Roteirista, escritor, tradutor, dublador, compositor e colunista do site Sentidos.
Reportagem: Claudia Gisele Pinto - Inserida em: 24/10/2003 - http://sentidos.uol.com.br/canais/materia.asp?codpag=4978&codtipo=2&subcat=54&canal=talento
O paranaense José Olímpio Cavallin, 44 anos, atualmente exerce várias funções e sempre no campo da criação. Foi assim desde o início de sua carreira, quando escrevia e produzia programas de rádio. Durante essa semana, José Olímpio começa a acompanhar as gravações de um novo trabalho.Trata-se do longa metragem O Sal da Terra, que deverá ser lançado nacionalmente.
Enquanto respondia essa entrevista à reportagem da Sentidos, José Olímpio também finalizava a produção do roteiro que escreveu para esse filme. Nessa entrevista ele fala sobre sua paixão pelas produções audiovisuais e conta como, mesmo tendo dificuldades para escrever (devido à deficiência física), persistiu e está vencendo na carreira.
Sentidos - Qual sua formação?
José Olímpio - Fugi da escola no 2º grau... (rs). Na verdade, eu tinha muitos problemas com faltas e com a burocracia. O frio de Curitiba e a insensibilidade dos regulamentos acabaram me desestimulando a tentar uma faculdade. Mas, mesmo fora da escola, passei a estudar as áreas que me interessam. Nessa fase, mergulhei no radioamadorismo, em experiências também com rádio broadcast, traduções entre outras coisas.
S- Você tem experiência tanto no campo musical, quanto no cinematográfico. Com qual você mais se identifica?
J.O.- Fazer cinema engloba e sintetiza todas as manifestações artísticas e técnicas, da literatura à engenharia. Quando me lanço num trabalho, acabo me envolvendo em muitas atividades (até porque, no Brasil, as equipes de produção são reduzidas e a gente acumula funções); mas todas me dão muito prazer.
S- Para você, atualmente no mercado brasileiro é mais fácil trabalhar com qual tipo de produção?
J.O.- O mercado audiovisual vive um momento de expansão, depois de um período muito difícil econômica e politicamente falando. Hoje, abrem-se novos segmentos e acontece um verdadeiro redescobrimento do cinema brasileiro por parte do nosso público. Além da projeção de nossos filmes no exterior. Isso é ótimo e dá abertura para a realimentação de um mercado ainda dominado pelo produto norte-americano. Mas, estamos no caminho certo...
S- O que você acha da atual safra de filmes do cinema nacional?
J.O.- Significativa e digna do potencial deste país riquíssimo em talentos, cenários e recursos. A indústria do cinema no Brasil tem um futuro brilhante, só falta (ainda!) acontecer o insubstituível aporte de recursos e incentivos.
S- Dos trabalhos que você fez qual você citaria como um dos mais importantes na sua carreira?
J.O.- A cada novo projeto, sinto que a importância do trabalho aumenta, à medida em que a experiência também cresce. Já trabalhei em mais de 15 vídeos, 5 curta-metragens e 3 longas. Recebi convites para participar de outros projetos, nas áreas de trilha sonora e roteiro.
S-Fale um pouco do projeto que você está trabalhando agora?
J.O.- Atualmente, estou envolvido na produção do longa O SAL DA Terra, de Eloi Pires Ferreira, um filme ambientado nas estradas do Paraná focalizando a espiritualidade. É um projeto ambicioso que pode representar um bom destaque para o cinema paranaense.
S-E para o futuro. O que você ainda pretende fazer?
J.O.- Cinema, muuuuuuuito cinema...! Ah, e muita música também!
S-Por que você decidiu trabalhar com produções?
J.O. -Sempre gostei demais da linguagem cinematográfica, dos filmes e de como eles recriam a caminhada do homem neste planeta; às vezes ficcionando, às vezes documentando. E, como expressão pessoal, acredito no audiovisual como linguagem interativa, universal. Então, a identificação me levou até perto das pessoas da área, comecei a participar e a criar meu espaço.
S- O fato de ter uma deficiência já interferiu em seu trabalho de alguma forma?
J.O.- Sem dúvida. Sou tetraplégico severo, com seqüela de poliomielite, isto é, alguém com inúmeras características adversas para o exercício das atividades que escolhi executar. Até uns sete ou oito anos atrás, eu tinha uma dificuldade enorme para trabalhar, pois o ato de escrever me exigia um esforço bem extenuante. Com o computador e, depois com a Internet, abriu-se uma nova dimensão de autonomia. Hoje, posso atuar em várias frentes: escrevo roteiros, música, colaboro com sites e me comunico muito melhor com as possíveis fontes de informação do mundo todo.
S- Você já pensou em desenvolver (ou já desenvolveu) algum trabalho voltado para a temática da inclusão social?
J.O.- Tenho um projeto chamado "Cidade dos Homens Perfeitos" (adivinhe só qual é o tema...? ehehe), que ainda quero realizar.
S- Você integra também a Câmara Setorial do Audiovisual da CEDEC. Que tipo de trabalho você desenvolve lá?
J.O.- Eu participo, desde 1999, da elaboração da Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Paraná; um processo muitas vezes sofrido que resultou num mecanismo legal com resultados ainda não concretizados. Quando a Lei finalmente "saiu do papel", em 2002, fui um dos escolhidos pelas entidades culturais para compor a Comissão de avaliação de projetos a serem apoiados. A Lei hoje está paralisada (e a CEDEC "hibernando"...), aguardando ajustes no mecanismo, pois é baseada no recolhimento do ICMS e, portanto, depende das novas regras da Reforma Tributária.
Descrição da imagem: foto de José Olímpio em close sorrindo muito!
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