Propostas da Conferência serão políticas públicas, ministros afirmam.
Por José Roberto Paraíso - 2 de dezembro de 2008.
Todas as propostas aprovadas pelos delegados da II Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência serão incorporadas às políticas públicas do Ministério da Previdência Social e da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República. A afirmação foi feita pelos ministros José Pimentel e Paulo Vannuchi, durante a abertura oficial da Conferência, em Brasília.
O ministro da Previdência Social, José Pimentel, anunciou ainda a contratação de 900 assistentes sociais, em 2009, o que arrancou aplausos da platéia, composta por, aproximadamente, duas mil pessoas.
Mas não foi só isso que Pimentel conseguiu dos expectadores. Depois de realizar seu discurso, o ministro da Previdência ouviu da delegada Alcione Lourenço (62 anos) que o termo correto é “pessoas com deficiência” e, não, “portador de deficiência”, como Pimentel acabara de pronunciar.
“Só porque ele é ministro não deve ser corrigido?”, questionou a conselheira que realiza, em São Paulo, um trabalho de autoestima com pessoas com deficiência. Mãe de quatro filhos já criados, Alcione perdeu a visão, aos 34 anos, quando seu marido ainda era vivo. “Está vendo essa bolsa? Quando ela está comigo, eu sou portadora da bolsa. Quando ela não está, eu não sou portadora”, explica porque não se deve usar o termo “portador”.
Não foi só o Ministro da Previdência que recebeu manifestações da platéia. Paulo Vannuchi, da Secretaria Especial de Direitos Humanos (SEDH), também. Ele disse que ligou, uma semana antes da Conferência começar, para o Governo do Distrito Federal resolver o problema dos hotéis sem acessibilidade. “Ainda bem que deu tudo certo. Está tudo resolvido. Não é gente?”, perguntou. A resposta: “não”. Isso foi depois de o vice-governador do DF, Paulo Octavio, dizer que “Brasília vai dar o exemplo para o Brasil”. Depois ainda de o Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência - Conade, a SEDH e a Infraero terem assinado o termo da campanha “Acessibilidade – Siga essa idéia”, do (Conade).
A delegada Maria da Graça Reis do Nascimento foi um dos presentes que disse “não” ao ministro Vannuchi. Maria conta que a delegação do Maranhão está hospedada em um hotel muito ruim. “Os banheiros não são adaptados para cadeirantes”, revela.
Além da falta de acessibilidade no hotel, segundo Maria, a delegação do Maranhão sofreu outro problema. As passagens da viagem para Brasília foram marcadas em datas diferentes. Enquanto Maria da Graça e toda delegação do estado viajaram num dia, a conselheira Deline Utride Lima viajou em outro.
Nenhuma das duas sabe o motivo de terem viajado em dias diferentes. Mas ambas suspeitam de que Deline sofreu retaliação por ser bastante crítica do governo.
Estudante do terceiro período de pedagogia, Deline Lima (38 anos) é também coordenadora do Fórum das Entidades da Pessoa com Deficiência do Maranhão.
Entre as propostas da delegação maranhense, a principal, segundo Deline, é a criação de uma coordenadoria geral dos conselhos do estado. De acordo com Deline, o trabalho de uma coordenação geral permitiria que os benefícios da agenda social chegassem a todos maranhense com deficiência. “Até agora, nada da agenda social chegou ao Maranhão”, protesta.
De acordo com Deline Lima, o Maranhão possui o maior número de pessoas com deficiência abaixo da linha da pobreza. Segundo Deline, “60% da população com deficiência estão abaixo da linha da pobreza”.
“Os direitos devem ser reconhecidos em qualquer ponto do Brasil, independente da classe social”, afirmou o ministro José Pimentel durante a abertura da Conferência, que conta com quatro telões. A explicação: a inclusão. No lado direito da mesa do auditório há dois telões, um com audiodescrição. No outro lado, há mais dois, sendo que em um aparece a imagem de uma pessoa, que traduz o que é dito para a Libras, a língua brasileira de sinais.
O primeiro dia da Conferência terminou com um show dos músicos Alan Davidson, Davi Valente e Thiago de Sandes. Tocando teclado com os pés, Davi havia mostrado talento bem antes do show, quando cantou o hino nacional na abertura do evento.
Fonte: Agência Inclusive
Todas as propostas aprovadas pelos delegados da II Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência serão incorporadas às políticas públicas do Ministério da Previdência Social e da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República. A afirmação foi feita pelos ministros José Pimentel e Paulo Vannuchi, durante a abertura oficial da Conferência, em Brasília.
O ministro da Previdência Social, José Pimentel, anunciou ainda a contratação de 900 assistentes sociais, em 2009, o que arrancou aplausos da platéia, composta por, aproximadamente, duas mil pessoas.
Mas não foi só isso que Pimentel conseguiu dos expectadores. Depois de realizar seu discurso, o ministro da Previdência ouviu da delegada Alcione Lourenço (62 anos) que o termo correto é “pessoas com deficiência” e, não, “portador de deficiência”, como Pimentel acabara de pronunciar.
“Só porque ele é ministro não deve ser corrigido?”, questionou a conselheira que realiza, em São Paulo, um trabalho de autoestima com pessoas com deficiência. Mãe de quatro filhos já criados, Alcione perdeu a visão, aos 34 anos, quando seu marido ainda era vivo. “Está vendo essa bolsa? Quando ela está comigo, eu sou portadora da bolsa. Quando ela não está, eu não sou portadora”, explica porque não se deve usar o termo “portador”.
Não foi só o Ministro da Previdência que recebeu manifestações da platéia. Paulo Vannuchi, da Secretaria Especial de Direitos Humanos (SEDH), também. Ele disse que ligou, uma semana antes da Conferência começar, para o Governo do Distrito Federal resolver o problema dos hotéis sem acessibilidade. “Ainda bem que deu tudo certo. Está tudo resolvido. Não é gente?”, perguntou. A resposta: “não”. Isso foi depois de o vice-governador do DF, Paulo Octavio, dizer que “Brasília vai dar o exemplo para o Brasil”. Depois ainda de o Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência - Conade, a SEDH e a Infraero terem assinado o termo da campanha “Acessibilidade – Siga essa idéia”, do (Conade).
A delegada Maria da Graça Reis do Nascimento foi um dos presentes que disse “não” ao ministro Vannuchi. Maria conta que a delegação do Maranhão está hospedada em um hotel muito ruim. “Os banheiros não são adaptados para cadeirantes”, revela.
Além da falta de acessibilidade no hotel, segundo Maria, a delegação do Maranhão sofreu outro problema. As passagens da viagem para Brasília foram marcadas em datas diferentes. Enquanto Maria da Graça e toda delegação do estado viajaram num dia, a conselheira Deline Utride Lima viajou em outro.
Nenhuma das duas sabe o motivo de terem viajado em dias diferentes. Mas ambas suspeitam de que Deline sofreu retaliação por ser bastante crítica do governo.
Estudante do terceiro período de pedagogia, Deline Lima (38 anos) é também coordenadora do Fórum das Entidades da Pessoa com Deficiência do Maranhão.
Entre as propostas da delegação maranhense, a principal, segundo Deline, é a criação de uma coordenadoria geral dos conselhos do estado. De acordo com Deline, o trabalho de uma coordenação geral permitiria que os benefícios da agenda social chegassem a todos maranhense com deficiência. “Até agora, nada da agenda social chegou ao Maranhão”, protesta.
De acordo com Deline Lima, o Maranhão possui o maior número de pessoas com deficiência abaixo da linha da pobreza. Segundo Deline, “60% da população com deficiência estão abaixo da linha da pobreza”.
“Os direitos devem ser reconhecidos em qualquer ponto do Brasil, independente da classe social”, afirmou o ministro José Pimentel durante a abertura da Conferência, que conta com quatro telões. A explicação: a inclusão. No lado direito da mesa do auditório há dois telões, um com audiodescrição. No outro lado, há mais dois, sendo que em um aparece a imagem de uma pessoa, que traduz o que é dito para a Libras, a língua brasileira de sinais.
O primeiro dia da Conferência terminou com um show dos músicos Alan Davidson, Davi Valente e Thiago de Sandes. Tocando teclado com os pés, Davi havia mostrado talento bem antes do show, quando cantou o hino nacional na abertura do evento.
Fonte: Agência Inclusive
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