gostei do seu texto na medida em que ele é VOCÊ. Perdoe a minha pretensão: sou cada vez mais avesso às citações de outros autores, quando escrevo. Já fiz isso, me culpo por uma suposta "carona" no expressar as idéias. Não condeno quem o faz, mas penso umas boas vezes antes de fazê-lo.

Voltando à questão: prefiro a parte do seu texto na qual você se mostra toda, com sua história pessoal ilustrando seu pensamento; com sua exposição destemida dos limites e dos conceitos, com uma "nudez" frontalmente colocada diante do contraditório alheio e da avaliação inevitável de cada leitor. Ali, você me mostra o que mais interessa: o seu jeito de viver e, em palavra escrita, de traduzir a sua percepção da vida. Uma vida provante, sim, como tantas outras com que você se solidariza (em palavras e atos). Mas, também, uma vida cada vez mais rica em proveito, em elevação das potencialidades, em apego ao que realmente conta.

E, nessa lista de prioridades, salta aos olhos a acusação maior do nosso tempo: a falta de amor. Romanticismos à parte (porque o AMOR é bem mais do que a propaganda nos engambela), é mais do que oportuno você apontar a ausência do olhar amoroso na vida do cidadão do século XXI; mal-acostumado a traduzir essas quatro letras em satisfação dos desejos periféricos. Amor não é sexo, que dele se vale para seduzir. Nem é riqueza e nem servidão. Amor é entrega, altruísmo e misericórdia. Tudo ao mesmo tempo, sem limitações físicas e / ou políticas, faria deste planeta um lugar mais semelhante ao projeto original do mundo. Penso que existe amor até nos processos químico-biológicos da natureza, sem os quais a Terra não se depura dos achaques que lhe impomos.

Então, Leandra, seu artigo vai na direção desse amor que não passa. Ele traz uma imagem de você crescendo (bem mais do que sua estatura compulsória), se apossando das dificuldades para vencê-las, se abrindo para amar aos outros (em casa e fora dela), se fixando numa postura que - certamente! - gera um questionamento proveitoso para muita gente. E tudo por AMOR, esse antídoto infalível contra a superficialidade da nossa pobre (porém, promissora) época.

Grato pelo seu jeito claro de enxergar o que mais nos falta!

Beijo carinhoso,

J. Olímpio.
Descrição da imagem: foto de José Olímpio, em close, sorrindo ao lado de um microcomputador.
Comentário Caleidoscópio: este carinhoso e-mail foi escrito pelo meu grande amigo José Olímpio - produtor e artista multimídia para comentar a 'resenha-crônica' que escrevi "Falta da amor": http://www.saci.org.br/index.php?modulo=akemi&parametro=23478 (site com acessibilidade virtual).
Vale a pena ler uma de suas entrevistas: http://sentidos.uol.com.br/canais/materia.asp?codpag=4978&codtipo=2&subcat=54&canal=talento (site que não tem acessibilidade virtual, mas eu irei publicar o texto em meu BLOG na próxima postagem).
Olímpio é um ser humano muito especial pelo carinho que tem com os amigos; telento assombroso com as palavras e as imagens; e principalmente, uma alma e coração extremamente generosos! Sou muito grata pelo seu reconhecimento do meu humilde trabalho com as palavras. Ele conseguiu radiografar a minha alma.